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SEMINÁRIO -princípio da igualdade

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Universidade Salgado de Oliveira 
-UNIVERSO- 
 
 
 
 
 
Amanda Bonifácio Alves da Silva 
 
 
 
 
 
Princípio Constitucional da Igualdade
 
 
Setembro,2020
Goiânia
 
                        Amanda Bonifácio Alves da Silva 
 
 
 
Princípio Constitucional da Igualdade
 
 
Trabalho apresentado em cumprimento das exigências da disciplina de Direito Civil III do curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira sob orientações da Professora Sibele.
Setembro,2020
Goiânia
 
SUMÁRIO
	
INTRODUÇÃO ..............................................................................4
DESENVOLVIMENTO 
 
1.NOÇÕES HISTÓRICAS ..............................................................5
2.PERANTE A LEI ..........................................................................5
3. IGUALDADE FORMAL ..............................................................6
4. IGUALDADE MATERIAL ............................................................7
5.O PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SUA APLICAÇÃO NAS MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERA.......7
5.1. DA IGUALDADE RACIAL ........................................................7
5.2. DA PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E AO IDOSO ............................................................................................8
5.3. DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES ................8
6. FUNÇÃO DO ESTADO QUANTO AO PRINCÍPIO DE IGUALDADE ...................................................................................8
CONCLUSÃO ................................................................................10
REFERÊNCIAS ..............................................................................11
 
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por objetivo demonstrar a evolução do princípio da igualdade, firmando-se inicialmente em seu aspecto formal, ou seja, a igualdade de todos perante a lei, para posteriormente avançar em busca da igualdade material, determinando o tratamento legislativo desigual de segmentos considerados vulneráveis pela sociedade atual, entre eles, as crianças e os adolescentes, os idosos, os portadores de deficiência, as pessoas de baixa renda, os trabalhadores, os consumidores, etc.
 1.NOÇÕES HISTÓRICAS
Desde a racionalização humana, a luta pelo direito foi constante. As evoluções e acontecimentos históricos eclodiram em um novo propósito, “o de atender aos anseios da sociedade”.
Mas, para que se originasse as garantias, foi necessário percorrer um longo caminho de evolução até se chegar ao que é hoje. No início, mais precisamente, no tempo dos hebreus, os sacerdotes ao pregar ao povo, regras sobre o amor ao próximo, dizendo que todos são filhos de Deus, criaram pequenos indícios sobre o direito a igualdade. Mais adiante, na idade média surge um documento chamado de Magna Carta de 1215, que embora não sege uma declaração de direitos humanos, foi um grande marco na história, ao fornecer privilégios as classes não dominantes, limitando assim a atuação dos monarcas. Após um salto temporal, em 1789, surge a declaração de direitos do homem e do Cidadão, ao qual forneceu direitos de liberdade, políticos e civis apenas as pessoas do sexo masculino, que detinham algum poder. Ficou conhecido pelo direito de 1ª dimensão. Uma característica marcante dessa dimensão é a subjetividade, pois exigia do Estado uma prestação negativa, ao fornecer mais liberdade ao Indivíduo. Com a constituição Mexicana de 1917, surge mais uma série de direitos voltados não mais para o indivíduo e sim para o social, assim dá-se origem a 2ª Dimensão dos Direitos Fundamentais. No final do século XX, com o fim da 2ª guerra mundial, houve a necessidade de rever os direitos garantidos, que até naquele momento era voltado para o social, dessa forma nasce o direito a 3ª dimensão ou direitos difusos, voltado para a solidariedade e fraternidade.
Os direitos fundamentais não se prenderam somente a essas três dimensões, pelo contrário, de acordo com a evolução da humanidade, surge novos direitos, novas dimensões, novas limitações.
2.PERANTE A LEI
A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 5º, caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos:
Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.
O princípio da igualdade prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio desse princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis pelos valores da Constituição Federal, e tem por finalidade limitar a atuação do legislador, do intérprete ou autoridade pública e do particular.
O princípio da igualdade na Constituição Federal de 1988 encontra-se representado, exemplificativamente, no artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; do artigo 5º, I, que trata da igualdade entre os sexos; do artigo 5º, inciso VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do artigo 5º, inciso XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; do artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política ou ainda do artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária.
O princípio da igualdade atua em duas vertentes: perante a lei e na lei. Por igualdade perante a lei compreende-se o dever de aplicar o direito no caso concreto; por sua vez, a igualdade na lei pressupõe que as normas jurídicas não devem conhecer distinções, exceto as constitucionalmente autorizadas.
O princípio da igualdade consagrado pela constituição opera em dois planos distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio Poder Executivo, na edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram em situação idêntica. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social. (MORAES, 2002, p. 65).
 3. IGUALDADE FORMAL
A igualdade em seu sentido puramente formal, também denominada igualdade perante a lei ou igualdade jurídica, consiste no tratamento equânime conferido pela lei aos indivíduos, visando subordinar todos ao crivo da legislação, independentemente de raça, cor, sexo, credo ou etnia.
Com a Revolução Francesa, afirmava-se a igualdade perante a lei, em uma perspectiva puramente negativa, na medida em que submetia todos os indivíduos ao império da lei geral e abstrata, desconsiderando assim as desigualdades existentes no plano fático.
A igualdade em sua face formal, contudo, é insuficiente, na medida em que desconsidera as peculiaridades dos indivíduos e grupos sociais menos favorecidos, não garantindo a estes as mesmas oportunidades em relação aos demais.
É nesse sentido que adveio a crise no liberalismo estatal, uma vez que o neutralismo do Estado criava inúmeras situações de injustiça, já que a igualdade puramente formalista favorecia tão somente uma parcela elitista da sociedade, em detrimento dos mais fracos.
Nessa esteira, com o advento do Estado Social, houve a reconstrução do sentido de igualdade. O Estado adquire uma feição intervencionista com o fito de proteger os grupos menos favorecidos, efetivando os seus direitos fundamentais.
Nesse momento, surge a concepção de igualdade em sua acepção substancial, que não se limita apenas ao plano jurídico-formal, mas busca uma atuação estatal positiva.
 4. IGUALDADE MATERIAL
Denominada por alguns de igualdade real ou substancial, a igualdade material tem por finalidade igualar os indivíduos, que essencialmente são desiguais.
Sabe-se que as pessoas possuem diversidadesque muitas vezes não são superadas quando submetidas ao império de uma mesma lei, o que aumenta ainda mais a desigualdade existente no plano fático. Nesse sentido, faz-se necessário que o legislador, atentando para esta realidade, leve em consideração os aspectos diferenciadores existentes na sociedade, adequando o direito às peculiaridades dos indivíduos.
De acordo com o professor Marcelo Novelino, “a igualdade não deve ser confundida com homogeneidade”[1]. Nessa esteira, a lei pode e deve estabelecer distinções, uma vez que os indivíduos são diferentes em sua essência, devendo os iguais serem tratados igualmente e os desiguais tratados desigualmente, de acordo com suas diferenças.
Denota-se que a isonomia em seu aspecto substancial visa corrigir as desigualdades existentes na sociedade, pois os indivíduos são desiguais sob as mais diversas perspectivas. Ademais há, ainda, no seio social, indivíduos e grupos historicamente mais vulneráveis ou que necessitam de tratamento diferenciado, seja pelo legislador, seja pelo aplicador do direito.  Portanto, não se pode conceber que sejam os mesmos tratados pelo Ordenamento Jurídico como se idênticos fossem.
 5.O PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SUA APLICAÇÃO NAS MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
São destinatários do princípio da igualdade tanto o legislador como os aplicadores da lei. A igualdade na lei é voltada para o legislador, vedando-se a elaboração de dispositivos que estabeleçam desigualdades entre as pessoas, privilegiando ou perseguindo algumas.
5.1. DA IGUALDADE RACIAL
A Constituição Federal, em seu art. 3º, inciso I, traz os objetivos da República Federativa do Brasil, entre eles, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. De outro lado, traz a educação como um direito social (art. 6º), porém, é sabido que a própria sociedade, ante as circunstâncias de cada um, acaba por diferenciá-los, e tornando mais dificultoso o acesso de algumas pessoas à educação.
Nesse sentido, entram as ações afirmativas, em especial, a adoção da política de cotas raciais nas universidades publicas, que tem por fim possibilitar o acesso da população negra ao ensino superior, em razão da notável presença da maioria de alunos brancos nas universidades.
 Lei n. 12.711/2012, que determina que 50% das vagas nas universidades públicas federais será reservada a alunos de origem negra ou parda, bem como estudantes de famílias com renda de até um salário-mínimo e meio per capta. Tal medida visa a concretizar a igualdade material buscada pela CF de 1988, e instituir a chamada “justiça distributiva”, a fim de superar as desigualdades.            
5.2. DA PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E AO IDOSO
A Constituição Federal traz também a proteção à criança e ao adolescente e ao idoso, em seu capítulo VII, artigos 226 e seguintes, assegurando-se o direito à educação, à vida, saúde, cultura, dignidade, proteção ao trabalho insalubre ou perigoso aos menores de 16 anos, e qualquer trabalho a menores de 14 anos, ainda, assegura a proteção à pessoa idosa.
Para dar eficácia aos dispositivos constitucionais, surgiram os Estatutos do Idoso e da Criança e do Adolescente, Leis 10.741/03 e 8.079/90, respectivamente.
5.3. DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES
A Constituição, em seu art. 5º, I, estabelece expressamente que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. No art. 226, § 5º, dispõe que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Esses dispositivos podem, à primeira vista, parecer redundantes, ante a consagração do próprio princípio da igualdade, entre os direitos individuais básicos, no caput do art. 5º da Constituição. Mas seguramente não existe a aparente 
 6. Função do Estado quanto ao Princípio de Igualdade
No âmbito de igualdade e democracia, cumpre que se mencione o pensamento de Alain Touraine (1996. p. 180-181).
Ao colocar, assim, a democracia a serviço do sujeito pessoal, avançamos em uma direção que nos afasta de uma parte importante das reflexões sobre a democracia. Por exemplo: John Rawls procurou demonstrar que o interesse de cada um era mais bem garantido pela organização equitativa e justa da sociedade. Os dois princípios que, segundo ele, definem a justiça, ou seja, a liberdade e a igualdade, só são verdadeiramente compatíveis porque a diferenciação e a integração da sociedade são complementares; e, tal fenômeno acontece porque a sociedade é um sistema de trocas que não seriam possíveis se cada elemento do sistema não se definisse, simultaneamente, através de uma função social e de determinados objetivos particulares; e, se os atores não interiorizassem valores e normas, enquanto perseguem racionalmente seus interesses. Se a sociedade não for concebida como uma comunidade diferenciada cujos elementos são mantidos em conjunto por uma solidariedade orgânica, a liberdade de cada um e a igualdade de todos, ou simplesmente, a diminuição das desigualdades, hão de acabar lutando entre si, em vez de se completarem. (GRIFO NOSSO)
O princípio da igualdade serve como um “estruturador” na questão dos Direitos Humanos, dos direitos e garantias fundamentais, pois as leis devem ser aplicadas sem que se leve em conta às pessoas, ou seja, independente da condição social, racial, de sexo, pois todos são (segundo o art. 5º da CF/88) iguais perante a lei, sendo vedado qualquer tipo de distinção.
É dever do Estado Democrático não admitir quaisquer atos discriminatórios ou atentatórios à igualdade dos cidadãos, sob pena de retroceder na história, voltando a tempos despóticos, onde apenas alguns tinham direitos e a grande maioria da população ficava a margem.
É importante ressaltar que o legislador não poderá editar normas que se afastem do princípio da igualdade, sob pena de flagrante inconstitucionalidade. O intérprete e a autoridade política não podem aplicar as leis e atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades. O particular não pode pautar suas condutas em atos discriminatórios, preconceituosos, racistas ou sexistas.
Portanto o princípio de igualdade visa estruturar o Estado e a sociedade com o intuito de proporcionar ao cidadão uma vida justa e feliz, sem qualquer tipo de preconceito que o venha desmerecer. 
CONCLUSÃO
O princípio da igualdade é tema extremamente complexo, e sua compreensão só é possível quando analisada a sua origem histórica e evolução ao longo dos tempos.
Como forma de regulação da sociedade, a isonomia alcançou uma feição substancial às custas de lutas sociais e movimentos revolucionários, tornando-se instrumento de grande valia em prol das minorias.
Não restam dúvidas de que a ideia aristotélica de “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, dando a cada um o que é seu” alcançou seu ápice com a promulgação da Lei Maior, não obstante estarmos muito longe da concretização plena do princípio da isonomia. Nesse sentido, andou bem o constituinte de 1988 ao determinar, sem medir esforços, a busca incessante pela igualdade em seu aspecto mais democrático e pluralista.
REFERÊNCIAS
https://anajus.jusbrasil.com.br/noticias/2803750/principio-constitucional-da-igualdade
https://blog.sajadv.com.br/isonomia-e-igualdade-no-direito/
https://www.conjur.com.br/2010-nov-05/constituicao-1988-marco-discriminacao-familia-contemporanea
https://jus.com.br/artigos/31364/o-principio-da-igualdade-em-suas-acepcoes-na-constituicao-federal-de-1988
https://jus.com.br/artigos/20924/a-evolucao-do-principio-da-igualdade-e-sua-aplicacao-sob-a-otica-material-na-constituicao-federal/2

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