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Laudo GUARARAPES

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Prévia do material em texto

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Belo Horizonte/MG
Autos nº 1234567-12.2020.1.23.4567	
	Andressa Linhares Martelli, engenheira civil pós-graduada em engenharia diagnóstica e perícias pela FACENS/ Faculdade de Engenharia de Sorocaba, com demais credenciais reconhecidas perante este M. D. Juízo, nomeado para instruir tecnicamente os Autos do PROCEDIMENTO SUMÁRIO proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DE BELO HORIZONTE / MG em face de espólio de CONSTRUTORA COWAN S/A, CONSOL ENGENHEIROS CONSULTORES E PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE / MG tendo realizado os estudos técnicos que se faziam necessários e pertinentes, vem apresentar as suas conclusões que se consubstanciam no vertente
LAUDO PERICIAL
que versa sobre
QUEDA DO VIADUTO
BATALHA DE GUARARAPES
 Engenharia Diagnóstica e Consultoria Técnica
 ENGª 
ANDRESSA LINHARES MARTELLI 
 CREA SP 5070657273
Trabalho concluído em: 23/05/2020
fone cel. (011) 944431670 	e-mail: tottalsolloeng@gmail.com
INDICE
1 – PRESSUPOSTOS	3
1.1 – ÂMBITO DA PERÍCIA	3
1.2 – PROTOCOLO TÉCNICO	3
2 – DIRETRIZES GERAIS	4
2.1 – ALEGAÇÕES	4
2.1.1 – Da Autora	4
2.1.2 – Da Ré – Construtora COWAN	5
2.1.3 – Da Ré – Pela Empresa Projetista CONSOL	5
2.1.4 – Da Ré – Pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte	6
2.2 – DOCUMENTAÇÃO AUXILIAR	7
2.3 – O OBJETO EM ESTUDO	7
3 – VISTORIA	10
3.1 – ACOMPANHAMENTO À VISTORIA	10
3.2 – LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS GERAIS	10
4 – SOBRE A QUEDA DO VIADUTO “BATALHA DOS GUARARAPES”	12
5 – ANÁLISE DO CASO	15
6 – CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS FINAIS	23
7 – ENCERRAMENTO	23
 Engenharia Diagnóstica e Consultoria Técnica
 ENGª 
ANDRESSA LINHARES MARTELLI 
 CREA SP 5070657273
Produção de Provas Antecipadas
fls. 10 ---
1– PRESSUPOSTOS
1.1
– ÂMBITO DA PERÍCIA
	Instruir tecnicamente o feito, analisando as intercorrências ditadas a fim de aferir e descrever os possíveis erros de projeto, materiais utilizados na construção da estrutura e dimensões dos blocos de sustentação dos pilares, bem como estabelecer as causas dessas avarias que ali se instalaram e a sua eventual decorrência de impropriedades na concepção do projeto ou de vícios ocorridos durante o processo construtivo.
	1.2
– PROTOCOLO TÉCNICO
Será observada a seguinte sequência de atividades:
· Interação da perícia sobre o debate técnico instalado nos autos;
· Inspeção detalhada ao local com obtenção de reportagem fotográfica ilustrativa, medições e levantamentos gerais;
· Diligências a potenciais fontes de informação para a coleta de material técnico complementar existente em normas técnicas, plantas construtivas do empreendimento ou fornecidas por terceiros conhecedores de fatos relevantes;
· Compilação organizada e análise das informações amealhadas, para a final convalidação, exclusivamente técnica da postulação;
· Elaboração do laudo pericial com vistoria e conclusão técnica devida.
2
– DIRETRIZES GERAIS
 2.1
– ALEGAÇÕES
	Argumentação relevante a este estudo técnico feita pelas partes figuradas ao processo em análise:
2.1.1 – Da Autora
	Após a construção do viaduto, em 3 de julho de 2014, durante a retirada do escoramento utilizado para execução da alça sul do viaduto, o Pilar P3, com cerca de 7,0 metros de altura, localizado à margem da Av. Dom Pedro I, puncionou o bloco de coroamento onde estava apoiado. Este bloco estava interligado a 10 estacas dispostas em duas linhas paralelas e foi cisalhado abruptamente, quando o pilar afundou cerca de 6,0 metros no terreno.
	No desmoronamento parcial do elevado, um micro-ônibus, um Fiat Uno e dois caminhões foram esmagados pelos destroços, matando duas pessoas e deixando 23 feridas.
	Após a queda do viaduto foram observados diversos furos realizados na face superior do tabuleiro das duas alças do viaduto. Suspeita-se que os mesmos foram realizados com o intuito de possibilitar a retirada das formas internas e a aplicação da protensão nos cabos ancorados no interior do caixão fechado. Acredita-se que esses furos, nos locais que foram realizados, comprometeram significativamente as características geométricas da seção transversal do conjunto longarina/tabuleiro. As aberturas implicaram num reposicionamento do centro de gravidade, o que resultou no aumento das tensões de compressão na laje superior.
	O Viaduto Batalhas dos Guararapes apresentou durante a sua execução diversas falhas que podem ter contribuído para o colapso da estrutura. Estas falhas foram apontadas por diversos órgãos fiscalizadores e pelas empresas envolvidas com o empreendimento.	
	Além disso, não houve contribuição de causas geológicas para o incidente. Segundo fonte ouvida pelo EM, a pouca quantidade de aço da estrutura deixou o bloco de sustentação enfraquecido. Em apenas um dos pontos, constatou-se que havia de 15% a 20% menos aço do que o necessário na armação.
2.1.2 – Da Ré – Construtora COWAN
	A Ré respondeu que o concreto e o aço utilizados em todas as partes do projeto estavam de acordo com as especificações técnicas. Aponta que executou rigorosamente o projeto entregue pela Consol.
	Munido de uma maquete da parte do viaduto que se rompeu, o diretor da Construtora Cowan, José Paulo Toller Mota, apontou que o erro do projeto da Consol foi não ter dimensionado que a carga do bloco do pilar P3 pudesse ser transferida de modo uniforme para as dez estacas que ficam em volta do viaduto. Pela análise dele, apenas duas dessas estacas foram sobrecarregadas, recebendo uma carga de 2.500 toneladas, o que fez com que essas estruturas afundassem sete metros no chão.
	José Paulo Toller Mota também rebate que as acusações da Consol de que a causa do acidente seriam as janelas feitas no viaduto sendo que em obras similares ao Viaduto Batalha dos Guararapes, como os Viadutos B e Norte-Sul, construídos no período em que a Consol atuava na fiscalização, foram feitas várias janelas nessas edificações.
	Ao contrário do que afirmou a Consol, o dirigente da Cowan disse que a retirada do escoramento não foi feita às pressas. "Naquele momento, já havia a decisão de que o viaduto não ia ficar pronto para a Copa do Mundo. Tanto que o tempo de retirada do simbramento foi de 27 dias".
	
	Mota explica que, no viaduto inteiro, a Consol projetou apenas quatro janelas que não permitem que se entre embaixo do viaduto. Por isso, afirmou o dirigente da Cowan, houve necessidade de se abrir novas janelas nas laterais da obra. Essas estruturas permitem, durante a obra, o trabalho com segurança dos operários e atendem normas de engenharia civil; e após a conclusão, possibilitam a manutenção do viaduto, de modo que se possa entrar embaixo da laje para fazer verificações de rachaduras, infiltrações ou outras pequenas falhas na estrutura. Além disso, José Paulo Toller Mota disse que a Cowan contratou laudos que comprovaram que a abertura das janelas não comprometeria a estrutura nem provocaria qualquer rompimento.
	Diante a todo o exposto, afirma que devem ser julgados totalmente improcedentes os pleitos autorais.
2.1.3 – Da Ré – Pela Empresa Projetista CONSOL
	A ré relata que os cálculos do empreendimento obedeceram a todas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
	De acordo com Maurício de Lana, a mudança no projeto que permitiu a abertura de 42 janelas no corpo do viaduto fragilizou sua estrutura e provocou a queda. Ele relatou que a Cowan enviou correspondência à Consol para que avaliasse tecnicamente a possibilidade de abertura de duas janelas na laje superior do viaduto, o que não foi autorizado pela empresa projetista. “No entanto, a Cowan fez 42 janelas no viaduto”. Todas essas mudanças não foram objeto da anuência da projetista.
	O dirigente da Consol listou outras irregularidades que a Cowan teria cometido, como a retirada muito rápida do escoramento do viaduto e o o uso de concreto vencido em uma parte da estrutura. Ele também criticoua falta de uma estrutura de fiscalização mais eficaz por parte da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
	A deficiência na fiscalização, de acordo com Maurício de Lana, impediu que se respondesse uma pergunta fundamental sobre a capacidade do bloco do pilar P3, que se rompeu. Para se ter uma ideia dessa capacidade, Lana detalhou que ela corresponde a um peso de 60 caminhões com carga máxima de 17 toneladas sobre a área. “Ou seja, teria que haver seis andares de caminhões empilhados para esse bloco se romper”.
	Além disso, Maurício de Lana disse que a participação da Consol na obra se deu em duas etapas: no contrato de projeto, que se iniciou em 2009 e foi finalizado em agosto de 2011; e por último, por meio de contrato de apoio técnico, que vigorou de janeiro de 2011 a 31 março de 2013. “A obra teve início após o término do nosso último contrato. Várias passarelas, viadutos e trincheiras foram finalizados. E em nenhuma dessas construções foi detectado qualquer problema estrutural”.
	Diante o exposto, pede-se que sejam considerados improcedentes as acusações.
2.1.4	– Pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
	A PBH fez o contrato de projeto básico e executivo com a Consol e contratou somente a obra com a Cowan. “No contrato conosco não há nenhuma obrigação de a Cowan realizar qualquer cálculo estrutural. A projetista da Consol é quem envia os cálculos”. A norma técnica diz que a construtora deve fazer análise crítica dos projetos, mas que essa avaliação se dá em relação aos desenhos do projeto.
	Além disso, todo o trabalho de fiscalização e vistoria foi realizado pelo departamento da SUDECAP – Superintendência de Desenvolvimento da Capital.
	
	Diante a todo o exposto, afirma que devem ser julgados totalmente improcedentes os pleitos autorais.
2.2
– DOCUMENTAÇÃO AUXILIAR
	Dentre as peças documentais que formam estes autos atribuímos maior relevância aos propósitos técnicos deste laudo as seguintes:
· fls. 00/00: Registo fotográfico e cálculo do bloco do pilar 03 realizado por membros da comissão de obras do viaduto;
· fls. 00/00: Contrato de Apoio Técnico e Gerencial: Contrato SC – 130/2010 referente a construção do viaduto, realizado pelo engenheiro com início em 03 de janeiro de 2011 à 31 de março de 2013;
· fls. 00/00: Parecer Técnico concernente com as patologias realizado pela PCDF;
· fls. 000/000: Parecer Técnico referente à Empresa Consol, realizado pelo engenheiro xx, em xx de xx de xxxx;
· fls. 000/000: Parecer Técnico a respeito da empresa Cowan realizado pelo engenheiro xx, em xx de xx de xxxx;
· fls. 000/000: Anotação de responsabilidade técnica (ART) para a finalidade de infraestrutura;
· fls. 000: Projeto estrutural do viaduto realizada pelo engenheiro xx, em xx de xx de xxxx; 
· o fls. 000/000: Memorial descritivo da superestrutura realizado pela empresa.
	Tal acervo documental oferece subsídios suficientes para a definição do objeto em estudo, além do tema debatido nos autos, permitindo-nos avançar nos estudos técnicos periciais.
2.3 – O OBJETO EM ESTUDO
	A análise que desenvolveremos neste estudo pericial terá em foco o VIADUTO DE GUARARAPES, na avenida Dom Pedro I, próximo a Lagoa do Nado, região da Pampulha em Belo Horizonte / MG.
Figura 1 – Concepção do Viaduto Batalha dos Guararapes (Consol (2014))
	Para ilustrar de maneira clara e objetiva os elementos de estudo deste laudo podemos observar o Pilar P3, conforme apresentado na figura 2.
 Figura 2 – Detalhe do Bloco de Cisalhamento (Consol (2014)).
	
Figura 3 – Pilar mostra o bloco rompido e as estacas inclinadas com o pilar do viaduto que afundou. (Consol(2014)).
Figura 4 – Vista de parte do tabuleiro desmoronado, onde é possível notar as aberturas provisórias executadas na laje superior do tabuleiro (LIMA (2014)).
Figura 5– Detalhe dos cabos e cordoalhas, sem indícios de injeção de nata de cimento (LIMA (2014)).
Figura 6 – Detalhe do aparelho de apoio executado (LIMA (2014)).
3– VISTORIA
– ACOMPANHAMENTO À VISTORIA
3.1
	O início à inspeção do viaduto deu-se na data e hora agendadas nos autos, estando presentes este perito, sua assistente técnica e estagiária.
Pela autoria: MINISTÉRIO PÚBLICO DE BELO HORIZONTE / MG
Pela requerida: Construtora COWAN S/A
 Advogado:xxx
 Empresa Projetista CONSOL
 Advogado:xxx
 Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – SUDECAP
 Advogado:xxx
3.2 – LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS GERAIS
	Teremos	em	análise	o	viaduto “Batalha dos Guararapes“ localizado na Av. Dom Pedro I.
	O trajeto ao local a partir do centro da cidade inclui a Av. Do Contorno, segue à Av. Cristiano Machado, deflete à esquerda na Av Vilarinho, deflete à direita na Rua Marciano Carneiro, deflete à direita na Rua Bernardo Ferreira da Cruz e segue à Rodovia na Av. Dom Pedro I. Esse caminho e outros detalhes de ocupação daquele setor urbano podem ser vislumbrados na figura abaixo.
Figura 7 – Trajeto ao local a partir do Centro 
Figura 8 – Mapa da Região 
Figura 10 – Av. Dom Pedro I com a obra iniciada.
Figura 9 – Av. Dom Pedro I antes da obra ser iniciada.
4
- SOBRE A QUEDA DO VIADUTO “BATALHA DOS GUARARAPES”
 
	Umas das intervenções previstas era o Viaduto General Olympio Mourão Filho, popularmente conhecido como Viaduto Batalha dos Guararapes. A concepção proposta para este viaduto, que teria duas alças e vãos que alcançariam quase 80 metros de extensão entre os apoios, sendo orçado em quase R$ 15 milhões e com previsão de conclusão em 14 meses.
Figura 10 – Esquema geral entre os pilares P2 e P4
 Figura 11 – Foto da alça sul após o acidente com janelas na laje superior não previstas em projeto
 		Figura 12 – Seção Transversal do viaduto (Projeto)
 		Figura 13 – Seção Transversal do viaduto (Executado)
Figura 14 – Condição intacta da laje superior do tabuleiro na região sobre o apoio do Pilar P3
Figura 15 – Alça Sul – causa do acidente: Ruptura do viaduto entre os Pilares P3 e P4 em local com aberturas na laje superior
Figura 16 – Alça Sul: Abertura na laje superior do viaduto, entre os Pilares P2 e P3
Figura 17 – Alça Sul: Local da ruptura
5
ANÁLISE DO CASO
	Considerando as informações disponibilizadas, acerca da maneira que ocorreu o acidente, e considerando a concepção adotada no projeto executivo do Viaduto Batalha dos Guararapes, a modelagem buscou reconstruir o bloco de sustentação do Pilar P3, que sofreu colapso estrutural. A simulação utiliza o software ABAQUS - 6.13 (Hibbit et al., 2009) e foi realizada comparando duas situações distintas, sendo o bloco conforme construído e o bloco sem armaduras. O bloco conforme construído, não apresentava armadura destinada especificamente para resistir aos esforços solicitantes de punção do pilar no bloco. Já a opção de modelar o bloco sem armadura se deve ao processo de modelagem, onde foi observado que o conjunto sem armadura, durante o processamento de análise para verificação de consistência do modelo, já acusava uma ruptura com uma carga compatível com a que atuava no bloco quando do colapso. Além disso, a NBR 6122:2010 sinaliza que blocos de fundação são elementos dimensionados de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura.
	Para a primeira situação, o bloco, pilar e estacas são compostos por elementos sólidos denominados C3D8R (elemento tridimensional com 8 nós) e para as armaduras elementos beam B31. Já para a segunda situação são tomados os elementos sólidos C3D8R, idênticos ao primeiro, entretanto sem inclusão dos elementos beam B31 no modelo.
	O tamanho médio dos elementos foi de 10cm, de modo que cada elemento satisfaça as condiçõesde equilíbrio individualmente e que sejam cumpridas as condições de compatibilidade geométrica do modelo. Cada componente foi discretizado individualmente, conectados uns aos outros pelos nós, e em seguida foram reunidos formando novo modelo.
	As leis constitutivas, no modelo adotado, consideraram o comportamento elastoplástico para o aço e o modelo de dano plástico para o concreto.
	Os pontos destas curvas foram obtidos em função dos dados apresentados pelo consórcio contratado para execução dos serviços aos órgãos fiscalizadores, sendo geradas as curvas apresentadas a partir das características do concreto e da armadura apresentados na Tabela 1.
(a) – Elementos sólidos C3D8R	(b) – Elementos beam B31
Figura 18 – Discretização dos componentes do modelo numérico
Figura 19 – Modelo numérico do bloco do pilar P3
Figura 20 – Leis constitutivas (a) tração no concreto; (b) compressão no concreto; (c) aço
	Para o processamento da simulação numérica utilizou-se o método de controle de deslocamentos generalizados, com incremento de deslocamento de 0,2 mm e tolerância de convergência em deslocamento igual a 2E-9.
	Para a modelagem do bloco foram colocadas as condições de contorno, considerando uma carga de ruptura das estacas de 500 toneladas. Para simular a carga atuante foi aplicado um deslocamento de uma placa rígida em contato com a seção transversal do pilar, por meio de deslocamentos prescritos, avaliando-a a cada passo do processamento.
	A partir da simulação numérica foi possível determinar a carga máxima resistida pelo bloco, a distribuição dos esforços nas estacas, bem como o modo de ruptura do bloco.
Figura 21 – Curvas de tração e compressão para o concreto adotado na OAE
Material
Parâmetro
Valor
Concreto

2400 kg/m³
fck
30 MPa
fcm
32,47 MPa
Ecs
26071 MPa
fct
2,89 MPa

0,20
Aço

7850 kg/m³
E
200000 MPa
Fy
500 MPa

0,26
Tabela 1 – Característica dos materiais
(a) – Condições de contorno e nº das estacas	(b) – Deslocamento prescrito Figura 22 – Modelagem do bloco do Pilar P3
Figura 23 – Local da ruptura
	
	Pela simulação realizada foi possível determinar a carga máxima resistida pelo bloco, a distribuição dos esforços nas estacas, bem como o modo de ruptura do bloco. Observou- se que a fissuração ocorreu para uma carga entre de 1545 a 1600 toneladas quando a tensão de tração no concreto atingiu o valor máximo de 2,9 MPa. Para essa simulação a carga máxima resistida pelo bloco foi de 3200 toneladas.
	Nota-se, pelos valores de carga nas estacas, que o bloco não distribuiu adequadamente os esforços e isso ocorreu devido à não formação adequada das bielas de compressão.
	Na armadura, observa-se que a máxima tensão obtida foi de 501 MPa. Mesmo estando no início do escoamento à evolução de tensões pelo incremento é rápida, indicando uma alta taxa de deformação plástica até a ruptura total da armadura.
	Verifica-se pela modelagem que os pontos que foram submetidos a maiores tensões encontram-se próximos ao contato do pilar com o bloco, indicando a necessidade de uma armadura de cisalhamento (punção) neste local para absorção dos esforços.
	
	Para a simulação do bloco sem armadura foram consideradas as dimensões estabelecidas no projeto do bloco, da mesma forma que o modelo anterior, porém não foram inseridas as armaduras. Nesta simulação, observa-se que a fissuração ocorre para uma carga de 1600 toneladas quando a tensão de tração no concreto atinge o valor máximo de 2,9 MPa. A carga máxima resistida pelo bloco é de 3050 toneladas.
Figura 24 – Análise do bloco conforme construído
Figura 25 – Solicitação da armadura a uma carga de 3200 toneladas
	Nesta análise também se observa, pelos valores de carga nas estacas que o bloco não distribuiu adequadamente os esforços e isso ocorreu pela não formação adequada das bielas de compressão.
	Pelos resultados apresentados, observa-se que a carga de fissuração e a carga de ruptura tiveram valores próximos dos valores obtidos para o bloco conforme construído. A distribuição das cargas nas estacas, nos dois modelos, indica que a geometria do bloco deveria ser diferente para possibilitar uma distribuição uniforme, formando as bielas de compressão. A comparação dos resultados do bloco conforme projetado e sem armadura indica que o papel da armadura não foi efetivo, mas que as cargas atuantes no viaduto (peso próprio) não levariam o mesmo à ruptura, mesmo que ele fosse executado sem nenhuma armadura. Essa constatação contrapõe a informação divulgada na imprensa, que o aumento da taxa de armadura por si só seria suficiente para evitar o acidente.
	De acordo com os relatos do colapso estrutural da OAE foi constatado que a ruptura se deu quase instantaneamente. É possível indicar várias possibilidades que levaram a essa ruptura abrupta, uma delas é consideração de uma carga dinâmica, onde considera-se uma majoração da carga atuante, para obter um descolamento súbito da estrutura.
	Considerando o bloco segundo a geometria fornecida pelo projeto e com a armadura executada, foi aplicada uma carga dinâmica de 4000 toneladas durante um intervalo de tempo de 2 segundos. A carga no bloco atingiu o valor máximo em 1,28 s e permaneceu constante até o fim do processamento.
	A figura 26 apresenta o tempo gasto para alcance da carga limite e a figura 27 apresenta como ocorreu a falha no bloco quando da simulação da carga dinâmica.
	A representação realizada na figura 26 é compatível com os dados relatados in loco, demonstrando que realmente pode ter ocorrido uma carga dinâmica quando da ruptura.
Figura 26 – Incremento de Carga ao longo do tempo no modelo submetido a carga dinâmica
Figura 27 – Modelo submetido a carga dinâmica
	Analisando o comportamento das estacas e a formação das bielas no bloco por meio da simulação numérica realizada, observa-se que as estacas das extremidades não foram solicitadas adequadamente, sendo indicado que elas foram carregadas cerca de 5,4% do carregamento total de 3200 toneladas. Além disso, as bielas formadas no bloco do Pilar P3 (Figura 28) para as estacas das extremidades a inclinação delas foi cerca de 32º e para as estacas intermediárias a inclinação das mesmas foram cerca de 52º.
	Pela simulação numérica foi possível descrever o modo de ruptura do modelo, sendo constatado que este confirma o modo de ruptura do acidente. 
Figura 28 – Inclinação da Biela no bloco do Pilar P3
Figura 19 – Modo de ruptura do bloco do Pilar P3
6 – CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS FINAIS
	Analisando o projeto e a execução da obra é possível dizer que as falhas comentadas neste caso potencializaram o colapso estrutural ocorrido. As aberturas na laje superior do tabuleiro, que deveriam ser executadas na laje inferior, principalmente por se tratar de seção caixão em estrutura protendida, comprometeram a rigidez da estrutura. No projeto havia a previsão de aberturas definitivas, para inspeção e manutenção do viaduto, posicionadas em zonas de menor momento fletor, mas a forma, o local e a quantidade de aberturas comprometeram a estabilidade da estrutura, contribuindo para concentrar cargas no bloco do pilar P3.
7 – ENCERRAMENTO
	Pelos resultados apresentados, comprova-se que diversas falhas contribuíram para o colapso da estrutura do Viaduto Batalha dos Guararapes. No caso da concepção, observa-se que o bloco foi dimensionado como bloco rígido, não sendo utilizada nenhuma armadura para prevenir as tensões tangenciais devidas à punção, absorvendo assim os esforços cortantes que atuariam no contato do pilar com o bloco.
	Uma das possibilidades para combater a ocorrência do puncionamento, seria a adoção de uma altura maior para o bloco, ou uma geometria mais quadrada para o mesmo, atendendo assim as recomendações da NBR 6118:2014, no que se refere ao dimensionamento de blocos rígidos de coroamento.
	A carga máxima suportada com o bloco sem armadura e bloco com armadura de projeto foram praticamenteiguais. Indicando que a falta de armadura não foi o fator preponderante para o colapso do bloco.
	Por fim, quando analisadas as bielas de compressão, conforme orienta a NBR 6118:2007, percebe-se nitidamente que a distribuição de cargas nas estacas não é uniforme, concentrando carga preponderantemente nas estacas centrais.
	O modo de ruptura do bloco é o mesmo nos três modelos analisados e confirma o modo de ruptura do acidente.
	Outro ponto importante a ser considerado é que pela análise numérica observa-se que o bloco do Pilar P3 resistiria a uma carga de 3200 toneladas, sendo que no momento do acidente, somente atuava o peso próprio, ou seja, cerca de 2200 toneladas. Com isto conclui-se que o bloco foi solicitado com uma carga aproximadamente 1000 toneladas acima do que estava previsto, portanto, não sendo ele o responsável pelo acidente.
	Acredita-se que a carga excedente seja oriunda da ruptura do tabuleiro, ocorrida em uma seção entre os pilares P2 e P3, mais próxima ao pilar P2. Com essa ruptura, houve um desequilíbrio da estrutura, redistribuindo os esforços solicitantes nos pilares e blocos de fundação. A reorganização das cargas impôs ao pilar P3, instantaneamente, uma carga superior àquela prevista inicialmente no projeto.
	O presente laudo pericial de antecipação de provas é constituído por 25 (vinte e cinco) laudas impressas e ilustradas somente em seus anversos, estando todas rubricadas e enumeradas, encerrando-se por esta última, que é devidamente datada e assinada.
	 Belo Horizonte, xx de xx de xxxx.
		 	 Assinado digitalmente por
			 Engª Andressa Linhares Martelli
		 		 - perita judicial -
	Tottal Sollo Engenharia
	Engenharia Diagnóstica e Consultoria Técnica
	Engª Andressa Linhares Martelli
	- Perita Judicial -

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