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Aula 08 - 02 - Psicodinâmica

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Jornada de Saúde Mental e Psicanálise da PUCPR, Curitiba, v. 5, n. 1, nov. 2010 
Licenciado sob uma Licença Creative Commons 
 
 
1 
 
Psicodinâmica do trabalho: Uma reflexão acerca do sofrimento 
mental nas organizações 
 
 
 
Flora Allain Carrasqueira1 
Neuzi Barbarini2 
 
Resumo 
 
O presente artigo discute alguns aspectos teóricos da relação entre saúde mental e trabalho, pelo 
viés da psicodinâmica do trabalho. Através de uma revisão bibliográfica sobre os estudos 
dejourianos, analisa-se a articulação entre as diferentes formas de organização do trabalho e as 
vivências de prazer e sofrimento daí decorrentes. Discorre sobre a adoção de mecanismos de 
defesa individuais e coletivos, que resultam em diferentes patologias relacionadas ao trabalho, 
específicas de cada contexto laboral. Pôde-se identificar, ainda, a presença de aspectos que podem 
dificultar ou favorecer a ressignificação do sofrimento engendrado nas atividades de trabalho, 
favorecendo a o fortalecimento da identidade e a saúde mental. Constata-se a pertinência da 
análise psicodinâmica das situações de trabalho como forma de investigação e busca de 
alternativas ao adoecimento ligado ao trabalho. 
 
Palavras-chave: Trabalho. Sofrimento. Mecanismos de defesa. Psicodinâmica do trabalho. 
 
 Introdução 
 
A relação da saúde mental com o trabalho é amplamente reconhecida, sendo tema de 
inúmeras pesquisas e estudos no âmbito da psicologia. Contudo, a maioria das teorias existentes 
aborda o trabalho de forma marginal, como apenas uma das influências na saúde mental. Dejours, 
por sua vez, afirma a centralidade do trabalho na vida do sujeito, postulando uma continuidade 
entre o funcionamento psíquico no trabalho e fora dele; “a relação subjetiva com o trabalho leva 
seus tentáculos para além do espaço da fábrica ou do escritório, e coloniza profundamente o 
espaço fora do trabalho. (...). A separação clássica em dentro do trabalho e fora do trabalho não 
tem sentido em sociologia do trabalho, assim como em psicodinâmica do trabalho” (DEJOURS, 
1993: 2004, p. 101) 
 
1 Psicóloga (UFPR), especializanda do Curso de Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise pela Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná – PUCPR. 
2 Psicóloga, mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFGRS, Professora da PUCPR e 
orientadora do presente artigo. 
 
 
Jornada de Saúde Mental e Psicanálise da PUCPR, Curitiba, v. 5, n. 1, nov. 2010 
Licenciado sob uma Licença Creative Commons 
 
 
2 
Segundo Mendes e Morrone (2002, p. 27), esta importância do trabalho na estruturação do 
funcionamento psíquico repousa no fato de que “o ato de produzir permite um reconhecimento de 
si próprio como alguém que existe e tem importância para a existência do outro, transformando o 
trabalho em um meio para a estruturação psíquica do homem”. 
Se o trabalho permite a formação e consolidação da identidade, por outro lado ele pode, 
também, fomentar a descompensação psíquica. A psicodinâmica do trabalho, nascida dos estudos 
do Prof. Cristophe Dejours, investiga os mecanismos de defesa dos trabalhadores frente às 
situações causadoras de sofrimento decorrentes da organização do trabalho. Ao longo de seu 
percurso teórico, Dejours inicialmente estudava as doenças relacionadas ao trabalho e 
posteriormente se dedicou ao estudo da normalidade, por meio dos mecanismos de defesa que 
permitem que os trabalhadores não adoeçam, a despeito das condições adversas à saúde 
provocadas pela organização do trabalho. Assim, passou da Psicopatologia à Psicodinâmica do 
Trabalho. Em uma terceira fase da teoria, direcionou seu olhar ao estudo das patologias sociais 
resultantes das novas formas de gestão da organização do trabalho. 
O presente artigo tem por finalidade fazer uma revisão teórica do trabalho de Cristophe 
Dejours e de pontos principais de sua teoria, a psicodinâmica do trabalho. Ao longo do texto, 
enfatizarei a relação das estratégias de defesa com as formas de organização do trabalho, e a 
relação da psicodinâmica com a psicanálise. O foco principal é inter-relação entre organização do 
trabalho e estratégias defensivas, com a finalidade de melhor compreender as patologias sociais 
características do período atual. Ao final, se promoverá uma reflexão acerca da relevância das 
reflexões trazidas pela Psicodinâmica do trabalho. 
 
Um breve histórico 
 
A discussão sobre a psicopatologia do trabalho começou na França, logo após a II Guerra 
Mundial, liderada por contribuições da chamada “psiquiatria social”. Os nomes mais notáveis 
desta corrente são Paul Sivadon e Louis Le Guillant (LIMA, 1998). 
Sivadon foi o primeiro a empregar o termo “Psicopatologia do Trabalho”, e em suas obras 
abordou o trabalho como fonte de crescimento e evolução do psiquismo humano; ele discutia 
também as formas perversas de organização da atividade de trabalho, que gerariam pressões e 
conflitos insuperáveis, propiciando o aparecimento de transtornos mentais. A partir de seus 
escritos, o trabalho passou a ser reconhecido por seu valor de integração social (LIMA, 1998). 
 
 
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3 
Na década de 50, Le Guillant escreveu um artigo sobre o que nomeou de “Síndrome Geral 
de Fadiga Nervosa”, que acometia telefonistas de Paris; esta seria caracterizada por sintomas 
somáticos, tais como insônia, palpitações, angústia, alterações de humor e do caráter. O autor 
discorreu também sobre a Síndrome Subjetiva Comum da Fadiga Nervosa, cuja principal 
característica seria a transposição de hábitos do trabalho para o espaço fora do trabalho, com 
manifestações de irritabilidade, dificuldade para ler em casa e repetição incontrolável de 
expressões verbais do trabalho (MERLO, 2002). Este autor buscava explicar os transtornos 
mentais a partir de fatores sócio-culturais, embora admitisse a influência de fatores orgânicos e 
psíquicos no fenômeno. Para ele, a descompensação psíquica seria conseqüência da história de 
vida do indivíduo, em associação a um contexto de trabalho repleto de contradições e de 
exigências demasiadas (LIMA, 1998). 
Gillon, outro pensador da época (desta corrente?), considerava raros os casos em que as 
condições de trabalho eram efetivamente responsáveis por distúrbios mentais. Ainda assim, 
elencava alguns “elementos desfavoráveis no trabalho” no que se refere à saúde, tais como: 
duração excessiva do trabalho, exigência muito alta de atenção ou de aptidões que estão além da 
capacidade do operário, atividade excessivamente monótona, entre outros fatores. O autor 
evidencia influência do pensamento taylorista ao compreender o trabalho como essencialmente 
benéfico à saúde mental, sendo de responsabilidade do trabalhador se adaptar ao meio, 
subestimando assim a influência da organização ou das relações de trabalho no adoecimento 
(MERLO, 2002). 
De acordo com Seligmann (2004), a escola da Psicopatologia do Trabalho se edificou 
a partir das idéias e pesquisas de Cristophe Dejours, sendo este um crítico das abordagens 
positivistas que estiveram presentes no modelo tradicional de pesquisas voltadas para a saúde no 
trabalho. A abordagem criada por Dejours tinha, inicialmente, bases na psicopatologia do 
trabalho, porém com o avanço das pesquisas e a incorporação de conceitos advindos da 
ergonomia, da sociologia e da psicanálise, evoluiu para uma compreensão original, configurando 
uma teoria própria. 
 O primeiro marco foi a publicação, em 1980, do livro “Travail: Usure Mental” (que seria 
publicado no Brasil somente em 1987, com o título “A Loucura do Trabalho: estudo de 
psicopatologia do trabalho”). Nesta obra, o autor analisa as estratégias individuais e coletivas 
utilizadas pelos trabalhadores para lidar com o sofrimento originado no trabalho, situando a 
gênese do sofrimento no confronto do sujeito-trabalhadorcom a organização do trabalho, que na 
época era fortemente caracterizada pelo modelo taylorista (MENDES, 2007). 
 
 
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4 
Já na década de 90, Dejours publica dois textos que se tornaram referências para o campo 
da saúde mental no trabalho; o primeiro é um Addendum à décima-segunda edição de Travail: 
Usure Mentale, publicado em 1993 com o título De La Psychopatologie à la Psychodinamique du 
Travail; e o segundo é o livro Le facteur Humain, em 1995 (publicado no Brasil em 1999 com o 
título “O Fator humano”). Neste momento de sua trajetória teórica, o autor substitui o conceito de 
Psicopatologia do Trabalho pelo de Psicodinâmica do Trabalho, deslocando seu foco das 
patologias relacionadas ao trabalho para o estudo da normalidade, ou seja, para o enigma de como 
os trabalhadores conseguem manter certo grau de equilíbrio psíquico apesar das condições 
precárias de trabalho a que estão submetidos (DEJOURS, 2004). Em um contexto de intenso 
constrangimento e pressão, ele se intrigou com o fato de os trabalhadores não entrarem em 
colapso, trabalhando normalmente sem apresentar os transtornos psíquicos esperados (UCHIDA, 
2009). Nesta fase de sua obra, o autor relaciona o sofrimento com a criatividade no trabalho, isto 
é, a possibilidade do trabalhador de usar sua inteligência prática e beneficiar sua identidade, 
promovendo ações capazes de proporcionar vivências de prazer. 
Com a publicação do livro Souffrance em France, em 1998 (traduzido no Brasil como “A 
Banalização da Injustiça Social”, em 1999), inaugura-se uma nova fase na teoria dejouriana, que 
vai até os dias atuais (a partir da publicação de obras como o prefácio para a décima terceira 
edição do livro Travaile: Usure Mentale – essai de psychopatologie du travail e o livro 
L´evaluation du travail à l´èpreuve du réel: critique dês fondementes de l´èvalutaion, em 2000). 
Neste momento, caracterizado pela consolidação e propagação da psicodinâmica como teoria 
capaz de explicar os efeitos do trabalho sobre os processos de subjetivação, as patologias 
sociopsíquicas e a saúde dos trabalhadores, o foco de análise recai não mais sobre as vivências de 
prazer-sofrimento, mas no modo como os trabalhadores subjetivam essas vivências, o sentido que 
elas assumem e o uso de estratégias ocasionadas pelas novas formas de organização do trabalho, 
especificamente as defesas coletivas e a cooperação (MENDES E MERLO, 2009). 
 
Diferentes formas de organização do trabalho: passagem do modelo fordista-
taylorista ao paradigma da acumulação flexível 
 
A relação entre prazer e sofrimento no trabalho está intimamente articulada às formas de 
organização do trabalho; segundo Heloani (2008, p. 2), “há uma relação complexa e singular entre 
as mudanças nos sistemas organizacionais e a vida psíquica”. Assim sendo, faz-se necessário 
detalhar as principais características das formas de organização do trabalho vigentes desde o 
 
 
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5 
início dos estudos em psicodinâmica do trabalho, a fim de compreender como estas estruturas 
determinam os mecanismos de defesa e as manifestações de saúde e doença presentes no contexto 
laboral. 
O processo da gênese e da consolidação do capitalismo compreendeu diversos ciclos de 
crescimento e de crises. As suas diferentes fases de desenvolvimento foram marcadas por 
importantes mudanças em termos de inovações tecnológicas, qualificação do trabalhador, modos 
de organização do trabalho e da produção, estratégias empresariais, formas de controle sobre os 
trabalhadores, desempenho dos sindicatos e papel do Estado (LAPIS e MERLO, 2007). Para 
elucidar algumas características da organização do trabalho presentes nos dois últimos períodos 
históricos do capitalismo, utilizaremos as reflexões de Harvey (2000, apud UCHIDA, 2009). 
 
Fordismo/ taylorismo 
 
O período que abrange as décadas de 1910 até 1970 é chamado de fordista-taylorista. 
Esta fase é marcada pelo capital industrial e por uma estrutura hierárquica piramidal, sendo 
caracterizada ainda pela rigidez nos controles de processos de trabalho e das relações 
organizacionais, pela produção em escala, divisão de tarefas, trabalho parcelado em etapas, gestos 
e movimentos simplificados, controle rígido de cada grupo de trabalhadores pela chefia imediata 
e ritmo ditado pela máquina. A rigidez da organização tinha por objetivo atingir a previsibilidade 
dos processos de produção, bem como das relações horizontais e verticais; a variação era 
combatida por ser sinônimo de descontrole e, por conseguinte, prejuízo (HARVEY 2000, apud 
UCHIDA, 2009). 
De acordo com Lápis e Merlo (2007), “o taylorismo, ou a administração científica do 
trabalho, surgiu como uma nova cultura do trabalho, tornando relevante o conhecimento 
científico, sobretudo para o desenvolvimento das indústrias química, elétrica e metalúrgica, 
correspondendo às necessidades de uma etapa do capitalismo internacional, período de atuação 
monopolista do capital” (p. 62). Consolidou-se a estrita separação entre o saber e o fazer, ou seja, 
entre, concepção, planejamento e execução do trabalho, entre o trabalho intelectual e o trabalho 
operacional. 
 Este modelo de organização tinha por objetivo racionalizar a organização do trabalho 
através da adoção de normas, procedimentos sistemáticos e uniformes, utilizando-se da 
observação, descrição e medição como subsídios para simplificar operações, eliminar 
movimentos desnecessários, lentos e ineficientes e encontrar "o modo melhor", o movimento 
 
 
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certo e mais rápido em todos os ofícios. O estudo do tempo e dos movimentos levou à busca do 
único e melhor método de execução como norma a ser seguida permanentemente pela empresa. 
A busca pela padronização máxima dos processos e pelo método único de execução é 
desfavorável à manutenção da saúde mental dos trabalhadores. Isso porque a contribuição 
individual de cada trabalhador à manutenção da qualidade e da produtividade ocorre no espaço 
entre trabalho prescrito e trabalho real, na possibilidade de intervir de alguma maneira para 
preencher as lacunas não previstas pelas determinações da gerência; para que isto resulte em 
fortalecimento da identidade e da saúde mental, é necessário que exista um reconhecimento desta 
contribuição, o que não ocorre em organizações regidas pelo modelo taylorista/fordista. 
Dejours (1993: 2004) afirma que a organização taylorista/ fordista acarreta a 
desapropriação do saber do trabalhador, inibindo também qualquer iniciativa de organização e de 
adaptação ao trabalho, pois tal adaptação exige uma atividade intelectual e cognitiva não almejada 
pelo taylorismo. Sendo assim, a monotonia do trabalho repetitivo e sem espaço para a criatividade 
que era realizado dentro destes moldes de organização, levou ao surgimento de mecanismos de 
defesa específicos. O mais importante deles é o mecanismo de autoaceleração. Neste, para fazer 
cessar o pensamento e, com ele, a consciência do desconforto, o sujeito se autoacelera, 
trabalhando em ritmo demasiado que a longo prazo pode trazer complicações para sua saúde. 
 
Modelo de acumulação flexível do capital 
 
Um novo período do capitalismo tem início a partir da década de 1970, estando 
vigente até o momento, e inaugura a era da acumulação flexível do capital. Marcado por 
reestruturações produtivas, este período trouxe algumas implicações para as empresas, 
conforme aponta Uchida (2009): 
 
No plano organizacional, este capital exigente (...) reduziu o seu tempo de giro 
dramaticamente. Isto implicou na criação de empresas flexíveise ágeis, que trouxessem 
resultados dentro do tempo imposto pela nova lógica de acumulação. Para tanto, 
enxugou-se as empresas através dos processos de reengenharia. Houve um violento 
achatamento, ou, em outras palavras, “horizontalização” da hierarquia. Utilizou-se 
também novas formas de tecnologia – tecnologia de informação, automação e robótica – 
para a consecução desta reestruturação organizacional. 
 
Este período traz consigo exigências e valores específicos, uma vez que a derrocada do 
estável modelo fordista demandou o surgimento de um sujeito criativo, inovador, flexível, 
adaptável e resiliente. Segundo Lancman e Uchida (2003), dentro desta perspectiva, para obtenção 
de vantagens competitivas e agregação de valores na empresa, deve-se valorizar um novo perfil 
 
 
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psicológico do trabalhador, composto por características como criatividade, pró-atividade, 
sensibilidade, maturidade pessoal, capacidade de interação interpessoal, liderança, entre outros. 
Carpentier Roy (1996, apud MENDES E MORRONE, 2002) considera que os atuais 
paradigmas da organização do trabalho, ao privilegiar as práticas gerenciais, a paixão, a 
criatividade e a autonomia no trabalho, tendem a fusionar a relação sujeito-trabalhador. Através 
de um discurso de liberdade e participação, a organização do trabalho impõe uma estrutura de 
controle sutil na qual o trabalhador renuncia aos seus desejos, aspirações e necessidades, 
fundamentando sua relação com o trabalho no atendimento aos ideais propostos pela empresa. 
Estamos passando por um processo de precarização do trabalho, e Dejours (1999) compara 
a situação atual em que as empresas se encontram a uma nova Guerra Mundial. A competição é 
feroz, impulsionada pelo desemprego estrutural, que deixa a todos – empregados e 
desempregados – em estado de tensão e sofrimento, uma vez que a ameaça de demissão está 
presente a todo momento. Ele propõe a noção de banalização da injustiça social, que seria 
expressa por meio da utilização propositada de tais temores pelos gestores como técnica de 
administração de pessoas, fazendo exigências e demandas humanamente impossíveis de serem 
atendidas. A despeito disso, muitos trabalhadores esforçam-se por cumprir tais demandas, criando 
uma pressão tamanha que com freqüência torna-se insuportável. Nestas situações, o sofrimento 
patogênico torna-se praticamente inevitável. 
Outro fator importante presente no atual contexto, e que gera uma importante carga de 
sofrimento, são as questões éticas. Num cenário em que a maioria dos trabalhadores (sejam chefes 
ou funcionários) precisa, cotidianamente, tomar decisões que infringem seu senso ético, o mal 
passa a ser visto como algo necessário, característico dos tempos modernos, imutável (DEJOURS, 
2009). Mais uma modalidade de sofrimento decorrente do trabalho soma-se à anterior. A 
autoconfiança é invariavelmente impactada, pois, além de sentir incapaz por não conseguir 
atender com qualidade às demandas vindas da chefia, o trabalhador ainda se sente abalado por ter 
traído sua própria ética e valores morais. A identidade do trabalhador é impactada e surge o risco 
de descompensação psíquica. Não é a toa que, como demonstra Heloani, “as doenças neste tipo 
de organização da produção, ao contrário do que se prognosticava, aumentaram e muito, 
mormente as de ordem mental, ou “dos nervos” como dizem os trabalhadores” (1998, p. 08). 
 
 
 
 
 
 
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Prazer e sofrimento laboral e sua articulação com as formas de organização do trabalho 
 
Em sua obra, Freud (1987) identifica as diferentes fases do desenvolvimento psíquico. 
Segundo ele, a criança recém-nascida ainda não tem capacidade de identificar a origem das 
sensações por ela vivenciadas, pois ainda não diferencia seu ego do mundo externo. Com o passar 
do tempo, ela vai aprendendo a fazer esta distinção, reagindo de modo adequado aos estímulos 
correspondentes. O ego, regido pelo princípio do prazer, tenta afastar as sensações desprazerosas, 
projetando para fora de si tudo o que é fonte de desprazer. Num estágio posterior, de maior 
integração, o ego consegue diferenciar entre o que tem origem interna e externa, estabelecendo 
assim as condições para a introdução do princípio de realidade. Desta forma, o ego pode localizar 
o sofrimento surgindo de três direções: de nosso próprio corpo, do mundo externo e da nossa 
relação com as outras pessoas. Segundo Heloani e Capitão (2003, p. 107), esta forma de evitação 
do sofrimento por parte do ego pode atuar também em relação ao trabalho, tanto do ponto de vista 
físico quanto mental. 
 O trabalho, não só como uma condição externa, pode propiciar 
sofrimento insuperável para o ego, empobrecendo-o e restringindo 
sua ação a mecanismos defensivos repetitivos e ineficazes, não lhe 
possibilitando aferir, de acordo com suas atividades, a satisfação de 
determinadas pulsões, que, não satisfeitas, tensionariam o aparelho 
psíquico, gerando angústia, estados depressivos, ansiedade, medos 
inespecíficos, sintomas somáticos, como sinais marcantes de 
sofrimento mental, com o agravante de que um ego debilitado e 
frágil não consegue diferenciar, pela sua condição, a origem de seu 
sofrimento. 
 
De acordo com Mendes (2007), a psicodinâmica do trabalho parte de um conceito 
histórico do homem como corpo físico, subjetivo e pensante que se esforça para resistir à 
dominação. Para compreender os processos de subjetivação dos sujeitos trabalhadores, é 
fundamental a centralidade e a materialidade do trabalho; neste sentido, a psicopatologia do 
trabalho desenvolveu-se, desde o início, em um duplo diálogo: de um lado, as ciências da saúde e 
de outro as ciências do trabalho (DEJOURS, 1993: 2004). 
A teoria psicodinâmica tem influências da psicanálise, sociologia e ergonomia. Dentro da 
sociologia, estuda o impacto das diferentes formas de organização do trabalho na subjetividade do 
indivíduo; da ergonomia, herdou a distinção entre trabalho prescrito e trabalho real, e suas 
repercussões para o psiquismo; com relação à psicanálise, a teoria dejouriana inspira-se na noção 
de sofrimento e angústia, a qual seria originária do sujeito em suas relações com os pais, 
conforme apontam Lancman e Uchida (2003): 
 
 
 
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A criança, inicialmente, é susceptível à angústia dos pais, principalmente aquela com a 
qual os pais têm dificuldades de lidar. Ao vivenciá-la passa a senti-la como se fosse sua, 
pois nesse momento de sua vida não tem condições de distinguir o que é seu e o que é 
dos seus pais. Quando adquire a capacidade de falar, tenta expressar essa angústia para 
poder elaborá-la, mas infelizmente não encontra espaço psíquico propício nos pais, pois 
estes não têm condições de ajudá-la na medida em que a criança recoloca em cena aquilo 
que os fez sofrer. Essa angústia não elaborada vai adquirir uma característica enigmática 
e será origem de uma curiosidade jamais satisfeita, de um desejo de saber e compreender 
que periodicamente será reposto pelas situações conjunturais, ou seja, estas funcionariam 
como fatores desencadeantes da primitiva curiosidade. Ao mesmo tempo, irá constituir-se 
como zona de fragilidade psíquica do sujeito, uma face obscura e para sempre 
desconhecida. Um dos espaços sociais privilegiados em que a criança, ao se tornar 
adulto, vai repor essa angústia é o trabalho. 
 
A atividade laboral se configura como uma instância privilegiada para elaboração deste 
sofrimento primitivo, sendo que o sujeito, a cada enigma do trabalho que resolve, se fortalece 
psiquicamente, diminuindo a zona de fragilidade.Dejours denomina essa complexa relação entre 
o mundo psíquico e o mundo do trabalho de ressonância simbólica. Cabe ressaltar que, para o 
autor, a conquista da identidade na dinâmica intersubjetiva do reconhecimento no trabalho diz 
essencialmente respeito à realização pessoal no campo das relações sociais. Neste sentido, não há 
articulação direta entre sujeito do inconsciente e campo social: esta relação é sempre mediada 
pelo referencial de uma ação sobre o real que mobiliza a atividade do trabalho (Dejours 1993: 
2004, p. 75). 
 
Trabalho e sofrimento na teoria dejouriana 
 
Para definir o que é trabalho, Dejours (1993: 2004) se apropria da definição proposta por 
P. Davezies, para quem “trabalho é a atividade manifestada por homens e mulheres para realizar o 
que ainda não está prescrito pela organização do trabalho” (p. 65). O trabalho seria, então, a 
criação do novo, do inédito, a partir do ajuste da organização prescrita do trabalho às situações 
reais, exigindo iniciativa, inventividade, criatividade, além de formas de inteligência específicas 
análogas à engenhosidade. “O trabalho é, por definição, humano, uma vez que é mobilizado 
justamente ali onde a ordem tecnológica- maquinal não é suficiente” (p. 65). 
Com relação ao conceito de sujeito, Lancman e Uchida (2003) esclarecem que a 
Psicodinâmica do Trabalho situa-se na tradição compreensiva nas Ciências Humanas, adotando a 
concepção de um sujeito responsável pelos seus atos e capaz de pensar, de interpretar os sentidos 
da situação em que se encontra, de deliberar ou de decidir e de agir. Significa supor que ele possui 
inteligência – isso em dois sentidos: “inteligência como competência cognitiva e inteligência 
como liberdade de aceder à inteligibilidade, à compreensão das coisas ou da situação (inteligência 
 
 
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das coisas)”. É admitir que ele (o trabalhador) “...age em função da razão” (DEJOURS, 1999c, p. 
207, apud Lancman e Uchida, 2003). 
O objeto de estudo da psicodinâmica do trabalho são as relações dinâmicas entre a 
organização do trabalho e processos de subjetivação, que se manifestam nas vivências de prazer-
sofrimento, nas estratégias de ação para mediar contradições na organização do trabalho, nas 
patologias sociais, na saúde e no adoecimento. A análise se dirige aos processos intersubjetivos 
que tornam possível a gestão social das interpretações do trabalho pelos indivíduos – criadoras de 
atividades, de saber fazer e modos operatórios novos (DEJOURS, 1993: 2004, p. 64). Nesta 
perspectiva, destaca-se a importância central da organização do trabalho, entendida como a 
principal determinante das vivências de prazer-sofrimento; as condições nas quais o trabalho é 
realizado podem transformá-lo em algo agradável e fortalecedor da identidade, ou em uma 
experiência penosa e dolorosa, levando ao sofrimento. Esse sofrimento decorre do confronto entre 
a subjetividade do trabalhador e as restrições das condições socioculturais e ambientais, relações 
sociais e organização do trabalho, que por sua vez são reflexo de um modo de produção específico 
(MENDES E MORRONE, 2002). 
Dejours (1993:2004, e 1995:1999) ao redefinir o objetivo do estudo da psicodinâmica do 
trabalho, introduz o conceito de normalidade como sendo “resultante de um compromisso entre 
sofrimento e as estratégias de defesas individuais e coletivas num movimento pela manutenção da 
saúde” (MENDES & MERLO, 2009), ou seja, caracteriza o trabalho como fonte de prazer e 
sofrimento, sendo que nem o sofrimento, tampouco as estratégias de defesas individuais e 
coletivas são patológicos, e sim, uma saída para a saúde. O sofrimento adquire, assim, um 
significado que vai além do patogênico, contendo também elementos criativos que podem 
transformá-lo numa potencialidade para o trabalhador (GOMES & BRANT, 2004). Nesse sentido, 
o saudável define-se pelo “enfrentamento das imposições e pressões do trabalho que causam a 
instabilidade psicológica (...). O patológico implica falhas nos modos de enfrentamento do 
sofrimento e instala-se quando o desejo da produção vence o desejo dos sujeitos-trabalhadores” 
(MENDES, 2007, p. 37). 
A normalidade seria, como apregoa a psicanálise, um fenômeno constituído de múltiplas 
determinações subjetivas e objetivas, um compromisso entre o sofrimento e as estratégias de 
defesa; nesta perspectiva o “normal” pressupõe sempre a existência de sofrimento. Porém, ao 
contrário da abordagem psicanalítica, na ótica da psicodinâmica esse fenômeno não se trata de 
algo somente individual, mas ao mesmo tempo, de um fenômeno coletivo e que está articulado ao 
mundo do trabalho. Segundo Dejours (1999b, apud Lancman e Uchida, 2003), a normalidade é 
 
 
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uma conquista “mediante uma luta feroz entre as exigências do trabalho e a ameaça de 
desestabilização psíquica e somática” (p. 19). 
 
“(...)o que o autor defende a partir desse momento é que não se deve confundir estado de 
normalidade com estado saudável. Se, de um lado, a normalidade pode refletir equilíbrio 
saudável entre as pessoas, pode, de outro, ser um sintoma de um estado patológico, ou 
seja, o estabelecimento de um precário equilíbrio entre as forças desestabilizadoras dos 
sujeitos e o esforço destes e dos grupos no sentido de se manterem produtivos e atuantes 
à custa de muito sofrimento e que se estenderá também em sua vida fora do trabalho.” 
(LANCMAN e UCHIDA, 2003, p. 82). 
 
É importante ressaltar que o sofrimento pode levar tanto à paralisação, inviabilizando 
qualquer atitude no sentido de questionamento da organização do trabalho, quanto à mobilização 
para a transformação das condições laborais; ele “assume um papel fundamental que articula ao 
mesmo tempo a saúde e a patologia” (MENDES, 2007, p. 33). Quando a organização do trabalho 
oferece liberdade suficiente para tal, ele pode resultar em realização e prazer, nos casos em que 
serve como fator de motivação para o trabalhador na busca de novas soluções e estratégias para a 
realização de suas atividades. Existem, contudo, casos em que a organização do trabalho é 
demasiado restrita ou contraditória, havendo uma tendência para que o sofrimento se torne 
patogênico e favoreça o aparecimento de descompensações psíquicas e somáticas (SZNELWAR, 
2009). Desta forma, o interesse da Psicodinâmica do Trabalho não é eliminar o sofrimento e sim 
impedir que ele seja transformado em adoecimento. 
Em relação à organização do trabalho, Dejours e Abdoucheli (1994) a definem a partir de 
dois elementos: a divisão do trabalho – referente à divisão de tarefas, cadências, ao modo 
operatório prescrito - e divisão dos homens, abrangendo as relações hierárquicas, de poder, bem 
como as responsabilidades. 
A organização do trabalho se diferencia, também, entre organização prescrita e real. A 
organização prescrita diz respeito às regras e normas para realização do trabalho, sendo 
normalmente estabelecida de forma vertical, desconectada dos desejos e necessidades da maioria 
dos trabalhadores. Já a organização real se refere às situações reais, concretas, de trabalho, com 
especificidades que as regras formais não conseguem prever e tampouco padronizar, e cuja 
solução depende da mobilização da criatividade e da contribuição original de cada trabalhador. 
Estas contradições levam a uma situação que, se levada ao limite, pode tornar impossível a 
execução do trabalho, e cuja resolução depende de uma atividade de interpretação das normas, 
conforme afirma Dejours (2004, p. 63): 
 
Depois de numerosas pesquisas de campo, constatou-se que, além da contradição entre a 
organização do trabalho prescrita e a organização do trabalho real, a organização do 
 
 
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trabalho em si é completa de contradições. Cada incidente ou acidente leva à elaboração 
de uma nova prescrição ou uma nova regulamentação. E esta última soma-se ao grande 
número de regras anteriores. Com o tempo, leis, regulamentações, normas, regras 
formam um corpo de tamanha complexidade que se tornam, inelutavelmente, de 
conciliação extremamente difícil. Chega ao limite de tornar impossível a execução do 
trabalho, caso todo o conjunto de regras e normas venha a ser cumprido. A elaboração do 
trabalho real implica, assim, o afastamento das prescrições para dar início à atividade de 
“interpretação”. 
 
Neste ponto cabe fazer uma distinção entre tarefa e atividade. A primeira diz 
respeito ao que deve ser feito segundo definições precisas e oficiais, enquanto a segunda 
caracteriza o que é efetivamente realizado. “Entre tarefa e atividade haverá, portanto, um 
necessário ajuste, que conduzirá a uma redefinição dos objetivos inicialmente fixados. Esse 
reajuste constitui uma parte enigmática do trabalho, e sua resolução fica necessariamente 
ao encargo do trabalhador, para que a produção possa fluir” (LAPIS E MERLO, 2007). 
Dejours (1993: 2004) afirma que uma parte significativa dos problemas submetidos 
à análise psicodinâmica das situações de trabalho provém do desconhecimento quanto às 
dificuldades concretas com as quais os trabalhadores são confrontados devido à 
imperfeição irredutível da organização do trabalho. A organização do trabalho aparece 
como compromisso, uma vez que demanda necessariamente a passagem por um trabalho de 
interpretação, havendo uma multiplicidade de interpretações possíveis e, por conseguinte, 
conflito entre as diferentes interpretações dos agentes do trabalho. Construir um 
compromisso passa, assim, por um jogo social, podendo se estabelecer que “a organização 
real do trabalho é um produto das relações sociais” (p. 64). 
Neste sentido, nos casos em a forma de organização do trabalho impossibilita a 
conciliação entre trabalho prescrito e trabalho real de maneira satisfatória, surgem 
mecanismos de defesa individuais e coletivos para dar conta da incompatibilidade entre o 
que os sujeitos desejariam com o trabalho e os constrangimentos impostos por modalidades 
de organização do trabalho (DEJOURS, 1987). De acordo com Sznelwar (2009): 
 
(...) Para sobreviver em situações nas quais as tarefas a serem executadas colocariam em 
perigo a existência do sujeito, tanto em nível simbólico, como em ocasiões onde há risco 
de morte, ficou patente que através de comportamentos inusitados para enfrentar o medo, 
de atitudes desafiadoras, da negação do perigo, haveria, de fato, uma tentativa de defesa, 
de redução da consciência do risco. Por outro lado, quando a maneira de organizar o 
trabalho era propícia ao desenvolvimento das profissões, os estudos mostraram que, ao 
invés de comportamentos inusitados para afrontar o risco, os trabalhadores desenvolviam 
estratégias de prudência, oriundas do saber-fazer da profissão. 
 
A utilização de mecanismos de defesa como forma de lidar com o sofrimento no trabalho 
 
 
 
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Para Dejours (1987: 1992), a organização do trabalho exerce sobre o sujeito uma ação que 
incide diretamente no aparelho psíquico. A fim de se protegerem dos impactos nocivos desta 
ação, os trabalhadores criam uma série de mecanismos de defesa, os quais favorecem a adequação 
entre organização do trabalho e estrutura mental do trabalhador. Anna Freud (1978) define os 
mecanismos de defesa como uma distorção do ego para proteger a personalidade contra 
determinada ameaça; é uma definição da ordem do singular, mas que será explorada pela 
psicodinâmica do trabalho também em sua dimensão coletiva. 
Para a psicodinâmica do trabalho, a mediação do sofrimento gerado no trabalho ocorre 
através de estratégias de defesa formuladas e adotadas individual e coletivamente. As estratégias 
defensivas têm um duplo papel: favorecem o equilíbrio psíquico e a adaptação a situações 
adversas, ao mesmo tempo em que, ao sustentarem uma falsa estabilidade psíquica, podem 
mascarar o sofrimento e se tornar patológicas (FERREIRA,2009). 
Dejours e Abdoucheli (1994) definem estratégias defensivas como os mecanismos 
utilizados pelos trabalhadores para negar ou minimizar a percepção da realidade que faz sofrer. 
Tais defesas dependem de condições externas e se sustentam no consenso de um grupo específico 
de trabalhadores. As estratégias defensivas variam de acordo com a organização do trabalho e, por 
este motivo, nas diferentes categorias profissionais. Segundo Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994), 
muitas vezes o desânimo, o desencorajamento e o desengajamento são defesas utilizadas devido 
ao fracasso de certas situações de negociação da organização real do trabalho, impedindo o sujeito 
de transformar- elaborar suas vivências e assim ter condições de propor e conduzir ações 
adequadas, com vistas a transformar a organização do trabalho (p. 34). De acordo com Mendes 
(2007, p. 38): 
Na maior parte das vezes, as estratégias defensivas são construídas em consenso pelo 
grupo de trabalhadores, existindo um acordo tácito de todos os membros na manutenção 
da defesa, para que ela não se rompa e quebre o equilíbrio gerado pela própria estratégia. 
Tendo como alvo principal minimizar a percepção do sofrimento, elas dão ao sujeito um 
suporte, funcionando como um modo de proteção. Funcionam basicamente como regras 
do coletivo de trabalho. (...) São específicas das diferentes categorias profissionais, sendo 
construídas e sustentadas pelos trabalhadores, coletivamente, e utilizadas para lidar com 
as contradições suscitadas pela precarização do trabalho. 
 
Nassif (2005) afirma que, para que haja a adaptação do trabalhador às pressões 
organizacionais e diminuição de sua percepção das mesmas, é necessário que as estratégias 
defensivas funcionem como regras, supondo um consenso ou acordo partilhado pelo coletivo de 
trabalho, de forma que a relação subjetiva com a organização do trabalho seja estabilizada. 
Segundo Dejours (1993:2004), existem três categorias de defesa: as de proteção, de 
exploração e de adaptação. As defesas de proteção consistem em uma forma específica de lidar 
 
 
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com as situações geradoras de sofrimento no trabalho, através da racionalização e da alienação 
das reais causas do sofrimento. O uso deste tipo de defesa impede a ação no real do trabalho, de 
modo que a situação adversa permanece inalterada e pode se intensificar, causando a falha da 
defesa e a vulnerabilidade do trabalhador frente ao adoecimento. Já as defesas de adaptação e de 
exploração são baseadas na negação do sofrimento e na submissão aos desejos da instituição. Os 
trabalhadores que adotam estes tipos de defesa tentam atender às demandas da organização do 
trabalho, condicionando seu modo de pensar e agir às demandas da produção. Mendes (2007) 
aponta que estes tipos de defesa se esgotam mais rapidamente, pois exigem do trabalhador um 
investimento físico e psíquico que excede sua capacidade. Diversos estudos conduzidos com o 
olhar da psicodinâmica do trabalho encontraram resultados que indicam a utilização de defesas 
que se enquadram em tais categorias (UCHIDA, 1998; VERONESE, 2000; ALMEIDA, 2002; 
PALÁCIOS, DUARTE E CÂMARA, 2002; MENDES, PAZ E BARROS, 2003; entre outros). 
 
As patologias sociais e novas formas de organização do trabalho 
 
Do ponto de vista subjetivo, as novas formas de organização do trabalho são marcadas pela 
contradição dos objetivos, das regras e do controle, revelando uma dominação socialmuito mais 
sofisticada e “invisível”, menos explícita. Ao mesmo tempo, há ameaças das mais variadas: a 
perda do emprego é uma ameaça individual, mas que afeta o coletivo de trabalho; a avaliação de 
desempenho é individual, embora os resultados devam ser coletivos; e assim por diante 
(DEJOURS, 1999: 2006). 
 Segundo Heloani (2003, p. 105), o que se constata é que “a qualidade de vida do 
trabalhador, especialmente dos que vivem no terceiro mundo, vem-se degradando dia após dia”. E 
para dar conta das exigências decorrentes desta nova organização do trabalho, em que ocorre uma 
banalização da injustiça e do mal, os trabalhadores precisam recompor suas defesas, criando 
novas formas e subjetivação, de sofrimento e de patologias. Atualmente, as defesas precisam ser 
muito mais eficazes para dar conta dos efeitos nocivos das relações de poder e do sofrimento 
ético. Algumas destas defesas são comuns às observadas nos modelos anteriores de organização 
do trabalho (modelos fordista e toyotista), outras são características da fase atual. 
As novas formas de defesa são essencialmente ambíguas: se, por um lado, protegem contra o 
sofrimento, funcionando como uma espécie de “anestesia” que permite ignorá-lo, por outro, se 
usadas em demasia, impedem a mobilização necessária para que se faça algo no sentido de 
modificar a realidade causadora de sofrimento; quando isso acontece, elas acabam reforçando a 
 
 
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banalização das injustiças no ambiente de trabalho e a aceitação, por parte dos trabalhadores, de 
práticas contrárias a valores éticos e que infringem sofrimento ao outro. Conforme aponta Mendes 
(2007, p. 54) 
A precarização dos empregos, o desemprego e as diversas formas de sofrimento no 
trabalho passam a ser naturais e justificadas em função das mudanças socioeconômicas, 
sem se discutir as razões pelas quais essas mudanças ocorreram. O uso exacerbado de 
defesas pode culminar no esgotamento, abrindo caminho para o adoecimento. Quando se 
instala o processo de anestesia e atinge o coletivo de trabalho, considera-se que os 
comportamentos no trabalho passam por uma modificação denominada patologias 
sociais, e com isso são desencadeadas as patologias do trabalho e o processo de 
adoecimento”. 
 
As principais patologias sociais originadas do uso exacerbado de defesas são: a sobrecarga, a 
servidão voluntária e a violência (MENDES, 2007, p. 55)cm. 
As patologias sociais da sobrecarga dizem respeito à “hipersolicitação” acarretada pela 
organização do trabalho. Esta patologia está articulada ao jogo de dominação social regido pela 
ideologia da excelência e do desempenho, e ocorre principalmente em casos em que o sentido do 
trabalho é o “ganha pão”. Pode ocorrer também em casos em que a centralidade do trabalho, e sua 
oferta de realização e reconhecimento, leva o trabalhador a não se dar o direito de recusar 
qualquer oportunidade, aceitando mais demandas do que têm capacidade (física, psicológica e 
social) de agüentar. http://1libertaire.free.fr/Dejours07.html 
Já a servidão voluntária está relacionada à pós modernidade e ao projeto neoliberal, sendo 
vinculada à necessidade de emprego e conforto na vida. Esta patologia, descrita 
pormenorizadamente por Dejours em artigo de 2005, pode ocorrer em trabalhadores de classes 
sociais mais desfavorecidas, e que de repente se sentem como parte da organização, de um grupo. 
Também pode aparecer em trabalhadores de organizações em que as relações sociais são 
valorizadas como estratégia para crescer na empresa, em função da cultura do desempenho e não 
pela solidariedade, instituindo assim a convivência estratégica. Neste tipo de organização, as 
relações com gestores são pautadas pelo conformismo, e o trabalhador tem de mostrar o tempo 
todo o quanto ele é adaptado, integrado e eficaz. Segundo Mendes, essa patologia “pressupõe 
submissão consentida e legitimada pela naturalização e banalização do sofrimento, das injustiças e 
do mal, como modo de garantir a produtividade da organização do trabalho” (2007, p. 56). 
Segundo Mendes (2007), a patologia da violência caracteriza-se por diversas práticas 
agressivas contra si mesmo, contra os outros e contra o patrimônio. Ela se manifesta quando as 
relações subjetivas com o trabalho atingem um tal nível de degradação que o trabalho perde o 
sentido e o sofrimento dele decorrente se propaga para as relações familiares e sociais. Esse 
sofrimento está relacionado à desestabilização das relações de solidariedade, tendo como base a 
 
 
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solidão afetiva, o abandono e a desolação relacionados ao trabalho. A patologia da violência é 
conseqüência das novas formas de dominação social no trabalho, sendo que a solidão provocada 
pela desestruturação dos coletivos de trabalho leva ao uso de defesas tais como práticas desleais 
com os colegas, condutas baseadas na filosofia do cada um por si e do tapar os olhos. 
 
Uma alternativa ao adoecimento: condições que permitem a ressignificação do sofrimento e 
sua transformação em prazer 
 
O sofrimento, ao indicar uma resistência à precarização do trabalho, pode funcionar como 
um mobilizador contra a patologia e a favor da saúde. A busca pelo prazer e pela ressignificação 
do sofrimento é o caminho para a busca da estabilidade sócio-psíquica, e dentre os recursos 
individuais e coletivos que podem ser mobilizados nesta busca, três ações alimentam o prazer por 
via direta e indireta: mobilização da inteligência prática, do espaço público da fala e da 
cooperação. Estas constituem a ressignificação do sofrimento, passando pela dinâmica do 
reconhecimento e pela intervenção na organização do trabalho, conseguindo transformar o 
sofrimento em prazer. 
A inteligência prática ocorre quando a organização do trabalho permite que o trabalhador 
desenvolva novas formas para a sua atividade, transgredindo o trabalho prescrito e buscando 
novas formas, mais eficientes, de realizar a tarefa. Ela é mobilizada também em situações 
imprevistas, sendo uma ação criativa, que mobiliza os recursos intelectuais e depende do 
conhecimento da tarefa. 
A inteligência prática só protege do sofrimento quando é reconhecida, o que acontece de 
duas formas: pelo reconhecimentos dos superiores hierárquicos, chamado de julgamento de 
utilidade, e pelo reconhecimento dos pares, chamado julgamento de beleza; este reconhecimento 
ocorre no espaço público da fala, onde a palavra pode ser expressada, e as opiniões podem ser 
formuladas livremente. 
A cooperação acontece quando um grupo de trabalhadores se mobiliza em prol de um objetivo 
comum. Todos colocam suas capacidades a favor de um mesmo fim, atuando com base na 
solidariedade, reconhecimento e cooperação; há um sentimento de camaradagem, 
interdependência, e reconhecimento mútuo. A cooperação implica na valorização e 
reconhecimento da marca pessoal e do esforço de cada um para realizar o trabalho e para 
participar do coletivo, fortalecendo a identidade psicológica e social. Porém a realidade dos 
contextos nos quais o trabalho é produzido geralmente não permite este tipo de situação, 
 
 
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dificultando o processo de reconhecimento e construção positiva da identidade a partir das 
relações de trabalho. 
Quando um trabalhador se beneficia do reconhecimento, ele pode tirar vantagens no 
registro da construção de sua saúde mental. Por outro lado, quando este reconhecimento 
lhe é negado ou retirado, ele corre o risco de uma desestabilização da identidade e do 
prazerprovocado na relação de si consigo mesmo, no amor de si (narcisismo). A relação 
com o trabalho pode gerar o melhor, mas também o pior: a crise de identidade e a 
descompensação psicopatológica. (DEJOURS, 2004). 
 
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