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Bactérias Não Fermentadoras

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Bactérias não fermentadoras
Bastonetes Gram negativos não fermentadores (BGNNF) são incapazes de utilizar glicose como fonte de energia através da fermentação:
· Ágar TSI – Triple Sugar Iron. Os três açúcares são glicose, lactose e sacarose. O microrganismo que cresce nesse meio utiliza os açúcares e o ferro, utilizando os carbonos presentes nos açúcares para o seu metabolismo, para formação de parede celular, nucleotídeos, etc. No caso das não fermentadoras, o meio permanece vermelho, uma vez que não há utilização do TSI.
Características dos Bacilos Gram-negativos não fermentadores:
1. Os bacilos Gram-negativos não fermentadores de glicose podem ser encontrados normalmente: 
· Solo;
· Água (pouco exigentes nutricionalmente – na água há pouca capacidade nutricional orgânica);
· Microbiota intestinal;
2. No ambiente hospitalar, causam graves infecções, não devido a sua virulência ou capacidade invasora, mas devido a sua elevada resistência aos antimicrobianos. Até pela geração de aerossóis ao se manusear um antibiótico, pode-se gerar essa resistência, pois há bactérias naquele meio. Se a bactéria não modificar seu DNA para viver naquele meio, irá morrer. Aos poucos, a flora bacteriana daquele ambiente será resistente aos antibióticos, e contaminam mãos, maçanetas, superfícies e ambientes de modo geral. 
3. Colônias lactose negativas (LAC -)
Na placa, é transparente, já que não utiliza a lactose para seu metabolismo e crescimento.
4. Características morfo-tinturiais: Ora são bacilos Gram-negativos, quando se encontram na fase log de crescimento. Na coloração de Gram, os não fermentadores possuem forma de bastonetes e se coram de vermelho, se apresentam assim quando estão na fase logarítmica, que é a fase de crescimento (exponencial) após a fase lag, de adaptação ao meio. 
5. Ora são Cocobacilos Gram-negativos, na fase estacionária (2-4 dias de semeio) de crescimento: na fase estacionária, algumas bactérias morrem, mas outras sobrevivem, pois faltam nutrientes. Algumas bactérias passam a se alimentar das que morreram, até que todas morram e entrem na fase de declínio.
6. Não esporulados. 
7. São oportunistas. Agem como patogênicos quando introduzidos em áreas desprovidas de defesas normais. Adere às mucosas ou à pele → colonização (as bactérias chegam a determinado local e se multiplicam, até que seus receptores se liguem às células do local) → a depender do sistema imune, pode gerar uma infecção local, ou se disseminar causando uma doença sistêmica. 
· Pacientes em tratamento com antibióticos e/ou corticoides têm sua imunidade suprimida pelo uso desses fármacos, ficando mais suscetíveis a esse tipo de infecção.
8. Multirresistentes: resistentes a no mínimo dois antimicrobianos. Caso exista uma situação em que a bactéria é resistente a todos os antibióticos, busca-se tratar o paciente com antibióticos que apresentam resistência intermediária, numa dose maior. 
9. Identificação através do kit NF (não fermentador).
Gêneros de importância médica:
· 
· Pseudomonas
· Acinetobacter
· Stenotrophomonas
· Burkholderia
· Maraxella
· Ralstonia
· Brevundimonas
· Comamonas
· Delftia
· Pandoraea
· Acidovorax
· Achrompbacter
· Chryseobacterium
Pseudomonas spp
· Mais frequentes → 95 % 
· Ao semeá-la num meio de cultura claro, encontra-se a cor verde, devido a produção do pigmento Pioverdina.
· No ágar sangue, há a produção do pigmento, adquirindo coloração estranha, podendo apresentar aspecto mucoide.
Características:
1. Móveis (monotríquias – 1 flagelo). Por ser monotríqueo, não turva o meio semissólido. Não se multiplica com tanta rapidez, logo, a bactéria só cresce no local da picada, como uma bactéria imóvel. A mobilidade pode ser verificada pela técnica da gota pendente. Meio Sim → amarelo. 
2. Oxidase positivo. 
3. Catalase positivo. 
2 H2O → 2 H2O + ½ O2 (catalase). Coloca-se a bactéria na água oxigenada. Se borbulhar, significa que a bactéria produziu uma enzima (catalase) que degradou a água oxigenada em água e oxigênio. O oxigênio é responsável pelas bolhas.
4. Produtoras de pigmento: ao produzirem esses pigmentos, afastam outras bactérias, tendo a possibilidade de crescerem só na placa. 
Unha ferida com aspecto esverdeado. Feridas com aspecto esverdeado e cheiro adocicado → indicativo de infecção por Pseudomonas.
5. Odor adocicado (cheiro de uva ou natureza).
6. Aeróbios estritos. 
A glicose é transformada até piruvato, que é degradado, liberando os hidrogênios e elétrons, que caem na cadeia respiratória. O último receptor de elétrons da cadeia respiratória de uma Pseudomonas é o oxigênio, portanto esta é uma bactéria aeróbia com todas as enzimas capazes de degradar os produtos do oxigênio (água oxigenada, íon superóxido), a exemplo da catalase, da superóxido desmutase, da peroxidase. 
7. Fatores de virulência.
· Cápsula (permite a formação de biofilme). Existem Pseudomonas sem cápsula.
Características: Hidrofóbica, dificulta a aproximação de células leucocitárias e fagocitárias, que são hidrofílicas; 
 Apresenta aspecto de chiclete: ligam-se ao local onde irão causar infecção e se aderem umas às outras devido a esse aspecto, podendo formar uma comunidade de bactérias (biofilme). Esse biofilme apresenta proteção composta por estrutura polissacarídica. Não há entrada de antibiótico. No biofilme, há, inclusive um mecanismo de comunicação entre as bactérias, através da produção e difusão de pequenas moléculas químicas ou sinalizadoras, por meio de membranas bacterianas, esse mecanismo é chamado de Quorum sensing.
· Aderência: Fímbrias ou pili. 
Existem células no organismo humano que possuem receptores para a bactéria, que se adere. 
· LPS (Lipopolissacarídeo) ou endotoxina: Responsável por muitas das propriedades endotóxicas, como febre, choque, oligúria, leucocitose, leucopenia, coagulação intravascular disseminada.
O uso de antibióticos pode causar a liberação das endotoxinas.
	
· Produção de enzimas: hemolisinas, proteases, elastases, fosfolipases.
· Exotoxina A: bloqueia a síntese proteica – provoca necrose dos tecidos e tem ação idêntica ao da toxina diftérica. 
	Fator de virulência
	Efeito biológico
	Fímbrias (neuraminidase)
	Aderência ao epitélio respiratório (Melhora adesão das fímbrias)
	Cápsulas de polissacarídeos (Polímeros de ácido manurônico e gulurônico) = Alginato ou alginolato
	Aderência ao epitélio traqueal (receptor ácido sálico da MP), anti-fagocitose
	Endotoxina (LPS) (lipídeo A)
	Febre, oligúria, leucopenia, leucocitose, CID, anormalidades metabólicas, choque
	Exotoxina A (mais importante) – termolábil e imunogênica
	Impede alongamento da cadeia polipeptídica (inibe síntese proteica) – danos a tecidos e inibe ação de fagócitos
	Exoenzima S (termoestável e imunogênica)
	Ação semelhante à da exotoxina A
	Elastase
	Lesão do tecido vascular (quebra elastina e colágeno) – lesões hemorrágicas (éctima gangrenoso), inibição da função dos neutrófilos (interfere na resposta inflamatória e imunológica)
	Protease alcalina (atividade em pH alcalino)
	Lesão tecidual, anticomplementar, inativação da IgG, inibição da função dos neutrófilos (interfere na resposta inflamatória e imunológica)
	Fosfolipase C
	Hemolisina termolábil, ação necrosante (degradação de lipídeos e lectina), (fosfatidilcolina da membrana de eritrócitos)
	Leucocidina
	Inibe ação de neutrófilos e linfócitos
	
· Espécie mais frequente: Pseudomonas aeruginosa.
Contaminação de líquidos e soluções: águas, detergentes, antissépticos, desinfetantes, injetáveis, sabonetes e torneiras hospitalares, colírios, lentes de contato.
8. Resistência aos antimicrobianos
Resistência intrínseca: característica do gênero. Independente do meio, bactérias desse gênero terão resistência a determinadas classes de antibióticos.
· 
· Ampicilina
· 
· Amoxicilina + Ácido Clavulânico
· Cefalosporinas de 1ª e 2 gerações
· Cefotaxima
· Kanamicina
· Tetraciclina
· Clorafenicol, ácido nalidixo e pipemídico
	
Acinetobacter spp
Espécie mais frequente: Acinetobacter baumanniiCaracterísticas gerais:
· Crescem a 44ºC;
· Não esporulados;
· Oxidase negativos;
· Catalase positiva;
· Imóveis; (não possui flagelos) 
· Característica morfo-tinturial: cocobacilos gram-negativos, independente da fase de crescimento;
· É relativamente não virulento, não possui toxinas, nem habilidade em sobreviver intracelularmente;
· A invasão dos tecidos é limitada quando as defesas do paciente estão intactas;
· Pacientes ideais para infecções por Acinetobacter: hospitalizados, debilitados, submetidos procedimentos invasivos e terapêutica antimicrobiana, principalmente em UTI;
· Pode se desenvolver em superfícies necessitando de poucas condições para crescimento, já que utiliza uma larga variedade de substratos como fontes de carbono;
· Pode se desenvolver em locais secos, apesar de Gram-negativos preferirem locais úmidos como chão, colchões, mesas, luvas, termômetros, travesseiros, materiais de fórmica, como prontuários por até 13 dias;
· Acinetobacter baumannii tem alto grau de hidrofobicidade, com capacidade de se aderir a plásticos, inclusive superfícies de cateteres, tubos endotraqueais e outros materiais desse tipo;
· Também pode ser encontrado em fontes úmidas no ambiente hospitalar como válvulas e circuitos de ventiladores mecânicos e leite humano de bancos de leite;
· Adultos normais, entre eles, profissionais de saúde podem estar colonizados na pele, cavidade oral, nasofaringe, trato respiratório, gastrointestinal e vaginal;
· Forma biofilme → possui cápsula;
· Hidrofobicidade;
· Aderência;
· Lipopolissacarídeos (LPS);
· Enzimas (uréases, aminopeptidases, esterases);
· Resistência aos antimicrobianos – intrínseca:
- Ampicilina;
- Amoxicilina;
- Cefalosporinas de 1ª e 2ª gerações;
- Nitrofurantoína.
	Podendo haver também a resistência adquirida.
Stenotrophomonas spp
Espécie única: Stenotrophomonas maltophilia;
Características da espécie: 
· Móveis;
· Oxidase negativas;
· Resistência aos antimicrobianos → todos os betalactâmicos, com exceção da Ticarcilina/Ácido Clavulâmico e Aminoglicosídeos.
Burkholderia spp
Gênero formado a partir da divisão do gênero Pseudomonas. São geralmente patógenos oportunistas. 
· Burkholderia mallei
Agente etiológico do mormo (doença transmitida através de secreção da nasofaringe, olho, etc. dos animais) em seres humanos e animais. 100% letal para humanos.
· Burkholderia cepacia
Fitopatógeno;
Oportunista em pacientes hospitalizados com problemas no sistema respiratório, especialmente em pacientes com fibrose cística. Geralmente é fatal em paciente imunodeprimido. Baixa virulência e raramente causa problemas a indivíduos saudáveis. Geralmente transmitido por fluídos biológicos e/ou cateteres contaminados.
· Móveis;
· Crescem a 42ºC;
· Elevada mortalidade;
· Infecções associadas a desinfetantes, equipamentos, medicamentos contaminados.
· Resistência aos antimicrobianos: Ampicilina, amoxicilina, tiarcilina/ácido clavulâmico, quinolonas, cloranfenicol, cefalosporina 1ª e 2ª geração, polimixina, colistina.

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