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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA KARATE KYOKUSHIN OYAMA - UMA VISÃO GERAL RICARDO LUZ PETTINI PORTO ALEGRE 2005 1 RICARDO LUZ PETTINI KARATE KYOKUSHIN OYAMA - UMA VISÃO GERAL Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Educação Física. na Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Orientadora: Prof. Dra. Silvana Vilodre Goellner Porto Alegre 2005 2 EPÍGRAFE “I am afraid of fighting I am afraid of being beaten and losing But I am more afraid of surviving as a cripple than dying in fight” (Choi Baedal) 3 RESUMO Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica e tem por objetivo apresentar o Karate Kyokushin Oyama, e sua organização no mundo, ressaltando suas características e os aspectos que o diferencia dos demais estilos de karate. Para isso não poderiam ser deixados de lado fatos históricos da vida de Masutatsu (Mas) Oyama, pois ele foi o fundador deste estilo. O estilo foi criado em 1956, e a International Karate Organization Kyokushinkaikan (IKO-1) foi fundada em 1965, e tem sua sede em Ikebukuro (Tokyo). No Brasil o estilo chegou em 1972, através de Seiji Isobe (atualmente 7º Dan) e representante oficial da IKO-1 na América do Sul e no Brasil. Com a morte de Oyama em 1994, muitos dos membros do comitê internacional não aceitaram a carta-testamento deixada por ele, na qual indicava o nome de Akiyoshi Matsui como seu sucessor, e dessa forma criaram suas próprias International Karate Organizations (IKO-2 sobe a responsabilidade de Kenji Midori, IKO-3 sob a responsabilidade de Yoshikazu Matsushima e IKO-4 sob a responsabilidade de Toru Tezuka). Atualmente o Karate Kyokushin Oyama (IKO-1) está presente em mais de 140 paises, tendo mais de um milhão de adeptos em atividade. Palavras-Chave: Karate, Kyokushin, Oyama 4 SUMÁRIO 1 Introdução .................................................................................................................5 2 Karate - Uma Visão Geral .........................................................................................8 2.1 O que é Karate?.....................................................................................................8 2.2 A origem do Karate ................................................................................................9 3 O que é Karate Kyokushin Oyama..........................................................................12 3.1 Os Símbolos do Karate Kyokushin - Kanjis..........................................................19 3.2 Os Símbolos do Karate Kyokushin – Kanku.........................................................20 4 Sosai Masutatsu Oyama (o Fundador) ...................................................................23 5 Karate Kyokushin no Brasil e no Rio Grande do Sul...............................................30 6 “Dojo Kun” (Juramento da “Academia”) ..................................................................34 6.1 O significado do “Dojo Kun” .................................................................................36 7 Conclusão ...............................................................................................................39 Bibliografia .................................................................................................................42 5 INTRODUÇÃO: Este estudo bibliográfico tem por objetivo apresentar fatos históricos do Karate Kyokushin Oyama no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Sul, bem como a vida de Masutatsu Oyama. Para tanto foi utilizado como fonte de pesquisa livros escritos pelo criador do estilo e por seus alunos, material disponível na internet e em programas P2P, bem como por material obtido através da troca de emails com o atual instrutor chefe da Matriz da América do Sul, Riyuji Isobe (3º dan). Após 9 anos de prática de Karate Kyokushin Oyama, o autor, em busca de referências para aprofundar seu estudo nesta arte marcial, buscou encontrar livros e outros materiais sobre o tema, não encontrando praticamente nenhum material impresso, em língua portuguesa. A importância deste estudo dá-se pela escassez de 6 material bibliográfico impresso, escrito em língua portuguesa, sobre o Karate Kyokushin Oyama. Primeiramente será definido o que é Karate, será feito, também, um breve histórico, apresentando sua origem, e o nome de alguns dos principais estilos de Karate praticados no mundo (Garcia, 2003) . Após isso, será apresentado o histórico do Karate Kyokushin Oyama, bem como suas características principais, ressaltando o que diferencia dos demais estilos de Karate, nos quais o contato não é permitido (Padilla, 2005) Será explicado também de onde vem a sua grande força, e serão apresentados alguns dos fatos mais importantes da vida de Masutatsu Oyama, segundo Oyama (1978), Lorden (2000) e Garcia (2003). Com relação ao Karate Kyokushin Oyama no Brasil e no Rio Grande do Sul, serão apresentados os dados da instauração do estilo no país, bem como os resultados dos atletas em campeonatos nacionais, bem como dos principais atletas nacionais em competições internacionais de acordo com dados obtidos por email (Isobe, 2005). 7 Será também apresentado o “Dojo Kun” (juramento da “academia”), escrito por Oyama, com a ajuda de Eiji Yoshikawa (Bluming, 2005, Garcia, 2003, Lorden, 2000), e explicado seu significado, em interpretação do próprio autor deste trabalho. 8 2. KARATE - UMA VISÃO GERAL 2.1. O que é Karate? A palavra Karate é formada por dois “kanjis” (ideogramas japoneses), onde “kara” significava “chinesa”, mas foi alterado para que significasse “livre” ou “vazio”, durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1937, pois os japoneses não queriam nada que indicasse débito para com os chineses (Lowe, 1976; Oyama, 1980b), uma vez que o Japão inúmeras vezes ao longo da história havia entrado em guerra com a China (Batalha, 1906). Já “te” significa “mão” (Lasserre, 1963; Asaki, 1978; Lubes, 1994; Garcia, 2003; Bluming, 2005). Oyama, (1970) coloca que Karate, como o próprio nome diz, exige que a pessoa transforme cada parte do seu corpo em uma arma. O trecho a seguir retrata o sentimento da população japonesa após o resultado final da guerra entre Japão e China em 1894: 9 “A debilidade resultante da terminada guerra depressa desapareceu. As esquadras renovaram-se com aumento considerável O seu predomínio moral no Império Chinez tornou-se coisa de pezo, A acção sugestiva em todo o Oriente foi de vantagens decisivas. Nipon remodelou em melhor pé os seus exércitos e as suas esquadras. O orgulho nacional redobrou com os loiros da vitória.” (Batalha, 1906, p. 128) 2.2. A origem do Karate O Karate tem sua origem na Índia e posteriormente na China, há aproximadamente 12 séculos (Cardoso Sobrinho, 1996). Suas origens remetem ao monge budista Bodhi Dharma, uma vez que foi ele quem desenvolveu o sistema marcial conhecido como Shorinji Kempo (ou Kung Fu Shaolin). Segundo Garcia (2003), foi Sakon Matsumura quem, em 1900, alterou o nome de To-De para Okinawa-te. Segundo Lowe (1976), em 1901 o To-De deixou de ser ensinado de forma secreta, e passou a ser ensinado de forma obrigatória nas escolas de Okinawa. Neste período havia três principais núcleos de "Te" em Okinawa e estes núcleos eram as províncias de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te. 10 O primeiro deles, Shuri-te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon"Bushi" Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito Ryu e Isshin Ryu. Naha-te tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853- 1916). O principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920), e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju Ryu. Tomari-te foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870-1945) - dois dos mais famosos professores da época. Até então Tomari-te era largamente ensinado e influenciou tanto Shuri-te como Naha-te. Segundo Lowe (1976), Gichin Funakoshi teve como seu primeiro mestre Anhou Itsou. No ano de 1916 Funakoshi fez a primeira exibição de Karate na cidade 11 de Kyoto (Japão), e mais tarde, no ano de 1922 foi convidado pelo Príncipe Herdeiro Hirohito, para realizar uma apresentação em Tokyo, pois, em 1921, Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e havia ficado muito impressionado. Após isso, segundo Garcia (2003), Funakoshi passou a ser conhecido como o introdutor do Karate moderno no Japão. Segundo Garcia (2003) os principais estilos de Karate hoje em dia são: Shotokan (de Gichin Funakoshi), Gojo-Ryu (de Chojun Miyagi), Shito-Ryu de (Kenwas Mabuni), Wado-Ryu (de Hironori Otshuka) e o Karate Kyokushin Kai fundado por Masutatsu Oyama. 12 3. O QUE É KARATE KYOKUSHIN OYAMA Segundo o site oficial da Federação Gaúcha de Karate Kyokushin Oyama (2005), Kyokushin é formado por dois ideogramas “Kyoku” (puro, aprofundar) e Shin (verdade) que, em conjunto, significam "Aprofundar-se na Verdade". Porém, segundo The Official Canadian Kyokushinkai-kan Karate Organization Website (2005), originalmente o ideograma de “shin” era escrito de forma que significava coração, mas foi alterado pois, Kyokushin escrito desta, forma significava Coração Puro, que era um grupo “Yakuza” (máfia japonesa) muito conhecido. Este estilo é reconhecido como um dos mais eficientes, em termos de combate, estilos de Karate, pois, segundo García (2003), Karate Kyokushin baseia- se em pontos e círculos, e não em retas, dos quais deriva a espetacular força de seu sistema. Além disso, Tsatsouline (2004), citando Oyama, coloca que o treinamento do Karate Kyokushin é centrado no abdômen, pois segundo Oyama (apud Tsatsouline, 2001) aquele que falha em conseguir maestria no controle da 13 respiração, não consegue fazer nada além de alguns truques simples, não atingindo a verdadeira essência do Karate. Oyama (1980a) considera que apesar de as técnicas do Karate serem voltadas para combate, o Karateka deve entender que o Karate foi criado para evitar combates e não para causa-los. Oyama (1968) coloca que todo Karateka (praticante de Karate) deve aprender cuidar de seu corpo e entender como transformá-lo em uma potente e precisa arma de combate. Além disso, Oyama (2004) coloca que é muito importante manter-se uma postura adequada para poder-se utilizar toda a potencia dos golpes, independente de qual arma do corpo seja utilizada. Lorden (2000) coloca que o propósito do Karate Kyokushin não é apenas aprender defesa pessoal, ou ficar fisicamente mais forte, ou descobrir quem dá o soco ou o chute mais forte, ou quem faz o melhor “kata”, mas sim fazer com que cada praticante se torne uma pessoa melhor, ou seja após cada treino, quando o aluno retorna para sua casa ele deve ser uma pessoa melhor do que era antes de realizar o treino. 14 Isto quer dizer, indivíduos que praticam Karate Kyokushin não devem ser apenas ótimos praticantes de Karate mas sim, ótimos indivíduos, dentro e fora do “dojo”. Bluming (2005) coloca que, no ano de 1953, Mas Oyama ensinava seu Karate, em seu primeiro “dojo”, em um terreno baldio em Mejiro (Tokyo). Em 1954, Oyama realizou uma apresentação no Havaí, aonde conheceu um de seus mais renomados alunos, e seu primeiro “uchi-dechi” (aluno interno) Bobby Lowe, na época praticante de Kempo. Atualmente, Bobby Lowe (8º dan) é o presidente do Comitê Internacional da International Karate Organization (Garcia, 2003). A organização Kyokushin Kaikan foi fundado por Masutatsu (Mas) Oyama, em 1956 (Garcia, 2003), quando o primeiro “dojo” de verdade foi aberto, em um antigo estúdio de ballet, nos fundos da Rikkyo University. De acordo com Bluming apesar do rigor dos treinos e do elevado número de evasões, em 1957, Oyama tinha 700 alunos matriculados em seu “dojo”. Kato citado por Yussof, (2005), dizia que o Karate de Oyama evoluiu muito devido ao fato de lutadores de outros estilos de Karate, bem como de outras artes marciais, virem praticar jinsen kumite (luta com contato total, sem equipamento de 15 proteção) no “dojo” de Oyama, pois ele aproveitava para aprender novas técnicas que poderiam ser úteis em situações reais de combate. De acordo com Garcia (2003), em 1958 Oyama abriu a primeira delegação fora do Japão, no Havaí, e deixou Bobby Lowe encarregado de administra-la. Três anos mais tarde Oyama propõe ao seu aluno Jon Bluming, que ele introduza o Karate Kyokushin na Europa. Jon Bluming é uma das grandes lendas das artes marciais e na época em que Oyama pediu pra que ele introduzisse o Karate Kyokushin na Europa ele treinava na Kodokan (central mundial do Judô) e era considerado um dos melhores judokas da época (Bluming, 2005). Garcia (2003) coloca que somente em 1962 o Karate Kyokushin chegou a Europa, quando Bluming fundou o “dojo” Budokai, em Amsterdã (Holanda), quando Bluming já era 6º dan (sendo o primeiro pupilo não japonês de Oyama a obter este grau) de Karate Kyokushin. Nesta época Oyama lançou um desafio internacional: quem derrotasse Jon Bluming em combate receberia 100.000 dólares em recompensa, além disso Oyama abandonaria o Karate. Somente uma pessoa aceitou este desafio, Kwan Mo Gun, e foi rapidamente derrotado (Bluming, 2005). 16 No ano de 1962, Isobe abriu o primeiro “dojo” de Kyokushin no Brasil (Federação Paulista de Karate Kyokushin Oyama, 2005b). Durante o ano de 1963, Oyama viajou pela Europa, Estados Unidos e América do Sul, para promover o Karate Kyokushin, para comemorar o inicio construção da nova sede do Karate Kyokushin, (IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004). Segundo Garcia (2003), em 1966 Oyama envia Shigeru Oyama para os Estados Unidos, em 1967 Sato é enviado para Austrália. Em 1969, foram criadas as federações da África e do sudeste da Ásia (Oriente Médio). Já no ano de 1975 foi criada a Organização Européia de Kyokushin (EKO), cujo primeiro presidente foi Loek Hollander (atualmente 8º dan), que assim como Bluming, foi um dos maiores divulgadores do estilo na Europa (Garcia, 2003). Segundo Isobe (2005) em 1975, nos dias 1º, 2 e 3 de novembro, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial, no qual sagrou-se campeão Katsuaki Sato, e em segundo lugar ficou Hatsuo Royama. 17 Também de acordo com Isobe (2005) o segundo campeonato mundial foi realizado em 23, 24 e 25 de novembro de 1979, neste campeonato sagrou-se campeão Makoto Nakamura e em segundo lugar ficou Keiji Sanpei. Em 20, 21 e 22 de janeiro de 1984, foi realizado o terceiro campeonato mundial, o qual teve o mesmo resultado do campeonato anterior, com Akiyoshi Matsui em terceiro lugar e o brasileiro Ademir da Costa em quarto, sendo ele o primeiro brasileiro a ter destaque em competições internacionais (Isobe, 2005). Isobe (2005)coloca que no quanto campeonato mundial, que ocorreu em 6, 7 e 8 de novembro de 1987, e Akiyoshi Matsui foi o grande campeão (e mais tarde veio a tornar-se o sucessor de Oyama na direção da International Karate Organization) e Andy Hug ficou em segundo lugar. O brasileiro Ademir da Costa ficou em quinto lugar. Em 1991, foi realizado o quinto campeonato mundial, nos dias 2, 3 e 4 de novembro em Tokyo. Kenji Midori foi o campeão e Akira Masuda, ficou em segundo lugar. Segundo Isobe (2005), o brasileiro Francisco Alves Filho recebeu o premio “Fighting Spirit”, pelas árduas lutas que teve e obteve vitória, e mesmo na luta em que perdeu demonstrou muita garra. 18 No sexto campeonato mundial (o primeiro após a morte de Oyama e a criação de novas facções do Kyokushin), realizado em 3, 4, 5 de novembro de 1995, Kenji Yamaki sagrou-se campeão, Hajime Kazumi ficou em segundo, o brasileiro Francisco Alves Filho em terceiro. Outros brasileiros que obtiveram ótimos resultados foram: Luciano Basile e Glaube Feitosa, sétimo e oitavo lugares respectivamente (Isobe, 2005). Segundo Isobe (2005), o melhor resultado obtido por um lutador não japonês em mundial foi obtido no sétimo campeonato mundial, realizado em 3, 4 e 5 de novembro de 1999. Neste campeonato Francisco Alves Filho sagrou-se campeão mundial ao derrotar Hajime Kazumi na final, outro brasileiro que obteve posição de destaque foi novamente Glaube Feitosa, desta vez ficando com a quarta colocação. O último campeonato mundial foi realizado em 1, 2, e 3 de novembro de 2003, e nele Hitoshi Kiyama recuperou o orgulho japonês ao levar o título mundial novamente para o Japão ao derrotar Sergey Plekhanov, da Rússia na final. Os brasileiros Ewerton Teixeira e Glaube Feitosa terminaram o campeonato na terceira e quarta posições respectivamente (Isobe, 2005). 19 Segundo Lorden (2000), com a morte de Oyama em 1994, muitos dos membros do comitê internacional não aceitaram a carta-testamento deixada por ele, na qual indicava o nome de Akiyoshi Matsui como seu sucessor, e dessa forma criaram suas próprias International Karate Organizations (IKO-2 sob a responsabilidade de Kenji Midori, IKO-3 sob a responsabilidade de Yoshikazu Matsushima e IKO-4 sob a responsabilidade de Toru Tezuka). Chegou a ser sugerido por Rogers, citado por Bluming (2005), que Oyama havia criado este tumulto para que o Karate Kyokushin não sobrevivesse a sua morte. Atualmente o Karate Kyokushin Oyama (IKO-1) está presente em mais de 140 paises, tendo mais de um milhão de adeptos em atividade (Fighter in the Wind, 2004). Sendo que mais de 200.000 desses adeptos estão localizados na Rússia, 65.000 no Japão e apenas 5.000 no Brasil (Isobe, 2005). 3.1. Os Símbolos do Karate Kyokushin - Kanjis Imagem 1 – Kanji Kyokushin Kai Kan Fonte: IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004. 20 Este primeiro “kanji” é a escrita japonesa para: Kyokushin Kai Kan, cujo significado é Central da Organização que se aprofunda na verdade. Imagem 2 – Kanji Kyokushin Kai Estilizado Fonte: IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004. Este segundo kanji é a escrita estilizada de Kyokushin Kai, que é utilizado no “dogi” (uniforme de treino) de todos os alunos do Karate Kyokushin, na região frontal esquerda. Kyokushin Kai significa Organização que se aprofunda na verdade. 3.2. Os Símbolos do Karate Kyokushin – Kanku Imagem 3 – Kanku Fonte: IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004. 21 Este símbolo do Karate Kyokushin provém do Kanku no Kata, neste “kata” as mãos se elevam para o céu com os polegares e os indicadores se encostando, formando a parte interna símbolo. Imagem 4 – Kanku no Kata Fonte: Denoo, 2005 Os dedos são representados pelos pontos mais finos na parte acima e abaixo na região medial, e representam as metas a alcançar. Os pulsos são representados pelas partes mais espessas nas laterais, e representam a força. O centro representa o infinito e o círculo representa a continuidade do movimento circular que envolve tudo isso. 22 É a utilização destes movimentos circulares na execução das técnicas que faz a diferença entre o Karate Kyokushin o os demais estilos que se baseiam em movimentos lineares. 23 4. SOSAI MASUTATSU OYAMA (O FUNDADOR) Masutatsu Oyama nasceu próximo à vila de Gunsan, na Coréia do Sul, em 17 de julho de 1923, e seu nome originalmente era Yong I-Choi (Bluming, 2005; Yussof, 2005), porém, segundo Fighter in the Wind (2004), seu nome era Choi Baedal, e segundo Garcia (2003), Hyung Yee. Lorden (2000) coloca, ainda jovem ele foi mandado para Manchúria, ao sul da China para morar com sua irmã, e iniciou seus treinos com artes marciais. Seu primeiro mestre foi Yi, com quem aprendeu o estilo de Kempo chamado de Shakuriki, também conhecido como Dezoito Mãos ou Dezoito Técnicas (Yussof, 2005). Aos 13 anos Yong I-Choi, foi para Tokyo, para estudar, aonde encontrou uma família de origem coreana, a qual alugou um quarto para ele (Oyama, 1979). Foi nesta época que Yong I-Choi alterou seu nome coreano para um nome japonês Masutatsu Oyama, e que Oyama se alistou para servir na força aérea japonesa, na 24 intenção de se tornar um piloto, mas antes que ele pudesse entrar em ação o Japão declarou sua rendição. Durante o serviço militar Oyama continuou seus treinos em artes marciais, conseguindo primeiro dan, em Karate, aos 15 anos e segundo dan aos 18 anos (Oyama, 1978; Lorden, 2000; Garcia, 2003; Bluming, 2005). Após o término da Seguda Guerra Mundial, Oyama já era quarto dan de Karate, e começou a trabalhar como guarda costas de uma gangue, pois dessa forma conseguira dinheiro de forma mais fácil (Oyama, 1979). Nessa mesma época, segundo Oyama (1979), Oyama foi preso, em uma cadeia, de uma delegacia americana, por 6 meses após agredir soldados americanos, uma vez que os Estados Unidos haviam ocupado o Japão após o término da Segunda Guerra Mundial (Bertonha, 2001). Enquanto estava preso Oyama leu o livro Miyamoto Musashi, de autoria de Eiji Yoshikawa, o que fez com que ele refletisse sobre suas ações, no sentido que sua vida havia tomado e no que fazer deste momento em diante, pois quando o Japão se 25 rendeu Oyama havia perdido o senso patriótico que o guiava. Foi então que Oyama decidiu dedicar-se única e exclusivamente ao Karate. Após ser libertado da prisão Oyama foi diretamente para as montanhas (Monte Minobu), onde se encarregava de diversos trabalhos domésticos, como cortar lenha, transportar água, entre outros. Como considerava que não tinha tempo suficiente para trinar Oyama retornou para Tokyo após 3 meses no Monte Minobu (Garcia, 2003). Segundo Yussof (2005), além de Oyama levar uma cópia do livro de Yoshikawa, escolheu o Monte Minobu por ser o local onde Miyamoto Musashi desenvolveu seu estilo (Nito-Ryu). Após seu retorno a civilização, lutou e sagrou-se campeão, no ano de 1947, no All Japan Karate Tournament, realizado em Kyoto, no Maruyama KaiKan (Yussof, 2005; Garcia, 2003, Lorden, 2000). Porém segundo Bluming (2004) este torneio nunca ocorreu, uma vez que os americanos não permitiam a prática de artes marciais nesta época. Após este campeonato, Oyama se isolou novamente nas montanhas, porém desta vez foi para o Monte Kiyosumi, também na prefeitura de Chiba. Oyama treinava lutando com árvores, e praticando meditação sob quedas d’água congelantes, bem como realizando 100 repetições de kata por dia (Lorden, 2000). 26 Um aluno de Oyama o acompanhou neste árduo treinamento, mas após seis meses ele fugiu durante a noite, pois a solidão era muito grande. Um dos artifícios utilizados por Oyama para não retornar a civilização era cortar a sobrancelha, pois desta forma ele teria vergonha de ser visto (Yussof, 2005). Após seu retironas montanhas, Mas Oyama viajou pelo mundo demonstrando seu estilo (Oyama, 1979), sendo ele o maior divulgador do Karate fora do Japão. Em abril de 1952 viajou para os Estados Unidos, a convite da Chicago Pro Wrestlers Association, onde lutou com mais de 270 lutadores, vencendo todos seus oponentes e em grande parte de suas lutas ele os vencia apenas com um golpe (Garcia, 2003). Esta viagem que estava planejada para ser uma viagem curta acabou durando 10 meses, e Oyama percorreu 32 estados no território americano, Canadá, Cuba e México (Lorden, 2000). Segundo Bluming (2004) coloca que Oyama enfrentou apenas lutadores de luta livre (“tele-catch”), em lutas “pré-aranjadas”, uma vez que ele viajou para os Estados Unidos como lutador profissional (“professional wrestler”). Esse autor também diz que Oyama comentou que as lutas dos americanos eram engraçadas, por causa do fingimento, e que os lutadores era muito fracos. 27 Segundo Lorden (2000), após retornar desta turnê, Oyama começou a organizar o que seria seu primeiro duelo com um touro, mas não o último, pois Oyama enfrentou 52 touros em sua carreira, matando 3 destes, e retirado o chifre de 49 (Garcia, 2003). Lorden (2000) coloca também que, em 1957, Oyama foi ferido gravemente em uma de seus embates com um touro, e ficou hospitalizado por seis meses no México. Mais uma vez Bluming (2004) vai de encontro aos demais registros, colocando que, em 1959, Oyama exibiu um vídeo de 16mm para ele e Bill Backhus, e que após assistir este vídeo recomendou que Oyama nunca mais o exibisse, pois o vídeo era demasiadamente engraçado e disse para Oyama que ele seria ridicularizado se o exibisse fora do Japão. No final da década de 50 e nas décadas de 60 e 70, Oyama escreveu alguns livros de muito sucessos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. O primeiro deles foi “What is Karate”, em 1958, e devido ao sucesso de vendas ele foi incentivado a escrever outro livro, que só foi lançado em 1965 com o título “This is Karate”. Seu terceiro livro foi lançado 3 anos mais tarde e denominado “Vital Karate”, e o quarto intitulado “Advanced Karate”, em 1970. 28 Após estes livros Oyama levou quase 5 anos para voltar a publicar novamente, quando lançou “The Kyokushin Way: Mas. Oyama’s Karate Philosophy”. Ainda em 1975, lançou, com grande sucesso, “Mas Oyama’s Complete Karate Course”. Alguns outros livros de Oyama foram publicados, porém devido à dificuldade de se encontrar referências sobre quando tais livros foram escritos. Alguns destes livros são: “Karate School”, “Mas Oyama's Classic Karate”, “Mas Oyama's Essential Karate”, “Mas Oyama's Complete Karate Course” e “Mastering karate”, é possível que Oyama tenha escrito outros livros, mas, provavelmente, estes não foram traduzidos para o inglês. Em 1963, Oyama viajou pela Europa, América do norte e América do Sul, para divulgar o Karate Kyokushin, e em 1965 a International Karate Organization foi oficialmente estabelecida, quando terminaram as obras de construção do prédio construído especialmente para funcionar como sede oficial da Organização (Garcia, 2003; IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004). Oyama faleceu em 26 de abril de 1994, aos 70 anos de idade, devido a um câncer de pulmão, deixando, através de uma carta testamento, Akiyoshi Matsui (então 5º dan) encarregado da organização. A escolha de Matsui como sucessor se deu devido ao fato de ele ser jovem, além de ser um dos poucos homens que enfrentou, com sucesso, a árdua prova das 100 lutas, e que foi campeão do All 29 Japan Tournament, bem como do World Tournament (IKO KYOKUSHINKAIKAN OFFICIAL WEBSITE, 2004). Mesmo assim, muitos dos membros da International Karate Organization, em geral mais graduados que Matsui, não aceitaram a decisão de Oyama, e ainda hoje alegam que a carta testamento havia sido forjada. Talvez por esse motivo estes membros tenham saído da Organização, agora chefiada por Matsui, e fundado suas próprias Organizações, muitas delas utilizado o mesmo nome da Organização de Matsui, uma vez que não a aceitam como sendo legitima (Yussof, 2005). 30 5. KARATE KYOKUSHIN NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SU L O Karate Kyokushin Oyama chegou ao Brasil, no ano de 1972, com Seiji Isobe, um dos melhores técnicos do estilo Kyokushin do mundo. Seiji Isobe, montou sua academia em Santo André, na Rua Suíça, no Parque das Nações, o marco histórico do Kyokushin no Brasil, em 1974. Logo depois, através da Matriz instalada na Avenida Liberdade, 1086, em São Paulo, o professor Seiji Isobe dava orientação às academias da América do Sul. O trabalho do Shihan Isobe em toda a América do Sul, fez com que Mestre Masutatsu Oyama o homenageasse com o prêmio kanto-sho. No ano 1976 foi fundada a Associação Kyokushin de Artes Marciais, registrada na Federação Paulista de Arte Marciais. Em abril de 1986 foi fundada a Federação Paulista de Karate Kyokushin Oyama e em novembro do mesmo ano, a Federação Amazonense. Também neste ano, foi determinado que Karate seria uma 31 modalidade esportiva, onde não poderia haver contato entre os praticantes por esse motivo: “através da Resolução nº 19/86-CND, publicada no Diário Oficial de 12.12.1986, e que consta do livro de normas do CND de 1986 pág. 67, o CND declarou que a modalidade de luta e desporto Kiokushin - embora tenha origem no Karate, não pode mais ser confundido com este porque - o Karate proíbe o contato, mas no Kiokushin a luta é de contato.” (Padilla, 2005) Sendo assim, o Karate Kyokushin Oyama passou a chamar-se Luta de Contato Kyokushin Oyama, porém, esta resolução não mais está em vigor uma vez que no site do Ministério do Esporte (2005), na parte referente ao Calendário Desportivo Nacional constam as informações da Confederação Brasileira de Karate Kyokushin Oyama, e não Confederação Brasileira de Luta de Contato Kyokushin Oyama. Em fevereiro de 1988, foi criada a Federação Gaúcha de Karate Kyokushin Oyama, e um ano mais tarde, o campeão brasileiro, Sensei Aderino Gonçalves, faixa preta 3º grau, se estabeleceu em Porto Alegre, assumindo a direção técnica da mesma (cargo ocupado por ele até hoje). Atualmente a Federação Gaúcha de Karate Kyokushin Oyama está sediada em Guaíba e é presidida por Osmar Ludwig (1º dan). 32 Com a morte do Mestre Oyama, em abril de 1994, a direção geral da International Karate Organization, ficou com a cargo de Shokei Matsui, que nomeou Shihan Isobe para Sub-Chefe do departamento internacional. Em 1994, foi fundada a Federação Mineira e em 1995 a Associação Itabunense de Karate Kyokushin Oyama, na Bahia. Em 19 de janeiro de 1990 a Associação Brasileira de Karate Kyokushin Oyama teve o seu reconhecimento oficial, hoje transformada em Confederação Brasileira de Karate Kyokushin Oyama. Atualmente a Confederação Brasileira de Karate Kyokushin Oyama é presidida pelo Shihan Francisco Alves Filho (5º dan), o único atleta não japonês a vencer o campeonato mundial (Federação Paulista de Karate Kyokushin Oyama, 2005b). De acordo com Isobe (2005) o Brasil encontra-se em primeiro lugar no ranking mundial desta modalidade esportiva, tanto na categoria masculino como na categoria feminino. Os mais importantes títulos conquistados pelo Brasil foram: o título de campeão mundial em 1999, obtido por Francisco Filho, em Tokyo e o título de campeã mundial feminino, obtido por Fabiana P. Resende, do 1º campeonato mundial feminino realizado nos EUA. O Brasil é também campeão mundial por 33 equipe, título conquistado em 2002, em São Paulo quando o Brasil derrotou a equipe Russa na final. 34 6. “DOJO KUN” (JURAMENTO DA “ACADEMIA”) Imagem 1 – Dojo Kun (Juramento da Academia) Fonte: IKO Kyokushinkaikan Official Website, 2004. Segudo Garcia, (2003), Lorden (2000) e Bluming (2005), o “DojoKun” foi escrito por Masutatsu Oyama com o auxílio de Eiji Yoshikawa, autor do livro sobre a vida de Musashi (o maior e mais famoso samurai da história do Japão). 35 1. Treinaremos firmemente nosso coração e nosso corpo, para termos o espírito inabalável. 2. Alimentaremos a verdadeira significação da arte marcial do Karate, para que no devido tempo nossos sentidos possam atuar melhor. 3. Com verdadeiro vigor procuraremos cultivar o espírito de abnegação. 4. Observaremos as regras de cortesia, respeito aos nossos superiores e abstermo-nos da violência. 5. Seguiremos nosso Deus e eternas verdades e jamais esqueceremos a verdadeira virtude da humildade. 6. Olharemos para o alto, para a sabedoria e para o poder, não procurando outros desejos. 36 7. Toda nossa vida, através da disciplina do Karate, procuraremos preencher a verdadeira significação da filosofia da vida. 6.1 O significado do “Dojo Kun” Neste item colocarei a minha forma de interpretar o significado do “Dojo Kun”, uma vez que após 9 anos de prática acredito ter começado a compreender o real significado do mesmo. 1 - Todos os que desejam aprimorar as técnicas e disciplinas do Karate Kyokushin, devem dedicar-se ao máximo, tornando-se forte tanto fisicamente, como espiritualmente. À medida que se gradua e se obtém mais conhecimentos da arte, deve-se, também se empenhar no aprimoramento espiritual, pois todas as técnicas aprendidas nos treino de Karate Kyokushin podem letais. 2 - É através dos ensinamentos corretos e da verdadeira direção dos treinamentos de Karate Kyokushin que se consegue chegar a um estágio avançado em termos físicos, técnicos e espirituais. Os sentidos da visão e da audição, bem 37 como a percepção do mundo ao redor, são fundamentais para a tranqüilidade do espírito e paz interior . A filosofia do Karate Kyokushin preza a mente, pois é ela que faz dominar e sobrepujar os oponentes. 3 - Para aqueles que almejam progredir no sistema Kyokushin, é necessário dedicar-se de corpo e alma aos treinamentos. A abdicação é tudo aquilo que pode trazer em prejuízo para o seu auto-desenvolvimento, tanto técnico, como físico e mental. 4 - No Karate Kyokushin a disciplina e o respeito são fundamentais, tanto no transcorrer das aulas, como na nossa vida diária. Sem esta disciplina rígida não seria possível portar-se como um verdadeiro Karateka, pois isto é o que chamamos de Budo (Busca do caminho espiritual através da prática das artes marciais). Através dos conhecimentos passados por nossos superiores hierárquicos, pois eles possuem mais experiências e vivências dentro do Karate Kyokushin, é que se pode conhecer e dominar a arte. A violência é fruto daqueles que não possuem boa formação filosófica e mental, pois os princípios do Karate Kyokushin ensinam a desafiar e vencer a si mesmo, tendo como objetivo final auto-conhecimento. 38 5 - Cada pessoa tem um credo religioso, e cada religião ensina os verdadeiros caminhos da paz interior e vivência espiritual. Ela também ensina a ser humildes, pois sem a humildade as pessoas se tornarão arrogantes e pretensiosas. 6 - No Karate Kyokushin não se treina somente a força bruta e sim a atitude mental. Nesta atitude mental além da meditação, filosofias, deve-se também cultivar a sabedoria, pois é dela que emana todo o sistema do Karate Kyokushin. Com o passar do tempo, o corpo vai ficando fraco (envelhecimento), assim como as atitudes também, mas a sabedoria ao contrário, vai aumentando e ficando cada vez mais forte. Por isso, muitas vezes jovens não conseguem entender as atitudes de seus pais ou pessoas mais idosas, e com o passar dos tempos verificam que aquela pessoa estava realmente com a razão. A sabedoria adquire-se com muita leitura, informações, atitudes e experiências. Com o passar dos anos, isto tudo, vai se transformando em um modo de vida, e é destas experiências e vivências que os alunos precisam para seguir o verdadeiro caminho do Karate Kyokushin. 7 - O Karate Kyokushin através de sua árdua disciplina técnica, física e espiritual dá a confiança que protege seus praticantes no dia a dia, e faz com que desenvolvam uma ótima atitude mental, com pensamentos e reflexos rápidos. 39 CONCLUSÃO Através deste estudo pode-se perceber que alguns fatos sobre a vida de Masutatsu Oyama não são muito claros, e outros podem até mesmo ser fictícios, como o título de campeão japonês, mas não resta nenhuma dúvida sobre a eficácia deste estilo de Karate. Após o surgimento do Karate Kyokushin Oyama muitos outros estilos de Karate de Contato surgiram, alguns até mesmo utilizando o mesmo nome, em sua maioria, fundados por ex-alunos de Oyama. Após este estudo foi possível perceber que algumas pessoas de outros estilos de Karate não conseguem compreender o real sentido desta Arte Marcial, rebaixando-a ao status de um simples esporte, ignorando totalmente a parte filosófica que embasa o Karate. Talvez por isso, digam que Kyokushin não é Karate e 40 sim “Luta de Contato”, seria no mínimo “estranho” uma arte marcial, sem uso de armas, onde não se pode entrar em contato direto com os adversários. O estudo deixa claro que Karate Kyokushin é uma arte marcial que visa preparar seus praticantes para os diversos tipos de situação que uma pessoa enfrenta em sua vida, seja elas de trabalho ou de combate. Além disso visa que seus praticantes sejam sempre pessoas melhores após cada treino. O Brasil, embora não tenha um grande número de praticantes, tem os melhores atletas do estilo, obtendo sempre posições de destaque em competições internacionais. Isto se deve ao excepcional trabalho feito por Shihan Seiji Isobe na administração e no treinamento dos atletas do estilo no país. Hoje em dia o Brasil tem dois dos maiores atletas do mundo na modalidade, Ewerton Teixeira e Glaube Feitosa, que treinam diretamente na Matriz da América do Sul, sob os cuidados do Shihan Isobe, bem como do Shihan Francisco Alves Filho (atual presidente da Confederação Brasileira de Karate Kyokushin Oyama). Outra coisa muito importante, foi que após a realização deste estudo, a escassez de material bibliográfico impresso, escrito em língua portuguesa, sobre o 41 Karate Kyokushin Oyama, diminuiu um “pouco”, abrindo desta forma a possibilidade para futuros estudos sobre o tema. Com este estudo o autor espera que o Karate Kyokushin tenha uma maior aceitação no meio científico, bem como que passem a produzir mais material científico sobre o tema, mas para isso é necessário que os profissionais de Educação Física tenham ao menos o conhecimento da existência do Karate Kyokushin. 42 BIBLIOGRAFIA ASAKI, Yasuyuki. Karate-do. São Paulo: E.P.U., 1978 BATALHA, Ladislau. O Japão por Dentro - Esboço analitico da civilisaçã o nipónica. 2. ed. Lisboa: Parceria Antonio Maria Pereira, 1906. BERTONHA, João Fábio. A remilitarização do Japão e a geopolítica do Extre mo Oriente. Revista Espaço Acadêmico, ano1, n. 2, Julho de 2001. Disponível em < http://www.espacoacademico.com.br/002/02bert.htm >. Acesso em: 15 jul 2005. BLUMING, Jon. Kyokushin Karate - Vale Tudo - Jiu Jitsu - Mas Oyam a was a fraud.txt. 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