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Teoria dos jogos

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Flavia Armiliato Maielo		RA 805342		Turma 003110 A 02
Estágio Pratica Supervionada – Mediação e Arbitragem
Professora Sandra Regina Garcia Olivan Bayer
Teoria dos jogos
Conceito
Teoria dos jogos é uma teoria no ramo da matemática aplicada, usada para entender e explicar os mecanismos que são utilizados quando pessoas tomam decisões. Essa teoria estuda situações estratégicas onde “jogadores” escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar o seu ganho.
As pesquisas iniciais estudavam essa teoria apenas na busca de dar uma explicação matemática em uma relação de competição x cooperação entre jogadores, como uma espécie de ferramenta usada para compreender o comportamento econômico.
Hoje a teoria dos jogos é usada em diversos campos, já que ela busca entender o funcionamento da interação estratégica e as relações de interdependência entre as pessoas, onde as decisões tomadas geram um resultado e afetam os outros envolvidos.
Essa teoria estuda as possibilidades que existem em processos que envolvem tomadas de decisões, com o objetivo de prever as possíveis consequências dessa escolha. Ela se aplica sobre tudo a situações de conflitos, onde existem a necessidade de estratégias, ações e regras. Portanto, aplica-se, as mais diversas situações da realidade e podem ser expressas por meio de números, no auxílio de prever estratégias e decisões a serem tomadas 
A teoria se baseia no fato de que o resultado do “jogo” depende das decisões de todos os jogadores envolvidos, partindo da premissa de que todos esses “jogadores” buscam a vitória e para isso desejam derrubar o seu oponente. É pensando em chegar a essa vitoria que esses jogadores montam as suas estratégias.
Assim existe um cenário de situações estratégicas em que se faz necessário optar por um rumo, sempre considerando o Adversário, pois o resultado do jogo para um, não apenas de sua vontade, e sim vai depender dos demais jogadores e de suas respectivas estratégias. 
Essa aplicação matemática estuda as variáveis envolvidas no processo de tomada de decisão com o objetivo de prever as possíveis consequências de uma escolha. 
Um bom exemplo a ser usado é um jogo de xadrez, onde existe sempre dois jogadores, onde cada um toma decisões em sua jogada que afeta diretamente ao jogo do outro. Os dois se encontram em uma situação de conflito e buscam sair vencedores derrubando o seu adversário.
O nome teoria dos jogos é justamente porque se aplica a situações de conflitos da vida real, em que há “jogadores”, estratégias, regras e ações que através da matemática são possíveis de serem previstas com certo grau de precisão qual é a melhor estratégia a ser tomada. 
Estratégia essa que para ser traçada e conseguir levar esse “jogador” a vitoria, deve ser tomada levando em consideração a ação do “adversário”, pois não é possível traçar uma tática eficiente se não se prever qual será a ação do “adversário”. Em outras palavras, elaborar uma estratégia significa pensar todas as suas opções, considerando as reações de seu adversário.
É necessário colocar-se na posição do outro e raciocinar sobre o que faria em cada situação, sempre movimentando todas as possibilidades de benefícios e prejuízos de ambos, para, á partir daí tomar a melhor decisão estratégica, pois no final, o resultado desse “jogo” irá depender da decisão conjunta de seus jogadores. 
Equilíbrio de Nash
As pesquisas iniciais estudavam qual a explicação matemática para a relação de competição e cooperação entre os “jogadores”, mas o matemático Jonh Nash contribuiu muito descobrindo o equilíbrio dessa relação, que passou a se chamar Equilíbrio de Nash, que nada mais é, do que situação de equilíbrio mútuo entre os jogadores. 
Nash criou o conceito de equilíbrio onde constata em dado momento do jogo, as estratégias escolhidas por seus jogadores, não tem mais como serem melhoradas. 
Tal equilíbrio é atingido quando os jogadores entendem que se ambos cooperarem, ambos alcançarão um resultado positivo. Ao contrário do que acontece em uma competição onde o resultado não é o esperado e termina o jogo sempre com um vencedor enquanto o outro sai perdedor, no equilíbrio de Nash “vencer” deixa de ser ganhar mais do que o oponente e sim otimizar ou maximizar os ganhos diante de um determinado contexto.
Esse equilíbrio é possível de ser alcançado com base nas informações disponíveis sobre um determinado cenário, a partir de uma provável decisão.
No equilíbrio de Nash, ambos os “jogadores” adotam a melhor escolha para si mesmos. Dada a decisão tomada pelo outro “jogador”, nenhuma outra escolha seria melhor.
Dilema do Prisioneiro
O Dilema do Prisioneiro, e é um exemplo clássico de aplicação da teoria dos jogos. Nesse dilema, parte-se do pressuposto que cada um dos envolvidos quer ter o máximo de vantagem na situação, sem levar em conta as consequências para os outros envolvidos. O dilema trata da decisão entre cooperação e traição.
A grande questão do dilema do prisioneiro é que cada um deve tomar a sua decisão de maneira independente e sem saber da decisão do outro e das possíveis consequências.
Nesse caso fica claro que a escolha individual (traição) não representa o melhor resultado para ambos, mas pode ser o melhor resultado possível independente da decisão do outro. Na teoria dos jogos a traição é chamada de estratégia dominante.
No Dilema do prisioneiro os jogadores são impulsionados a trair, pois buscam maximizar seus benefícios, antes que o jogo acabe. Ele não sabe da ação do outro, ele trabalha apenas com uma combinação de possibilidades, ele tem que se basear apenas em uma matriz de combinações de decisões que acarretará em um resultado. 
Eles não têm a oportunidade de combinar o que fazer, cada “jogador” tem que tomar a sua própria decisão sem saber qual será a escolhida pelo outro. Desta forma sua decisão será baseada no que for melhor pra si, sem considerar o outro (TRAIR).
A estratégia Trair, é chamada de estratégia dominante, ou seja, aquela que apresenta o melhor resultado, independentemente da decisão do outro jogador. Quando, em certo jogo, devido ao esquema de incentivos e analisando a matriz de resultados, você não precisa se preocupar com a decisão alheia porque existe uma opção melhor, independente do seu competidor, então você deve escolher a estratégia dominante.
O grande problema no Dilema dos Prisioneiros é que Trair não é o melhor resultado, pois existiria outro possível e bem melhor: se ambos escolhessem Colaborar. Por isso, dizemos que o Dilema dos Prisioneiros resulta em um equilíbrio ineficiente, pois o esquema de incentivos e a racionalidade induzem a um resultado pior.
O conflito típico dos jogos da categoria Dilema dos Prisioneiros é aquele em que cada jogador escolhe sua estratégia dominante e o resultado do jogo é pior para o grupo como um todo — é o conflito entre o interesse individual e o coletivo. Na prática, esse jogo-modelo é uma das metáforas mais poderosas da ciência do comportamento humano, pois inúmeras interações sociais e econômicas têm a mesma estrutura de incentivos.
Qual o uso que pode ser feito da “Teoria dos jogos” na mediação de conflitos
A mediação busca a resolução de disputas onde é desenvolvido um processo composto por vários atos que são entendidos como procedimentos e, através de tais, o terceiro imparcial (mediador) vai facilitar essa negociação entre as partes em conflito, permitindo que elas compreendam melhor suas posições e encontrem soluções que possam ir de encontro aos seus interesses e necessidades.
E a Teoria dos Jogos, nada mais é do que, o estudo das tomadas de decisões entre indivíduos quando o resultado de cada um depende das decisões dos outros, numa interdependência similar a um jogo. Ela foi inicialmente desenvolvida como um modelo para analisar situações de conflito, na busca da racionalidade para embasar as decisões entre os indivíduos envolvidos.
No caso de mediação ou de arbitragem, a Teoria dos Jogos precisa ser aplicada antes mesmo que o litígio se desenvolva. Pois é necessário incentivar o comportamento cooperativo das partes,para que ambas sintam que, mesmo cedendo em alguns termos, não estão perdendo na negociação.
Assim como em diversas áreas em que pode ser aplicada, a Teoria dos Jogos pode ser usada também na mediação para prever comportamentos e atingir vários objetivos diferentes, afim de, se alcançar os melhores resultados possíveis para ambas às partes, os “jogadores”, devem colaborar no processo de decisão e ter em mente que o que importa é pensar no jogo como uma situação que envolve tomada de decisões, decisões essas que afetam uns aos outros. Por isso a busca ideal é sempre o equilíbrio. Não exatamente na ideia de igualdade, mas considerando o interesse buscado por cada parte, que nem sempre implica no mesmo resultado. 
O resultado dessa mediação dependerá de uma decisão obrigatoriamente gerada pela movimentação dos dois concorrentes, tornando a tomada de decisão muito mais complexa. Assim, torna-se tão necessário, que as partes saibam quais são os ganhos ou perdas de cada combinação e identificar quais são os incentivos mais atraentes para seu adversário, sabendo que ele está imaginando quais são os seus ganhos para também tomar uma decisão. Por isso, a melhor recomendação é que antes de se tomar uma decisão, deve-se se colocar no lugar do outro, simultaneamente ele fará o mesmo – e juntos poderão tomar a melhor decisão. 
A mediação é a oportunidade em que as partes têm de fazer essa autocomposição. 
A Teoria dos Jogos é isso, entender que sua decisão não é independente e ambos os ganhos dependem da combinação de muitas ações em cadeia até chegar a resultado satisfatório a todos os envolvidos (equilíbrio). 
Em uma mediação, a má condução do caso faz com que os interesses de ambos, que já não eram comuns, apenas se distanciem ao invés de fazerem o caminho contrário rumo a um acordo benéfico para ambos. 
O bom mediador deve auxiliar para que as partes se preocupem mais com seus ganhos do que com suas perdas, ou ainda, com as perdas do outro. Em outras palavras, ele deve fazer com que as partes tracem suas estratégias buscando sempre um ganho parcial, evitando os riscos que podem levá-los à vitória ou derrota total. Acima de tudo, objetivando a resolução de conflitos.
A Teoria dos Jogos pode auxiliar na conciliação, fazendo com que as partes entendam a lógica de suas decisões para que possam colaborar entre elas, entenderem em quais circunstâncias o mais racional é não colaborar e quais propostas devem ser apresentadas para garantir a colaboração recíproca.
Partindo do pressuposto de que os “jogadores” envolvidos estão sempre em busca de vencer, eles criarão estratégias que maximizem, suas possibilidades, sempre tendo como objetivo a vitória. Mas sempre existe a possibilidade de empate. E principalmente, não se pode deixar de considerar, que em caso de vitória, quando um jogador vence, implica automaticamente na derrota do outro, excluindo a possibilidade de ambos serem vencedores.
A teoria dos jogos se mostra especialmente importante para a mediação e demais processos autocompositivos, onde deve prevalecer o pensamento de racionalidade que visa criar resultados e que não deve ser entendida como um aspecto ético da conduta das pessoas envolvidas. Isto é, se em uma relação continuada uma das partes age de forma não cooperativa, esta postura deve ser examinada como um desconhecimento da forma mais eficiente de ação para seu conflito, seja por um alto envolvimento emocional, ou seja, pela ausência de um processo concreto de onde se usa o racional. Importante ainda mencionar, que a negociação deve ser justa, sensata e deve envolver o interesse de ambas as partes.
Fato é que nas dinâmicas conflituosas de relações continuadas a tendência é que as partes sempre saem ganhando com soluções cooperativas, dessa forma, podemos concluir que a teoria dos jogos aplicada na mediação faz com que as partes entendam que basear suas decisões na decisão do outro é um método de cooperação, para que no final o seu resultado seja satisfatório.
Bibliografia:
https://www.hipercultura.com/teoria-dos-jogos/
https://www.significados.com.br/teoria-dos-jogos/
https://super.abril.com.br/comportamento/entenda-de-uma-vez-o-que-e-a-teoria-dos-jogos/
https://segredosdomundo.r7.com/teoria-dos-jogos/
https://www.hipercultura.com/teoria-dos-jogos/
https://jus.com.br/artigos/52650/formas-alternativas-de-solucao-de-conflito-a-mediacao-e-a-teoria-dos-jogos

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