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CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO A RESPONSABILIDADE CIVIL corresponde a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato ilícito do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal. A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito (art. 186 do CC) ou através de um abuso de direito (art. 187 do CC). Nas duas hipóteses é necessário que o ato praticado provoque um dano a outrem, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral). Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Dessa forma, podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil: 1) Conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. A conduta é composta da parte objetiva (ação ou omissão) e da parte subjetiva (dolo ou culpa), entretanto, nem sempre a parte subjetiva (dolo ou culpa) será necessária, como ocorre nos casos de responsabilidade objetiva. 2) Ocorrência de Dano: não haverá dever de reparação quando inexistir prejuízo. As classificações mais importantes de dano são: a) Quanto à extensão do dano: o prejuízo compreende o dano emergente (efetiva diminuição do patrimônio da vítima) e o lucro cessante (quantia que a vítima deixou de ganhar). b) Quanto à natureza do bem violado: o dano, de acordo com o art. 5°, V da CF, pode ser material quando se tratar de prejuízo causado a bem patrimonial, moral, quando recair sobre bens extrapatrimoniais, e à imagem, quando compromete a aparência da pessoa lesada. Art. 5°, V da CF - é assegurado o direito de resposta, proporcionai ao agravo, aiém da indenização por dano material, morai ou à imagem; STJ 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano morai oriundos do mesmo fato. STJ 387 - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral. c) Quanto às conseqüências do dano: o dano pode ser direto, aquele suportado pela própria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano anterior sofrido pela própria vítima ou por outrem. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Imagine a destruição de vidro de uma vitrina por um desordeiro, com um conseqüente estrago causado pelas chuvas nos artigos expostos, em razão da falta de vidro. A destruição do vidro é um dano direto, ao passo que o estrago pelas chuvas é um dano indireto. 3) Nexo de Causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima. Caso a existência do dano não esteja relacionada com o comportamento do agente, não haverá que se falar em relação de causalidade e, via de conseqüência, em obrigação de indenizar. Entretanto, mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode não ser obrigado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude. Algumas estão listadas no artigo 188 do CC. São elas: 1) Legítima Defesa; 2) Exercício Regular de Direito; e 3) Estado de Necessidade. Art. 188 do CC - Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. RESPONSABILIDADE CIVIL CONDUTA DANO NEXO DE CAUSALIDADE Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 3 Os três elementos são necessários para que alguém seja responsabilizado civilmente. CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. É possível que, quando a ilicitude seja excluída pelo estado de necessidade, o agente, mesmo assim, continue obrigado a indenizar se a pessoa que sofrer o dano não corresponder à pessoa que ocasionou a situação de perigo. Porém, nessa hipótese, o agente terá direito a uma ação regressiva contra o causador do perigo para reaver o que houver gasto com a indenização (artigos 188, 929 e 930 do CC). Art. 929 do CC - Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930 do CC - No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). Conforme explicações anteriores, se uma pessoa, agindo em estado de necessidade, em razão de uma ação causar dano a outra, não estará caracterizado um ato ilícito em decorrência da ilicitude ser excluída pelo estado de necessidade; ou seja, estaremos diante de um ato lícito. Entretanto, mesmo assim é possível haver indenização ao lesado e ação regressiva contra o causador do perigo. Vejamos o exemplo: motorista de um carro que, agindo em estado de necessidade, o carro de uma criança e acaba derrubando o muro de uma casa; criança de 5 anos que atravessava a rua sozinha; responsável pela criança (CAUSADOR DO PERIGO); e dono da casa que teve o muro derrubado (LESADO). Se o causador do perigo e o lesado forem a mesma pessoa (responsável pela criança e dono da casa com o muro quebrado forem a Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO mesma pessoa), então não há indenização, pois se configura o estado de necessidade defensivo; porém, se forem pessoas diferentes, teremos o estado de necessidade agressivo e caberá uma indenização de "A" para "D", da mesma forma que "A" pode propor uma ação regressiva contra "C" para reaver o que pagou a "D". O organograma a seguir é um retrato de como o Código Civil trata os casos de responsabilidade civil delineados em seu texto acrescido de conceitos doutrinários comumente cobrados em provas de concursos. Como de praxe ao longo deste curso, vamos "dissecar" o respectivo organograma acrescentando, sempre que for possível e pertinente, assertivas e questões que foram alvo de provas aplicadas anteriormente. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO I) Tendo como fundamento a classificação de acordo com o fato gerador, a responsabilidade civil pode ser: a) Responsabilidade contratual: é aquela que está relacionada com a inexecução de uma obrigaçãodecorrente de um contrato. O contrato faz lei entra as partes, dessa forma, suas cláusulas devem ser respeitadas, sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir. A base legal dessa modalidade de responsabilidade se fundamenta nos arts 389 (obrigação positiva) e 390 (obrigação negativa) do CC. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Art. 389 do CC - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 390 do CC - Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. b) Responsabilidade extracontratual ou aquiliana: é aquela que está relacionada com a infração a um dever geral imposto por lei (legal). Como exemplo, se uma pessoa é atropelada por um ônibus deve ser ressarcida pelo autor do fato. Temos aqui um caso de responsabilidade extracontratual. Porém, se a pessoa está dentro do ônibus viajando para algum lugar e ocorrer um acidente na qual ela sofra danos (materiais e/ou morais), estaremos diante de uma responsabilidade contratual, pois existe um contrato de transporte. II) Tendo como base a classificação quanto ao seu fundamento, a responsabilidade civil pode ser subjetiva ou objetiva. a) Responsabilidade subjetiva: é aquela baseada na culpa do agente, que deve ser comprovada para gerar a obrigação indenizatória. É a regra no Código Civil (art. 186 do CC) A responsabilidade do causador do dano somente se configura se ele agiu com dolo ou culpa. Trata-se da teoria clássica, também chamada teoria da culpa ou subjetiva, segundo a qual a prova da culpa lato sensu (abrangendo o dolo) ou stricto sensu se constitui num pressuposto do dano indenizável. Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO b) Responsabilidade objetiva: é aquela imposta por lei, havendo, entretanto, em determinadas situações, a obrigação de reparar o dano independentemente de culpa. É quando ocorre a responsabilidade objetiva que adota a teoria do risco, que prescinde (NÃO NECESSITA) de comprovação da culpa para a ocorrência do dano indenizável. Basta haver o dano e o nexo de causalidade para justificar a responsabilidade civil do agente. Em alguns casos presume-se a culpa (responsabilidade objetiva imprópria), em outros a prova da culpa é totalmente prescindível (responsabilidade civil objetiva própria). Sobre as modalidades de risco, a doutrina ressalta as seguintes: • Risco proveito: está relacionado à máxima "quem colhe os bônus deve suportar os ônus", ou seja, aquela pessoa que tira proveito da atividade perigosa também deve suportar os danos dela decorrentes; • Risco profissional: está relacionado às relações de trabalho, a fim de viabilizar a responsabilidade objetiva do empregador pelos danos causados pelo empregado, em decorrência da atividade por este desenvolvida; • Risco excepcional: se refere às atividades que, por sua natureza, representam um elevado grau de perigo, tanto para as pessoas que as desempenham diretamente, como para os demais membros da coletividade; e • Risco integral: é o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não atingindo nenhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. Tal modalidade é reservada aos danos decorrentes de atividades nucleares. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO III) Tendo como referência a classificação quanto ao agente a responsabilidade civil pode ser direta ou indireta. a) Responsabilidade civil direta: ocorre quando o autor do dano é o responsável pelo seu pagamento. Como exemplo temos o fato de A jogar uma pedra no carro de B causando-lhe danos. Na situação apresentada é o próprio autor do dano que deve ressarcir o lesado (B). b) Responsabilidade civil indireta: também chamada de responsabilidade civil complexa ou por fato de outrem (arts. 932 a 934 do CC), ocorre quando uma pessoa é civilmente responsável, perante terceiros, por ações e omissões perpetradas por outra pessoa. Mais adiante teceremos maiores detalhes. Por ocasião da responsabilidade civil subjetiva a culpa, elemento necessário, pode ser classificada das seguintes formas: I) Sob o critério da gravidade, a culpa pode ser grave (quando o agente atua com falha grosseira ao dever de cuidado), leve (quando ocorre falta a um dever de cuidado ordinário, comum a qualquer pessoa) ou levíssima (se caracteriza por um mero descuido ou ausência de habilidade). II) Sob o critério do conteúdo da conduta culposa, recorro às palavras do renomado doutrinador César Fiúza: "a culpa, dependendo das circunstâncias em que ocorra, pode se classificar em culpa in committendo, in omittendo, in vigilando, in custodiendo e in eligendo. In committendo é a culpa que ocorre em virtude de ação, atuação positiva (comissão). Como exemplo, podemos citar o ato de avançar sinal luminoso. Já se a culpa se der por omissão, por conduta Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO negativa, teremos culpa in omittendo. Exemplo seria a enfermeira se esquecer de dar remédio ao paciente. Será in vigilando a culpa, se for fruto de falha no dever de vigiar. Tal é a culpa dos pais pelos atos dos filhos em sua guarda. O dever, nesse caso, refere-se a vigiar pessoas. Se referir-se a vigiar coisas, como animais, por exemplo, a culpa será in custodiendo, configurando-se por falha no dever de guardar, custodiar. Essa é a culpa do detentor do animal, pelos danos que este venha a provocar. A culpa in eligendo é aquela que resulta da má escolha. Quando se escolhe mal uma pessoa para desempenhar certa tarefa, resultando danos, a responsabilidade é daquele que escolheu mal. É o caso do patrão, que responde pelos danos causados por seus empregados em serviço; do procurador que responde pelos atos daquele a quem substabelecer." III) Sob o critério do modo de apreciação, a culpa pode ser in concreto (ocorre quando, no caso concreto, se limita ao exame da imprudência ou negligência do agente) ou in abstrato (quando se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do homem médio ou da pessoa normal). IV) Com base no critério da natureza do dever violado, a culpa pode ser contratual (quando o dever se funda em um contrato - ex: se o locatário de um imóvel não cumpre com a obrigação constante do contrato de locação) ou extracontratual/aquiliana (quando a obrigação de indenizar se origina da violação de um preceito geral de direito - ex: quando uma pessoa empresta o carro para um sobrinho menor que vem a colidir com outro automóvel). Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO O universo dos casos de responsabilidade civil é enorme, ultrapassa em muito os exemplos do Código Civil, entretanto o edital do concurso se refere, apenas, aos casos lá citados. Vamos aos principais: 1) Responsabilidade dos empresários e empresaspor vícios de produtos (art. 931 do CC). Art. 931 do CC - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Trata-se de responsabilidade civil objetiva que independe de culpa, isto é, as empresas e até mesmo os empresários individuais que exercem exploração industrial responderão, na relação de consumo, pelos danos físico-psíquicos provocados pelos seus produtos postos em circulação. 2) Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC). Art. 928 do CC - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Se uma pessoa incapaz tiver recursos econômicos e lesar outrem, então deverá, equitativamente, indenizar os prejuízos que causou, caso o seu responsável não tenha a obrigação de arcar com tal ressarcimento ou não tenha meios suficientes para tanto. Trata-se de uma forma de responsabilidade subsidiária e mitigada em que primeiro responderá o representante do incapaz com seus bens e, posteriormente, o próprio incapaz. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 3) Responsabilidade por fato de terceiros (arts 932 a 934 do CC). Art. 932 do CC - São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933 do CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. No que tange à responsabilidade por fato de terceiro, o CC consagrou, através do art. 933, a responsabilidade civil objetiva (independe de culpa). Dessa forma, não é necessária a culpa dos responsáveis (pais, tutores, curadores, empregadores, comitentes e donos de hotéis) para haver responsabilidade civil, entretanto, é necessário que a vítima comprove a culpa do incapaz, do empregado, dos hóspedes e educandos. Configurada essa culpa, há uma presunção absoluta (juris et de jure), aquela que não admite prova em contrário, de que aquelas pessoas são também responsáveis. Dessa forma, para a vítima obter indenização, deve provar apenas duas coisas: 1) a relação de subordinação entre o causador do dano e a pessoa mencionada no art. 932 do CC; e 2) a culpa do causador do dano. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Os pais apenas serão obrigados a indenizar os atos ilícitos dos filhos menores se estes estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Dessa forma, a guarda é essencial para fazer surgir a responsabilidade civil dos pais pelos filhos menores que é objetiva. Se, em um caso de separação judicial, o menor permanece sob a guarda exclusiva da mãe, só ela responde pela indenização, excluindo- se a responsabilidade do pai. No caso de emancipação, sendo esta legal, exclui-se a responsabilidade dos pais; entretanto, tal responsabilidade subsiste se a emancipação for voluntária. A responsabilidade civil dos tutores e curadores sobre os respectivos tutelados e curatelados é idêntica a dos pais, ou seja, é objetiva e também depende da relação de guarda e companhia. A responsabilidade do empregador ou comitente pelos danos causados pelos seus empregados, serviçais e prepostos, depende de três requisitos: 1) relação de subordinação, não sendo necessários a remuneração e a habitualidade de prestação de serviços por parte do preposto; 2) culpa do empregado ou comitente; e 3) que o ato danoso tenha sido praticado no exercício do emprego ou por ocasião dele. Estando presentes tais requisitos, presume-se a responsabilidade objetiva do patrão (independente de culpa). Este, para se eximir da responsabilidade deve provar que o dano não foi causado pelo seu empregado ou preposto ou que o dano não foi causado no exercício do trabalho ou razão dele. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Percebe-se então que, ao selecionar seus auxiliares, compete ao empregador ou preposto proceder criteriosamente, com a finalidade de admitir pessoas responsáveis e moralmente bem formadas. Entretanto, a falha em tal procedimento de escolha pode levá-lo a responder, objetivamente, por danos causados a terceiros no período de seu trabalho. Essa responsabilidade indireta ou secundária do comitente ou empregador independe da comprovação de sua culpa in eligendo e in vigilando. Mas ressalta-se a necessidade de que o ato tenha sido praticado de forma intencional ou de forma culposa. A responsabilidade civil dos donos de hotéis, casas de hospedagem e educadores também é objetiva. Nos dois primeiros casos o hóspede lesado apenas deverá provar o contrato de hospedagem e o dano dele resultante. No terceiro caso (educadores), a responsabilidade civil depende de três requisitos: 1) que o dano tenha sido causado no momento em que o aluno estava em sua vigilância e autoridade, pois, fora desse momento, a escola só pode responder subjetivamente, isto é, mediante demonstração de culpa; 2) que o aluno seja menor, pois o aluno maior não se submete a vigilância; e 3) que o ensino seja remunerado, isto é, com a finalidade lucrativa. Ressalta-se que no caso dos donos de hotéis e casas de hospedagem, a responsabilidade pode ser excluída se houver caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima ou de terceiro. Entretanto, é possível que os responsáveis por fato de terceiros consigam reaver o que houverem pago através do exercício do direito de regresso (art. 934 do CC). Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 14 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Art. 934 do CC - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. Percebe-se, porém, que tal direito não assiste aos pais tutores e curadores, pois a sua responsabilidade emana de atos praticados por pessoas incapazes (filho menor, pupilo ou maior interditado). Para encerrar o comentário dos incisos do art. 932 do CC, temos a responsabilidade civil dos beneficiários em produtos de crime. É desnecessário dizer que tal responsabilidade é objetiva, exigindo-se a obrigação de devolver a coisa à vítima com base no enriquecimento injusto, mesmo que tenha recebido o produto do crime de forma gratuita e inocente. 4) Responsabilidade por fato de animal (art. 936 do CC). Art. 936 do CC - O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítimaou força maior. O art. 936 do CC prevê que o dono do animal ou o seu detentor será responsável objetivamente pelos danos causados por ele, a não ser que prove o seguinte: 1) que guardava e vigiava o animal com o cuidado necessário; ou 2) que o animal foi provocado; ou 3) que houve imprudência do ofendido; ou 4) que o fato resultou de caso fortuito ou força maior. 5) Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada (arts. 937 e 938 do CC). Art. 937 do CC - O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Art. 938 do CC - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. A teoria da guarda atribui ao dono da coisa a responsabilidade de reparar o dano causado a terceiro. Dessa forma, nas duas situações elencadas acima, a responsabilidade é objetiva. Como exemplo de situação amparada pelo art. 937 do CC, temos a marquise de um edifício que desaba sobre uma pessoa. Nesse caso a responsabilidade civil do dono do prédio é objetiva, cabendo, entretanto, ação regressiva contra o culpado. Para o art. 938 do CC, cabe como exemplo o vaso de planta que, em decorrente de forte ventania, cai da janela onde estava colocado. Tal responsabilidade também será objetiva e deverá recair sobre o habitante do prédio, mesmo que o proprietário seja outro (ex: aluguel). RESPONSABILIDADE CIVIL x RESPONSABILIDADE CRIMINAL Aquele que pratica um ato ilícito pode sofrer até 3 processos (na esfera administrativa, na esfera civil e na esfera penal). A regra é que as decisões tomadas em um processo não vinculam os outros. Porém, esta não é uma regra absoluta. Como quase tudo no Direito, esta regra possui exceções (art. 935 do CC): Art. 935 do CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Embora a regra seja a independência das esferas, não se pode mais questionar no juízo cível algumas questões, quando elas já se encontrarem decididas no juízo criminal. São elas: • a existência do fato, isto é, a ocorrência do crime e suas conseqüências (engloba-se aqui eventual excludente de criminalidade, como veremos); • ou de quem seja o seu autor, ou seja, a autoria do delito. No art. 939 do CC o legislador tratou da responsabilidade civil daquele que demandar por dívida não vencida. Art. 939 do CC - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. Sobre a responsabilidade do demandante por débito já solvido ou por quantia indevida, vejamos o art. 940 do CC: Art. 940 do CC - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Temos no dispositivo legal acima duas situações: 1) cobrança de dívida já paga: neste caso aquele que efetuar a cobrança judicialmente, mediante prova de má-fé, de dívida que já foi paga ficará obrigado a pagar o dobro do que foi cobrado; 2) cobrança de quantia indevida: neste caso o credor deverá pagar ao devedor uma quantia equivalente à exigida indevidamente. Art. 941 do CC - As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Como regra, se o autor desistir da ação por ocasião da cobrança antecipada, cobrança de dívida já paga e da cobrança de quantia indevida, caracteriza-se um reconhecimento de seu erro e, com isso, não serão cabíveis as indenizações dos dois artigos anteriores. Art. 942 do CC - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. O art. 942 do CC dispõe que os bens do patrimônio do responsável pelo dano ficarão sujeitos à reparação do ato ilícito praticado. Caso a ofensa tenha mais de um autor, haverá solidariedade na obrigação de indenizar. Art. 943 do CC - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. Ressalta-se também que a obrigação de exigir a reparação civil e de prestá-la transmite-se através da sucessão causa mortis, mas é uma transmissão limitada, quanto à responsabilidade do sucessor, aos limites da herança. Já estudamos a origem da responsabilidade civil que é o ato ilícito. Estudamos também as espécies de responsabilidade civil (subjetiva e objetiva). Porém, está faltando tratarmos da conseqüência gerada pelo ato danoso a outrem que é a indenização. Vejamos o gráfico esquemático a seguir: Os arts. 944 a 954 do CC tratam da indenização. Vamos a eles: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Art. 944 do CC - A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. A indenização deve ser proporcional ao dano provocado. Dessa forma, comparando dois acidentes com automóveis, imagine um primeiro onde ocorreu apenas um arranhão na pintura e um segundo onde houve perda total do carro. No primeiro acidente a indenização deverá ser menor que a indenização do segundo. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. O art. 945 do CC trata da concorrência de culpas do agente causador do dano e da vítima. Dessa forma, se a vítima não age com a cautela necessária para atravessar a rua em local apropriado, vindo a ser atropelada, será justificável a redução proporcional do valor indenizatório em razão da culpa concorrente. Art. 946 do CC - Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar. Líquida é a obrigação certa quanto a sua existência e determinada quanto a seu objeto, de modo que, se tiver valor indeterminado, deverá ser apurada na conformidade da lei processual (arts. 603 a 611 do CPC), que fixa as formas de liquidação da sentença ou da convenção entre as partes. Art. 947 do CC - Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br19 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Como regra, a obrigação de reparar o dano provocado deve ocorrer através de uma reconstituição natural. Ou seja, se um objeto foi destruído, outro igual deve ser entregue. Entretanto, não podendo ser entregue um igual, a obrigação de indenizar é extinta através do pagamento de um valor em moeda corrente igual ao do objeto destruído. Art. 948 do CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. A morte de um membro da família pode acarretar dano moral a outro membro dessa mesma família em decorrência da dor sentimental pela morte do ente querido, bem como ao cônjuge que sofre a perda de seu consorte, ou ao convivente cujo companheiro é morto, ou ao pai ou mãe que sofre a perda do filho. Se a morte ocorre pela prática de um ato ilícito, então caberá a aplicação dos princípios da responsabilidade civil por dano moral, com o estabelecimento da devida indenização. A indenização por dano moral no caso do homicídio não exclui os danos materiais citados nos incisos I e II. Art. 949 do CC - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. O art. 949 do CC tem em vista a reparação dos danos materiais (despesas de tratamento e lucros cessantes) e dos danos morais resultantes de ofensa à integridade física, que é direito da personalidade, pelo qual se tutela a incolumidade do corpo e da mente. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Art. 950 do CC - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Este dispositivo trata de ofensa à integridade física que acarreta defeito que impossibilite ou diminua a capacidade de trabalho da vítima, estabelecendo indenização pelos danos materiais: despesas de tratamento, lucros cessantes até o fim da convalescença e pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou ou da depreciação sofrida. Art. 951 do CC - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. O art. 951 do CC consagra a responsabilidade civil subjetiva de médico, cirurgião, farmacêutico, parteira e dentista por erro profissional. As pessoas que atuam profissionalmente na área da saúde assumem obrigações, via de regra, de meio. Desse modo, a responsabilidade é subjetiva, porque, se a obrigação é de meio e não de resultado, deve a vítima ou lesado provar que o profissional não se utilizou de todos os meios a seu alcance para obter o direito à indenização. Art. 952 do CC - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Se o lesante usurpar, apoderando-se ilegal, violenta ou fraudulentamente de coisa, ou esbulhar o alheio, tomando ilicitamente a posse do titular do bem, privando-o de seu exercício, a indenização consistirá na devolução do bem (in natura), acrescida de pagamento de perdas e danos. Art. 953 do CC - A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. Este dispositivo estabelece a reparação dos danos por violação à honra que é um direito da personalidade composto de dois aspectos: objetivo ou externo (relacionado com a consideração social) e subjetivo ou interno(relacionado com a autoestima). Nestes dois aspectos está contido o caráter múltiplo da honra: individual, civil, política, profissional, científica, artística etc. Art. 954 do CC - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente. Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: I - o cárcere privado; II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; III - a prisão ilegal. Finalizando o nosso estudo teórico, temos o art. 954 do CC que trata da reparação do dano por ofensa à liberdade pessoal. Terminamos a base teórica por aqui !!!!! Espero que tenham gostado e vamos às questões. Dicler. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) O Banco Delta, para amortizar o débito de determinada empresa sua cliente, utilizou o saldo positivo que esta detinha em conta, para pagamento de fornecedores. Essa conduta configura: (A) exercício regular de um direito. (B) estrito cumprimento de dever legal. (C) ato ilícito e possível. (D) abuso de direito. (E) uso arbitrário das próprias razões. O ato ilícito pode ocorrer através de duas formas: 1) violação do direito de outrem; e 2) abuso de um direito. Agora, vamos tratar da segunda hipótese (abuso de direito - art. 187 do CC). Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. O uso de um direito, poder ou coisa, além do permitido ou extrapolando as limitações jurídicas, lesando alguém, traz como efeito o dever de indenizar. No abuso de direito, o agente não viola os limites objetivos da lei, porém, desvia-se dos fins econômicos ou sociais a que ela se destina. Segundo alguns autores, a natureza do abuso de direito é objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. É o que se conclui através do Enunciado 37 aprovado na I Jornada de Direito Civil do CJF. 37 - art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo- finalístico. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Três situações caracterizam o abuso de direito: a) os ATOS EMULATIVOS ou "ad emulationem":são os praticados dolosamente pelo agente, no exercício normal de um direito, em regra, o de propriedade, isto é, com a firme intenção de causar dano a outrem e não de satisfazer uma necessidade ou interesse do seu titular. Ex: construir uma chaminé falsa com o único objetivo de retirar a luz de seu vizinho. b) os ATOS OFENSIVOS AOS BONS COSTUMES OU CONTRÁRIOS À BOA-FÉ: apesar de serem praticados no exercício normal de um direito, constituem abuso de direito. Ex: "A", após ceder um crédito para "B", interpela "C" para obter o pagamento, por ter ciência que "B" não avisou a "C" que o crédito havia sido cedido. c) os ATOS PRATICADOS EM DESACORDO COM O FIM SOCIAL OU ECONÔMICO DO DIREITO SUBJETIVO: em razão do direito dever ser usado no interesse coletivo, ocorre ato ilícito abusivo caso alguém exerça seu direito desviando-se da finalidade econômica e social. Ex: "A", credor de "B" que está doente e endividado, ameaça a filha de "B" de pedir a falência de seu pai caso ela não se case com ele. Analisando o enunciado da questão, temos que o Banco, ao utilizar o crédito do seu cliente (ex: empresa X), para pagar fornecedores (empresa Y) desse cliente, excedeu os limites impostos pela boa-fé. Exemplificando, a situação narrada é a seguinte: o Banco Delta, utilizou dinheiro da conta da Empresa X para pagar dívidas da Empresa X com a Empresa Y. Não havendo uma ordem da Empresa X para tal, Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO então o Banco abusou de um direito que é a guarda do dinheiro da Empresa X. Gabarito: D 2. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2007) A responsabilização do ato emulativo ocorre de forma: (A) subjetiva. (B) subjetivo-objetiva. (C) objetiva. (D) presumida. (E) ficta. Conforme os comentários da questão anterior, pelo ato emulativo ser um tipo de abuso de direito, levando em consideração o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do CJF, a responsabilização ocorre de acordo com o critério objetivo-finalístico. Gabarito: C 3. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO - TJ-PA - 2007) O ato emulativo enseja responsabilidade civil de cunho: (A) culpa presumida. (B) subjetivo. (C) reipersecutório. (D) real. (E) objetivo. Gabarito: E. Conforme comentários da questão anterior. 4. (FGV - AUDITOR - TCM-RJ - 2008) A principal função da responsabilidade civil é: (A) sancionatória. (B) punitiva. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (C) retributiva. (D) educativa. (E) compensatória. A finalidade da responsabilidade civil tem sido exposta em três dimensões: 1) Função compensatória ou de reparação: busca reparar os danos causados à vitima, fazendo com que a situação retorne, da forma mais adequada possível, ao status quo ante. Esta é a principal função da responsabilidade civil. Está consagrada no art. 927, caput, do CC. Art. 927 do CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 2) Função de Prevenção ou Preventiva: o dever de reparação reforça nas pessoas a consciência da importância de não lesar outrem. 3) Função de Punição ou Punitiva: a responsabilidade civil não serviria apenas para reparar a vítima do dano, mas também para sancionar o agente do ilícito de forma a desestimular a prática de novas condutas danosas ou mesmo a perpetuação de uma conduta ilícita atual. Gabarito: E 5. (FGV - AUDITOR - TCM-RJ - 2008) Quando a lei atribui a um sujeito de direito o dever de indenizar os danos devidos à ação culposa de outro, há: (A) responsabilidade por simples culpa. (B) responsabilidade complexa. (C) responsabilidade objetiva. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (D) responsabilidade por culpa presumida. (E) responsabilidade pelo risco. A responsabilidade complexa é aquela que só poderá ser vinculada indiretamente ao responsável, não se conformando, portanto, com o princípio geral de que o homem apenas é responsável pelos prejuízos causados diretamente por ele. Compreende duas modalidades: 1) Responsabilidade por fato de terceiro: tem como exemplo o art. 932 do CC; 2) Responsabilidade pelo fato de coisas animadas ou inanimadas: é aquela resultante de dano ocasionado pela coisa, em razão de defeito próprio, sem que para tal prejuízo tenha concorrido diretamente a conduta humana. Se divide em dois grandes grupos: a) Responsabilidade pelo fato do animal: os donos de animais, domésticos ou não, devem ressarcir todos os prejuízos que estes porventura causarem a terceiros. Tem como exemplo o clássico caso do art. 936 do CC. b) Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada: o dono de edifício ou construção já terminada responde civilmente em decorrência da aplicação do art. 937 do CC. Nos mesmos moldes, em decorrência do art. 938 do CC, o morador de casa ou de parte dela responde pelos prejuízos resultantes de coisas, sólidas ou líquidas, que dela caírem ou forem lançadas em local indevido. Concluindo, o enunciado da questão trata da responsabilidade por fato de terceiro que é um tipo de responsabilidade complexa. Gabarito: B Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 6. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) No caso de responsabilidade pelo fato da coisa, o responsável será: (A) seu dono. (B) seu usuário. (C) seu possuidor. (D) seu detentor. (E) seu locador. A questão tem como base legal para a resposta os arts. 936, 937 e 938 do CC, acima reproduzidos. Dessa forma, apesar da banca FGV ter apontado como gabarito a opção C, não há unanimidade na resposta e, para provar tal discussão, recorro à Profa. Maria Helena Diniz. "A responsabilidade pelo fato da coisa se apresenta sob duas modalidades, abrangendo a responsabilidade por dano causado por animais (CC, art. 936) e a responsabilidade pelo fato de coisa inanimada, abrangendo não só os casos do Código Civil, arts. 937 e 938, mas também outros, como os transportes. O animal e as coisas são objetos de guarda, de maneira que essa responsabilidade pelo fato da coisa baseia-se na obrigação de guardar. Responderão pelos danos causados por animais ou por coisas inanimadas tanto o seu proprietário como o seu detentor ou possuidor, pois o dever de indenizar decorre da negligência na guarda ou direção do bem. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Funda-se, ora no risco, hipótese em que será objetiva, ora na culpa, sendo, então, subjetiva." Tentando interpretar a banca FGV, creio que a palavra possuidor (apontada como gabarito) abrange todas as pessoas que fazem uso da coisa. Por exemplo, no caso de responsabilidade pelo fato de animal, o possuidor pode ser encarado como aquele que estava responsável pelo animal na hora que ocorreu o fato. No caso do art. 936 do CC, imagine a sacada de uma casa que cai sobre um transeunte; é certo que o morador (possuidor) da casa será responsabilizadocivilmente, seja ele o proprietário ou não. Já pelo art. 937 do CC, caso o vaso de uma planta caia da janela de um apartamento sobre o carro de alguém, temos que o morador (possuidor) do apartamento será responsabilizado civilmente, seja ele o proprietário ou não. Gabarito: C 7. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2009) A respeito da responsabilidade civil do empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, é correto afirmar que: (A) não há responsabilidade na ausência de vínculo empregatício. (B) a responsabilidade do empregador ou comitente depende da comprovação de sua "culpa in eligendo" ou "culpa in vigilando". (C) a responsabilidade do empregador exclui a do empregado. (D) o empregador que ressarcir a vítima poderá reaver o que houver pago em ação contra seu empregado. (E) não há responsabilidade quando o empregador ou comitente é pessoa física. Utilizando os arts. 932, III e 933 do CC como base para a solução da questão, temos o seguinte: Art. 932 do CC - São também responsáveis pela reparação civil: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO [...]. III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; Art. 933 do CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. O preposto ou empregado é o dependente, isto é, aquele que recebe ordens, sob o poder de direção de outrem, que exerce sobre ele vigilância a título mais ou menos permanente. Pouco importa que o preposto serviçal ou empregado seja salariado ou não, bastando que haja uma subordinação voluntária entre ele e o comitente, ou patrão. A título de curiosidade, a relação entre comitente e preposto assenta-se numa comissão, ou seja, no serviço realizado por conta e sob direção de outrem. Sendo assim, exige-se que os serviços sejam executados sob as ordens e instruções de alguém que terá o direito de dirigir a execução do trabalho, sem que o empregado tenha qualquer independência no exercício das tarefas que lhe foram confiadas. Para exemplificar, temos o motorista em relação ao dono do automóvel; o jardineiro perante o patrão, etc. Analisando os artigos do CC citados, percebemos que se trata de uma responsabilidade objetiva (independente de culpa), entretanto, tal responsabilidade objetiva necessita de alguns requisitos. São eles: 1) haver um prejuízo causado a terceiro, por fato do preposto (ex: o condômino será responsável pelos danos causados aos carros por prepostos que estiverem encarregados de guardá-los na garagem do edifício.). Se não houver dano, não há o que indenizar. 2) o preposto cometeu o fato lesivo no exercício de suas funções ou das atividades que lhe incubem, isto é, durante o trabalho, ou em razão dele (ex: furto de objetos do cliente, cometido pelo empregado, enquanto atendia a vítima.). Se o fato não for Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO praticado no exercício do trabalho, não há responsabilidade civil do empregador pelo fato de outrem. 3) haver culpa do preposto ou empregado. Imagine que seu motorista, parado no sinal vermelho, tenha seu carro abalroado por outro. Nesse caso ele não teve culpa e, por isso, conclui-se que o dano foi causado pela outra pessoa. 4) Existir relação de emprego ou de dependência entre o causador do ato danoso e o patrão ou comitente. Nos casos de responsabilidade objetiva não há que se provar que o empregado ou comitente não concorreu para o prejuízo, pois o dever de reparação civil independe de culpa. OBSERVAÇÃO !!! Antes do CC de 2002 (CC de 1916), a má escolha (culpa in eligendo) ou falta de vigilância (culpa in vigilando) acarretavam a culpa presumida do empregador. Entretanto, com a vigência do CC atual, não há que se falar em responsabilidade do empregador dependendo de culpa (responsabilidade subjetiva), pois o art. 933 do CC atual prevê expressamente que tal responsabilidade independe de qualquer tipo de culpa (responsabilidade objetiva). Análise das alternativas: (A) ERRADA. A Lei CIvil não exige vínculo empregatício entre o comitente e o auxiliar; o importante é que este último, ao praticar o ato ilícito, se encontre a serviço daquele em uma atividade subordinada, seguindo suas instruções. (B) ERRADA. A responsabilidade do empregador ou comitente, após o advento do CC de 2002, deixou de se basear na culpa presumida e passou a ser objetiva. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (C) ERRADA. Apesar dos comitentes ou prepostos responderem por fato de terceiros, existe um aspecto importante ao seu favor: a sua responsabilidade é solidária, vale dizer, eles podem ser acionados ou não e, caso sejam acionados, pode ocorrer de forma isolada ou em conjunto com os empregados. (D) CERTA. Assertiva de acordo com o art. 934 do CC. Art. 934 do CC - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. (E) ERRADA. Ocorre a responsabilidade do empregador ou comitente sendo ele pessoa física ou jurídica. Gabarito: D 8. (FGV - ISS-Angra dos Reis-RJ - 2010) Em sede de responsabilidade civil e de acordo com o Código Civil vigente, é correto afirmar que (A) a obrigação de indenizar e o valor dela decorrente são pautados pela justa medida do dano causado aliado ao princípio da restitutio in integrum. (B) o abuso de direito foi regulamentado pelo Código Civil e traduz-se em um limite ao exercício de um direito subjetivo. Entretanto, a abordagem do Código não permite que o abuso de direito dê azo à reparação civil dos danos alegadamente causados. (C) foi adotada a teoria do risco integral quando determina a responsabilidade civil independentemente de culpa daquele que causar danos em decorrência de atividade normalmente desenvolvida que implique, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (D) a ação que versa sobre responsabilidade civil depende da procedência da ação criminal quanto à existência do fato e à sua autoria, na mesma medida da improcedência da ação penal por insuficiência probatória. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (E) aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pagado daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, capaz ou não. Análise das alternativas: (A) CERTA. O princípio da Restitutio in Integrum, norteador da responsabilidade civil, a pessoa lesada por um ato ilícito de outrem deve ter o dano sofrido reparado por toda a extensão. Tal princípio é retratado pelo caput do art. 944, do Código Civil: Art. 944 do CC - A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. (B) ERRADA. Nos termos do art. 187 do CC, é perfeitamente plausível que o dever de indenizar tenha como origem o abuso de direito. (C) ERRADA. A assertiva não trata do risco integral, mas sim do risco proveito. (D) ERRADA. Conforme o art. 935 do CC, a absolviçãopor falta de provas na esfera penal não é capaz de influenciar a esfera civil. Apenas ocorre a influência quando a absolvição decorre de negativa de autoria ou de inexistência do fato. (E) ERRADA. Segundo o art. 934 do CC, na hipótese do causador do dano ser descendente incapaz (absoluta ou relativamente), não caberá ação regressiva por parte daquele que indenizar o dano causado por outrem. Gabarito: D 9. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2010) Com relação à responsabilidade civil, analise as afirmativas a seguir. I. A responsabilidade civil do empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO lhes competir, ou em razão dele depende de culpa in eligendo ou in vigilando, a qual é, no entanto, presumida juris tantum. II. O incapaz não pode ser responsabilizado pelos prejuízos que causar, recaindo sempre o dever de indenizar apenas sobre as pessoas por ele responsáveis. III. Mesmo tendo agido licitamente, no caso de prejuízo causado para remoção de perigo iminente, o autor do dano fica obrigado a indenizar a vítima, caso esta não seja culpada pelo perigo. Assinale: (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas (B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente a afirmativa II estiver correta. (E) se somente a afirmativa III estiver correta. Análise das afirmativas: I. ERRADA. A responsabilidade civil do empregador pelos atos praticados por seus empregador é do tipo objetiva, ou seja, independe que qualquer espécie de culpa. A assertiva caracteriza a responsabilidade civil do empregador de acordo com o CC de 1916 e não de acordo com o CC atual. II. ERRADA. Segundo o art. 928 do CC, a responsabilidade do incapaz é subsidiária e mitigada. Ou seja, ele pode vir a ser responsabilizado civilmente pelos atos que praticar. III. CERTA. Conforme comentários da questão 3 (CESGRANRIO) na página 5 desta aula. Gabarito: E 10. (CEPERJ - PC-RJ - Delegado de Polícia - 2009) Considere as seguintes afirmações sobre responsabilidade civil e indique a assertiva incorreta: Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (A) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, exceto se ficar privado do necessário, assim como as pessoas que dele dependem. (B) São também responsáveis pela reparação civil os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. (C) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. (D) Súmula do Superior Tribunal de Justiça adota entendimento de que não é possível a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. (E) A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Análise das alternativas: (A) CERTA. A assertiva está de acordo com o art. 928 do CC que consagra a responsabilidade civil subsidiária do incapaz. (B) CERTA. Conforme o art. 932, V do CC. (C) CERTA. Conforme o art. 953 do CC. (D) ERRADA. A assertiva é contrária à Súmula 387 do STJ. (E) CERTA. De acordo com o art. 935 do CC. Gabarito: D 11. (FGV - OAB - Exame da Ordem - 2011) Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto afirmar que Ricardo (A) não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. (B) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade. (C) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa. (D) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO Apesar da banca FGV ter divulgado a alternativa B como gabarito, eu ouso discordar da posição adotada. Através do enunciado, fica notório que o fato ocorreu em estado de necessidade; entretanto, não foi possível identificar se o estado de necessidade era defensivo ou agressivo e, por isso, não se pode afirmar que Ricardo terá a obrigação de indenizar. Gabarito: B Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO LISTA DE EXERCÍCIOS DA FGV SEM OS COMENTÁRIOS 1. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) O Banco Delta, para amortizar o débito de determinada empresa sua cliente, utilizou o saldo positivo que esta detinha em conta, para pagamento de fornecedores. Essa conduta configura: (A) exercício regular de um direito. (B) estrito cumprimento de dever legal. (C) ato ilícito e possível. (D) abuso de direito. (E) uso arbitrário das próprias razões. 2. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2007) A responsabilização do ato emulativo ocorre de forma: (A) subjetiva. (B) subjetivo-objetiva. (C) objetiva. (D) presumida. (E) ficta. 3. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO - TJ-PA - 2007) O ato emulativo enseja responsabilidade civil de cunho: (A) culpa presumida. (B) subjetivo. (C) reipersecutório. (D) real. (E) objetivo. 4. (FGV - AUDITOR - TCM-RJ - 2008) A principal função da responsabilidade civil é: (A) sancionatória. (B) punitiva. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (C) retributiva. (D) educativa. (E) compensatória. 5. (FGV - AUDITOR - TCM-RJ - 2008) Quando a lei atribui a um sujeito de direito o dever de indenizar os danos devidos à ação culposa de outro, há: (A) responsabilidade por simples culpa. (B) responsabilidade complexa. (C) responsabilidade objetiva. (D) responsabilidade por culpa presumida. (E) responsabilidade pelo risco. 6. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2008) No caso de responsabilidade pelo fato da coisa, o responsável será: (A) seu dono. (B) seu usuário. (C) seu possuidor. (D) seu detentor. (E) seu locador. 7. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2009) A respeito da responsabilidade civil do empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, é correto afirmar que: (A) não há responsabilidade na ausência de vínculo empregatício. (B) a responsabilidade do empregador ou comitente depende da comprovação de sua "culpa in eligendo" ou "culpa in vigilando". (C) a responsabilidade do empregador exclui a do empregado. (D) o empregador que ressarcir a vítima poderá reaver o que houver pago em ação contra seu empregado. (E) não há responsabilidade quando o empregador ou comitente é pessoa física. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 8. (FGV - ISS-Angra dos Reis-RJ - 2010) Em sede de responsabilidade civil e de acordo com o Código Civil vigente, é correto afirmar que (A) a obrigação de indenizar e o valor dela decorrente são pautados pela justa medida do dano causado aliado ao princípio da restitutio in integrum. (B) o abuso de direito foi regulamentado pelo Código Civil e traduz-se em um limite ao exercício de um direito subjetivo. Entretanto,a abordagem do Código não permite que o abuso de direito dê azo à reparação civil dos danos alegadamente causados. (C) foi adotada a teoria do risco integral quando determina a responsabilidade civil independentemente de culpa daquele que causar danos em decorrência de atividade normalmente desenvolvida que implique, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (D) a ação que versa sobre responsabilidade civil depende da procedência da ação criminal quanto à existência do fato e à sua autoria, na mesma medida da improcedência da ação penal por insuficiência probatória. (E) aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pagado daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, capaz ou não. 9. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2010) Com relação à responsabilidade civil, analise as afirmativas a seguir. I. A responsabilidade civil do empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele depende de culpa in eligendo ou in vigilando, a qual é, no entanto, presumida juris tantum. II. O incapaz não pode ser responsabilizado pelos prejuízos que causar, recaindo sempre o dever de indenizar apenas sobre as pessoas por ele responsáveis. III. Mesmo tendo agido licitamente, no caso de prejuízo causado para remoção de perigo iminente, o autor do dano fica obrigado a indenizar a vítima, caso esta não seja culpada pelo perigo. Assinale: (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO (B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente a afirmativa II estiver correta. (E) se somente a afirmativa III estiver correta. 10. (CEPERJ/PC-RJ/Delegado de Polícia/2009) Considere as seguintes afirmações sobre responsabilidade civil e indique a assertiva incorreta: (A) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, exceto se ficar privado do necessário, assim como as pessoas que dele dependem. (B) São também responsáveis pela reparação civil os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. (C) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. (D) Súmula do Superior Tribunal de Justiça adota entendimento de que não é possível a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. (E) A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. 11. (FGV/OAB/Exame da Ordem/2011) Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto afirmar que Ricardo (A) nã o responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. (B) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade. (C) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa. (D) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 40 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO GABARITO 1-D 2-C 3-E 4-E 5-B 6-C 7-D 8-A 9-E 10-D 11-B Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 41 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS DA BANCA CESPE/UnB Para aqueles que quiserem, segue uma lista de exercícios comentados da banca CESPE/UnB sobre o assunto. Caso você não se interesse, ao imprimir a aula, selecione a impressão até a página anterior. 1. (PGE-PI - Procurador Substituto - 2008) Para se configurar a responsabilidade por ato ilícito, ainda que não tenha causado efetivo prejuízo, é necessária, no momento da conduta, a verificação de dolo ou culpa por parte do agente, bem como a verificação da gradação da culpa em grave, leve ou levíssima. 1. ERRADA. Para que se configure o ato ilícito é necessário haver prejuízo (ocorrência de dano). 2. (OAB-ES - Exame da Ordem - 2004) O ato praticado com abuso de direito, mesmo se não houver causado dano à vítima ou ao seu patrimônio, resulta em dever de indenizar em virtude da violação a um dever de conduta. 2. ERRADA. Conforme comentários da questão anterior. 3. (MPE/RN - Promotor de Justiça Substituto - 2009) O dano moral é decorrência de violação a direito da personalidade, caracterizado o prejuízo pelo simples atentado aos interesses jurídicos personalíssimos, independentemente da dor e do sofrimento causados ao titular. 3. CERTA. Na atual ordem jurídica constitucional, dano moral não é mais entendido apenas como aquele que atinge o âmbito psíquico da pessoa, causando-lhe "grande abalo psicológico", mas sim como aquele que Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 42 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO atinge os direitos da personalidade do indivíduo, bem como a sua dignidade. A dor, o sofrimento, o vexame, o abalo emocional, etc., são consequências do dano moral, e não sua causa, de modo que "pode ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade" (CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 6a edição. São Paulo: Malheiros, 2006, pag. 101). 4. (PGM/Vitória-ES - Procurador - 2007) No campo jurídico, quando algo provoca defeito na aparência da vítima que seja capaz de extrapolar os limites da dor moral, fica caracterizado o dano estético. A indenização por esse dano é vinculada e integra a indenização por dano moral, tornando, assim, licitamente impossível a cumulação de ambos, ainda que esses danos sejam decorrentes do mesmo fato. 4. ERRADA. De acordo com a súmula 387 do STJ é possível a cumulação do dano moral com o dano estético. 5. (OAB-ES - Exame da Ordem - 2004) O dano patrimonial atinge os bens jurídicos que integram o patrimônio da vítima. Por patrimônio deve-se entender o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro, bem como aqueles direitos integrantes da personalidade de uma pessoa. 5. ERRADA. Os direitos integrantes da personalidade de uma pessoa são bens extrapatrimoniais e, por isso, podem gerar um dano moral e não patrimonial. 6. (TRE/BA - Analista Judiciário - 2010) Comete ato ilícito e está sujeito à reparação civil a pessoa que, sendo titular de um direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 43 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 6. CERTA. A questão trata do abuso de direito consagrado no art. 187 do CC. 7. (CER-RR - Advogado - 2004) Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido. 7. CERTA. As duas hipóteses citadas na questão funcionam como excludentes de ilicitude nos termos do art. 188 do CC. 8. (MPE-RR - Oficial de Promotoria - 2008) A legítima defesa exercida moderadamente para afastar o perigo é uma das situações em que o Código Civil exclui a ilicitude do ato. 8. CERTA. Conforme o art. 188, I do CC. 9. (CREA-DF- Advogado - 2003) O proprietário que edifica um terreno próprio de forma regular e, por conseqüência, impede a vista do vizinho para um belo bosque, bem como o acesso à avenida principal, o que obriga o vizinho a percorrer diariamente mais de 5 km, não está obrigado a indenizar o vizinho pelos prejuízos sofridos. 9. CERTA. Na situação narrada o proprietário agiu no exercício regular de um direito e, por isso, não praticou ato ilícito. 10. (PGE-PI - Procurador Substituto - 2008) Os atos ilícitos praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 44 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO direito, que provoquem deterioração ou destruição da coisa alheia ou lesão a pessoa, não geram o dever de indenizar. 10. ERRADA. Se houve deterioração ou destruição da coisa alheia ou lesão a pessoa é possível haver indenização, mesmo que a ilicitude fique excluída. 11. (PGM/Boa Vista - RR - Procurador - 2010) A destruição de coisa alheia a fim de remover perigo iminente não constitui ato ilícito civil, sobretudo se as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária, e o agente não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo. 11. CERTA. Conforme o art. 188, II do CC que trata do estado de necessidade. 12. (PGE-PI - Procurador Substituto - 2008) O abuso de direito, que é uma das fontes de obrigações, caracteriza-se não pela incidência da violação formal a direito, mas pela extrapolação dos limites impostos pelo ordenamento jurídico para o seu exercício. 12, CERTA. De acordo com o art. 187 do CC. 13. (DETRAN-PA - Procurador Autárquico - 2006) O abuso de direito é uma das fontes de obrigações; sua caracterização não depende de violação formal a uma norma, mas de um desvio do agente às suas finalidades sociais, extrapolando as limitações impostas pelo ordenamento jurídico. 13. CERTA. De acordo com o art. 187 do CC. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 45 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 14. (DETRAN/DF - Analista de Trânsito - Direito e Legislação - 2009) A responsabilidade civil em casos excepcionais pode existir sem a relação de causalidade entre o dano e o respectivo evento danoso. 14. ERRADA. Para que se configure a responsabilidade civil, três elementos são necessários: a conduta, o nexo causal e o dano. Ou seja, não há obrigação de indenizar se não houver nexo causal. 15. (OAB-ES - Exame da Ordem - 2004) Se houve o dano, mas a sua causa não está relacionada com a conduta do agente, não há relação de causalidade nem obrigação de indenizar. 15. CERTA. Conforme os comentários da questão anterior. 16. (TRE/MT - Analista Administrativo - 2010) Via de regra, a responsabilidade do empresário individual por danos causados pelos produtos por ele postos em circulação é subjetiva. A base legal para a solução da questão está no art. 931 do CC. Art. 931 do CC - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Diante do dispositivo legal em destaque, percebe-se que a responsabilidade civil dos empresários individuais e das empresas filia- se à teoria objetiva, pois independe de culpa. Gabarito: ERRADA. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 46 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 17. (DPE-CE - Defensor Público - 2008) A responsabilidade das empresas prestadoras de serviço público por dano causado, por ação ou omissão, a terceiro ou aos usuários do serviço é objetiva, pelo risco integral, não se eximindo dessa responsabilidade, ainda quando o dano ocorrer por culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, por caso fortuito ou força maior. A teoria objetiva por sua vez, que se baseia no risco da atividade desenvolvida. A teoria do risco teve diversas vertentes, destacando-se a do risco-integral e o risco-administrativo: - Risco-integral: a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. - Risco-administrativo: a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes, é de natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa. Entretanto, a responsabilidade poderia ser excluída por culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Diante disso, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6°, versa que "as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa". Ou seja, consagra-se a teoria do risco-administrativo Gabarito: ERRADA. 18. (MPE-AM - Técnico Jurídico - 2008) A responsabilidade civil por ato de terceiro é objetiva e permite estender a obrigação de reparar o dano à pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização, ainda que não haja culpa de sua parte. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 47 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO O ato ilícito que enseja a responsabilidade civil pode ser praticado pelo próprio imputado ou por terceiro que esteja sob a sua esfera jurídica. Se o ato é praticado pelo próprio imputado, a responsabilidade civil classifica-se como direta. Se o ato é praticado por terceiro, ligado ao imputado, sendo que essa ligação deve constar da lei, a responsabilidade é indireta. A responsabilidade indireta ou por fato de terceiro é consagrada nos arts. 932 e 933 do CC. Art. 932 do CC - São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933 do CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Através da leitura do art. 933 do CC, percebemos a responsabilidade civil das pessoas enumeradas no art. 932 é do tipo objetiva, pois independe de culpa. Gabarito: CERTA. Prof. Dicier Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 48 CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 19. (TRE/BA - Analista Judiciário - 2010) O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas responsáveis por ele não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes para tal ação. Muitos pensam que pelo fato do incapaz não pode ser responsabilizado civilmente pelos atos que ele pratica devendo sempre a responsabilidade cair em cima de seu representante. Entretanto tal pensamento está errado. Basta analisarmos o art. 928 do CC. Art. 928 do CC - O incapaz responde
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