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Curso de Práticas de Sustentabilidade

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Seja bem Vindo! 
Curso de 
 Sustentabilidade de Práticas 
 Carga horári 60a: hs
 
 
3 
Conteúdo: 
 
Compreensão do conceito de sustentabilidade .................................................... Pág. 9 
O que é sustentabilidade? .................................................................................... Pág. 11 
Princípios da Sustentabilidade ............................................................................. Pág. 12 
O que são práticas de sustentabilidade? ............................................................. Pág. 14 
A cidadania e o pensamento ecológico ................................................................ Pág. 18 
A importância da educação ambiental nas escolas ............................................. Pág. 33 
Legislação ambiental ........................................................................................... Pág. 38 
A sustentabilidade através da reciclagem ............................................................ Pág. 48 
O que é reciclagem? ............................................................................................ Pág. 48 
A importância da coleta seletiva ........................................................................... Pág. 49 
Materiais que podem ser reciclados ..................................................................... Pág. 51 
Técnicas de reciclagem ........................................................................................ Pág. 56 
Dicas e curiosidades ............................................................................................ Pág. 62 
A sustentabilidade nas empresas ........................................................................ Pág. 64 
Por que a sustentabilidade e a responsabilidade social interessam para as 
empresas? ........................................................................................................... Pág. 64 
Exemplos de sustentabilidade: o que tem sido feito no Brasil e no mundo .......... Pág. 66 
Como desenvolver um programa de sustentabilidade em sua empresa .............. Pág. 70 
Princípios da governança corporativa .................................................................. Pág. 74 
No que consiste a política de redução da emissão de carbono? ......................... Pág. 75 
Como aumentar seus clientes e suas vendas utilizando-se das práticas de 
sustentabilidade? ................................................................................................. Pág. 82 
Práticas de sustentabilidades realizadas no dia a dia .......................................... Pág. 87 
Política dos 3 Rs – reduzir, reutilizar e reciclar .................................................... Pág. 87 
A importância de diminuir o consumo de água .................................................... Pág. 89 
Por que economizar no consumo de energia elétrica? ........................................ Pág. 94 
Pilhas e baterias usadas: por que são tão perigosas e o que fazer com elas? .... Pág. 97 
Como preparar o lixo caseiro para a coleta seletiva ............................................ Pág. 101 
Como aproveitar melhor os resíduos orgânicos ................................................... Pág. 102 
Como se comportar na natureza para evitar danos ambientais ........................... Pág. 106 
 
 
9 
Unidade 1 – Compreensão do conceito de sustentabilidade 
 
 
Em primeiro lugar, devemos considerar que Sustentabilidade possui 
um conceito sistêmico, ou seja, a Sustentabilidade está relacionada com a 
manutenção dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da 
sociedade em todas as suas dimensões. 
 
A Sustentabilidade propõe um modo de vida no qual as pessoas 
possam satisfazer as suas necessidades de subsistência no presente 
preservando a biodiversidade e os ecossistemas para que as gerações 
futuras possam igualmente desfrutar desses recursos com qualidade de 
vida. 
 
Diversos níveis de organização estão envolvidos nessa proposta, a 
começar pelo seu bairro, com a vizinhança local empenhada em pensar e 
agir de forma sustentável. Os empreendimentos sustentáveis começam com 
ações como a separação do lixo em casa e vão até as ações globais com 
vistas à política de preservação do meio ambiente. 
 
Para ser sustentável, um empreendimento deve ter quatro princípios 
básicos: 
 
1) ser ecologicamente correto; 
2) ser economicamente viável; 
3) ser socialmente justo; 
4) ser aceito culturalmente. 
 
Para um melhor entendimento do conceito de Sustentabilidade, 
vejamos o exemplo das Ecovilas: 
 
 
 
Casa sustentável em Ecovila no interior paulista: o telhado ecológico capta 
água da chuva e reduz erosão 
 
 
 
10 
Em busca de alternativa ao trânsito intenso e à saturação urbana das 
metrópoles, muita gente está optando pelas Ecovilas, que podem ser 
definidas como condomínios urbanos ou rurais sustentáveis onde predomina 
o convívio com a natureza e a ordem é o equilíbrio e a preservação, com 
técnicas de reciclagem e reaproveitamento dos recursos naturais. 
 
Esses empreendimentos reconhecidos pela Organização das Nações 
Unidas (ONU) como modelo de sustentabilidade já somam mais de 15 mil no 
mundo, segundo informações da Rede Global de Ecovilas. Para funcionar de 
forma compatível com os ideais de vida social harmônica integrada a um 
estilo de vida sustentável, essas comunidades são organizadas a partir de 
princípios bem definidos: 
 
a) Os alimentos são produzidos de forma local e orgânica, sem 
utilização de agrotóxicos ou pesticidas. 
 
b) A energia é produzida a partir de sistemas renováveis. 
 
c) As casas são construídas com material de baixo impacto 
ambiental, técnicas conhecidas como bioconstrução ou arquitetura 
sustentável. 
d) São adotados esquemas de apoio social e familiar, com 
estímulo à diversidade cultural e espiritual. 
 
e) A governança é circular e o poder é exercido de forma mútua, 
com experiências inovadoras de tomada de decisões e consensos. 
 
f) Adoção de sistemas alternativos de compra e venda, como a 
Economia Solidária, Cooperativismo e Redes de Trocas. 
 
g) Prática de preservação e manejo dos ecossistemas presentes 
no local. 
 
h) Ativismo local e global em defesa do meio ambiente. 
 
Outro exemplo significativo de Sustentabilidade que mobiliza muitas 
comunidades é a Permacultura. Trata-se de um método holístico que visa o 
planejamento, atualização e manutenção de jardins, vilas, aldeias e 
comunidades ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e viáveis do 
ponto de vista financeiro. 
 
A Permacultura foi criada na década de 1970 pelos ecologistas 
australianos Bill Mollison e David Holmgren e seu nome deriva de permanent 
agriculture, agricultura permanente. O termo foi estendido para permanent 
culture, ou cultura permanente. Inicialmente, a ideia era de sustentabilidade 
ecológica, conceito que evoluiu para a sustentabilidade das comunidades. 
 
Os princípios da Permacultura estão baseados nas ideias de Mollison. 
Ele afirmava que a única decisão verdadeiramente ética é a 
 
 
11 
responsabilidade que cada um toma para si sobre sua própria existência e 
sobre a existência de seus filhos. 
 
O conceito enfatiza a aplicação de forma criativa dos princípios 
básicos da natureza, buscando a integração de plantas, animais, 
construções e pessoas para proporcionar um ambiente produtivo, estético e 
harmônico. Há nessa proposta um paralelo com a Agricultura Natural, cujos 
conceitos inspiraram os criadores da Permacultura. 
 
Agora que já descrevemos o conceito de Sustentabilidade e 
buscamos dois exemplos práticos sobre o tema, vamos concluir com um 
resumo essa conceituação antes de partir para o próximo passo do nosso 
curso. 
 
Lembre-se: Sustentabilidade é a exploração racional e equilibrada 
dos recursos naturais no desenvolvimento de qualquer atividade, seja 
utilizando os dois lados de uma folha de papel ou separando o lixo para a 
coleta seletiva, seja adotando medidasde menor impacto ambiental ao 
construir um edifício. 
 
Mesmo nas atividades com grande impacto ambiental, como o corte 
de árvores ou a construção de uma hidrelétrica, é possível adotar práticas 
sustentáveis, de redução de danos ou de reparação ao meio ambiente e às 
comunidades, sem que isso comprometa a viabilidade econômica do projeto. 
 
 
1.1 – O que é sustentabilidade? 
 
Vamos supor que o aluno ainda não esteja suficientemente com o que 
viu até agora sobre o conceito de Sustentabilidade. Nesse caso, podemos 
ser ainda mais diretos e específicos para embasar uma definição mais 
específica sobre o tema. 
 
Agir de forma sustentável, ou seja, promover a sustentabilidade, é agir 
buscando os melhores resultados para as pessoas, para a sociedade e para 
o meio ambiente da atualidade e também do futuro. 
 
Portanto, Sustentar é suprir as necessidades de agora de forma a que 
aqueles que virão depois de nós, as gerações futuras, possam suprir as 
suas necessidades contando com os mesmos ou melhores recursos naturais 
de que dispomos no presente. 
 
O termo Sustentável tem origem na palavra latina sustinere, ou seja, 
manter vivo, defender, preservar. No âmbito econômico, um projeto 
sustentável é aquele que defende ou restitui os recursos consumidos na sua 
execução, levando em conta que as ações praticadas no presente têm 
consequências sobre as futuras gerações. Ou seja, não basta devolver ao 
meio ambiente os recursos consumidos, mas é necessário relacionar o 
consumo com a manutenção dos recursos. 
 
 
12 
Como veremos no decorrer deste curso, a Sustentabilidade é um 
conceito que dialoga cada vez mais com as atividades humanas em todos os 
níveis, a começar pelas ações conscientes no cotidiano doméstico, 
passando por métodos e processos sustentáveis no ambiente corporativo e 
estende-se ao âmbito econômico. 
 
Veremos que a Gestão Sustentável de uma empresa, comunidade, ou 
país devem levar em conta a recuperação e valorização de capitais 
humanos, natural e monetário de forma a agregar valor aos resultados. 
 
Apenas para que possamos refletir acerca da importância da 
Sustentabilidade, lembremos que, de toda matéria-prima extraída da 
natureza, apenas um décimo se transforma efetivamente em produtos, 
sendo que 90% desses recursos se transformam em resíduos descartáveis 
ou recicláveis. 
 
Portanto, minimizar o desperdício e assegurar a preservação e a 
renovação das fontes de recursos do meio ambiente é um compromisso que 
a sociedade contemporânea vem assumindo de forma cada vez mais 
responsável, com ações, projetos e legislação com vistas à Sustentabilidade. 
 
 
1.2 – Princípios da Sustentabilidade 
 
Conforme vimos anteriormente, a Sustentabilidade está relacionada 
com a manutenção dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais 
da sociedade em todas as suas dimensões. A seguir, vamos contextualizar 
alguns princípios da Sustentabilidade. 
 
Prevenção – Você certamente já ouviu a afirmação de que é mais 
fácil prevenir do que remediar. Pois em se tratando de meio ambiente, essa 
é também uma verdade cristalina. Também custa muito menos prevenir a 
degradação ambiental e a poluição do que investir em processos de 
recuperação e limpeza. 
 
Nossa Legislação Ambiental tornou-se uma das mais rigorosas e 
aprimoradas do mundo e já não basta que uma empresa implante estações 
de tratamento de resíduos como solução permanente, pois esse tipo de 
investimento apenas transfere a poluição para outro meio ou ecossistema, 
além de envolverem altos custos. 
 
A melhor forma de prevenir é exercer o controle integrado de poluição 
por meio de um sistema regulatório que abranja todos os aspectos 
ambientais. Esses métodos de controle integrado não estão restritos às 
empresas, mas podem ser adotados por condomínios, ecovilas ou 
comunidades em geral. 
 
Através deles, é possível identificar as atividades que tenham 
impactos negativos na qualidade de vida local. Por exemplo, ao invés de 
 
 
13 
manter uma simples estação de tratamento de efluentes antes de despejá-
los no rio, uma indústria de calçados deve desenvolver todo o ciclo de 
despoluição, controlando a separação e a destinação de resíduos tóxicos 
para reciclagem. 
 
São cada vez mais comuns os condomínios residenciais dotados de 
sistemas de reuso de águas e aproveitamento de águas da chuva. Com 
ações como essas, previne-se o desperdício e a degradação ambiental e as 
suas consequências. 
 
Precaução – Podendo ser adotado de forma coordenada com a 
prevenção, esse princípio leva em conta a possibilidade de ocorrência de 
impactos negativos de grandes dimensões ou irreversíveis. Baseia-se em 
diagnósticos científicos sobre as consequências de determinada ação sobre 
o meio ambiente e a população. 
 
Podemos ilustrar esse princípio com os Estudos de Impacto Ambiental 
e Relatórios de Impacto no Meio Ambiente (EIA/RIMA), previamente 
elaborados pelos órgãos de licenciamento ambiental antes da liberação de 
obras de grande impacto socioambientais. 
 
Poluidor/Pagador – Princípio específico da Legislação Ambiental 
estabelece a obrigatoriedade de correção ou recuperação do ambiente pela 
pessoa ou empresa que provocou dano ao meio ambiente, a quem cabe 
também assumir os encargos resultantes (pagar) e se comprometer com a 
suspensão imediata da ação ou projeto. 
 
Cooperação – As soluções de problemas ambientais e a gestão dos 
recursos naturais devem ser empreendidas de forma cooperada entre 
pessoas ou autoridades locais e os atores nacionais ou internacionais, 
desde o processo de planejamento e implementação de políticas, até a 
execução de planos e projetos concretos. 
 
Integridade – Nos anos 1970, os ambientes construídos de forma 
artificial, a exemplo dos condomínios, passaram a ser avaliados como 
ecossistemas urbanos, ou seja, passa-se a administrar esses ambientes 
como se fossem um sistema natural. 
 
Como acontece na natureza, é necessário manter o equilíbrio, 
evitando a exploração de recursos de forma indefinida e mantendo o 
desenvolvimento dentro dos limites da capacidade do sistema. 
 
Assim, formula-se as políticas de modo a garantir a proteção à 
biodiversidade e à manutenção dos processos ambientais e sistemas vitais. 
É possível ilustrar esse princípio com um fenômeno que vem acontecendo 
em muitas cidades de pequeno porte. 
 
A construção de grandes edifícios em ruas estreitas podem provocar 
alagamentos pela falta de capacidade de escoamento do sistema de esgoto 
 
 
14 
dessas vias que, sendo estreitas, não foram projetadas nem possuem 
infraestrutura, como galerias, para suportar o volume de água necessário 
para a manutenção de um prédio de 20 andares. 
 
Melhoria contínua – As políticas, planos e projetos devem ser 
desenvolvidos de forma que sua execução possa ser dinâmica e flexível a 
alterações e adaptações em qualquer estágio com vistas à sustentabilidade. 
 
Equidade – Estabelece a necessidade de assegurar a melhoria da 
qualidade de vida da população tanto nas gerações contemporâneas quanto 
nas futuras. Vamos exercitar um exemplo para esse princípio de 
sustentabilidade. 
 
Com a proximidade da realização da Copa do Mundo no Brasil, em 
2014, estão proliferando as obras de infraestrutura e mobilidade no entorno 
dos estádios. São viadutos novos, passarelas, túneis e linhas de metrô e 
aeromóvel implantados com o objetivo único de melhorar o acesso aos 
estádios. Isso sem mencionar a reforma e a construção de novos estádios, 
todos com subsídios governamentais a fundo perdido, ou seja, são projetos 
financiados em grande parte por recursos públicos investidos sem a 
necessidade de ressarcimento. 
 
Não há dúvidas de que esses empreendimentos são necessários para 
a mobilidade, o conforto e qualidade de vida dos torcedores brasileiros e 
estrangeiros que irão aos estádios e algumas obras oferecem soluções 
efetivas para problemas de trânsito localizados. Terminada a Copa, no 
entanto, esses empreendimentos em poucoou nada contribuirão para a 
qualidade de vida da população. 
 
Integração – O crescimento econômico deve ter suas políticas 
associadas ao desenvolvimento social e a preservação dos recursos 
naturais, de forma sustentável. 
 
Participação e transparência – Sem o envolvimento de toda a 
comunidade, a sustentabilidade é inviável. A formulação e a execução de 
políticas ambientais devem ter a participação de amplos setores da 
sociedade, com as decisões sendo comunicadas de forma isenta e 
transparente. 
 
 
1.3 – O que são práticas de sustentabilidade? 
 
A Sustentabilidade na prática é muito simples e, em certos aspectos, 
já está incorporada nos hábitos de muitas pessoas. O desafio é ampliar os 
hábitos sustentáveis e ter consciência do quanto eles são importantes para a 
preservação do meio ambiente, com ganhos na qualidade de vida para 
todos. Vejamos alguns exemplos simples do cotidiano que fazem a 
diferença: 
 
 
 
15 
Vida longa – Congele as verduras e legumes pelo processo de 
branqueamento. Os vegetais devem ser mergulhados em água fervente. 
Quando a água voltar a ferver, retire do fogo e mergulhe os vegetais em 
água gelada. O choque térmico aumenta a vida útil, permitindo que as 
verduras e legumes possam ser guardados por um tempo mais longo, 
evitando o desperdício. 
 
Regionais – O consumo de alimentos típicos e ingredientes locais ou 
regionais significam economia, pois em seu preço não está embutido o custo 
de transporte. Além disso, os produtos regionais são mais íntegros porque 
foram menos manipulados no trajeto entre o produtor e o consumidor. 
 
Da estação – Prefira verduras, legumes e frutas da estação, que são 
mais saudáveis e custam menos. Assim como os regionais, são produzidos 
perto de você e, por isso, não dependem de transporte, o que representa 
custo menor e menos poluição. 
 
Recicle – As sobras de alimentos íntegros são a base de muitas 
receitas conhecidas de donas de casa há muitas gerações, desde bolinhos 
de arroz, passando pelas sopas e cozidos, até as compotas e geléias. 
Alguns talos, folhas e sementes têm grande valor nutritivo. 
 
Planejamento – Como em qualquer atividade, planeje antes de 
executar, definindo um cardápio para a semana. Isso evita o desperdício 
com frutas, legumes e verduras, permitindo comprar somente o que será 
utilizado para a preparação das refeições. 
 
Orgânicos – As feiras livres são comuns mesmo em grandes centros 
urbanos e oferecem produtos cultivados sem a utilização de agrotóxicos e 
pesticidas. 
 
Ao contrário das frutas e legumes cuidadosamente lustrados à 
exposição nas grandes redes de supermercados, os produtos das feiras 
podem não encher os olhos pela aparência, mas toda dona de casa conhece 
as vantagens que os orgânicos proporcionam. Alguns estabelecimentos 
dispõem de quiosques de produtos orgânicos ou cultivados dentro dos 
princípios de sustentabilidade e da permacultura. 
 
Reciclagem – Ao optar por alimentos com embalagens simples ou 
mesmo sem embalagens plásticas, você estará reduzindo a quantidade de 
lixo a ser gerada. Evite sucos e refrigerantes em embalagens descartáveis, 
optando por garrafas retornáveis. Procure adquirir as quantidades 
adequadas para o consumo para evitar as sobras e o desperdício. 
 
Corretos – Assim como os alimentos orgânicos, podemos optar por 
outros produtos ecológicos, cujos estágios de fabricação levaram em conta o 
impacto ambiental. Muitos fabricantes disponibilizam essas informações em 
catálogos ou na própria etiqueta, o que facilita a identificação desses 
procedimentos. 
 
 
16 
Outra dica de consumo sustentável é optar por materiais que possam 
ser reaproveitados ou que disponham de refis. Reduza o uso de pilhas, 
baterias e cartuchos que não sejam recarregáveis. Sempre que possível, 
opte pelos produtos feitos à base de material reciclável. 
 
Quando for ao supermercado, leve sua própria sacola e recuse as 
sacolas plásticas. Esse material leva até 450 anos para se decompor. Em 
São Paulo, as sacolas plásticas representam 40% das embalagens 
descartadas e ocupam 20% do volume de resíduos dos depósitos de lixo 
(lixões). 
 
Lixo – Nem todas as cidades ou bairros dispõem de coleta seletiva de 
lixo e mesmo aqueles locais onde a separação de resíduos já é uma política 
pública, é preciso fiscalizar e cobrar ações de aperfeiçoamento por parte do 
poder público. Assim como a coleta seletiva, a destinação do lixo é um 
assunto de interesse de todos. Portanto, é importante participar das 
instâncias que tratam dessas políticas ou mesmo cobrar das autoridades 
mais rigor em relação a essas políticas. 
 
Separação – A separação do lixo para a reciclagem é fonte de 
trabalho e renda para muitas famílias nos grandes centros urbanos. No 
entanto, o processo de reciclagem deve começar em casa, com a separação 
dos materiais. 
 
Basta separar o lixo seco (garrafas, embalagens plásticas, papeis, 
vidro, metais) do lixo orgânico (restos de alimentos, restos de poda de 
folhagens e árvores, de corte da grama). Confira a tabela dos materiais que 
não podem ser reciclados para evitar a contaminação. Compacte o lixo antes 
de descartar para que ele faça menos volume e seja mais fácil de coletar. 
 
Rascunho – A produção de papel é a atividade que mais consome 
energia e água. Portanto, sua economia é fundamental para a preservação 
ambiental. Há quem pense que não vale a pena, mas utilizar os dois lados 
de uma folha de papel representa, em escala, uma grande economia de 
água e energia elétrica. Evite impressões desnecessárias de documentos, 
prefira as ferramentas e documentos virtuais de comunicação e recicle 
envelopes sempre que possível. 
 
Consumo de energia – O pico do consumo de energia no Brasil vai 
das 18h às 21h, quando são ligadas a iluminação pública e as luzes das 
residências. Nessa faixa de horário, devemos evitar o uso de 
eletrodomésticos como máquinas de lavar e secar roupas, ferro, chuveiro. 
 
Automóveis – A gasolina que abastece os automóveis vem do 
petróleo, um recurso natural em vias de esgotamento. Além do consumo de 
combustível, o automóvel é responsável pela poluição nas cidades, inclusive 
a sonora, além da emissão de gases que aumentam o efeito estufa. 
 
 
 
17 
Frear o uso irracional do carro, portanto, é um exemplo de 
comportamento sustentável com grande repercussão quando adotado em 
escala pela população. 
 
Economia de combustível, menos emissão de agentes poluentes, 
menos impacto na saúde das pessoas e no ambiente são motivos de sobra 
para se utilizar o carro somente quando necessário. Para estimular o uso do 
transporte coletivo e formas alternativas de deslocamento, algumas grandes 
capitais estão adotando pedágios nas zonas centrais, onde o 
estacionamento de veículos é proibido. 
 
Outras cidades criaram vias preferenciais para veículos que 
transportam mais de duas pessoas. Essa medida busca reduzir o número de 
veículos no trânsito, pois, ao invés de quatro carros, cada um transportando 
uma pessoa, faz com que apenas um veículo circule transportando quatro 
pessoas. 
 
São medidas paliativas, de impacto que talvez signifique muito pouco 
diante das quantidades de carros colocados no mercado a todo o momento 
pela indústria automobilística. Mas, assim como as demais iniciativas com 
vistas à sustentabilidade, representa muito se um grande número de 
pessoas se conscientizarem de que é necessário racionalizar o uso do 
automóvel. 
 
O uso racional inclui medidas preventivas, como fazer a manutenção 
constante no automóvel para manter o motor bem regulado e, assim, emitir 
menos poluentes e gastar menos combustível. Incluindo a verificação regular 
dos filtros de ar e óleo e das velas, calibragem e alinhamento dos pneus, 
entre outras medidas, a manutenção é importante, também, para a 
segurança. 
 
O ar-condicionado do carro consome até 5% a mais e deve ser 
utilizado somente em caso de necessidade. Também é importante evitar o 
excesso de carga, que aumenta o consumo decombustível e o desgaste do 
veículo. 
 
A direção defensiva, além de contribuir com a economia de 
combustível e reduzir a poluição, é uma questão de segurança, pois 
combate a agressividade no trânsito e, assim, previne acidentes. Arrancadas 
bruscas, aceleração ou freadas bruscas, assim como as “esticadas” de 
marcha e aceleração constante, gastam mais gasolina. 
 
Considerando a realidade local e o modo de vida das pessoas, deixar 
o carro na garagem um dia por semana representa uma grande redução na 
emissão de poluentes e uma vida mais saudável e sustentável. Basta 
lembrar que, a cada quilômetro, o automóvel lança no ar, em média, 430 
gramas de dióxido de carbono, o CO2, que é um dos gases que aumentam o 
efeito estufa. 
 
 
18 
Também emite duas gramas de monóxido de carbono, substância que 
uma vez absorvida pelo organismo, reduz a capacidade de circulação de 
oxigênio no sangue, além de 0,6 gramas de óxidos de nitrogênio, que 
provoca irritação nos olhos e no sistema respiratório, além de provocar 
enfisema pulmonar se inalado em grandes quantidades. 
 
A conta que devemos fazer para chegar a uma conclusão sobre a 
necessidade de reduzir o número de veículos nas ruas é muito simples. 
Quando deixamos de circular com o carro por um trajeto de 40 quilômetros 
estamos evitando a emissão de 880 quilos de dióxido de carbono na 
atmosfera, por exemplo. 
 
 
1.4 – A cidadania e o pensamento ecológico 
 
 
Imagem: Ipea/Divulgação 
 
Para uma compreensão mais ampla de Cidadania e Ecologia, vamos 
agora estudar o significado desses conceitos, a começar pela sua 
etimologia. 
 
Eco é uma palavra derivada da expressão oîkos, que em grego 
significa casa, incluindo o significado daquilo que uma casa contém, ou seja, 
os bens, a família e as suas formas de interação. Logos significa estudo. 
Ecologia, portanto, é oîkos logos ou, literalmente, em português, o “estudo 
da casa”, que num sentido mais amplo deve ser entendida como o estudo do 
ambiente. 
 
Cidadania vem do latim Civitas. Expressa a condição de uma pessoa 
no exercício dos seus direitos e deveres em relação ao Estado. 
 
Quando estudamos a conjunção dos conceitos de Ecologia e 
Cidadania podemos entender melhor a Ecologia enquanto estudo das 
relações entre as pessoas e o seu meio social, político e cultural. Portanto, 
Ecologia não é um conceito restrito à defesa do meio ambiente contra a 
destruição imposta pelo ser humano, mas abrange toda forma de interação 
deste com seus semelhantes e com o ambiente, bem como as suas 
interrelações. 
 
 
19 
 Ou seja, por Ecologia devemos entender todas as questões 
envolvidas nas relações sociais e com o meio ambiente de forma local ou 
global. Assim como temos consciência hoje de que os combustíveis, a 
energia e os recursos hídricos são finitos e de sua manutenção depende a 
sobrevivência da humanidade e do meio ambiente, também podemos 
considerar que a igualdade de direitos, o respeito aos direitos humanos e a 
qualidade de vida são fundamentais para a subsistência. 
 
A preservação dos rios e da vegetação nativa, a reciclagem dos 
resíduos, os projetos e um modo de vida ambientalmente sustentáveis são 
responsabilidades que cabem a todos os cidadãos, assim como é sua 
obrigação participar do esforço por uma sociedade melhor do ponto de vista 
social, por democracia e cidadania. 
 
Portanto, constatamos que todas as bandeiras da Ecologia são 
também bandeiras da cidadania e que, atualmente, esses conceitos não 
estão dissociados. Negligenciar um é negligenciar o outro. Vejamos isso na 
prática. 
 
Quando uma indústria desrespeita o meio ambiente e despeja 
resíduos sem tratamento em um rio, está cometendo uma infração 
ambiental, mas sua ação também terá desdobramentos sociais, pois 
contribui com isso para comprometer a qualidade de vida das comunidades, 
provocando problemas de saúde, por exemplo. 
 
Na busca de uma relação mais harmônica entre as pessoas, dessas 
com as outras espécies e com o meio ambiente, não é suficiente apenas 
entender o que precisa ser mudado, mas ser ativista no sentido de mudar o 
comportamento e mobilizar a sociedade em busca de ações efetivas. 
 
E essa mobilização começa com moradores de uma mesma rua ou 
comunidade, evoluindo para instâncias organizadas da sociedade que 
amplificarão as reivindicações, ainda que elas não tenham a ver apenas com 
uma questão local, mas sejam de amplitude global. Ou seja, a preservação 
do planeta requer que pensemos de forma global e ajamos de forma local. 
 
E quando nos referimos às instâncias organizadas da sociedade, que 
têm um papel de amplificar as demandas em defesa do meio ambiente e da 
cidadania, estamos falando das diversas formas de organização da 
sociedade, como os sindicatos, as organizações não governamentais, a 
escola, os meios de comunicação, o poder público e os legisladores. É 
através dessas instituições que são encaminhadas as reivindicações da 
sociedade para que elas possam ser amplificadas e resultem em ações 
efetivas. 
 
A proposta que está colocada nos dias de hoje é a mudança de 
comportamento provocada pela conscientização de que cada ser humano 
deve fazer a sua parte por entender que os recursos naturais não são 
 
 
20 
inesgotáveis e deles dependem a continuidade da espécie humana e das 
demais formas de vida do planeta. 
 
A percepção da sociedade sobre a urgência das questões ambientais 
vem se deslocando para um plano mais consciente nas últimas décadas. Se 
num passado recente não fazia sentido afirmar que os recursos naturais são 
finitos, atualmente o tema da sustentabilidade é prioridade em toda atividade 
da sociedade e do Estado. 
 
Também o conceito de cidadania hoje já não se limita à nacionalidade 
ou ao território, uma vez que a defesa dos direitos humanos e do meio 
ambiente reveste o exercício da cidadania com um caráter global, 
transnacional. 
 
Portanto, podemos afirmar que a atuação política do cidadão vai além 
da sua nacionalidade, pois as questões de interesse da humanidade, as 
bandeiras universais, ultrapassam as fronteiras. São problemas globais que 
mobilizam cidadãos em qualquer parte do mundo. 
 
Temas como o processo de industrialização, o capital financeiro, os 
deslocamentos humanos, a miséria, os desmatamentos e queimadas, o 
mercado de trabalho, a inclusão digital, agrupadas em agendas econômicas, 
sociais, ambientais e políticas se universalizaram, transcenderam as 
fronteiras dos países. 
 
Em contraposição à força política do Estado e ao poderio econômico 
do mercado, surge a cidadania planetária, consciente da sua capacidade de 
mobilização em defesa da sustentabilidade e da justiça social. 
 
Podemos tomar como exemplo as campanhas humanitárias, de 
denúncia de violação dos direitos humanos e dos crimes de guerra, de 
abuso do poder econômico, de corrupção política e abuso do poder por 
chefes de estado, além, é claro, das iniciativas que denunciam a destruição 
do meio ambiente. Nesse contexto, a cidadania planetária, em conjunto com 
as ONGs, tem forçado conquistas em nível global. 
 
No plano ambiental, a pressão da opinião pública imbuída desse 
conceito de cidadania planetária tem colocado na agenda dos países ricos o 
debate sobre a destruição do meio ambiente e forçado a adoção de medidas 
para a redução da emissão de poluentes. 
 
O alerta sobre o esgotamento dos recursos não renováveis e as 
mudanças climáticas fez com que as Nações Unidas promovessem, no início 
dos anos 1970, em Estocolmo, a Conferência para o Meio Ambiente 
Humano. 
 
Esse evento foi considerado um dos primeiros foros de discussão 
sobre o futuro do planeta, pois a preocupação com o meio ambiente, até 
então, se restringia a iniciativa isoladas de ambientalistas e ONGs, e era por 
 
 
21 
muitos considerada coisa de fanáticos. Pela primeira vez na história da 
humanidade a degradação do meio ambiente passou a ser considerada 
como consequência do desenvolvimento econômico. 
 
Os desafios a serem enfrentadospara frear a destruição do planeta 
ganhariam maior destaque em 1992, com a realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, a ECO 92. 
 
Temas como desarmamento e arsenal nuclear, fome, emissão de 
poluentes, conflitos armados, narcotráfico, inclusão e igualdade racial entram 
na agenda do evento junto com as questões ambientais, dando início à 
associação entre Ecologia e Cidadania. 
 
No mesmo ano, aconteceu de forma paralela o Fórum Global 92, que 
é concluído com a elaboração da Carta da Terra. O documento propõe o 
conceito de pensar de forma global e agir de forma local, além de 
estabelecer os princípios de cidadania planetária. A seguir, reproduzimos a 
íntegra do documento apenas para referência: 
 
 
“CARTA DA TERRA” 
 
PREÂMBULO 
 
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa 
época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o 
mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao 
mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, 
devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas 
e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre 
com um destino comum. 
 
Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global 
fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na 
justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é 
imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade 
uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras 
gerações. 
 
TERRA, NOSSO LAR 
 
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, 
nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da 
natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra 
providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. 
 
A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar 
da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com 
todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, 
 
 
22 
solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus 
recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção 
da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. 
 
A SITUAÇÃO GLOBAL 
 
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando 
devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção 
de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. 
 
Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos 
eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A 
injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e 
são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da 
população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As 
bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são 
perigosas, mas não inevitáveis. 
 
DESAFIOS FUTUROS 
 
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e 
uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. 
São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e 
modos de vida. 
 
Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem 
supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais 
e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para 
abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. 
 
O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas 
oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos 
desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão 
interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas. 
 
RESPONSABILIDADE UNIVERSAL 
 
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido 
de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre 
como um todo, bem como com nossas comunidades locais. 
 
Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um 
mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um 
compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da 
família humana e de todo o mundo dos seres vivos. 
 
O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida 
é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com 
 
 
23 
gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser 
humano ocupa na natureza. 
 
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores 
básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial 
emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes 
princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como 
padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, 
organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida 
e avaliada. 
 
PRINCÍPIOS 
 
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA 
 
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. 
a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma 
de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres 
humanos. 
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no 
potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade. 
 
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e 
amor. 
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos 
naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de 
proteger os direitos das pessoas. 
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do 
poder, vem a 
maior responsabilidade de promover o bem comum. 
 
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, 
sustentáveis e pacíficas. 
a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os 
direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a 
cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial. 
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a 
obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja 
ecologicamente responsável. 
 
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às 
futuras gerações. 
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada 
pelas necessidades das gerações futuras. 
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que 
apoiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da 
Terra a longo prazo. 
 
 
 
 
24 
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA 
 
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, 
com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais 
que sustentam a vida. 
a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de 
desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a 
reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de 
desenvolvimento. 
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, 
incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os 
sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e 
preservar nossa herança natural. 
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados. 
d. Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados 
geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio 
ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais. 
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos 
florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de 
regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas. 
f. Administrar a extração e o uso de recursos não renováveis, como 
minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o 
esgotamento e não causem dano ambiental grave. 
 
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção 
ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura 
de precaução.a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou 
irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for 
incompleto ou não conclusivo. 
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade 
proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes 
interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental. 
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as consequências 
cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das 
atividades humanas. 
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir 
o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias 
perigosas. 
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente. 
 
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam 
as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-
estar comunitário. 
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de 
produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser 
assimilados pelos sistemas ecológicos. 
 
25 
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada 
vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e 
do vento. 
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa 
de tecnologias 
ambientais seguras. 
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços 
no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos 
que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais. 
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a 
saúde reprodutiva e a reprodução responsável. 
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e 
subsistência material num mundo finito. 
 
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o 
intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido. 
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à 
sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações 
em desenvolvimento. 
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria 
espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção 
ambiental e o bem-estar humano. 
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e 
para a proteção ambiental, incluindo informação genética, 
permaneçam disponíveis ao domínio público. 
 
 
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA 
 
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. 
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, 
aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, 
alocando os recursos nacionais e internacionais demandados. 
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma 
condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e 
segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta 
própria. 
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que 
sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e 
alcançarem suas aspirações. 
 
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os 
níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e 
sustentável. 
a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as 
nações. 
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais 
das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas 
internacionais onerosas. 
 
 
26 
c. Assegurar que todas as transações comerciais apoiem o uso de 
recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas 
progressistas. 
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras 
internacionais atuem com transparência em benefício do bem 
comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas 
atividades. 
 
11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos 
para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à 
educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas. 
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar 
com toda violência contra elas. 
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da 
vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras 
plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. 
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os 
membros da família. 
 
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um 
ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a 
saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos 
direitos dos povos indígenas e minorias. 
a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas 
em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem 
nacional, étnica ou social. 
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, 
conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas 
relacionadas com condições de vida sustentáveis. 
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a 
cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. 
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e 
espiritual. 
 
 
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ 
 
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover 
transparência e responsabilização no exercício do governo, 
participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça. 
a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e 
oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de 
desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais 
tenham interesse. 
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a 
participação significativa de todos os indivíduos e organizações 
interessados na tomada de decisões. 
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião 
pacífica, de associação e de oposição. 
 
 
27 
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais 
administrativos e independentes, incluindo retificação e 
compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos. 
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. 
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus 
próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos 
níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais 
efetivamente. 
 
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, 
os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de 
vida sustentável. 
a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades 
educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o 
desenvolvimento sustentável. 
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das 
ciências, na educação para sustentabilidade. 
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento 
da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais. 
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma 
condição de vida sustentável. 
 
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. 
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e 
protegê-los de sofrimento. 
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca 
que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. 
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de 
espécies não visadas. 
 
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. 
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a 
cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações. 
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e 
usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e 
resolver conflitos ambientais e outras disputas. 
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma 
postura defensiva não provocativae converter os recursos militares 
para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica. 
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de 
destruição em massa. 
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção 
ambiental e a paz. 
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas 
consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, 
com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte. 
 
 
 
 
 
28 
O CAMINHO ADIANTE 
 
Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a 
buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da 
Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a 
adotar e promover os valores e objetivos da Carta. 
 
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo 
sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. 
Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de 
vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. 
 
Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes 
culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. 
Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, 
porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento 
por verdade e sabedoria. 
 
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto 
pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar 
caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da 
liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo 
prazo. 
 
Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital 
a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições 
educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-
governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma 
liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é 
essencial para uma governabilidade efetiva. 
 
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do 
mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir 
com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e 
apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um 
instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o 
desenvolvimento. 
 
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova 
reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a 
sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a 
alegre celebração da vida. 
 
 
A consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável na ECO 
92 se deu a partir do consenso contra as práticas que agridem ao meio 
ambiente. 
 
 
 
29 
Essas ações foram identificadas em todo o planeta e, a partir da sua 
análise, foram aprovadas propostas de redução ou eliminação dos danos 
ambientais como, por exemplo, o reflorestamento em áreas desmatadas, 
entre outras ações compensatórias. 
 
Foram estabelecidos os conceitos de responsabilidade do 
contaminador nos planos econômico e financeiro, bem como de precaução, 
ou seja, a ação preventiva do dano. Na ECO 92, aprofunda-se o debate a 
partir do reconhecimento de que a deterioração ambiental decorre da 
atividade econômica. A urgência de cooperação, desenvolvimento e 
investimento em práticas sustentáveis em nível global surge como 
alternativa para frear a destruição do planeta. 
 
Outra iniciativa exemplar da indissociabilidade entre Ecologia e 
Cidadania é o Fórum Social Mundial, realizado de 2001 a 2003 e em 2005 
na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e em Mumbai, na índia, 
em 2004. 
 
Como define a Carta de Princípios, o Fórum Social Mundial é um 
espaço internacional para a reflexão e organização de todos os cidadãos 
que se contrapõem ao processo de globalização neoliberal e se propõem a 
construir alternativas que favoreçam o desenvolvimento humano e a busca 
da superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações 
internacionais. 
 
“Um outro mundo é possível”, propõem o slogan do FSM, que a partir 
de 2006 foi realizado no continente africano e em outros países, inclusive 
retornando ao Brasil em 2010. 
 
Em contraposição ao Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, 
o Fórum Social Mundial é considerado a maior instância de debate e 
proposição de ações com vistas ao exercício da cidadania planetária, 
organizando o debate e as proposições em todos os níveis, inclusive no 
campo da Educação. 
 
Ele propõe uma globalização alicerçada na solidariedade e na 
sustentabilidade como alternativa à exclusão social e econômica, à 
desigualdade e à destruição ambiental, mobilizando cidadãos, organizações 
e entidades representativas da sociedade civil numa atuação local e global. 
 
 
A seguir, reproduzimos a íntegra da Carta de Princípios do FSM: 
 
“Carta de Princípios do Fórum Social Mundial” 
 
O Comitê de entidades brasileiras que idealizou e 
organizou o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto 
Alegre de 25 a 30 de janeiro de 2001, considera necessário e 
legítimo, após avaliar os resultados desse Fórum e as 
 
 
30 
expectativas que criou, estabelecer uma Carta de Princípios que 
oriente a continuidade dessa iniciativa. 
 
Os Princípios contidos na Carta, a ser respeitada por todos 
que queiram participar desse processo e organizar novas edições 
do Fórum Social Mundial, consolidam as decisões que presidiram 
a realização do Fórum de Porto Alegre e asseguraram seu êxito, e 
ampliam seu alcance, definindo orientações que decorrem da 
lógica dessas decisões. 
 
1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro 
para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de 
idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e 
a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da 
sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do 
mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão 
empenhadas na construção de uma sociedade planetária 
orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e 
destes com a Terra. 
 
2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento 
localizado no tempo e no espaço. A partir de agora, na certeza 
proclamada em Porto Alegre de que "um outro mundo é possível", 
ele se torna um processo permanente de busca e construção de 
alternativas, que não se reduz aos eventos em que se apóie. 
 
3. O Fórum Social Mundial é um processo de caráter 
mundial. Todos os encontros que se realizem como parte desse 
processo tem dimensão internacional. 
 
4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial 
contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas 
grandes corporações multinacionais e pelos governos e 
instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a 
cumplicidade de governos nacionais. 
 
Elas visam fazer prevalecer, como uma nova etapa da 
história do mundo, uma globalização solidária que respeite os 
direitos humanos universais, bem como os de todos os cidadãos e 
cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em 
sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da 
justiça social, da igualdade e da soberania dos povos. 
 
5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente 
entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do 
mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da 
sociedade civil mundial. 
 
 
 
31 
6. Os encontros do Fórum Social Mundial não têm caráter 
deliberativo enquanto Fórum Social Mundial. Ninguém estará, 
portanto autorizado a exprimir, em nome do Fórum, em qualquer 
de suas edições, posições que pretenderiam ser de todos os 
seus/suas participantes. Os participantes não devem ser 
chamados a tomar decisões, por voto ou aclamação, enquanto 
conjunto de participantes do Fórum, sobre declarações ou 
propostas de ação que os engajem a todos ou à sua maioria e 
quese proponham a ser tomadas de posição do Fórum enquanto 
Fórum. 
 
Ele não se constitui, portanto, em instancia de poder, a ser 
disputado pelos participantes de seus encontros, nem pretende se 
constituir em única alternativa de articulação e ação das entidades 
e movimentos que dele participem. 
 
7. Deve ser, no entanto, assegurada, a entidades ou 
conjuntos de entidades que participem dos encontros do Fórum, a 
liberdade de deliberar, durante os mesmos, sobre declarações e 
ações que decidam desenvolver, isoladamente ou de forma 
articulada com outros participantes. 
 
O Fórum Social Mundial se compromete a difundir 
amplamente essas decisões, pelos meios ao seu alcance, sem 
direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas 
como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que 
as tenham assumido. 
 
8. O Fórum Social Mundial é um espaço plural e 
diversificado, não confessional, não governamental e não 
partidário, que articula de forma descentralizada, em rede, 
entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível 
local ao internacional, pela construção de um outro mundo. 
 
9. O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto 
ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e atuações das 
entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à 
diversidade de gênero, etnias, culturas, gerações e capacidades 
físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios. 
 
Não deverão participar do Fórum representações 
partidárias nem organizações militares. Poderão ser convidados a 
participar, em caráter pessoal, governantes e parlamentares que 
assumam os compromissos desta Carta. 
 
 
10. O Fórum Social Mundial se opõe a toda visão totalitária 
e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história e 
ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado. 
 
 
32 
Propugna pelo respeito aos Direitos Humanos, pela prática de 
uma democracia verdadeira, participativa, por relações 
igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, gêneros e 
povos, condenando todas as formas de dominação assim como a 
sujeição de um ser humano pelo outro. 
 
11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é 
um movimento de idéias que estimula a reflexão, e a 
disseminação transparente dos resultados dessa reflexão, sobre 
os mecanismos e instrumentos da dominação do capital, sobre os 
meios e ações de resistência e superação dessa dominação, 
sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de 
exclusão e desigualdade social que o processo de globalização 
capitalista, com suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras 
do meio ambiente está criando, internacionalmente e no interior 
dos países. 
 
12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de 
experiências, estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo 
das entidades e movimentos que dele participam, valorizando seu 
intercâmbio, especialmente o que a sociedade está construindo 
para centrar a atividade econômica e a ação política no 
atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à 
natureza, no presente e para as futuras gerações. 
 
13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, 
procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e 
internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, que 
aumentem, tanto na esfera da vida pública como da vida privada, 
a capacidade de resistência social não violenta ao processo de 
desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada 
pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso 
pela ação desses movimentos e entidades. 
 
14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as 
entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, 
do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas 
instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, 
introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que 
estejam experimentando na construção de um mundo novo 
solidário. 
 
Aprovada e adotada em São Paulo, em 9 de abril de 2001, 
pelas entidades que constituem o Comitê de Organização do 
Fórum Social Mundial, aprovada com modificações pelo Conselho 
Internacional do Fórum Social Mundial no dia 10 de junho de 
2001. 
 
 
 
33 
1.5 – A importância da educação ambiental nas escolas 
 
 
 
 
Podemos definir Educação Ambiental como um processo fortemente 
marcado pela participação, no qual cabe ao aluno o protagonismo na relação 
ensino/aprendizagem. O educando assume uma participação ativa na 
identificação dos problemas relativos ao meio ambiente e propõe soluções, 
atuando como transformador da realidade. 
 
A Educação Ambiental busca o desenvolvimento das habilidades e 
competências com vistas à multiplicação do comportamento ético, voltado 
para o exercício da cidadania e da sustentabilidade. 
 
A meta é a identificação de valores fundamentais para que o cidadão 
e a sociedade convivam em harmonia com o meio ambiente e a sua 
diversidade. Induz o educando a uma análise criteriosa e critica do modelo 
de sociedade e do desenvolvimento econômico vigentes, que têm provocado 
à eliminação dos recursos naturais e dos ecossistemas. 
 
A Educação Ambiental parte de um processo de conscientização de 
que os recursos naturais como a água, os combustíveis e a madeira, não 
são inesgotáveis, pois suas reservas podem terminar, colocando em risco a 
sobrevivência da humanidade e do planeta. 
 
Portanto, esses recursos devem ser utilizados de forma racional, sem 
desperdício e com a adoção de práticas de reciclagem para um melhor 
aproveitamento dos materiais, como a reutilização, a reciclagem, a 
reposição, entre outras iniciativas. 
 
A continuidade da vida no planeta será inviável sem o respeito e a 
preservação de todas as espécies e formas de vida. Como única espécie 
capaz de destruir o meio ambiente em larga escala, cabe à humanidade 
adotar com urgência um modo de vida sustentável para a manutenção da 
biodiversidade e dos recursos naturais, pois destes dependem a 
sobrevivência de todos. 
 
 
34 
 
No âmbito dessa preocupação com a sobrevivência no planeta está 
incluído o planejamento do uso e da ocupação do solo rural e urbano, a 
concepção de projetos sustentáveis de moradia, trabalho, transporte e lazer 
para as populações, bem como reservas de terras para a agricultura e de 
preservação ambiental. 
 
 
Como incluir a Educação Ambiental no currículo escolar 
 
Local de aprendizado é na escola que ocorre a formação social dos 
alunos. É nesse espaço que se concretizam os valores para a vida, incluídos 
aí os conceitos de cidadania e, por consequência, das responsabilidades 
individuais frente à sociedade. 
 
A preservação do meio ambiente se insere nesse conjunto de 
responsabilidades, proporcionando aos alunos o desenvolvimento de 
comportamentos ambientalmente sustentáveis através da vivência de 
práticas de preservação do meio ambiente no cotidiano da escola. 
 
A importância do tema Meio Ambiente e um conceito de integração 
global sempre fez parte do currículo escolar, embora sua ênfase e 
efetividade sejam discutíveis através das décadas. Atualmente, essa 
abordagem se mostra mais consciente e presente nos projetos político-
pedagógicos de uma maneira geral, seja nas escolas públicas, seja nas 
instituições de ensino do setor privado. 
 
Trata-se de uma proposta que disponibiliza aos alunos os meios, as 
ferramentas e as informações necessárias para uma compreensão dos 
fenômenos da natureza e dos resultados que as ações humanas provocam 
ao meio ambiente como um todo. A Educação Ambiental nas escolas atua 
para que cada aluno possa desenvolver seus próprios potenciais. 
 
Quando afirmamos que a Educação Ambiental estimula nos alunos o 
protagonismo, isso quer dizer que ela os incentiva a atuar de forma 
consciente, adotar posturas próprias e um comportamento socialmente 
construtivo com vistas a uma sociedade mais justa e sustentável do ponto de 
vista ambiental. 
 
Os conteúdosambientais têm uma correlação com todas as 
disciplinas do currículo. Isso permite uma contextualização dos temas 
relativos ao meio ambiente com a realidade do aluno e proporciona uma 
visão integral do mundo no qual ele se insere e tem um papel muito 
importante a desempenhar na sua preservação. 
 
A Educação Ambiental, portanto, precisa ser um conteúdo a ser 
desenvolvido de forma transversal, interdiscplinar, abrangendo todos os 
níveis educacionais. Além de estar inserida nos currículos escolares das 
 
 
35 
demais disciplinas, deve ser vivenciada não apenas do ponto de vista 
teórico, mas amplamente alicerçada em atividades práticas. 
 
Visto que a Educação Ambiental pressupõe uma fundamentação 
teórica e prática, vamos elencar os temas e as atividades que podem 
proporcionar a reflexão, o aprendizado e também vivência prática dos alunos 
em elação à temática ambiental. 
 
As disciplinas do currículo escolar oferecem amplas oportunidades de 
aprendizado sob a ótica da Educação Ambiental. Os conteúdos de biologia, 
química, física, geografia, ciências sociais proporcionam um rico 
aprendizado no âmbito da Educação Ambiental, pois colocam o aluno a par 
do funcionamento da matéria e dos organismos da natureza, bem como das 
suas relações. 
 
Mesmo por meio da matemática e da língua portuguesa, entre outras 
disciplinas, é possível estabelecer relações para um aprendizado em relação 
ao meio ambiente e a sustentabilidade. Essa interdisciplinaridade é 
indissociável do currículo escolar a ponto de ser trabalhada de forma 
sistemática na preparação dos alunos para a universidade e muitas 
questões das provas de vestibulares evidenciam a correlação entre 
Educação Ambiental e as demais disciplinas. 
 
De forma específica, o ensino-aprendizagem engloba os fenômenos 
naturais, as mudanças climáticas, as reservas naturais, a interação do 
homem com a natureza e o futuro do planeta. 
 
Na prática, a Educação Ambiental dispõe dos trabalhos em sala de 
aula ou nos laboratórios da escola, a participação da turma em palestras, 
oficinas, feiras de ciências e trabalhos de campo que podem incluir a 
exploração de parques e jardins botânicos, museus, jardim zoológico, sítios 
arqueológicos e reservas naturais. 
 
Nessa gama de possibilidades de trabalho de campo que deverá levar 
em conta a realidade da escola e dos alunos, os professores terão à sua 
disposição os subsídios para uma atuação que valoriza e enriquece o 
processo de ensino-aprendizagem ambiental. 
 
E nesse trabalho, não apenas a comunidade escolar, mas a 
comunidade como um todo poderá ser envolvida se, por exemplo, 
pensarmos um projeto de resgate da história local, do seu ecossistema, das 
ações que estão provocando a degradação do meio ambiente ou de 
iniciativas sustentáveis que estão em desenvolvimento. 
 
Perceba que a Educação Ambiental proporciona o aprendizado 
teórico e prático dos temas com vistas à sustentabilidade e também formas 
de intervenção. Podemos entender melhor essa premissa se considerarmos 
que os conteúdos trabalhados levam ao entendimento das questões 
 
 
36 
envolvidas por meio da reflexão e da coleta de informações, mas também 
mobilizam os alunos para ações. 
 
Por exemplo, se no trabalho de campo a turma constatar que em 
determinada rua ou bairro não existe coleta seletiva ou os moradores não 
estão mobilizados na separação do lixo, esse estudo poderá ser 
transformado em um projeto de implantação do serviço pela prefeitura, 
acompanhado de consultoria ambiental às famílias. Os conteúdos 
trabalhados serão necessários para o entendimento dos problemas e, a 
partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de 
intervenção. 
 
 
Educação Ambiental – Princípios 
 
Toda atividade curricular passa pelo planejamento da comunidade 
escolar e da gestão educacional. Portanto, tudo que vimos até agora sobre 
Educação Ambiental deve ser entendido como uma proposta vinculada à 
realidade da instituição e da comunidade com vistas à sua viabilidade e 
legitimação. 
 
Também a Educação Ambiental deve ser considerada no âmbito da 
formação pedagógica dos professores e estar alicerçada nos seus 
princípios. Quando falamos de Educação Ambiental, devemos ter por base 
uma série de princípios: sensibilização, compreensão, responsabilidade, 
competência e cidadania, conforme veremos a seguir: 
 
Sensibilização – O passo inicial com vistas a um pensamento 
sistêmico é a sensibilização para o tema ambiental. Devemos entender a 
urgência das questões ambientais e nos mobilizar para uma atuação cidadã, 
com vistas a uma sociedade sustentável. 
 
Compreensão – A mobilização em torno do tema passa pelo 
conhecimento dos elementos, dos mecanismos e das relações envolvidas 
nos sistemas naturais, os quais devemos compreender. 
 
Responsabilidade – Partindo da premissa de que somos 
protagonistas em relação ao meio ambiente, tanto do ponto de vista das 
ações que levam à sua degradação, quanto da nossa capacidade de atuar 
por um mundo sustentável, podemos entender a dimensão da nossa 
responsabilidade frente à questão ambiental. 
 
Competência – Devemos desenvolver habilidades e a capacidade de 
avaliação e de ações efetivas com relação ao equilíbrio ambiental. 
 
Cidadania – A participação ativa, o restabelecimento e a preservação 
de direitos, bem como a promoção de um modo de vida com base em 
princípios éticos devem nortear o esforço coletivo com vistas a uma 
conciliação entre meio ambiente e sociedade. 
 
 
37 
Finalidades da Educação Ambiental 
 
A Educação para o meio ambiente é um conceito relativamente novo 
na escola. A definição de Educação Ambiental surge pela primeira vez de 
forma clara em um documento oficial em 1974, com a publicação pela 
Unesco dos Princípios de Educação Ambiental, por ocasião do seminário 
realizado em Tammi, na Finlândia. No ano seguinte, na Conferência da 
Unesco em Belgrado, a finalidade da Educação Ambiental foi definida como: 
 
 
“Formar uma população mundial consciente e preocupada 
com o ambiente e com os problemas com ele relacionados, uma 
população que tenha conhecimento, competências, estado de 
espírito, motivações e sentido de empenhamento que lhe 
permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver 
os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam”. 
 
 
Antes disso, nas décadas de 1970 e 1980, foram realizadas diversas 
conferências internacionais, que deram origem a uma grande base de 
documentos com vistas à concepção dos princípios universais para uma 
educação voltada para a sustentabilidade. 
 
Foi um longo processo até a concepção da Educação Ambiental como 
campo específico do conhecimento. Foram mais de 20 anos de debates, que 
começaram com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, realizada em Estocolmo no ano de 1972 até a Conferência 
Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 
realizada, no Rio de Janeiro, em 1992. 
 
A Agenda 21, resultante da Conferência do Rio 91, estabelece as 
diretrizes e objetivos de consenso em nível internacional sobre Educação 
Ambiental. 
 
Esse documento reúne os princípios que norteiam a Educação 
Ambiental na atualidade. Para ler a íntegra do relatório da Agenda 21, bem 
como outros documentos oficiais de interesse sobre o tema acesse 
http://www.ecolnews.com.br/agenda21/ 
 
O relatório da Agenda 21 destaca o papel da educação na promoção 
do desenvolvimento sustentável por meio de esforços dos países em torno 
da universalização da educação básica. 
 
Recomenda a promoção da educação ambiental a partir do ingresso 
das crianças na escola de forma a promover a integração dos conceitos de 
meio ambiente e desenvolvimento, com especial ênfase ao debate e 
enfrentamento dos problemas locais. 
 
 
 
38 
Conforme os princípios estabelecidos pela Agenda 21, as diretrizes 
básicas da Educação Ambiental a serem adotadas em nível mundial 
objetivam uma mudança de comportamento por meio do desenvolvimento apartir de práticas sociais ambientalmente responsáveis e menos danosas ao 
meio ambiente. 
 
Também estabelecem a adoção valores e concepções novas, com 
base na compreensão das relações entre sociedades humanas e o meio 
ambiente, dos problemas ambientais globais e locais. 
 
Essa Educação Ambiental abrange tanto a educação institucional 
como educação informal, dispensando uma atenção especial à educação 
promovida pelos organismos da sociedade civil organizada. 
 
Durante a Primeira Conferência Nacional de Educação Ambiental, em 
Brasília, no ano de 1997, foram definidos os papéis da sociedade civil na 
sistematização dos princípios da Educação ambiental no país, mas é a partir 
de 1999 que – a Educação Ambiental brasileira passa a ter uma legislação 
específica, a partir da lei de criação do Programa Nacional de Educação 
Ambiental (ProNEA), que iremos estudar a seguir no âmbito da Legislação 
Ambiental. 
 
 
 
1.6 – Legislação ambiental 
 
 
 
 
O Decreto Nº 4.281, de 25 de junho de 2002, regulamenta a Lei nº 
9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação 
Ambiental. Como vimos anteriormente, a Política Nacional de Educação 
Ambiental, na forma do Programa Nacional de Educação Ambiental 
(ProNEA), estabelece o marco legal sobre meio ambiente e educação no 
país. Antes do Brasil, os países que estabeleceram legislações e políticas 
específicas sobre meio ambiente foram Portugal (1976), Espanha (1978), 
Equador e Peru (1979) e Chile e Guiana (1980). 
 
 
O ProNEA tem como princípios: 
 
– uma visão humanista. 
– concepção do meio ambiente como um todo. 
– contempla a diversidade de idéias e concepções pedagógicas 
acerca do tema meio ambiente e educação. 
 
 
39 
– estabelece o respeito à pluralidade e à diversidade individual e 
cultural. 
– contempla os princípios de continuidade e avaliação do processo 
educativo. 
– cria os vínculos entre ética, educação, trabalho e práticas sociais. 
– aborda de forma articulada as questões ambientais locais, regionais, 
nacionais e mundiais. 
 
 
Histórico 
 
A Constituição de 1988 abordou, pela primeira vez na história do país, 
a temática do meio ambiente. Um capítulo foi destinado ao tema de forma a 
contemplar o seu conceito normativo, ou seja, relacionado ao aspecto da 
natureza, e também reconhecendo os desdobramentos de uma política 
ambiental, quais sejam: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do 
trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético que, por sua vez, 
são abordados em diversos da Constituição Federal. 
 
Destacamos o Artigo 225, que tem na Constituição um papel de 
articulação e orientação do meio ambiente, uma vez que engloba todos os 
direitos e obrigações do Estado e da sociedade no esforço de oferecer 
garantias para o equilíbrio do meio ambiente. Ressalta que os recursos 
naturais, assim como o meio ambiente como um todo, são um bem de uso 
comum da população e, por isso, deve ser preservado na sua integridade 
não somente para as gerações presentes, mas para as futuras gerações. 
 
A seguir, a íntegra do Artigo 225: 
 
“(...) 
 
Capítulo VI - Do meio ambiente 
 
Art.225 - Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público 
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe 
ao poder público: 
 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos 
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e 
ecossistemas; 
 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e 
manipulação de material genético; 
 
 
40 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente 
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa degradação 
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade; 
 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente; 
 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado 
a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente 
da obrigação de reparar os danos causados. 
 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a 
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são 
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, 
dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção 
dos ecossistemas naturais. 
 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter 
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão 
ser instaladas. 
(...)” 
 
 
 
 
41 
Embora delineada muito recentemente na comparação com outros 
países, a Legislação Ambiental brasileira é considerada uma das mais 
avançadas e bem fundamentadas do mundo no que se refere aos seus 
objetivos. Se, por um lado, os instrumentos jurídicos relativos ao meio 
ambiente no Brasil sejam uma referência global, inclusive do ponto de vista 
da sua efetividade, o mesmo não se pode dizer da sua aplicação. 
 
Ressaltamos este ponto para uma melhor compreensão: a Legislação 
Ambiental do país existe e é uma das mais avançadas no planeta. Se 
aplicadas e cumpridas corretamente, as 17 leis ambientais poderiam 
assegurar em grande escala a preservação da nossa fauna e flora e dos 
recursos naturais. 
 
No entanto, pelos mais diversos motivos que inviabilizam ou tornam 
falhas a sua execução, essas leis nem sempre são aplicadas de forma 
correta ou são sistematicamente descumpridas. 
 
A exploração criminosa da fauna brasileira, expressa na 
comercialização e exportação ilegal de animais vivos, peles, ovos e na caça, 
é apenas um exemplo do descumprimento da Legislação Ambiental. 
 
Essa exploração desordenada em grande escala, no entanto, se deve 
em grande parte às falhas na fiscalização ocasionadas pelo número 
insuficiente de fiscais, devido às extensas faixas de fronteira e pela 
corrupção, entre outros fatores. 
 
A expansão da agricultura e do desmatamento, a degradação das 
reservas florestais e dos rios se somam nas ameaças à extinção das 
espécies. 
 
A expansão desordenada das fronteiras da agricultura e da pecuária, 
a despeito da existência de um ordenamento jurídico específico, tem 
provocado a crescente destruição dos recursos naturais por meio da 
derrubada de florestas e invasão de reservas, das queimadas para plantio 
de pastagens, do uso indiscriminado de agrotóxicos e pesticidas que 
provocam a degradação do solo, das reservas hídricas e a extinção de 
espécies animais e vegetais. 
 
Devemos considerar também os avanços trazidos pela Legislação 
Ambiental, expressos na adoção de projetos de manejo sustentável como o 
replantio de árvores em áreas desmatadas e a exploração de madeira 
restrita

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