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PROCESSO PENAL P R O F . T A S S I O D U D A 2020 Direito Processual Penal Tema: Suspensão Condicional do Processo Prof. Tassio Duda Fala pessoal, tudo bem? No presente resumo, iremos abordar o procedimento da suspensão condicional do processo. A suspensão condicional do processo é tida como uma medida consensual. É necessário que haja um acordo entre as partes (acusação e defesa), o qual será submetido à apreciação do juiz. O juiz não chega a participar do acordo, como estabelecer condições. Sua atuação se limita à homologação ou não da suspensão condicional do processo. Nesse sentido, Renato Brasileiro (2020, pg. 1592) expõe que: Ademais, quanto à iniciativa para o oferecimento da proposta, é necessário verificar a espécie de ação penal. Em se tratando de ação penal pública, a iniciativa para oferecer a proposta de suspensão condicional do processo recai sobre o Ministério Público, em função do disposto no art. 129, inciso I, da Constituição Federal. Havendo recusa por parte do membro do Ministério Público, o magistrado, caso verifique a presença dos requisitos para a suspensão condicional do processo, deverá aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, encaminhando os autos ao Procurador-Geral de Justiça, a fim de que este se pronuncie sobre o oferecimento (ou não) da proposta. É nesse sentido o teor da súmula 696 do STF: 1. INTRODUÇÃO 2. INICIATIVA DA PROPOSTA DE SUSPENSÃO Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. Se o MP se recusar a oferecer a suspensão? Ao juiz não é dado participar dessa transação, senão para homologá-la, porque, caso contrário, estaria se evocando a condição de parte, em substituição compulsória do órgão acusador, o que se mostra incompatível com o sistema acusatório (CF, art. 129, I), que repugna qualquer atividade ex officio de um juiz que deve pautar sua conduta pela imparcialidade. Direito Processual Penal Tema: Suspensão Condicional do Processo Prof. Tassio Duda Em se tratando de ação penal privada, a legitimidade para o oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo recai sobre o querelante. Dessa maneira, deve o juiz, ao receber a queixa-crime, abrir vista dos autos ao querelante para que se manifeste quanto ao oferecimento (ou não) da proposta de suspensão condicional do processo. A solução, no caso, é diferente. Nas palavras de Renato Brasileiro (2020, pg. 1593): O momento de aceitação da proposta de suspensão condicional do processo é imediatamente antes da designação da audiência una de instrução e julgamento, caso não se trate de hipótese de absolvição sumária do acusado. A doutrina costuma dizer que a suspensão condicional do processo é ato bilateral que necessita da concordância do acusado. Renato Brasileiro (2020, pg. 1595) esclarece que: Importante destacar que nos casos de concurso de pessoas é possível que a proposta de suspensão seja oferecida apenas em relação a um dos coautores (ou partícipes). Uma vez aceita por um dos denunciados, os efeitos não irão se estender aos demais acusados. Ou seja, se um dos acusados aceitar a proposta e o outro não, haverá a separação dos processos, nos termos do art. 80 do CPP. 3. MOMENTO DE ACEITAÇÃO DA PROPOSTA Se o querelante se recusar a oferecer a suspensão? Como o juiz não pode conceder o benefício de ofício, nem tampouco se admite a formulação de proposta pelo MP, a recusa do querelante em oferecer a proposta inviabiliza por completo a suspensão condicional do processo. 4. ACEITAÇÃO DA PROPOSTA E HOMOLOGAÇÃO A declaração da vontade, em razão de sua natureza transacional, deve ser personalíssima, voluntária, formal, vinculada aos termos propostos, tecnicamente assistida e absoluta – ou seja, não pode ser condicional ou, tampouco, parcial. E nos casos em que houver divergência entre a vontade do acusado e seu defensor? Direito Processual Penal Tema: Suspensão Condicional do Processo Prof. Tassio Duda Bom, havendo divergência entre o acusado e seu defensor, a doutrina indica que deve prevalecer a vontade daquele, já que a Lei nº 9.099/95 prevê expressamente que “se o acusado não aceitar a proposta”. Uma vez aceita a proposta de suspensão pelo acusado, caberá ao juiz verificar se o agente preenche, de fato, os requisitos. Constatando que não se trata de infração penal com pena mínima igual ou inferior a 1 (um) ano, por exemplo, deve o magistrado recusar-se a homologar o acordo. Após a homologação da suspensão condicional do processo, o magistrado irá receber a peça acusatória e, na sequência, suspender o processo, submetendo o acusado a um período de prova, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, sob as seguintes condições: a) reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; b) proibição de frequentar determinados lugares; c) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; d) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Importante destacar que o juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado, nos termos do art. 89, § 2º, da Lei 9.099/95. Outro ponto que merece destaque é o fato de que durante a suspensão do processo, não correrá a prescrição, conforme dispõe o art. 39, §º, da Lei 9.099/95. Trata- se de causa suspensiva da prescrição. A revogação da suspensão condicional do processo pode ocorrer de maneira obrigatória ou facultativa. A doutrina aponta como causas de revogação obrigatória: a) o fato de o acusado vier a ser processado por outro crime; ou Sobre esse ponto, Renato Brasileiro (2020, pg. 1599) elucida que: 5. REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (...) parte minoritária da doutrina entende que, diante da regra de tratamento que deriva do princípio da presunção de inocência, não é possível a revogação do benefício em virtude do fato de o agente vir a ser processado pela prática de outro crime durante o período de prova da suspensão. Logo, diante da notícia de novo processo pela prática de crime, a solução passa pela prorrogação automática do período de prova da suspensão condicional do processo, nos exatos termos do art. 81, § 2º, do Código Penal, aplicável subsidiariamente no âmbito dos Juizados com base no art. 92 da Lei nº 9.099/95. Direito Processual Penal Tema: Suspensão Condicional do Processo Prof. Tassio Duda b) se o acusado não efetuar a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. O art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95, ressalva a hipótese em que ficar comprovada a existência de motivo justo que impossibilite a reparação do dano. Caso reste demonstrado que o autor do fato se encontra desempregado, em precária situação financeira, não há revogação obrigatória do benefício. Por seu turno, a doutrina aponta como causas de revogação facultativa: a) se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal; b) se o acusado descumprir qualquer outra condição imposta. Uma vez expirado o prazo da suspensão sem que o benefício tenha sido revogado, o juiz declarará extinta a punibilidade, mediante sentença terminativa de mérito, com fundamento no art. 89, § 5º, da Lei nº 9.099/95. Vale mencionar que se discute na doutrina e na jurisprudência acerca da extinção da punibilidade nas hipóteses em que a causa de revogação do benefício ocorre durante o período de prova, mas a descoberta acontece tão somente após o fim do período de prova. Uma corrente minoritária da doutrina entende que, após o período de prova, estará automaticamenteextinta a punibilidade, incumbindo ao juiz apenas declarar a situação que já existe. Em outras palavras, o decurso do prazo já teria provocado a extinção da punibilidade, independentemente da verificação por parte do juiz do cumprimento das condições estabelecidas. Renato Brasileiro (2020, pg. 1600) esclarece que: 6. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Prevalece, entretanto, o entendimento segundo o qual a suspensão condicional do processo pode ser revogada mesmo após o encerramento do período de prova, caso verificado o descumprimento de alguma condição durante o curso do benefício, e DESDE QUE NÃO TENHA SIDO PROFERIDA ANTERIOR DECISÃO DECLARATÓRIA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE, pois, nesse caso, haveria formação de coisa julgada material, inviabilizando a restauração do processo, sob pena de violação ao quanto disposto no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - PROCEDIMENTO.pdf CAPA PROCESSO PENAL.pdf
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