Buscar

Redação em Telejornalismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Redação em Jornalismo
organização: Fausto Coimbra
Índice:
1 - Retórica, verdade e poder ............................... 01
2 - Discursos retóricos e informativos ................. 02
3 - Jornalistas e jornalismo .................................. 03
4 - A linguagem da informação ............................03
5 - O texto jornalístico ............................................04
6 - Estrutura do texto informativo ....................... 05
 6.1 - O texto expositivo .................................... 05
 6.2 - O parágrafo lógico em texto expositivo ... 06
 6.3 - A distribuição das documentações
 no parágrafo lógico ................................... 07
7 - Lead / Pirâmide Invertida ............................... 08
 7.1 - O lead clássico .......................................... 08
 7.2 - Outros tipos de lead .................................. 10
 8- Sublead .............................................................. 11
 9 - Gancho ............................................................. 11
10 - Desenvolvimento da Notícia ..........................12 
11- Fontes Jornalísticas ........................................ 13
 11.1 - Categoria de fontes .................................. 13
 11.2 - Grupos de fonte ........................................ 14
 11.3 - Crédito das fontes .................................... 16
 11.4 - Qualificação das fontes ............................ 17
12 - Grafia de números (jornalismo impresso) ..... 18
 12.1 - Instruções Gerais ..................................... 18
 12.2 - Por Extenso .............................................. 18
 12.3 - Em Algarismos .............................................. 19 
13 - Notícia ......................................................... 20
14 - Reportagem ................................................. 21
 14.1 - Redação de reportagem ......................... 22
15- Referências ..................................................... 26
 1 - Retórica, verdade e poder 
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – págs 11 à 14)
 À medida que as sociedades foram ficando 
mais complexas, comprovou-se que o exercício do 
poder dependia da concordância dos subordinados, 
os quais era preciso convencer. A retórica nasce aí...
 Retórica é tecnicamente definida como “a 
faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, 
pode ser capaz de gerar persuasão”. Em sentido 
amplo, mistura-se com a poética1 como “arte da 
eloquência em qualquer tipo de discurso”. Utiliza 
normalmente a linguagem comum e como escre-
veu Aristóteles, parte das ideias geralmente aceitas; 
eventualmente, procura impressionar usando for-
mas arcaicas que sugerem a posse de uma “cultura 
superior”.
 A persuasão que a retórica persegue deve 
ser obtida principalmente por meio de palavras; não 
há recurso à violência, embora força e argumen-
tação possam e costumem ser usadas com objetivos 
convergentes. A preocupação maior é com a adesão, 
não com a verdade, se concebermos esta como ade-
quação do enunciado aos fatos.
1 A Poética (em grego antigo: Περὶ ποιητικῆς; em latim: 
poiétikés), provavelmente registrada entre os anos 335 a.C. e 323 
a.C. (Eudoro de Souza, 1993, pg.8), é um conjunto de anotações 
das aulas de Aristóteles sobre o tema da poesia e da arte em sua 
época, pertencentes aos seus escritosacroamáticos (para serem 
transmitidos oralmente aos seus alunos) ou esotéricos (textos para 
iniciados).
 Tal definição de verdade, tomada como 
referência nas ciências exatas, é uma leitura par-
ticular, embora consensual, da fórmula “a verdade 
lógica é a adequação entre o enunciado e a coisa”, 
proposta inicialmente por Isaac Israeli no século 
IX, e adotada por São Tomás de Aquino (Summa, 
1:21:2), no século XIII. Martin Heidegger, ao mes-
mo tempo simpático ao nazismo e o filósofo mais 
influente do século XX, decompôs esse conceito (de 
fato, suprimindo a palavra “lógica”), em duas possi-
bilidades: a verdade como adequação do anunciado 
à coisa (tida como o entendimento clássico) e a ver-
dade como adequação da coisa ao enunciado. 
 Esse último sentido pode ser compreendi-
do como subordinação da verdade ao poder de al-
guns homens. Por trágico o terrível que seja, esse 
entendimento difunde-se no mundo atual, gerando 
paroxismos2 de consumo e a difusão de ideias in-
dependente do mérito e da pertinência. No plano 
político, o que talvez seja mais grave, tal entendi-
mento gera uma espécie de fascismo3 disfarçado ou 
de fantasia democrática imposta pelo dinheiro ou 
pelas armas, associadas a estratégias de “fabricação 
do consentimento” ou de “engenharia social”.
 O consumo de produtos e ideias, motiva-
do pela associação a bens simbólicos (sugerindo 
2 Paroxismo: s.m. Extrema intensidade de uma doença, de 
uma paixão, de um sentimento. (Sin.: auge, apogeu, culminância.) 
Sinônimos: agonia, angústia, auge e estertor.
3 Fascismo é uma forma de radicalismo político autoritário 
nacionalista que ganhou destaque no início do século XX na 
Europa. Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um 
Estado totalitário que promove a mobilização em massa da comuni-
dade nacional, confiando em um partido de vanguarda para iniciar 
uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas. Hostil à 
democracia liberal, ao socialismo e ao comunismo, os movimentos 
fascistas compartilham certas características comuns, incluindo 
a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase 
em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. O fascismo vê 
a violência política, a guerra, e o imperialismo como meios para al-
cançar o rejuvenescimento nacional e afirma que as nações e raças 
consideradas superiores devem obter espaço deslocando aquelas 
consideradas fracas ou inferiores, como no caso da prática fascista 
modelada pelo nazismo.
prestígio, juventude, individualismo etc.) e pela 
construção de raciocínios similares aos lógicos, 
seria assim, resultado verdadeiro da retórica pub-
licitária ou propagandística – não da conformidade 
entre enunciados (ou sujeitos) e objetos (o produto, 
a ideia), como conceberam os escolásticos4 . 
2 - Discursos retóricos e informativos 
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – pág 14)
 O discurso retórico é voltado para versões 
ou interpretações da realidade isso o distingue do 
discurso informativo, voltado essencialmente para 
os fatos. Assim não se pode dizer que houvesse 
má fé do padre Antônio Vieira5 , quando, em suas 
pregações, calculou em 20 milhões o número de 
índios existentes no maranhão, no século XVII, o 
que lhe importava era a utilização retórica (poten-
cial de persuasão) desse dado, no qual há evidente 
exagero, para a defesa da causa do não-extermínio, 
não-escravidão e da evangelização dos índios.
 O exagero é um recurso retórico, bem como, 
por exemplo, a repetição, o uso de efeitos fonéticos 
atraentes ou de associações analógicas reforçadas 
por metáforas de uso corrente (entre medo e escu-
ridão, entre sequência e consequência, entre reve-
lação e claridade etc.). Discursos retóricos sem-
pre foram esteticamente mais cuidados do que os 
informativos: a beleza e o ritmo fazem parte do seu 
4 Escolástica ou Escolasticismo (do latim scholasticus, 
e este por sua vez do grego σχολαστικός [que pertence à escola, 
instruído]) foi o método depensamento crítico dominante no ensino 
nas universidades medievais europeias de cerca de 1100 a 1500. 
5 Antônio Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Sal-
vador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre Antônio 
Vieira, foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da 
Companhia de Jesus. Uma das mais influentes personagens do 
século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como 
missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu 
infatigavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua 
exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por 
eles chamado de “Paiaçu”(Grande Padre/Pai, em tupi).
 2 Fausto Coimbra
 Redação em Jornalismo 3 
poder de atrair.
 Os promotores das causas modernas cos-
tumam ampliar a relevância de fenômenos como 
prostituição infantil, a incidência de cárie dentária 
ou a destruição ecológica. As boas intenções, nes-
sa linha de raciocínio, inocentariam a mentira; no 
entanto, pelo menos em tese caberia aos jornalis-
tas restabelecer a verdade factual, ouvindo outras 
fontes... 
3 - Jornalistas e jornalismo
(Elementos de Jornalismo Impresso, Jorge Pedro Sousa – págs 13 à 15)
 O jornalismo é uma forma de comunicação 
em sociedade. A principal função do jornalismo, 
nos estados democráticos de direito, é a de manter 
um sistema de vigilância e de controle dos poderes. 
Esta vigilância se exerce através da difusão pública 
de informação. Informar significa, nesta afirmação, 
publicitar os atos dos agentes de poder (o Gover-
no, o Parlamento, os partidos políticos,os agentes 
econômicos, etc.). Informar, nessa mesma asserção, 
significa ainda analisar esses atos, expor o contexto 
em que se praticam, explicar as suas consequências 
possíveis, revelar as suas condicionantes. Significa, 
igualmente, trazer para o espaço público os assun-
tos socialmente relevantes que poderiam passar 
despercebidos, os assuntos que são escondidos, os 
que estão submersos, os que são obscuros.
 É óbvio que o jornalismo não está unica-
mente relacionando com a vigilância dos agentes de 
poder. O jornalismo deve ser comunicação útil. In-
formar, jornalisticamente falando, também significa 
noticiar sobre todos os acontecimentos, questões 
úteis e problemáticas socialmente relevantes, este-
jam ou não relacionados com a ação dos agentes de 
poder. Os acidentes, os casos de polícia, o esporte, 
a moda, o patrimônio natural e histórico, as notícias 
do estrangeiro, o comportamento da bolsa, a infor-
mação de serviços, os testes comparativos para aju-
dar o consumidor a fazer as melhores escolhas são 
alguns dos muitos exemplos de temáticas abordadas 
pela imprensa jornalística.
 Um jornal pode também contribuir para a 
formação dos seus leitores. Um jornal pode, por ex-
emplo, exercer pedagogia social, informando sobre 
como contribuir com pequenos gestos para a reci-
clagem dos lixos ou para preservar o maio ambi-
ente.
 Um jornal pode ter uma função de prazer, 
distração e entretenimento, oferecendo aos seus 
leitores prosas cativantes, histórias bem contadas, 
notícias interessantes (e não apenas notícias impor-
tantes), fait-divers, tirinhas, passatempos, consel-
hos de beleza e de moda, etc.
 O jornalismo é, portanto, uma modalidade 
de comunicação social rica e diversificada. Não há 
um jornalismo. Existem “vários” jornalismos...
4 - A linguagem da informação 
(Linguagem Jornalística, Nilson Lage – págs 10 e 11)
 Linguagem seria um subsistema de uso da 
língua, subconjunto de itens do dicionário e subcon-
junto de regras de determinado idioma selecionados 
para emprego em situação particular: a solenidade 
dos oradores, o formalismo dos burocratas, a obscu-
ridade planejada dos médicos, dos economistas.
 Por dois bons motivos, esse conceito restrito 
de linguagem não nos serve aqui (no jornalismo). 
Em primeiro lugar, porque as leis mais gerais da lin-
guagem jornalística são comuns a muitos idiomas, 
por ser o jornalismo prática social trasnfronteiras; 
em segundo lugar, porque a linguagem jornalística 
 4 Fausto Coimbra
mobiliza outros sistemas simbólicos além da comu-
nicação linguística. 
 Precisamos de um conceito de linguagem 
mais amplo, que não se refira apenas a uma língua, 
mas a grande variedade delas, e que se relacione 
com disciplina mais abrangente do que a linguística, 
capaz de abraçar a totalidade dos sistemas simbóli-
cos. Essa disciplina foi chamada, no início do sé-
culo XX, de semiologia pelo linguista suíço Ferdi-
nand de Saussure (1857-1913), e de semiótica pelo 
matemático e lógico Charles Sanders Peirce (1834-
1914), fundador do pragmatismo norte-americano.
(...) são várias as peças que compões o todo, isto é, 
a linguagem utilizada para transmitir a informação: 
o projeto gráfico e seu conteúdo, no caso do jornal 
(impresso) ou da revista; o ambiente sonoro e o que 
é falado, no rádio; o cenário, os trajes, personagens 
e ambientes no vídeo; tudo isso e o hipertexto, na 
internet.
Projeto gráfico
 É o sistema simbólico composto de man-
chas, traços, ilustrações e letras (...). No projeto 
gráfico, a diferença se sobrepõe à semelhança e a 
novidade se integra à identidade. Ele deve ser capaz 
de preservar a individualidade do veículo; fazê-lo 
reconhecido pelo consumidor mesmo quando este 
não lê o título – e ainda que a disposição dos ele-
mentos varie a cada dia. 
Sistemas analógicos
 São fotografias, ilustrações, charges, car-
toons, imagens em infográficos. Fixam e comen-
tam momentos e por isso são unidades semânticas 
autônomas de grande valor referencial. Sua sintaxe, 
no entanto, é relativamente pobre, e isso os torna 
passíveis de conceituação variável, ambíguos como 
a própria observação da realidade. Legendas, títulos 
e balões cumprem a função de reduzir a ambigui-
dade conceitual.
Sistema linguístico
 Manchetes, títulos, textos, legendas repre-
sentam o componente digital da comunicação jor-
nalística. (...) Surge, ainda aí, a organização por en-
caixes sucessivos: o texto se compõe de parágrafos, 
estes de períodos, de frases, de locuções, de pala-
vras.
5 - O texto jornalístico 
(Linguagem Jornalística, Nilson Lage – pág 46 à 51)
 O jornalismo se propõe a processar infor-
mação em escala industrial e para consumo imedi-
ato. As variáveis formais devem ser reduzidas, por-
tanto, mais radicalmente do que na literatura. 
Registros de linguagem
 A língua nacional não é um conjunto ho-
mogêneo. Dentro dela se abrigam usos regionais, 
discursos especializados e ao menos dois registros 
de linguagem: o formal, próprio da modalidade 
escrita e das situações tensas, e o coloquial, que 
compreende as expressões correntes na modalidade 
falada, na conversa familiar, entre amigos.
 Do ponto de vista da eficiência da comuni-
cação, o registro coloquial seria sempre preferível. 
É mais acessível para as pessoas de pouca escolari-
dade e, mesmo para as que estudaram ou lidam con-
stantemente com a linguagem formal, permite mais 
rápida fruição e maior expressividade.
 No entanto, o registro formal é uma im-
posição de ordem política, esteja ou não em lei. A 
pressão social valoriza seu emprego (...)
 Redação em Jornalismo 5 
 A conciliação entre esses dois interesses – 
de uma comunicação eficiente e de aceitação so-
cial – resulta na restrição fundamental a que está 
sujeita a linguagem jornalística: ela é basicamente 
constituída de palavras, expressões e regras com-
binatórias que são possíveis no registro coloquial e 
aceitas no registro formal.
 Essa conceituação pode ser aplicada em 
qualquer época ou região, permitindo a adaptação 
da linguagem às mudanças que a língua sofre. O 
jogo das interdições da norma culta e dos interes 
-ses de comunicação se manifestará, então, em 
séries como esta, em que a forma indicada na colu-
na central é usualmente preferível:
 Sobre essa base, a linguagem jornalística 
irá incorporar: a) neologismos de origem coloqui-
al, sintéticos (fusca, frescão) ou de grande expres-
sividade (dedo-duro, pau-de-arara); b) denomi-
nações de objetos novos, de origem científica ou 
popular (lêiser, videotape, celular); c) metáforas 
com intenção crítica (mordomia, mensalão); d) 
atualizações necessárias(roqueiro, petista); e) de- 
signações técnicas que precisam ser consideradas 
em sua exata significação para entendimento ou 
eficácia do texto.
6 - Estrutura do texto informativo
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – pág 40)
 Os textos na prosa informativa moderna obe-
decem a dois modelos: o expositivo, nos relatórios, 
ensaios e na maioria das reportagens impressas; e o 
narrativo, em relatos testemunhais, documentários 
e na ficção, particularmente cinematográfica. 
6.1 - O texto expositivo
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – da pág 40 a 44)
 O primeiro conceito que se deve ter é o de 
tópico. Esse é o nome que se dá a qualquer parte do 
discurso destacada das demais (...) correspondendo 
às intenções do emissor, às suas estratégias discur-
sivas e ao contexto: é o que se chama de recurso 
pragmático (prático, objetivo...).
 Na fala, o destaque ocorre pela entonação, 
pelo volume da voz, pela colocação das partícu-
las enfáticas (como “é o que”), pausas significati-
vas, gestos ou deslocamento do segmento de sua 
posição normal; no texto escrito, geralmente, pela 
anteposição ou, em certos casos pela posposição do 
segmento.
 Existem palavras ou locuções-tópico. Por 
exemplo, as que estão em negrito nas frases se-
guintes:
- Maria chegou hoje / Hoje chegou Maria
- Um bobo é o que ele é / Ele ... é um bobo
 Existem, ainda, os períodos tópicos, sen-
tenças tópico ou tópicos frasais. Trata-se de perío-
 6 Fausto Coimbra
dos que se destacam dos demais, em parágrafos 
lógicos, para adequá-los a um contexto ou estraté-
gia de discurso. 
 Parágrafo lógico é uma unidade de sentido. 
Corresponde, geralmente, ao parágrafo escrito, que 
se marca pelo recuo da primeira linha. Por motivos 
estilísticos, um parágrafo lógico, pode, no entanto, 
ser dividido em vários parágrafos escritos – o que, 
eventualmente, aumenta a dramaticidade ou chama 
a atenção para o sentido do texto (...)
 Seguem-se parágrafos característicos do 
discurso expositivo. Note-se que, nos dois pri-
meiros exemplos, os tópicos estão antepostos (su-
gerindo uma lógica dedutiva, do mais abstrato ao 
mais concreto) e, no último, posposto (o que sugere 
uma lógica indutiva, do mais concreto ao mais ab-
strato):
- Foi um dia miserável. O ônibus estava superlota-
do, o trânsito terrível, o chefe de mau humor e a co-
zinheira baiana temperou com pimenta malagueta 
o bife do almoço.
- Duas coisas são necessárias. A primeira é o bom 
senso. A segunda, algum tino para os negócios.
- O trânsito e a violência são as principais causas 
de mortes entre os jovens. Metade das modelos 
de desfiles de moda têm subnutrição grave. A es-
tupidez humana vale hoje, sem dúvida, por uma 
epidemia. 
 Finalmente, os parágrafos-tópico. Nesse 
caso, um parágrafo lógico é destacado em um texto. 
Em regra contém uma proposição completa (uma 
ou mais orações, com suas circunstâncias). O lead 
jornalístico – mas não apenas ele – é uma forma de 
parágrafo tópico. 
6.2 - O parágrafo lógico em texto expositivo
 O parágrafo padrão, em um texto expositi-
vo, obedece à fórmula: TF + D1, D2, D3...
 Em regra o tópico frasal (TF) antecede out-
ros períodos, que são chamados de documentações 
(D). O tópico, geralmente, contém uma conclusão 
mais abstrata ou essencial em relação às documen-
tações, que são mais concretas ou aparentes; pode-
se associar o tópico a uma teoria e as documen-
tações a constatações empíricas (fundamentadas na 
observação, experiência). 
Ex: As vendas cresceram em março. Foram colo-
cados no mercado 2.570 computadores, dos quais 
2.320 tinham sido, até o dia 28, repassados pelos 
varejistas aos consumidores finais. Isso representa 
dez por cento a mais do que as vendas no varejo 
em fevereiro e indica que a procura na fábrica de-
verá aumentar, já que os estoques no comércio são 
baixos. 
 Há outras formas, menos frequentes, de 
se construir o parágrafo em textos expositivos:
(a) Pode-se suprimir o tópico, considerando-o 
óbvio ou implícito. Por exemplo, é possível dis-
pensar uma afirmação como “a seca foi rigorosa” 
ou “os prejuízos foram grandes” em um parágrafo 
como:
- Com a seca, perderam-se dos terços da plan-
tação de soja e morreram de sede e fome 40 das 70 
cabeças de gado da fazenda de seu Januário. Os 
vizinhos contam prejuízos semelhantes.
(b) Pode-se colocar o período-tópico no fim do 
parágrafo (dando a impressão de que é uma con-
clusão do que foi afirmado antes) ou, ainda, no meio 
 Redação em Jornalismo 7 
do parágrafo, o que é bem raro. Como nos exem-
plos:
- O caminho para a Praia de Naufragados é ín-
greme. Não é fácil chegar lá. São trilhas abertas no 
mato, montanha acima e, depois, montanha abaixo. 
- (...) A primeira loja, de fato, herdou dos pais. Mas 
juntou tantas outras àquela que de adolescente rico 
tornou-se jovem milionário e velho magnata. Hoje, 
com seu porte, temperamento agitado e barba 
branca, lembra um pouco Rei Midas e outro tanto 
o Tio Patinhas. 
(c) Pode-se colocar o tópico em um parágrafo 
escrito e as documentações em outro ou outros; 
divide-se, assim, o parágrafo lógico em vários 
parágrafos escritos, para algum fim estilístico, como 
mostra o exemplo:
- Às quatro da tarde, formou-se a tempestade.
Nuvens escuras cobriram o sol de verão.
Soprou o vento, levantando areia.
A praia ficou deserta em minutos, antes mesmo de 
cair a primeira gota de chuva. 
 O importante é considerar, no texto exposi-
tivo, a existência de dois tipos de proposição: uma, 
a documentação, correspondendo às aparências, 
ao mais concreto, ao particular, ao dado; a outra, o 
tópico, correspondendo às essências atribuídas aos 
fatos, ao mais abstrato, ao mais geral ou conceitual.
 Os tópicos são como índices para a orga-
nização das documentações; como rótulos de um 
arquivo ou denominação de gavetas que permitem 
distribuir e arrumar os relatos de fatos concretos 
de que se dispõe. Tópicos e documentações, arti- 
culados, formam o esqueleto do texto, como laços 
e pontos formam o esqueleto da peça de tricô ou 
crochê. 
6.3 - A distribuição das documentações no 
parágrafo lógico
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – págs 44 e 45)
 Dentro do parágrafo lógico (que, para lem-
brar, coincide, geralmente, com o parágrafo escrito), 
as documentações não são dispostas ao acaso. Seria 
absurdo, por exemplo, um parágrafo como o que 
segue abaixo, em que períodos-documentação estão 
fora de ordem (no caso, a sequência cronológica):
- A vida foi ingrata com Luís. Aos 40 anos, sofreu 
um acidente e perdeu um olho. Aos dez, seus pais 
morreram em um acidente. Aos 30, casou-se com 
uma megera. Aos 25, quando se formou em odonto-
logia, descobriu que não tinha jeito pra coisa.
 São vários os critérios para se dispor docu-
mentações em um parágrafo; tudo depende da na-
tureza do texto, da intenção ou de algum propósito 
expressivo. Pode-se, por exemplo:
(a) Dispor os períodos conforme a sucessão no 
tempo dos fatos a que se referem, em ordem cres-
cente ou decrescente (como seria no caso do relato 
sobre a infelicidade do Luís).
(b) Usar alguma forma de distribuição espacial: 
começar da esquerda para a direita; da direita para 
a esquerda; do centro para a periferia; de cima para 
baixo; do próximo ao distante; do começo ao fim de 
um caminho, ou, em qualquer caso, o contrário etc.
(c) Organizar os períodos em pares antitéticos 
(contradições ou paradoxos).
(d) Ordenar os períodos na ordem de sua impli-
 8 Fausto Coimbra
cação lógica (a aceitação de um decorre ou resulta 
da aceitação do seguinte). Por exemplo:
 
- As circunstâncias levaram o rapaz a ser reprova-
do. Ele sentia o peso da responsabilidade. A famíliao pressionava. Emagreceu. Na última semana, pas-
sou as noites em claro estudando. No dia do exame, 
saiu de casa bem cedo, mas enfrentou trânsito con-
fuso e ruas alagadas. Chegou em cima da hora. Era 
uma pilha de nervos.
(e) Ordenar os períodos por ordem crescente ou 
decrescente de intensidade de algum valor referido.
 A ordenação é geralmente acompanhada por 
uma indicação clara de paralelismo. Isto é: se se usa 
a ordenação no tempo, destaca-se em cada período, 
como locução tópico, a circunstância de tempo; se o 
critério é espacial ou geográfico, a circunstância de 
lugar (...) 
7 - Lead / Pirâmide Invertida
 O início da Guerra Civil dos Estados Unidos 
da América, em 1861, é um marco para a imprensa, 
pelas inovações técnicas e novas condições de tra-
balho. Repórteres e fotógrafos recebem credenciais 
para cobrir o conflito. De lá, desenvolvem o lead 
para assegurar que a parte principal da notícia che-
gará à redação pelo telégrafo. Os jornais inventam 
as manchetes, títulos em letras grandes na primeira 
página, para destacar as novidades da guerra... 
 
Fonte: http://www.jornalistafbo.com.br/2007/10/fabricio-oliveira-pindamon-
hangaba-sp_11.html
 O lead (ou, na forma aportuguesada, lide) 
é, em jornalismo, a primeira parte de uma notícia, 
geralmente posta em destaque relativo, que fornece 
ao leitor a informação básica sobre o tema e pre-
tende prender-lhe o interesse. É uma expressão in-
glesa que significa “guia” ou “o que vem à frente”.
 Na teoria do jornalismo, as seis perguntas 
básicas do lead devem ser respondidas na elaboração 
de uma matéria; São elas: “O quê?”, “Quem?”, 
“Quando?”, “Onde?”, “Como?”, e “Por quê?”. 
O lead, portanto, deve informar qual é o fato jor-
nalístico noticiado e as principais circunstâncias em 
que ele ocorre. Segundo Adelmo Genro Filho, em 
“O Segredo da Pirâmide”, o lead deve descrever a 
maior singularidade da notícia.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lead 
“O Segredo da Pirâmide” - http://www.adelmo.com.br/bibt/t196-09.htm 
7.1 - O lead clássico
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – págs 75 e 76)
 O lead clássico ordena os elementos da 
proposição – quem, fez o que, quando, onde, como, 
por que/para que – a partir das notações mais im-
portantes, excluindo o verbo. Isto é:
(a) Se o mais importante é o sujeito da oração 
principal, começa-se pelo sujeito:
 Redação em Jornalismo 9 
Ex:. O presidente Pacífico Viscoso disse que, 
“como cidadão”, está indignado com a sentença 
que absolveu os comandantes da operação militar 
que matou13 lavradores sem-terra, em Paraíso dos 
Maracajás, no Sul do Pará. A declaração foi feita 
na manhã desta quinta-feira, na qual o chefe do Ex-
ecutivo ainda admitiu que “como presidente” não 
lhe cabe opinar sobre sentenças judiciais.
(b) Se o mais importante é o verbo (a ação), 
começa-se pelo sujeito ou pelo complemento do 
verbo:
Ex1:. João Silva, bancário de 32 anos, matou, 
ontem de madrugada, com dois tiros de revólver, 
sua mulher, Maria das Dores Silva, enfermeira, 34 
anos, de quem estava separado há dois meses. O 
crime ocorreu no antigo apartamento do casal, na 
Avenida Central do Kobrasol, onde Maria continu-
ava morando.
Ou:
Ex2:. A enfermeira Maria das Dores Silva, de 34 
anos, foi morta, ontem de madrugada, com dois 
tiros de revólver, pelo marido, João Silva, bancário 
de 32 anos, de quem estava separada há dois meses. 
O crime ocorreu no antigo apartamento do casal, 
na Avenida Central do Kobrasol, onde Maria con-
tinuava morando. 
(c) Se o mais importante é o objetivo direito, 
constrói-se o período na voz passiva:
Lembrando...
 Vejamos (a título de lembrança) uma oração 
que emprega COMO COMPLEMENTO VERBAIS apenas o 
OBJETO DIRETO e o OBJETO INDIRETO: 
“O pai ofereveu PRESENTES CAROS AO FILHO CAÇU-
LA“
“PRESENTES CAROS” (porque responde a pergunta: o pai 
ofereceu O QUÊ?) é o OBJETO DIRETO;
“AO FILHO CAÇULA“ (porque responde a pergunta: o pai 
ofereceu - presentes caros - A QUEM?) é o OBJETO INDI-
RETO. 
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial-
mente o sentido da frase.
Por exemplo:
Gutenberg inventou a imprensa (voz ativa)
sujeito da Ativa Objeto Direto
A imprensa foi inventada por Gutenberg (voz passiva)
sujeito da Passiva Agente da Passiva
 - Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o su-
jeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo as-
sumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. 
Ex:. Dez casais de pássaros em extinção foram 
furtados durante o final de semana do centro de 
pesquisas do Ibama em Humaitá, no Amazonas, 
onde especialistas vinham tentando obter o acasal-
amento e reprodução dos animais em cativeiro. São 
exemplares que, no exterior, atraem o interesse de 
colecionadores e zoológicos privados.
 - Foi furtado o quê? Dez casais de pássaros em 
extinção (objeto direto)
(d) Se o mais importante é o objeto indireto, 
usa-se um verbo de antonímia recíproca, isto é, com 
a mesma informação mas sentido oposto (por ex-
emplo, “recebeu” em lugar de deu/entregou).
Ex:. O arquiteto José Praxedes, de 92 anos, rece-
beu ontem, no auditório da Eletrobrás, no Rio de 
Janeiro, o título de doutor honoris causa que lhe foi 
concedido pelo Conselho Universitário da Univer-
sidade Federal de Pelotas. A cerimônia foi acom-
panhada pelos conselheiros da UFP por um link de 
videoconferência e transmitida pela TV Cultura de 
São Paulo.
- O Conselho Universitário da Universidade Fe- 
 10 Fausto Coimbra
deral de Pelotas entregou o título de doutor honoris 
causa a quem? O arquiteto José Praxedes (objeto 
indireto)
(e) Se o mais importante é alguma das circun-
stâncias, começa-se pela circunstância, utilizando 
na construção verbos relacionais, tais como “cau-
sou” ou “resultou”, ou ainda preposições, tais como 
“quando” ou “depois de”:
Ex 1:. Dez pessoas morreram quando um avião tur-
co caiu logo após decolar, no aeroporto de Pristina, 
no território do Kosovo, antiga Iugoslávia, atual-
mente sob ocupação de forças da OTAN. As vítimas 
eram oficiais que voltavam para suas casas depois 
de terem servido na região. 
Ex 2:.A queda de um avião turco causou a morte de 
dez pessoas (...)
7.2 - Outros tipos de lead 
(Teoria e Técnica do Texto Jornalístico, Nilson Lage – págs 76 e 77)
Lead resumo
 Utiliza-se eventualmente na cobertura – em 
geral, continuações (ou suítes) – de eventos em que 
há várias informações de destaque, mais ou menos 
equivalentes e que devem ser condensadas em uma 
única matéria de jornalismo impresso diário, cum-
prindo o ciclo de 24 horas de cobertura do veículo. 
Por exemplo:
Ex:. Dois dias depois do terremoto que atingiu 20 
cidades turcas, o número de mortos elevou-se a sete 
mil, o de feridos a 30 mil, uma grande refinaria es-
tava ainda em chamas e crescia o temor de que o 
caos dos transportes e serviços cause fome e epi-
demias. Há dez mil desaparecidos e cem mil desa-
brigados. 
Lead flash
 Uma frase curta inicia o texto.
Ex:. Um homem foi crucificado na Arábia Saudi-
ta. Acusado de matar a mãe, Ahmed Mustafá sofreu 
a pena imposta a Cristo em algum lugar do mo- 
derno reino dos Saud, sem testemunhas. A pena foi 
aplicada há oito dias e não se informou qual a du-
ração do suplício. 
 Utiliza-se, às vezes, como recurso para es-
tabelecer uma relação retórica – geralmente uma 
antítese – entre eventos distintos. Por exemplo:
Ex:. Bill Gates ficou dez bilhões de dólares mais 
rico desde a crise cambial russa, que tornou o Bra-
sil mais pobre. De outubro de 1998 a julho deste 
ano, a fortuna do maior bilionário de todos os tem-
pos elevou-se de 80 a 90 bilhões de dólares, algo 
acima da renda nacional de dois terços dos paísesdo mundo – e mais da metade da dívida externa 
brasileira.
Lead narrativo 
 Ao contrário do lead clássico, que começa 
pela notação mais importante, aqui se alinham fatos 
sucessivos que conduzem ao clímax. É como um 
pequeno conto, de poucas linhas. Exemplo:
Ex:. Lucas Malasuerte, de 47 anos, era, a des-
peito do nome, um sujeito feliz: casado, com dois 
filhos, casa própria e um bom emprego como fer-
ramenteiro em São José dos Campos, São Paulo. 
Em janeiro passado, perdeu o emprego; em março 
a mulher o deixou, levando os filhos; vendeu a casa 
em maio, para pagar as dívidas. Ontem Lucas es-
creveu um bilhete de despedida, enfiou um revólver 
na boca e se matou, em frente ao guichê do Sine, a 
agência de emprego do Ministério do Trabalho.
 Redação em Jornalismo 11 
8 - Sublead
 No Brasil, após o lead, é costume redigir um 
segundo parágrafo, com informações adicionais, 
formando um lead secundário, ou sublead. Por ex-
emplo, no caso da notícia do terremoto, entrariam 
os esforços para socorrer os sobreviventes; na notí-
cia sobre o arquiteto Praxedes, a informação de que 
ele tem pavor de viajar de avião.
Conceito/origem - Segundo parágrafo do texto 
jornalístico, resultante do desdobramento do lead. 
O sublead é criação do jornalismo brasileiro, e 
inexistia na imprensa norte-americana e também na 
inglesa, de onde importamos a técnica do lead, na 
década de 1950.
Função - Existem posições discordantes sobre sua 
importância e sua função no texto do jornal. O sub-
lead é considerado, por alguns, apenas um recur-
so gráfico (“uma ficção tipicamente regionalista”, 
segundo Lago Burnett (op. cit., p.23), destinado 
a situar melhor a notícia, visualmente, dentro da 
página. Outros o consideram um recurso de grande 
valor para a articulação do texto: um parágrafo 
imediato ao lead, “(…) onde se agrupam os fatos 
cuja ordem de importância é inferior aos do lead 
ou onde se desenvolvem aqueles fatos mencionados 
anteriormente.” – Juvenal Portela. Nesta acepção, o 
sublead tem a função de disciplinar o desenvolvi-
mento da narrativa, como um pescoço equilibra a 
cabeça (o lead) em relação ao corpo da notícia.
Fonte:. http://stivalneto.wordpress.com/2012/09/30/regras-basicas-do-jornal-
ismo-francisco-de-paula-prof-icesp/
9 - Gancho 
 Trata-se de um modo de contextualizar a 
matéria. O gancho pode ligar o assunto da pauta à 
realidade do leitor. Por exemplo, a Rede Globo cos-
tuma aproveitar os assuntos tratados em uma novela 
como um gancho para a produção de matérias nos 
telejornais. Ou um jornalista aproveita uma situ-
ação pontual em um bairro como gancho para tratar 
o assunto de uma maneira mais ampla.
Fonte: http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2012/01/gancho.html
 O objetivo do gancho no jornalismo é mui-
to mais que justificar uma reportagem. Trata-se de 
estabelecer um relacionamento do fato com o dia a 
dia, trazendo a ideia de atualidade. Em outras pala-
vras, gancho é o enfoque determinante que justifica 
e sustenta o texto no jornalismo nos mais diversos 
formatos ou suportes. Resume-se a uma escolha - a 
informação que merece maior destaque.
Exemplo:
 Em uma pauta sobre trânsito, podem ser 
destacados alguns pontos que justifique, atualize, 
que “puxe” a matéria, como, por exemplo: 
• superlotação das vias públicas 
• engarrafamento constante em algum ponto 
específico da cidade
• dificuldade para estacionar o carro no Cen-
tro da cidade 
• preços abusivos de estacionamentos rotati-
vos existentes, etc. 
 Observe que a pauta de exemplo aborda algo 
do dia a dia. Desta forma, o gancho é o recurso que 
liga a pauta à realidade enfrentada pela sociedade.
Fonte: http://www.ferramentasfoca.com/2013/05/o-que-e-gancho-no-jornalismo.html
 12 Fausto Coimbra
10 - Desenvolvimento da Notícia 
 Para o desenvolvimento de uma notícia, 
consideram-se os papéis temáticos do lead. Expli-
cando com um exemplo, admitamos este caso:
João Silva, bancário 32 anos, matou ontem de 
madrugada, com dois tiros de revólver, sua mul-
her, Maria das Dores Silva, enfermeira de 34 
anos, de quem estava separado há dois meses. O 
crime ocorreu no antigo apartamento do casal, 
na Avenida Central do Kobrasol, onde Maria 
continuava morando.
 Temos aí um assassino (João Silva), um 
crime (a morte), uma vítima (Maria das Dores), 
uma causa (a separação) e um local (o apartamen-
to). Assassino, crime, vítima, causa e local são pa-
péis temáticos da proposição do lead (quem, fez o 
que, quando, onde, como e por que / para que) – isto 
é, denominações referidas ao evento expresso pelo 
verbo.
 A regra é que se considere cada papel temáti-
co desses como um tópico, para o desenvolvimento. 
Assim, o primeiro tópico poderia ser o crime; o se-
gundo, o assassino; o terceiro, a vítima etc...
Admitindo-se que o sublead seja feito com a con-
sequência imediata do crime (em síntese, “João foi 
preso, Maria morreu no hospital”), teríamos, então, 
o desenvolvimento:
QUEM? João Silva
Fez O QUÊ? Matou sua mulher, Maria das Dores
QUANDO? Ontem de madrugada
ONDE? No antigo apartamento do casal
COMO? Dois tiros de revólver
POR QUÊ / PARA QUÊ? Por causa da separação 
(*nem sempre esta notação é destacada no lead, ou 
sublead...)
Lead
João Silva, bancário 32 anos, matou ontem de 
madrugada, com dois tiros de revólver, sua 
mulher, Maria das Dores Silva, enfermeira de 34 
anos, de quem estava separado há dois meses. O 
crime ocorreu no antigo apartamento do casal, na 
Avenida Central do Kobrasol, onde Maria continu-
ava morando.
Sublead
Segundo informações da Polícia Militar, a vítima 
chegou a receber atendimento médico no local, mas 
não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do 
hospital. João foi detido portando a arma do crime a 
três quarteirões de seu antigo apartamento, enquan-
to tentava pegar um taxi. 
Dica:
• Cada parágrafo deve ser escrito em torno de uma 
ideia principal. Além disso, deve haver fluência: a ligação 
de um parágrafo a outro. Outra ideia forte deve ir para outro 
parágrafo. Com isso, se constrói a fluência. O parágrafo sem 
tópico frasal impede o leitor de entender o texto, deixa a frase 
dispersiva.
Lembrando...
• Tópico frasal é a ideia central do parágrafo expos-
ta num período, também conhecido como período tópico ou 
frase síntese. O tópico frasal determina o prosseguimento do 
 Redação em Jornalismo 13 
parágrafo gerando períodos secundários ou periféricos.
O tópico frasal é a “célula” da ideia de um parágrafo, é como 
se o escritor “puxasse assunto” através de uma afirmação ou 
questão exposta na primeira frase do parágrafo.
Fonte: http://www.infoescola.com/redacao/topico-frasal/ 
Tópico 1 (o crime)
O crime ocorreu pouco antes das duas horas da 
madrugada, segundo o depoimento de um vizinho, 
despertado pela discussão entre João e Maria das 
Dores. Foi esse vizinho, Marcos de Castro Carmo-
na, de 40 anos, que chamou o pronto-socorro e a 
polícia, enquanto João fugia a pé.
Tópico 2 (o assassino)
João vinha ameaçando a mulher há semanas, mas 
ela não chegou a dar queixa na polícia: limitou-se a 
comentar o assunto no hospital em que trabalhava, 
mas sem levar muito a sério as ameaças. Ele busca-
va reconciliação, mas Maria das Dores não estava 
interessada. 6
Tópico 3 (investigação)
A polícia acredita que o crime foi premeditado, em-
bora João continue negando. Ele comprou a arma 
segunda-feira passada, numa loja do centro, alegan-
do que suas funções no banco o obrigavam a trans-
portar documentos e valores. 
 
11 - Fontes Jornalísticas
Fonte: http://robertascheibe.wordpress.com/2011/05/19/fontes-jornalisticas/
• As fontes oficiais são mantidas pelo Esta-
do, por instituições ligadas ao Estado oupor em-
presas e organizações. No meio jornalístico, são 
6 Eventualmente, notações (perguntas) do lead (principalmente 
as COMO? e POR QUÊ / PARA QUÊ?) são respondidas no 
desenvolvimento da matéria (não exclusivamente no primeiro 
parágrafo), como no presente exemplo. Acontece também de al-
gumas notícias (principalmemte as pesquenas) não responder-
em todas (as seis) perguntas formadoras do Lead. 
tidas como as mais confiáveis. É necessário es-
tar atento ao fato de que as fontes oficiais podem 
falsear a realidade para preservar interesses es-
tratégicos e políticas duvidosas, para beneficiar 
grupos dominantes, por corporativismo, militân-
cia, ou em função de lutas internas pelo poder.
 
 Exemplos de FONTE OFICIAL: Pre-
feitura, Polícia Militar, Presidente do Banco do 
Brasil, Porta vozes de entidades e empresas... 
• As fontes oficiosas são aquelas que são re- 
conhecidamente ligadas a uma entidade ou indivíduo, 
mas não estão autorizadas a falar em nome dela ou 
dele. No jornalismo, podem ser preciosas, porque ev-
idenciam manobras escondidas pelas fontes oficiais. 
 Exemplo de FONTE OFICIOSA: 
agente administrativo da Companhia de En-
ergia Elétrica do Estado faz denúncia con-
tra administradores, jornalista de uma as-
sessoria (passando informação em OFF), ...
• As fontes independentes são desvinculadas 
de uma relação de poder ou interesse específico. 
 Exemplo de FONTE INDE-
PENDENTE: Dona de casa é parada na 
rua para falar sobre o aumento do pão.
(...)
Fontes (jornalismo) 
Fonte - http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_(jornalismo)
• Fontes oficiais: políticos, empresários, líde-
res religiosos, porta-voz de grandes empresas...
• Fontes não oficiais: ONGs, sindicatos, 
anônimos...
11. 1 - Categoria de fontes
Fonte – artigo: Aldo Antonio Schmtiz
Link: http://www.cairu.br/biblioteca/arquivos/Comunicacao/Fontes_noticias.pdf
 14 Fausto Coimbra
• A fonte primária é aquela que fornece 
diretamente “o essencial de uma matéria... fatos, 
versões e números”, por estar próxima ou na ori-
gem da informação. Geralmente revela dados “em 
primeira mão”, que podem ser confrontados com 
depoimentos de fontes secundárias. Essa fonte está 
diretamente envolvida nos fatos, normalmente com 
testemunha ocular. 
• A fonte secundária é o tipo de fonte que 
contextualiza, interpreta, analisa, comenta ou com-
plementa a matéria jornalística, produzida a partir 
de uma fonte primária. Igualmente, é com quem 
o repórter “repercute” os desdobramentos de uma 
notícia (suíte). Também é consultada para a prepa-
ração de uma pauta ou a construção das premissas 
genéricas ou contextos ambientais. O envolvimento 
da fonte secundária com os e fatos e eventos é indi-
reto.
11. 2 - Grupos de fonte
 Toda informação tem uma origem ou con-
textualização. Quem informa, segundo Charaudeau 
(2009), é reconhecido pela notoriedade, testemunha 
e especialização. A representação de uma organi-
zação, grupo social ou pessoa, pode ser mediada 
por uma assessoria de imprensa ou porta-voz. Nessa 
perspectiva, a assessoria de imprensa não é fonte, 
mas ponte, por intermediar os interesses, opiniões, 
conhecimentos e relatos de eventos de quem asses-
sora. 
 Porta-voz é uma pessoa qualificada e au-
torizada a dar informações, geralmente em momen-
tos de crise ou de ausência da fonte, que reflitam o 
pensamento oficial da personalidade que represen-
ta, normalmente, uma alta autoridade, executivo ou 
celebridade. Comumente chama-se de fonte autor-
izada ou não autorizada, quem substitui o porta-voz 
ou a própria fonte quando esta não pode - ou não 
deseja, ou ainda, desconhece, no caso da não auto- 
rizada - formalizar a informação ou a sua opinião, 
pessoalmente.
Oficial 
 Refere-se a alguém em função ou cargo pú-
blico que se pronuncia por órgãos mantidos pelo 
Estado e preservam os poderes constituídos (ex-
ecutivo, legislativo e judiciário), bem como orga-
nizações agregadas (juntas comerciais, cartórios de 
ofício, companhias públicas etc.). As fontes ofici-
ais são as preferidas da mídia, pois emitem infor-
mações aos cidadãos e tratam essencialmente do in-
teresse público, embora possam falsear a realidade. 
“Fazem isso para preservar interesses estratégicos 
e políticas duvidosas, para beneficiar grupos dom-
inantes, por corporativismo, militância, em função 
de lutas pelo poder” (LAGE, 2001, p. 63). 
Empresarial 
 É quem representa uma corporação empre-
sarial da indústria, comércio, serviços ou do agro-
negócio. Às vezes suas ações têm interesse comer-
cial e estabelecem relações com a mídia visando 
preservar a sua imagem e uma boa reputação. São 
igualmente acusadas do poder que exercem como 
anunciantes, confundindo-se suas notícias como 
publicidade. Para Lage (2001, p. 69) isso pouco im-
porta, desde que a informação reúna os elementos 
da noticiabilidade. 
Institucional 
 Também chamada de “fonte independente” 
por Lage (2001, p. 64-65), representa uma organi-
zação sem fins lucrativos ou grupo social. O autor 
alerta para a sua ação, por ostentar “uma fé cega 
naquilo que defende”, o que coloca sob suspeita as 
informações que fornece, embora seja considerada 
 Redação em Jornalismo 15 
espontânea e “desvinculada de qualquer interesse” 
próprio. Normalmente, a fonte institucional busca 
a mídia para sensibilizar e mobilizar o seu grupo 
social ou a sociedade como um todo e o poder pú-
blico, para defender uma causa social ou política, 
tendo os meios de comunicação como parceiros. 
Popular 
 Manifesta-se por si mesmo, geralmente, uma 
pessoa comum, que não fala por uma organização 
ou grupo social. Um popular aparece notadamente 
como “vítima, cidadão reivindicador ou testemu-
nha”, confirma Charaudeau (2009, p. 194-195). A 
figura da vítima é carregada de noticiabilidade, pois 
o público se interessa pelo sofredor, injustiçado ou 
pela desgraça do destino. Já o cidadão busca visi-
bilidade para reivindicar os seus direitos. Além de 
testemunhar algum fato, essa fonte também é uti-
lizada para contextualizar uma informação na vida 
cotidiana. 
Notável 
 São pessoas notáveis pelo seu talento ou 
fama, geralmente artistas, escritores, esportistas, 
profissionais liberais, personalidades políticas, que 
falam de si e de seu ofício. Ainda que se possa con-
siderar os experts como notáveis, representam uma 
especialidade, um conhecimento reconhecido, por 
isso merecem uma tipificação à parte, assim como 
a “fonte testemunhal”, por não defender uma causa 
própria. 
Testemunhal 
 A fonte testemunhal funciona como álibi 
para a imprensa, pois representa aquilo que viu ou 
ouviu, como partícipe ou observadora. Desempenha 
o papel de “portadora da verdade”, desde que relate 
exatamente o ocorrido, a menos que seja manipula-
da, daí deixa de ser testemunha. Geralmente não se 
suspeita que esse tipo de fonte use uma “estratégia 
de ocultamento, pois é considerada completamente 
ingênua”, concebe Charaudeau (2009, p. 53). Quan-
to mais imediato ao fato, maior a credibilidade, pois 
“se apoia na memória de curto prazo, que é mais 
fidedigna, embora eventualmente desordenada e 
confusa” (LAGE, 2001, p. 67). 
Especializada 
 Para Sponholz (2008) trata-se de pessoa 
de notório saber específico (especialista, perito, 
intelectual) ou organização detentora de um con-
hecimento reconhecido. Normalmente está rela-
cionada a uma profissão ou área de atuação. Tem 
a capacidade de analisar as possíveis consequên-
cias de determinadas ações ou acontecimentos. O 
jornalista pode não saber, mas conhece quem sabe 
e recorre ao especialista para estabelecer conexões 
e analisar a complexidade do tema a ser noticiado; 
busca informações secundárias ou complementa- 
res, notadamente em situação de risco ou conflito, 
na cobertura de temas complexos ou confusos e no 
jornalismo científico. Pela posiçãode neutralidade 
diante dos fatos, independência ou vínculo a uma 
instituição conceituada, essa fonte apresenta-se 
geralmente como fidedigna e avaliza o conteúdo 
jornalístico, segundo Charaudeau (2009, p. 53). No 
entanto, pelo elevado grau de especialização sobre 
determinado assunto ou contexto, algumas tendem 
a ser prolixas perante a necessidade do jornalista, 
que espera da fonte capacidade de se comunicar de 
forma compreensível e acessível (LAGE, 2001, p. 
68). 
Referência 
 16 Fausto Coimbra
 A fonte de referência aplica-se à bibliogra-
fia, documento ou mídia que o jornalista consulta. 
Trata-se de um referencial que fundamenta os con-
teúdos jornalísticos e recheia a narrativa, agregando 
razões e ideias, conforme indica Chaparro (2009). 
A bibliografia envolve livros, artigos, teses e outras 
produções científicas, tecnológicas e culturais. Os 
documentos, especialmente os dossiês, devem ser 
“de origem confiável e claramente identificada” 
(CHAPARRO, 2009), pois se constitui em prova 
em caso de denúncia. O jornal Zero Hora (1994, 
p. 16), por exemplo, assegura que “não forja docu-
mentos para a realização de reportagem ou notícia” 
e O Globo considera que “quase toda denúncia está 
associada a um interesse ostensivo ou oculto, de 
quem denuncia” (GARCIA, 1996, p. 89). Também 
servem de fonte, as mídias, como jornais, revistas, 
audiovisuais e, com a consolidação das tecnologias 
de informação e comunicação, proliferam as mídias 
sociais (Twitter, Orkut, Facebook, MySpace etc.), 
portais, sites, blogs, que também produzem conteú-
dos e servem de fontes de consulta.
11. 3 - Crédito das fontes
 O crédito é um elemento básico da produção 
jornalística. A princípio, toda fonte deve ser iden-
tificada. Se a fonte não pode ser citada, a deonto-
logia ( ...na filosofia moral contemporânea, é uma 
das teorias normativas segundo a qual as escolhas 
são moralmente necessárias, proibidas ou permiti-
das) obriga o jornalista a abster-se (ou seja, não uti-
lizar a fonte) ou garantir o sigilo. Uma fonte pode 
falar ou fornecer informação para publicação, em 
“on” (on the record), revelando a sua identidade, ou 
no anonimato, em “off” (off the record), de forma 
confidencial ou extraoficial, com a intenção clara 
de não ser publicada ou, se for, sem a indicação 
de quem fez a declaração (on background) nem do 
cargo ou função que exerce (on deep background). 
Para O Globo, “o anonimato deprecia a informação; 
é o que basta para que se evite o off tanto quanto 
possível” (GARCIA, 1996, p. 31).
Identificada (on) 
 A identificação correta das fontes - nome (de 
preferência completo ou como a pessoa é conheci-
da), status, profissão, cargo, função ou condição e a 
quem representa - além de orientar o público, dá o 
crédito a quem se dispõe a colaborar na apuração e 
produção da notícia, inclusive cedendo a sua ima-
gem, sem por isso, requerer direitos autorais. Por-
tanto, configura-se em um dos princípios da ética 
jornalística. Para o jornal Zero Hora (1994, p. 
18), “a fonte deve ser estimulada ao máximo a 
se identificar ao prestar as informações”. Mas, às 
vezes, “a identificação se faz de maneira vaga ou 
indireta”, constata Charaudeau (2009, p. 149). Isso 
se deve, geralmente, à incompetência do repórter, 
ao utilizar uma forma vaga, sem a negociação do 
sigilo, mesmo quando há indicação do status ou 
função (on background): “importante empresário”, 
“um participante da reunião”, “um ex-ministro” etc. 
Sigilosa (off) 
 Entre o jornalista e a fonte se estabelece uma 
relação de confiança que pode incluir o compromis-
so do silêncio quanto à origem da informação. Se-
gundo Bucci (2000, p. 136) “o único segredo espe-
cífico da profissão de jornalista se refere ao sigilo de 
fonte - ele não é obrigado a revelar sua fonte quando 
julgar que deve preservá-la, o que é assegurado na 
legislação das democracias contemporâneas”. En-
fim, “é direito do jornalista resguardar o sigilo de 
 Redação em Jornalismo 17 
fonte”, contempla o código de ética dos jornalistas 
brasileiros, editado pela Fenaj (2008). No Brasil 
não há norma jurídica que imponha a quebra do 
sigilo. Ampara-se na Constituição Federal (BRA-
SIL, 1988), que assegura “o sigilo de fonte, quando 
necessário ao exercício da profissão”.
 Entende-se que, o jornalista ou o veículo, ao 
omitir a fonte, assume o que foi relevado por ela, 
passando a responder civil e criminalmente. 
(...)
 Geralmente a fonte sigilosa revela infor-
mações de interesse público. Mas, também pode 
lançar calúnias, difamações, boatos e intrigas para 
medir reações, que Zero Hora (1994, p. 18) não 
considera notícia, “mas, ponto de partida para a bus-
ca da informação precisa”. Por isso, para falar em 
“off”, é preciso que o informante esteja investido 
do estatuto de fonte, configurado por uma relação 
contínua de confiança com o repórter ou credibi-
lidade (fonte fidedigna). Caso contrário, “a dúvida 
persistirá”, 
(...)
11. 4 - Qualificação das fontes
 As fontes apresentam qualificações dife- 
rentes, conforme a credibilidade (fidedigna), proxi-
midade e relação com os jornalistas (confiável)...
Confiável 
 Para Gans (1980, p. 129-130), os jornalis-
tas selecionam as suas fontes pela conveniência e 
confiabilidade, aquelas que mantêm uma relação 
estável, são acessíveis e articuladas, disponibili-
zam declarações ou dados de forma eficaz, isto é, a 
informação certa e verdadeira na hora esperada ou 
rapidamente. Assim, a fonte torna-se confiável, pois 
mantém uma relação estável com os jornalistas, por 
interesses mútuos. Para O Estado de S. Paulo, se “o 
informante é da mais absoluta confiança”, merece 
publicação (MARTINS, 1997, p. 23). Forma-se en-
tão uma rede de contatos, em que os editores, pro-
dutores (no caso da TV), pauteiros (cada vez mais 
raro), repórteres e colunistas ou comentaristas (TV 
e rádio) mantêm uma lista atualizada de fontes con-
fiáveis.
Fidedigna 
 O jornalista também busca as fontes pelos 
critérios de respeitabilidade, notoriedade e cre- 
dibilidade. Portanto, a fonte fidedigna, embora não 
mantenha um histórico de confiança mútua, exerce 
seu poder pela posição social, inserção ou proxi- 
midade ao fato. O jornalismo empenha-se incessan-
temente em legitimar o que diz como verdadeiro e 
esse jogo da verdade jornalística depende da fonte 
fidedigna, de quem está acima de qualquer suspeita 
e “pode ser considerado digno de fé”, confirma 
Charaudeau (2009, p. 52) em concordância com 
Chaparro (2009), ao defender que “sem fontes que 
mereçam fé, não há jornalista nem jornalismo que 
sobreviva”. 
Duvidosa 
 A fonte duvidosa expressa “reserva, dúvida, 
hipótese, e mesmo suspeita”, segundo Charaudeau 
(2009, p. 54). Assim, o valor de verdade da infor-
mação é atenuado, embora a sua posição confira 
crédito e o jornalista considera a informação como 
provisoriamente verdadeira, até prova em contrário. 
Cético, é de ofício do jornalista duvidar sempre, e 
da “cultura jornalística tratar as fontes como inter-
faces suspeitas... como, por exemplo, nos manuais 
de redação, que orientam os jornalistas a olhar as 
 18 Fausto Coimbra
fontes com desconfiança” (CHAPARRO, 2009).
12 - Grafia de números 
(jornalismo impresso) 
Fonte: http://www.estadao.com.br/manualredacao/esclareca/numeros.shtm
12.1 - Instruções gerais:
• De um a dez, escreva os números por ex-
tenso; a partir de 11, inclusive, em algarismos: dois 
amigos, seis operadores, 11 jogadores, 18 pessoas. 
Exceção:cem e mil.
• Proceda da mesma forma com os ordinais: 
primeira hora, terceiro aniversário, 15.ª vez, 23.º 
ano consecutivo.
• a) Nas enumerações, se houver valores 
abaixo e acima de 11, use apenas algarismos: In-
cêndioem Paris mata 7 e fere 17 pessoas. / Havia na 
praça 3 adultos e 12 crianças. / A decisão sairá em 
10 ou 15 dias. b) Se os números não fizerem parte 
de uma enumeração, siga a regra: DSV apreende 12 
carros em dois dias de vistorias. / Em três meses, 
concordatas batem recorde de 12 anos. / Os oito 
carros custaram R$ 100 mil. / As cinco máquinas 
chegaram em 1995.
• Não inicie orações com algarismos, mas es-
creva o número por extenso:
Dezoito pessoas feriram-se no acidente. Sempre 
que possível, porém, mude a redação para não ter 
de escrever o número por extenso. Exceção: títulos, 
que podem começar com algarismos.
• Escreva os algarismos, de 1.000 em diante, 
com ponto: 1.237, 14.562, 124.985, 1.507.432, 
12.345.678.543, etc. Exceção. Na indicação de anos 
não há ponto: 1957,1996, ano 2000.
• Com mil, milhão, bilhão e trilhão, use a 
forma mista se os números forem redondos ou 
aproximados: 2 mil pessoas, 3 milhões de unidades, 
5,4 milhões de toneladas, 1,4 bilhão (e não 1,4 bil-
hões) de reais, 2 bilhões de habitantes, 15,5 trilhões 
de micróbios, etc.
Repare: 2 (em algarismos) mil pessoas e não duas 
(por extenso) mil pessoas. Use apenas mil, e nunca 
“1 mil”: mil homens (em vez de 1 mil homens).
• Especifique sempre as ordens de grandeza 
dos números, mesmo que para tanto seja preciso 
repetir palavras: Estavam ali de 40 mil a 50 mil pes-
soas. / A cidade tem entre 3 milhões e 4 milhões de 
habitantes. / De 20 reais a 50 mil, qualquer quantia 
era aceita. / Falava tanto para 50 pessoas como para 
50 mil, sem se perturbar. / A inflação deste mês fi-
cará entre 1% e 2%.
• Com números quebrados, use algarismos: 
O senador obteve 3.127.809 votos. / A cidade tem 
3.456 bancas de jornais.
• Nos títulos, olhos, janelas, chamadas da Pri-
meira Página e legendas, por economia de espaço, 
os números abaixo de 11 podem ser escritos em al-
garismos: O Congresso aprova 8 projetos. / Emenda 
rejeitada pela 3.ª vez. / Os 5 refugiados chegam aos 
EUA. A recíproca, porém, não se recomenda, como 
recurso para aumentar o texto: Comício atrai apenas 
trezentas pessoas (use 300em algarismos).
• Nunca use 0 antes de número inteiro, a não 
ser para indicar dezenas de loteria, números de 
referência, prefixos telefônicos e dígitos de com-
putador. Para datas, número de páginas, horas, etc., 
adote sempre o número simples:2/1/96 (e nunca 
02/01/96); às 8 horas (e nunca às 08 horas); às 9h16 
(e nuncaàs 09h16); chegará dia 9 (e nunca dia 09); 
na página 5 (e nunca na página 05).
• Prefira usar por extenso os números fra-
cionários: um terço, dois quintos, sete quartos, etc. 
Em títulos, olhos, legendas e chamadas, admite-se, 
porém, a forma numérica: 1/3 das pessoas, 3/5 da 
população, etc.
12.2 - Por extenso
• Use o número por extenso nos nomes de 
cidades, em palavras compostas, nas expressões 
 Redação em Jornalismo 19 
populares ou quando o número estiver substan-
tivado: Três Lagoas, Santa Rita do Passa Quatro, 
três-estrelinhas, quatro-olhos, segundo-tenente, 
dos oito aos oitenta, dos seiscentos diabos, cortar 
um doze, pintar um sete, fazer um quatro, o dois 
de ouros, desenhar um cinco, etc. Exceção: o nome 
dos dias da semana, apenas em títulos e mantendo o 
hífen. Exemplos: 5.ª -feira, 2.ª -feira, etc. Também 
por extenso: Primeiro Mundo, Terceiro Mundo, se-
gunda intenção, primeiro plano, etc.
• Na transcrição de documentos: “Aos de- 
zoito dias do mês de março do ano de mil novecen-
tos e noventa e seis...”
12.3 - Em algarismos
 Como critério genérico, deverão ser empre-
gados algarismos sempre que um número expres-
sar valor, grandeza ou medida (e não apenas mera 
soma, como dois amigos, três pessoas, cinco emen-
das). De maneira mais específica, use algarismos 
em:
• Tabelas, relatórios econômicos, princípios 
matemáticos, quadros estatísticos, tabelas de horári-
os, etc.
• Horas, minutos e segundos: Ele partirá às 4 
horas. / A reunião irá das 7 às 9 horas. / O foguete 
foi lançado às 8h5min15s. Exceção: quando horas 
designa período de tempo. Exemplos: A reunião de-
morou oito horas. / A comitiva esperou três horas 
pelo deputado. / Faltam dois minutos.
• Dias, meses (em algarismos), décadas, sécu-
los: O presidente chega dia 3. / A Câmara votará a 
emenda dia 9. / 3/9/94. / Tinha saudades da década 
de 20. / O século 1.º, o século 4.º, o século 10.º, 
o século 11. Exceção: quando se quer exprimir um 
período de tempo. Exemplos: O cantor se apresen-
tará durante cinco dias em São Paulo. / Sua pesquisa 
abrange quatro décadas. / Passaram-se três séculos.
• Datas em geral, incluindo-se as que se 
tornaram nomes de locais públicos:São Paulo, 
3/3/1993. / Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995. / 
Avenida 9 de Julho(e não Nove de Julho). / Rua 7 
de Abril. / Rua 15 de Novembro. Exceção: quando 
se quer dar ênfase a uma data histórica. Exemplos: 
O Sete de Setembro. / O Nove de Julho.
• Idades: Ele tem 3 anos. / Uma criança de 2 
anos, 8 meses e 5 dias. Exceção: quando anos desig-
na período de tempo. Exemplos: Ele esperou quatro 
anos. / Ela parece ter envelhecido dez anos.
• Dinheiro: 8 reais, 5 centavos, 2 dólares, 3 
libras, 8 marcos, R$ 3 milhões, US$ 5 milhões.
• Porcentagem: Os preços subiram 5%. / A 
taxa de desemprego caiu 2% em maio.
• Pesos, dimensões, grandezas, medidas e 
proporções em geral: 5 quilos, 3 litros, 8 metros, 6 
hectares, 2 arrobas, 9 acres, 6 alqueires, 2 polega-
das, 2 partes, etc. Exemplos: A criança nasceu com 
5 quilos. / A cidade consumia 6 toneladas de batatas 
por dia. / O garrafão comportava 3 litros de água. / 
O jogador mede 2 metros de altura. / Era um terreno 
de 6 hectares (9 acres, 6 alqueires). / Comprou um 
garrote de 8 arrobas. / Pediu um tubo de 3 polega-
das. Exceção: distâncias e diferenças. Exemplos: O 
carro deslizou oito metros. / Perdeu três quilos no 
regime. / A miss tinha duas polegadas a mais. / Fal-
tavam dois alqueires na medição do terreno. / Colo-
que duas partes de café para cinco partes de água.
• Graus de temperatura: O termômetro marca-
va 3 graus. Temperatura cai para 1º (só em títulos). 
Diferenças de temperatura, porém, vão por extenso: 
A temperatura caiu três graus.
• Números decimais: A densidade do Estado é 
de 1,88 habitante por quilômetro quadrado. / A tem-
peratura subiu 4,5 graus.
• Endereços: Rua Direita, 7, 3.º andar. / Ala-
meda dos Caetés, 8. Casa 3.
• Indicação de zonas, distritos ou regiões: 
Zona 6, 4.º Distrito Policial, 9.ª Região Militar.
 20 Fausto Coimbra
• Todo número que indique ordem ou sequên-
cia (especialmente em nomes de navios, aviões, 
naves espaciais, veículos, atos de peças teatrais, 
capítulos, canais, modelos, estradas, tamanhos, pá-
ginas, folhas, quartos, etc.): Número 2, lápis n.º 1, 
nota 5, V8, F-1, DC-10, Apollo 7, Soyuz 9, ato 3, 
cena 2, 2.º ato, capítulo 7, parte 2, canal 5, modelo 
4, BR-3, tamanho 7, página 7, quarto 5, enfermaria 
2, etc.
• Resultados esportivos: O São Paulo venceu 
o Corinthians por 3 a 1. / O Brasil ganhou da Itália 
por 3 sets a 2. / Steffi Graf venceu por 7/6 e 6/4. 
(Mas:O São Paulo marcou dois gols de falta.)
• Resultados de votações e julgamentos: A 
emenda foi aprovada por 5 votos a 4 (Mas: A emen-
da precisava de quatro votos favoráveis.) / O réu foi 
condenado por 4 votos a 2.
• Contexto financeiro: A ação caiu 3 pontos.
• Latitude e longitude: O Estado do Amazo-
nas está situado a 2 graus de latitude norte e a 9 
graus de latitude sul.
• Seriação de festas, simpósios, congressos, 
feiras, conferências, corridas, competições, etc.: 
2.ª Festa da Uva, 3.º Simpósio de Transportes, 5.º 
Congresso de Cancerologia, 8.ª Feira Nacional do 
Móvel, 4.ª Conferência do Atlântico Sul, 5.º Rali de 
Alfenas, 3.º Enduro da Independência, 4.ª Mil Mil-
has, Fórmula 1, Fórmula 3.
• Matemática: Multiplique por 8. / Dividapor 
4. / Some 5. / Subtraia 9. / Eleve à 3.ª potência.
• Conflitos e governos: 1.ª Guerra Mundial, 
5.ª República, 3.º Reich.
Concordância
• Números abaixo de 2 fazem a concordân-
cia sempre no singular: 0 hora, 0,9 metro, 1,9 mil-
hão, 1,7 bilhão. Prefira o verbo, porém, no plural 
com milhão, bilhão, etc: 1,9 milhão de pessoas es-
tavam presentes. / 1,7 milhão de habitantes já aban-
donaram o país.
• Os números um e dois e as centenas, a par-
tir de duzentos, variam em gênero: um, uma, dois, 
duas, duzentas, trezentas, seiscentas, novecentas, 
seis mil duzentas e uma pessoas, oito mil setecentas 
e quarenta e duas espécies,etc.
13 - Notícia
(Elementos de Jornalismo Impresso, Jorge Pedro Sousa – pág 231)
 Enquanto gênero jornalístico, a notícia é, 
essencialmente,um pequeno enunciado reporta-
tivo,um discurso sobre um acontecimento recen-
te (ou, pelo menos,de que só no presente se tenha 
conhecimento), vários acontecimentos ou desen-
volvimentos de acontecimentos. Representa tam-
bém informação nova, atual e de interesse geral. É 
o gênero básico do jornalismo.
 Não se podem estabelecer fronteiras rígidas 
para a notícia, tal como não se podem estabelecer 
fronteiras rígidas para os restantes gêneros jor-
nalísticos. A notícia admite, por exemplo, elemen-
tos da entrevista, como as citações. O tamanho da 
peça também não funciona como um elemento dis-
tintivo válido. Embora uma notícia não costume ul-
trapassar muito os dois mil caracteres, quando ela 
atinge esta dimensão frequentemente também pode 
se configurar como uma pequena reportagem, ou, 
pelo menos, como uma notícia desenvolvida. 
Exemplo de notícia:
Josemar é preso pela PF no Rio
Advogado e ex-vereador estava sendo 
procurado há mais de 20 dias pelo polícia; 
ele é mantido na Ceresp e pode recorrer 
junto ao TRF, em Brasília
 Policiais federais de Juiz de Fora pren-
 Redação em Jornalismo 21 
deram, na tarde desta segunda-feira (2), no Rio 
de Janeiro, o advogado e ex-vereador Josemar da 
Silva. Ele estava sendo procurado pela polícia há 
mais de 20 dias, em função de mandado de prisão 
preventiva expedido pelo juiz da 3ª Vara Feder-
al, Bruno Savino. O delegado chefe da Polícia 
Fe deral (PF) em Juiz de Fora, Cláudio Dornelas, 
confirmou ter trazido o empresário para a cidade. 
Encaminhado para o Ceresp, Josemar está sen-
do mantido em cela especial com outros quatro 
detentos. Dornellas não revelou detalhes sobre o 
local onde o ex-vereador foi encontrado, dizendo 
apenas que ele foi detido na hora do almoço na 
capital fluminense.
 Em novembro de 2011, Josemar já havia 
sido preso pela PF durante a “Operação Trucatto”, 
que desmantelou um esquema de fraudes em lic-
itações públicas através de empresas constituídas 
em nomes de intermediários, os chamados “laran-
jas”. Ele também havia sido denunciado, ano pas-
sado, pelo Ministério Público Federal (MPF) por 
suposto envolvimento em esquema de fraude en-
volvendo licitações promovidas por órgãos públi-
cos federais, entre eles Receita Federal, Tribunal 
Regional Eleitoral de Minas Gerais, Ministério 
da Integração Nacional, Supremo Tribunal Fe- 
deral (STF) e até o Tribunal de Contas da União 
(TCU). Recentemente, Josemar foi condenado por 
sonegação fiscal, mas a prisão dele não está ligada 
à esta sentença condenatória.
 Procurado pela Tribuna, o juiz responsável 
pela 3ª Vara Federal, Bruno Savino, disse que não 
pode dar declarações sobre processo em anda-
mento, decretando, inclusive, segredo de justiça. 
“Tenho por costume não divulgar o conteúdo de 
processo nos casos em que defiro medida cautelar 
sem a oitiva da outra parte”, explicou, para jus-
tificar o procedimento. Apesar do sigilo no caso, 
o jornal descobriu que o atual processo liga o 
ex-vereador a falsidades documentais na constitu-
ição de empresas participantes de licitações públi-
cas, algumas delas com constantes alterações de 
quadro societário e de endereços, o que dificultou 
a cobrança de tributos federais devidos pelas em-
presas, resultando em fraude contra a União.
 O ex-vereador poderá recorrer da prisão 
junto ao Tribunal Regional Federal, em Brasília, 
ou entrar com pedido de reconsideração da de-
cisão na 3ª Vara Federal. Josemar da Silva atuou 
como superintendente da Associação Municipal 
de Apoio Comunitário (Amac) entre os anos de 
1993 e de 1996. O advogado assumiu a cadeira de 
vereador na Câmara Municipal de Juiz de Fora 
entre 1997 e 2000.
(858 caracteres)
Fonte: Tribuna de Minas
Link: http://www.tribunademinas.com.br/politica/josemar-e-preso-pela-pf-no-rio-1.1464013
14 - Reportagem
(Elementos de Jornalismo Impresso, Jorge Pedro Sousa – pág 259)
 Se a notícia é o gênero básico do jornalis-
mo, a reportagem é o seu gênero nobre, o gênero 
jornalístico por excelência.
O principal objetivo de uma reportagem é informar 
com profundidade e exaustividade, contando uma 
história.
(...) a reportagem pode abrigar elementos da 
entrevista, da notícia, da crônica, dos artigos de 
opinião e de análise, etc. Desta perspectiva, pode 
considerar-se a reportagem um gênero híbrido, que 
vai buscar elementos à observação direta, ao conta-
to com as fontes e à respectiva citação, à análise de 
dados quantitativos, a inquéritos, em suma, a tudo o 
 22 Fausto Coimbra
que possa contribuir para elucidar o leitor. (...)
A reportagem é um espaço apropriado para expor 
causas e consequências de um acontecimento, para 
o contextualizar, interpretar e aprofundar (...).
Características da reportagem:
- predominância da narração
- humanização dos relatos
- factualidade da narrativa
 Na reportagem, mais do que na notícia, é 
frequente o jornalista introduzir na história a própria 
atividade de busca de informação e, se for o caso, de 
investigação. O acontecimento deve ser o coração 
da reportagem, o foco da reportagem, mas é usual 
notar-se a intervenção do jornalista sobre o discur-
so.
 Uma reportagem prepara-se, geralmente, 
com antecedência. Uma reportagem, normalmente, 
não sofre tanto as pressões do tempo como a notí-
cia e permite uma maior interpretação pessoal do 
assunto por parte do jornalista. Este pode estudar 
o tema, procurar informação, contatar fontes e até 
ensaiar o estilo com alguma calma e ponderação. 
O jornalista pode também debater o tema, o seu en-
quadramento, as fontes que deseja utilizar e o proje-
to de trabalho com as chefias e com os editores.
Reportar 
 Escrever uma reportagem é, antes de mais 
nada, contar uma história. (...). Pode ser a história 
de uma vida, a história de um acontecimento, a 
história de um lugar, a história de uma viagem. 
Mas não deixa de ser uma história. Portanto, antes 
de se fazer uma reportagem, há que se ponderar se 
a história que vai ser contada merece efetivamente 
ser contada, à luz dos critérios de noticiabilidade. 
(...)
 A reportagem é um gênero jornalístico híbri-
do, que pode ir buscar elementos ao contato com 
as fontes, à consulta de especialistas, ao exame de 
documentos, à análise de estatísticas, à realização 
de inquéritos, etc.
 O desenvolvimento de uma reportagem é 
uma atividade dinâmica. O jornalista deve estar 
preparado para mudar o rumo de uma reportagem 
caso um fato novo e mais interessante se apresente, 
pois “as circunstâncias podem mudar. O trabalho de 
reportagem pode abrir novas pistas que mereçam 
ser exploradas.”
 No entanto, “o jornalista também não pode 
perder de vista o foco da reportagem. É comum o 
jornalista embrenhar-se tanto no assunto, encontrar 
tantos novos dados, que a reportagem parece não 
ter fim. Esta situação deve ser evitada. O jornalista 
não pode deixar que a abundância de informação 
obscureça a história que há para contar e os dados 
cruciais que há para revelar. O jornalista tem de 
estabelecer limites para a reportagem: temporais, 
espaciais, documentais. Se descobremuita infor-
mação de interesse, é preferível deixar parte dela 
para reportagens posteriores ou para peças autôno-
mas a incluir no espaço de reportagem. Se for o 
caso, pode publicar alguma dessa informação em 
forma de notícias”.
14.2 - Redação de Reportagem (pág. 266)
 Não há regra fixa para escrever uma reporta-
gem. O texto, porém deve ser, tanto quanto possível, 
vivo e envolvente. Pode incluir narração, descrição, 
citações, dados numéricos, análise, opinião. Estru-
turalmente, a reportagem deve ter pelo menos um 
título, uma entrada (embora o jornalista possa tam-
 Redação em Jornalismo 23 
bém ir diretamente para o lead) e um corpo textual, 
eventualmente separado por blocos. (...)
Normalmente, a reportagem estrutura-se nos três 
tempos clássicos: 1) fato principal; 2) contexto 
(antecedentes; conjuntura; causas; consequências); 
3) conclusão.
Iniciar a reportagem:
O início da reportagem é, provavelmente, o seu 
ponto crucial. É no início da reportagem (título, en-
trada, lead) que se envolve o leitor no tema. Portan-
to, o título tem que ser chamativo e a entrada e o 
lead têm de conter dados que suscitem a vontade de 
continuar a história. 
Formas comuns de abrir uma reportagem:
1. Explorar o interesse humano
2. Começar com a exposição de um caso par-
ticular antes de se partir para o geral, ou mesmo 
começar pela descrição de um pormenor incomum. 
No início da reportagem seguinte, tenta-se explorar 
o interesse humano...
Pais de adolescente resgatram filha seques-
trada por seita religiosa
 Os pais de Adelaide querem apenas o mel-
hor para a sua filha. Mas a vida de Adelaide, de 17 
anos, tem sido uma longa correria pelas consultas 
psiquiátricas. A beleza de Adelaide é arrasadora. 
Mas não a salva de um longo histórico de tendên-
cias depressivas e suicidas. Hoje, ela está bem pior 
do que estava há três meses.
 Em julho, os pais de Adelaide encon- 
traram, durante uma viagem de férias aos Estados 
Unidos, um anúncio que transformou suas vidas. 
Eles liam o Washington Post, quando uma men-
sagem simples lhes chamou atenção: um cam-
po para adolescentes em risco, na Virginia. Os 
preços adequavam-se às possibilidades da família. 
Adelaide ficou excitada com a perspectiva. Os pais 
tranquilizaram-se ao ler que o campo possuía 
vários psicólogos e psquiatras, entre vários outros 
especialistas no trabalho com adolescentes em ris-
co.
(...)
 Uma outra solução para abrir uma reporta-
gem suscitando o interesse do leitor pode ser a nar-
ração de uma caso particular, passando daí para o 
geral...
Segurança Social em crise
Não há dinheiro para reformas a partir de 
2025
 José Ferreira tem 40 anos. Trabalha na 
Repartição de Finanças de Almeida há quinze 
anos. Foi seu primeiro emprego. Obteve-o num 
concurso público em que foi o melhor classificado.
 Há quinze anos, portanto, que José Ferrei-
ra contribui para a Segurança Social. Mas pela 
frente ainda tem uma longa carreira contributi-
va, Faltam-le exatamente 25 anos para aposentar. 
O problema é que daqui a 25 anos pode não ha-
ver dinheiro suficiente para pagar as pensões de 
reforma. É o que revela um estudo hoje divulgado 
pelo Centro de Estudos da Segurança Social da 
Universidade Fernando Pessoa.
 Na situação de José Ferreira estão milhões 
de trabalhadores portugueses, que sustemtam os 
atuais pensionistas sem saberem se quando che-
gar a sua vez vão ter direito à pensão de reforma.
(...)
 24 Fausto Coimbra
 A descrição de pormenores é outra solução 
para abrir uma reportagem...
Não há remédio...
 No jipe decrépito que se arrasta aos soluços 
pela savana senegalesa, Philip, um encorpado 
biólogo norueguês de rosto avermelhado, tira 
do saco uma garrafa de whisky e bebe um trago. 
Passa-a ao motorista e diz-lhe: “Não há melhor 
prevenção para as doenças”. O motorista, John, 
um ambientalista inglês franzino e pequeno, leva 
a garrafa à boca, enquanto luta por manter o jipe 
na trilha.
(...)
 O início de uma reportagem pode centrar-se, 
por exemplo, no realce de determinados sentidos, 
nomeadamente da visão e da audição, no realce de 
uma pessoa, no realce de uma frase feita ou num 
jogo de palavras (Sodré e Ferrari, 1986: 68-74).
*exemplos podem ser encontrados nas páginas 269 e 270 
do livro “Elementos de Jornalismo Impresso”, de Jorge 
Pedro Sousa
http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-impresso.pdf
 Não é apenas o início da reportagem que 
tem de ser forte. Ao longo da reportagem devem ser 
incluídos vários pontos fortes que despertem con-
tinuamente o interesse do leitor...
Exemplo de (uma pequena) reportagem: 
A sétima arte perdeu seu protago-
nismo?
Diretores e críticos que participam da Mos-
tra de Tiradentes põem em discussão o pa-
pel do cinema na sociedade contemporânea
 
 “No escurinho do cinema, chupando drops 
de anis”, diz a música “Flagra”, de Rita Lee. Ao 
entoar esses versos nos idos dos anos de 1980, a 
cantora deu destaque a um hábito que atraves-
sou o século XX, época em que a sétima arte era 
considerada protagonista na divulgação da ima-
gem em movimento. Essa forma artística, desde 
que foi criada, ajuda muita gente a se descobrir 
e também a enxergar o próximo, conhecer outros 
tempos, outras culturas, outros territórios. Não 
serve apenas para contar histórias, tem um im-
portante papel na constituição do que somos, uma 
vez que, como espelho, às vezes desfocado, reflete 
a realidade. Entretanto, uma nova era se impõe, 
e as imagens, antes limitadas à caixa escura, 
ganham novas formas de escoamento em função 
da internet, onde diversos canais possibilitam e 
facilitam vários tipos de acesso. Não se admira 
mais o fato de um filme poder ser visto por meio 
de celular, algo jamais vislumbrado no passado. 
A diversidade de maneiras de contato com as im-
agens muda a relação das pessoas com o cinema 
e faz pensar qual o papel dele na sociedade con-
temporânea. Essa reflexão é o tema principal que 
move as discussões na mineira Tiradentes, onde se 
realiza, desde a última sexta-feira, a 18ª Mostra de 
Cinema, que se encerra no próximo dia 31.
 O crítico de cinema e roteirista do filme 
“Jogo das decapitações”, Francis Vogner dos 
Reis, lançou a pergunta: “Qual o lugar do cine-
ma neste mundo contemporâneo, no qual existem 
infinitos meios de produção e distribuição das im-
agens, como o YouTube?” Na visão dele, a relação 
da imagem com o espectador é fundamental, uma 
vez que este deve ser tomado como refém pelo cin-
ema e depois devolvido ao mundo de outra manei-
ra, tocado pela magia cinematográfica. Porém, 
 Redação em Jornalismo 25 
esse vínculo vem sofrendo impactos, já que o cine-
ma perdeu seu protagonismo. “Hoje, ir a uma sala 
de exibição, com pessoas diferentes, está cada vez 
mais raro. Assim, há uma mudança nessa relação 
com o que vemos e, claro, isso provoca consequên-
cias, inclusive política, no cinema, que já não tem 
mais a centralidade da produção audiovisual”, 
destaca Francis.
Imagens fragmentadas
 Para o também crítico e curador da Mos-
tra de Cinema de Tiradentes, Cleber Eduardo, o 
mundo tornou-se imagético e fragmentado, o que 
fez mudar a percepção das pessoas quanto ao ci- 
nema. “A sala escura e silenciosa quase não ve-
mos mais, já que a sessão pode ser cortada pela 
chamada de um celular, por uma mensagem, o 
que nos leva a crer que a relação do espectador 
com o cinema mudou, uma vez que há diversas 
plataformas nas quais o silêncio, por exemplo, não 
se faz necessário, como a televisão. Acaba que as 
pessoas estão levando isso para o cinema”, pontua 
o curador. Ele ainda acrescenta que, num mundo 
no qual a arte cinematográfica está em constante 
disputa, ela precisa

Outros materiais