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Doenças infecto contagiosas: Bovinos Aula bovinos Bovinos Clostridioses Características gerais Agente etiológico Clostridium é um género de bactérias gram-positivas. Têm a forma de bastonete. As espécies de Clostridium são anaeróbias estritos. Produzem endósporos, vivendo no solo, água, microbiota do trato gastrointestinal do homem e diversos animais. Das 100 espécies de Clostridium, 20 são agentes causadores de doenças. As espécies de Clostridium são agrupadas de acordo com o modo e local de ação de suas exotoxinas. 1. Clostridios Neuro-tóxicos a. C. tetani e C. botulinum 2. Clostridios Histo-tóxicos 3. Clostridios enteropatogênicos e produtores de enterotoxina Carbúnculo Sintomático – Clostridium chauvoei O carbúnculo sintomático é uma doença infecciosa que acomete o rebanho bovino. Geralmente ataca os animais jovens (entre 4 a 3 anos de idade), e se caracteriza pela inflamação nos músculos, principalmente nos membros inferiores. A doença é muito prejudicial no que diz respeito à lucratividade das empresas e também dos agropecuaristas, uma vez que, é necessário eliminar os animais infectados. Agente etiológico Clostridium chauvoei Bactéria gram-positiva em forma de bastonete, produtora de esporos altamente resistentes ás mudanças ambientais e desinfetantes, persistindo no solo. Transmissão Não é introduzido através de ferimentos perfurantes. Ingestão de pasto contaminado com esporos, e também transmitido por esporos de germes através da água e de alimentos contaminados e também através do contato com feridas cutâneas. Estes esporos se difundem por via hematógena e alojam-se nos músculos. Outros fatores como: intervenções cirúrgicas, traumas, isquemias vasculares, tumores e outras infecções bacterianas aeróbias e anaeróbias podem desencadear esta infecção. Sinais clínicos A doença inicialmente pode ser assintomática, depois com o desenvolver da moléstia os sintomas passam a serem perceptíveis como a perda do apetite, os animais apresentam tremedeira, pulso rápido, respiração pesada, febre, claudicação e inchaço dos músculos, mionecrose, toxemia grave (intoxicação), alta mortalidade (72 horas). O local se torna edematoso, e á palpação é observado crepitação decorrente das bolhas de gás produzidas pela multiplicação da bactéria. Bovinos Patogenia Há duas formas de manifestação do carbúnculo assintomático nos bovinos 1. Forma clássica O patotipo mais frequente, que afeta principalmente a musculatura esquelética. O microrganismo é carreado pela circulação sanguínea para o tecido muscular, e se as condições forem favoráveis, a bactéria se multiplica. A musculatura apresenta-se intensamente hemorrágica, enfisematosa e com áreas cinza, indicativas de necrose. A bactéria sintetiza lecitinases e fosfolipases suficientes para provocar orifícios nas membranas celulares, causando a morte dos miócitos e células endoteliais. 2. Forma Visceral e assintomática Patotipo mais raro, quando órgãos internos, tais como a língua, o diafragma ou o coração, são acometidos. Consequentemente, o animal não apresenta lesões visíveis, e os casos de morte-súbita são frequentes Controle A medida mais importante para controle e prevenção de surtos de mionecroses é a vacinação sistemática do rebanho. A utilização de vacinas resulta numa marcante redução da incidência destas doenças. A vacinação tem duas doses, e os animais devem ser revacinados anualmente. Porém, é fundamental que sejam adotadas medidas de higiene, tais como a desinfecção de agulhas e instrumental cirúrgico, assepsia dos locais de aplicação de vacinas ou de procedimentos cirúrgicos, manejo adequado de carcaças, dentre outras. Em casos confirmados deve-se efetuar a incineração e cobertura com cal virgem. Diagnóstico Clínico: observação dos sinais clínicos. Laboratorial: Isolamento bacteriano Imunoflorescência direta Imunohistoquímica PCR Detecção dos agentes em tecidos Alterações Anatomopatológicas Macroscópicamente: os tecidos afetados apresentam coloração avermelhada escura a enegrecida, com presença de bolhas de gás e exsudato líquido que pode conter sangue. Os músculos podem exalar odores rançosos (semelhante à manteiga estragada). Microscopicamente: as lesões são caracterizadas por necrose de coagulação dos músculos, presença de exsudato serossanguinolento e formação de bolhas de gás. Alguns autores não classificam as lesões do carbúnculo sintomático como gangrena gasosa, uma vez que é resultado da disseminação de esporos bacterianos por via hematógena e não pela contaminação bacteriana de feridas. Bovinos Gangrena gasosa – Clostridium septicum, Clostridium sordellii, Clostridium novyi Agente etiológico C. septicum, C. chauvoei, C. novyi tipo A, C. sordellii Transmissão Estes microrganismos entram no corpo através de feridas na pele e membranas mucosas ocasionadas por castração, tosquias, partos, procedimentos vacinais, punções venosas entre outros, por esporos. Sinais Clínicos A sintomatologia clínica inclui febre, anorexia, taquicardia, depressão, manqueira, ocorrendo também toxemia que faz com que o quadro evolua para a morte em algumas horas ou geralmente de um a três dias. Diagnóstico A detecção dos agentes em tecidos obtidos logo após a morte ou sacrifício dos animais em estado agônico, é conclusivo para o diagnóstico. Clínico: anamnese, sinais clínicos, achados de necropsia Laboratoriais: Histopatológico Isolamento dos agentes Imunoflorescência direta Imunohistoquímica PCR Achados de necrópsias e microscópicos Lesões são semelhantes às da manqueira, com ocorrência de edema crepitante nos músculos e tecidos subcutâneos que inicialmente é quente e dolorido e com a evolução da doença se torna frio e indolor, é comum a ocorrência de hemorragia e necrose. Em geral na gangrena gasosa ocorre com maior frequência uma celulite, afetando principalmente o tecido subcutâneo, do que uma miosite. Controle O controle das mionecroses deve ser baseado em medidas de Manejo - deve-se separar os animais mais jovens por idade, evitar traumas e nas práticas de castração, vacinação e cirurgias fazer assepsia da pele e, utilizar materiais estéreis e agulhas limpas e desinfetadas, devendo-se trocá-las a cada 10 animais. Eliminação de cadáveres - enterrados e queimados Vacinação dos animais – devem ser vacinados a partir do terceiro mês, um reforço após 4-6 semanas e revacinados anualmente. Bovinos Tétano – Costridium tetani O tétano é uma doença paralítica espástica causada por uma neurotoxinia chamada de tetanoespasmina, produzida pelo Clostridium tetani. Agente etiológico Clostridium tetani Bactéria que sofre esporulação, gram positivo anaeróbico. Comumente enconmtrado no solo, principalmente em áreas rurais de solo cultivado e clima quente. Forma vegetativa: produz tetanospasmina uma toxina, que é sintetizada em ferimentos anaeróbicos, altamente suscetível ao calor e desinfetantes. Forma esporulada: altamente resistente, no qual necessita de pelo 4 horas de fervura ou autoclavagem por 12 minutos a 121º para ser destruída, e pode sobreviver no solo por meses a anos. Transmissão A transmissão ocorre por lesões profundas, traumáticas, perfuro-cortantes, feridas cirúrgicas, locais de injeção, queimadura, ulceras de pele, cordão umbilical, otite média com perfuração da membrana timpânica, complicações de feridas crônicas, e uso de drogas injetáveis. Patogenia A tetanoespamina é sintetizada em ferimentos anaeróbicos, e se liga ás junções neuromusculares e receptores sensoriais. Depois, é transportada via axônio e cruza as junções sinápticas até alcançar o SNC. No SNC, a toxina é transferida através das sinapses até se fixar nos gangliosídeos dos neurôniosmotores inibitórios pré- sinápticos. A tetanoespasmina bloqueia a liberação de neurotransmissores inibitórios, então surgem os espasmos musculares generalizados característicos do tétano. Infecção >>> Reversão do esporo para a forma vegetativa >>> produção de tetanospasmina >>> terminações dos nervos periféricos e neurônios espinhais >>> perda da função inibitória neural >>> disparo neural contínuo com contração muscular e rigidez Sinais Clínicos O período de incubação varia de 2 a 20 dias, e morte ocorre geralmente 3 a 10 dias após iniciar o sintomas. Andar rígido, prolapso da terceira pálpebra, pescoço estendido, narinas dilatadas, cauda em extensão, membros esticados e abertos de modo a aumentar a base de sustentação (cavalete), tremores musculares, convulsões tônicas, constipação. Diagnóstico Clínico: com base nos sinais clínicos e epidemiológicos. Laboratorial: Não há. Controle Vacinação, manter feridas limpas. Uma vez que a toxina esteja ligada às sinapses, a administração de antitoxina é inútil. Cuidados em cirurgias feitas com precaução. Bovinos Botulismo – Clostridium botulinum O botulismo é caracterizado por uma paralisia flácida causada pelas neurotoxinas do Clostridium botulinum. Agente etiológico Bactéria Clostridium botulinum, bactéria é um esporo anaeróbico gram-positivo ubíquo comumente encontrado no solo. Há 7 tipos de C. botilinum diferentes: A, B, C, DE, F, G. A, B, E e F: humanos C e D: pássaros e bovinos Toxina Botulínica Resistente ao ácido estomacal, absorvida intacta pelo trato gastrointestinal e entra na corrente sanguínea, se ligando as células nervosas via gangliosídeos. Nas terminações nervosas que secretam acetilcolina, responsável pela contração muscular, nestas ela age ligando-se aos terminais nervosos inibindo a liberação da acetilcolina. Transmissão Botulismo alimentar: pela ingestão de alimentos contaminados com a toxina pré-formada. (Alimentos associados são: industrializados com contaminação pós processamento, e conservas caseiras ácidas). Botulismo por ferimento: causado pela multiplicação do microrganismo com a produção de toxina em feridas contaminadas. Botulismo infantil: produção endógena de toxina pela germinação de esporos do C. botulinum no intestino. Patogenia A bactéria multiplica-se e produz exotoxina, que é absorvida através do endotélio capilar e entra na corrente sanguínea. Em equinos adultos que ingerem ração contaminada, a toxina é absorvida a partir do aparelho digestório e entra na corrente sanguínea. Uma vez que a toxina botulínica esteja na corrente sanguínea, ela entra na junção neuromuscular e se liga aos receptores nos terminais pré-sinápticos das sinapses colinérgicas periféricas. A inibição (bloqueio) da liberação de acetilcolina resulta em paralisia flácida dos músculos inervados pelos nervos colinérgicos craniais e espinhais, mas não existe dano aos nervos adrenérgicos ou sensoriais. Sinais clínicos Os principais sinais clínicos é paralisia progressiva dos músculos dos membros, mandíbula, laringe/faringe, pálpebras superiores, língua e cauda. A morte é geralmente causada pela paralisia flácida do diafragma que resulta em falência respiratória. O bloqueio da liberação de acetilcolina nos terminais pré- sinápticos colinérgico é permanente. A melhora ocorre somente quando os axônios desenvolvem (brotam) novos terminais para substituir aqueles danificados pela toxina botulínica. Bovinos Diagnóstico O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, dados epidemiológicos e pela identificação de toxinas e/ou esporos de Clostridium botulinum no material analisado. O material de eleição para pesquisa de toxina é o conteúdo rumenal, conteúdo intestinal, fragmento de fígado e soro sanguíneo, que devem ser colhidos logo após a morte ou mediante sacrifício do animal que se encontre em estado agônico. Controle Em criações, cujos animais são alimentados com silagem, ração ou feno, cuidados adicionais devem ser tomados em relação Correta produção e armazenamento dos alimentos, no qual tais práticas são fundamentais para se evitar possível contaminação dos rebanhos com as toxinas botulínicas, reduzindo perdas econômicas significativas, decorrente da morte de animais infectados. Manejo sanitário e nutricional adequado certamente resultará em melhores condições dos animais e maiores rendimentos da empresa agropecuária. Clostridium perferinges e Costridium difficile Clostridios enteropatogênicos e produtores de enterotoxemia. As cepas de Clostridium perfringens são classificadas em cinco tipos (A, B, C, D e E), todas as cepas produzem a toxina alfa, que tem atividade fosfolipásica e é hemolítica. As cepas A, C e D são produtoras de uma enterotoxina, mas todos os casos de toxinfecção alimentar por esta enterotoxina estão associados à cepa A. Toxinas Efeitos Locais e Sistêmicos Métodos Inapropriados de criação Mudanças repentinas na dieta Influências ambientais locais Os Clostridium perfringens são responsáveis por dois tipos de toxinfecções alimentares: I. Forma clássica, sintomas causados pela cepa A como dores abdominais agudas, diarréia com náuseas e febre (vômitos raros). Os sintomas aparecem entre 8 e 12 horas após a ingestão. Esta intoxicação é branda e raramente causa morte no indivíduo afetado; II. Forma grave, sintomas causados pela cepa C, enterite necrótica caracterizada por dores abdominais agudas muito intensas, diarréia sangüinolenta, vômitos e inflamação necrótica do intestino delgado. É raro acontecer, mas é fatal quando acomete um indivíduo. Esta intoxicação alimentar é causada por uma enterotoxina que aparece quando se forma o esporo do Clostidium perfringens. Esta toxina pode ser processada no alimento, mas comumente sua produção ocorre principalmente no intestino. Bovinos Febre Aftosa – Aphtovirus A febre aftosa é uma doença infecto-contagiosa de grande importância na pecuária de corte por ser de disseminação rápida e de eliminação dos animais contaminados com perda total da produção. Acomete principalmente animais de cascos fendidos. Agente etiológico É causada por um vírus do gênero Aphthovirus. São bem estabelecidas sete estirpes desse vírus: O, A, C, Asia 1, SAT1, SAT2, e SAT3, com até 80 subtipos divididos entre esses grupos. Na América do Sul até o memento foram identificados apenas os subtipos A, O e C. Transmissão As principais fontes de infecção são a saliva dos animais doentes e consequente disseminação do vírus na pastagem e no solo. São susceptíveis a infecção animais que possuem o casco partido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Sinais Clínicos O rebanho bovino infectado manifesta os seguintes sintomas: febre, geralmente não percebida, porém com salivação excessiva e formação de vesículas na mucosa bucal e entre os cascos, que interferem na alimentação e locomoção e que são os sintomas mais facilmente observados clinicamente. As vesículas se rompem, formam úlceras nas regiões descritas e nas mamas tornando-se porta de entrada para infecções por outros agentes. Diagnóstico O diagnóstico da febre aftosa pode ser realizado pela observação dos sinais clínicos e testes sorológicos. É importante realizar o diagnóstico diferencial para a estomatite vesicular que causa sintomas parecidos nos animais. Controle Disseminação do vírus através da entrada no rebanho livre de novos animais sem vacinação ou controle, pessoas ou veículos que estiveram em propriedades de focos, camas e forragens. Vacinação maciça e sistemática dos rebanhos, associada à conservação adequada das vacinas utilizadas que devem ser mantidas em temperaturas variando de 4ºC a 8ºC. Vacinação de 6 em 6 meses a partir do 3º mês de idade. Importância econômica Osdanos, causados por essa doença, não se relacionam a saúde pública, mas as grandes perdas econômicas determinadas pelo sacrifício de todo um rebanho a partir de um único animal considerado infectado na propriedade. O impacto da presença da doença compromete a exportação de carnes que fica imediatamente impedida mesmo em propriedades sem a presença da doença, além da repercussão internacional que determina imediatamente a redução de valores do produto nacional, como ocorreram nos surtos já sofridos pelo Brasil. Bovinos Ceratoconjuntivite infecciosa bovina CIB– Moraxella bovis Doença ocular mais importante de bovinos em todo o mundo, porém raramente é fatal. Tem importância devido a perdas na produção do rebanho. Doença existente no Brasil. Agente etiológico Bactéria gram-negativa, diplobacilar, que apresenta formas hemolíticas (meses quentes) e não hemolíticas (inverno), amplamente disseminada e extremamente contagiosa. Transmissão Contato direto, descarga nasal ou ocular e, especialmente, por vetores mecânicos, como moscas. Patogenicidade do agente O mecanismo primário de patogenicidade da M. bovis são as fímbrias, que são apêndices filamentosos de superfície, que possui como função a fixação do microrganismo a receptores específicos das células epiteliais da córnea e conjuntiva. Essas estruturas, além de importantes imunógenos, são também imprescindíveis para a colonização do hospedeiro. Sinais Clínicos Lacrimejamento Conjuntivite Blefaroespasmo Fotofobia Edema de córnea o Aparecimento de um foco opaco e brancacento ou amarelo-azulado no centro da córnea. o Ulceração da córnea A CIB pode apresentar curso agudo, subagudo ou crônico, acometendo apenas um ou ambos os olhos. Os sinais podem resultar em cegueira temporária ou permanente, descematocele e ruptura da córnea. Não é uma doença fatal. Diagnóstico O diagnóstico é feito com base nas manifestações clínicas e epidemiológicas. Acomete animais de todas as idades, independentemente da idade, sexo e raça, sendo que em propriedades endêmicas, a incidência é mais elevada nos animais jovens. Diagnóstico laboratorial: Isolamento (em ágar sangue- colônias redondas, pequenas e com aspecto liso e hemolítico, crescem em 48h). Amostra de Swab lacrimal. Controle Utilização de colírios, e evitar aglomerações. Vacinação do rebanho antes do surgimento dos casos clínicos, a partir do 4º mês de vida. Controle de vetores mecânicos (moscas). Bovinos Papilomatose – Papilovaviridade As papilomatose são enfermidades infectocontagiosas, crônicas, de caráter tumoral, que pode acometer qualquer espécie animal. A doença é importante em vista dos prejuízos consideráveis em animais de produção. As principais perdas são no couro do animal, assim como a queda na produção leiteira de vacas acometidas no úbere, tornando-os susceptíveis a infecções secundárias, resultando em mastite. Agente etiológico Vírus família Papovaviridae, fita DNA dupla. Descritos seis tipos de vírus para os bovinos Os diferentes tipos de vírus da papilomatose bovina (VPB) causam diferentes lesões específicas. VPB1 – fibropapilomas em tetas e pênis. VPB2 – fibropapilomas cutâneo, ruminal e esofagiana. Também está associado a neoplasias de bexiga urinária. VPB3 – papiloma cutâneo epitelial. VPB 4 - responsável pelo papiloma da mucosa do trato alimentar VPB 5 - Fibropapilomas nas tetas e úbere (tipo grão de arroz) VPB 6 - Papiloma epitelial nas tetas e úbere Patogenia As lesões hiperplásicas ou neoplásicas benignas não induzem metástases e não causam a morte do animal, mas em algumas espécies pode sofrer transformação maligna. Os vírus da papilomatose bovina estão divididos em dois grupos distintos quanto a sua patogenia: Subgrupo A (fibropapilomas): Subgrupo B (papilomas escamosos): Os papilomas, inicialmente, são tumores benignos que podem evoluir para tumores malignos, classificados como: Escamosos: ocorre na pele ou qualquer parte do corpo, acometem principalmente a cabeça, em especial, na região ao redor dos olhos, pescoço, ombros, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Mucosos: situam-se em mucosas e macroscopicamente apresentam-se como nódulos encapsulados e circunscritos. Planos: geram o engrossamento da epiderme com forte queratinizarão das camadas superficiais, surgindo como leves nodulações arredondadas na superfície epitelial. Pedunculares: sua ocorrência é comum nos tetos e úbere. Seu tratamento é complicado e as verrugas causam dor durante a ordenha. Sua coloração varia de branco acinzentado ao preto e cinza. Transmissão Contato direto entre um animal infectado e um sadio Contato indireto através de cercas, bebedouros, fômites e ectoparasitas. Sinais Clínicos A doença se inicia pelo aparecimento de pequenos nódulos que, com o tempo vão se tomando maiores e mais numerosos. Verrugas tem aspecto de couve-flor evoluindo para secas e escuras, o que as vezes ocorre de cair naturalmente. Bovinos Controle Cuidados tomados durante a aquisição de novos animais, isolando-os do restante do rebanho Realização de medidas como: esterilização de materiais cirúrgicos, seringas, agulhas Controle ectoparasitas. O vírus pode ser destruído a 60°C por 30 min e é sensível a formalina 10%. É resistente a solventes lipídicos e variações de pH. Leucose Enzoótica Bovina LEB– Deltaretrovírus A importância econômica desta doença está relacionada com o prejuízo com a perda da exportação para países que exigem animais livres de infecção, custo com diagnóstico e tratamento, descarte prematuro, morte de animais e condenação de carcaças em frigoríficos. Agente etiológico Vírus da leucemia bovina (BLV), pertence à família Retroviridae, subfamília Oncovirinae, formada por um capsídeo icosaédrico, envelope de lipoglicoproteína e tem como material genético uma fita simples de RNA de polaridade positiva. Transmissão Forma horizontal e vertical. Esta primeira se dá através do contato físico prolongado de bezerros susceptíveis com animais portadores do vírus; Através do consumo de água com sangue infectado. Agulhas, instrumental cirúrgico, a marcação de animais, as luvas utilizadas para palpação retal, Ação mecânica de tabanídeos (moscas) Inoculalação: via subcutânea, intradérmica, intramuscular, intravenosa Contato com saliva contaminada e a alimentação com leite ou colostro provenientes de vacas infectadas Sêmen, principalmente na monta natural, sêmen utilizado na inseminação artificial é procedente de uma empresa que utiliza um controle de qualidade rígido, normalmente não apresenta leucócitos. Sinais Clínicos Esta doença possui um período de evolução longo e, geralmente, apresenta-se de forma inaparente, tornando o animal assintomático um importante transmissor do vírus. Linfocitose persistente -30% dos animais infectados, clinicamente não apresentam nenhum sintoma. Forma tumoral, indo de 0,5 a 5,0% dos bovinos com mais de quatro anos de idade o Útero, linfonodos mesentéricos, retrobulbares, pré-escapular e subilíaco, coração, abomaso e no canal medular. A sintomatologia apresentada depende do local de aparecimento dos linfossarcomas o No coração: insuficiência cardíaca, estase venosa e pulso venoso positivo Bovinos o Abomaso: indigestão, timpanismo, diarreia e constipação Outros sintomas são: Linfoadenomegalia, Incoordenação e paralisia dos membros posteriores Queda na produção leiteira Exoftalmia Perda de peso e caquexia Podendo evoluir para óbito. Diagnóstico Diagnóstico clínico: Emagrecimento progressivo, anorexia, exoftalmia, paralisia progressiva dos membros posteriores e formações tumorais nos linfonodos superficiais. Diagnósticopós morten: Exames histológicos de fragmentos de órgãos obtidos através de biópsias ou necropsia Formações tumorais em tecidos linfoides, no átrio direito do coração, na parede do abomaso e útero, linfonodos aumentados com tecido neoplásico firme e branco, muitas vezes circundando um foco necrótico translúcido e amarelado. Diagnóstico laboratorial: Imunodifusão em gel de Agar (IDGA), que é uma prova sorológica oficial utilizada em casos de LEB. Hemograma: linfocitose persistente em aproximadamente 30% dos bovinos infectados. Ensaios imunoenzimáticos (ELISAs) Controle Não há tratamento para esta doença, sendo a profilaxia a única indicação, porém, muito difícil, poia é inexistente um programa de controle oficial Eliminação de todos os animais soropositivos do rebanho; Quando houver animais infectados, mantê-los na propriedade para prevenir a transmissão iatrogênica, por fômites ou por vetores; Uso de colostro livre do vírus também auxilia na prevenção contra a transmissão vertical. Ainda não existe uma vacina eficaz no controle desta doença. Bovinos Actinobacilose bovina – Actinobacillus Também conhecida como “língua de pau” ou “língua de madeira”, é uma doença infecciosa, crônica e granulomatosa que acomete os tecidos moles de bovinos, resultando no aparecimento de piogranulomas com presença de drusas no seu interior. Esta enfermidade afeta bovinos de todas as idades, sendo infrequente em ovinos, suínos e eqüinos. Agente etiológico Bactérias gram negativas, anaeróbicas facultativas, não móveis. Habitam membranas das mucosas, trato respiratório superior e cavidade oral. A principal espécie causadora de doenças em bovinos é a A. lignieresii, que vive no trato digestivo dos bovinos, uma bactéria susceptível às influências ambientais. Transmissão Esta bactéria penetra e leva à afecção quando existe uma lesão na mucosa oral, que pode ser resultado de traumatismo por alimentos grosseiros. Patogenia Doença crônica granulomatosa, que causa lesões na língua, nos linfonodos, parede ruminal e pele. A doença se divide em três formas, afetando: Forma linfonodos Forma lingual Forma pulmonar Estas lesões possibilitam a instalação do agente etiológico no local e alcança os linfonodos regionais e outros órgãos, por via linfática ou hemática. A partir do momento em que as bactérias atingem as camadas mais profundas, há o estabelecimento de uma infecção local e o surgimento de uma reação inflamatória aguda, que progride para a formação de lesões crônicas, do tipo granulomatosa com necrose e supuração, liberando descarga purulenta para o meio exterior Sinais Clínicos Forma comprometimento de linfonodos (forma comum em surtos) o Linfadenopatia, especialmente dos linfonodos da cabeça e cervicais. À palpação, estes se apresentam infartados, duros, indolores e frios, podendo haver edema periférico e subcutâneo. Há casos que podem fistular e liberar pus. Forma lingual (forma mais comum) o Glossite (inflamação da língua), levando, consequentemente, a falta de apetite, sialorréia, dificuldade de mastigação e de deglutição do alimento, lesões labiais, palato, faringe, fossas nasais e face, os quais, quando difusas, levam a um quadro clínico conhecido popularmente como “cara de hipopótamo”. Forma pulmonar Bovinos Diagnóstico O diagnóstico é feito com base nos sinais clínicos, isolamento e cultura do agente. Controle Isolamento de animais doentes, impedindo que ocorra contaminação de alimentos devido à secreção de lesões Evitar uma dieta com alimentos grosseiros que podem causar ferimentos na cavidade bucal. Quarentena em animais provenientes de propriedades com histórico clínico da doença Tratar rapidamente animais acometidos pela enfermidade. Febre dos Transportes (Complexo das doenças respiratórias de bezerros)– Pasteurella aeruginosa Também denominada: Pneumonia Enzoótica, febre dos embarques, pasteurelose ou septicemia hemorrágica. A perda de peso pode estar associada a um processo inflamatório conhecido como complexo da doença respiratória bovina (BRD na sigla em inglês) ou febre do transporte Importância financeira o Queda na conversão alimentar do animal; o Redução de ganho de peso diário e final; o Aumento do período de dias da engorda ao abate. Agente etiológico Pasteurella aeruginosa – microflora da cavidade oronasal. Transmissão Contato direto, inalação, ingestão de secreções oro nasais. Animais de confinamento possuem maior incidência da doença, e demonstram problemas respiratórios durante três semanas iniciais. Patogenia Imunossupressão, infecções secundárias, rompem as barreiras do trato respiratório e colonizam a porção crânio-ventral dos pulmões, causando pneumonia fibrinótica nos animais acometidos Sinais Clínicos Animais acometidos se isolam dos demais Depressão Apetite reduzido Aumento da frequência respiratória] Febre de 40º a 41ºC Secreção mucopurulenta nasal e ocular Morte súbita Bovinos Dermatofilose – Dermatophylus congolensis Agente etiológico Transmissão Patogenia Sinais Clínicos Diagnóstico Controle Diarréria – causado por bactérias da família Enterobacteriacea Sinais Clínicos o Disfunção do trato intestinal o Hipersecreção o Falta de absorção intestinal Bovinos Dependendo da quantidades de dias do bezerro, pode-se estimar qual agente esta envolvido na causa daquela diarreia. Ex: Entre o 1º ao 9º dia de vida, é comumente causando pela E.coli, enquanto após o 10º pode ser salmonela, e a partir do 15º, coccídeos. Sinais Clínicos Diagnóstico Características clínicas, e da diarreia podem indicar o agente causador da enfermidade, porém deve-se ter experiência neste tipo de diagnóstico. Controle Não expor neonatos recém- nascidos, com animais jovens. Evitar o parto em locais não asseados. Bovinos Salmonella Agente etiológico Bactérias habitam no solo, agua e alimentos de animais. Transmissão Excretado pelas fezes. As vias de infecção são pela ingestão, ou inalação, ou conjuntivas. Diagnóstico Isolamento a partir das fezes e identificação (ágar sangue). Bovinos Diarreia Viral Bovina (BVD) e Doença das Mucosas (MD) - Pestivirus Agente etiológico Vírus RNA membro do gênero Pestivirus da família Flaviridae. O Pestivírus é caracterizado pela existência de dois biótipos: Citopático (CP) - Não citopático (NCP). Epidemiologia É uma doença de distribuição mundial. Os fatores que predispõe o rebanho são: Fatores predisponentes: Densidade animal Aptidão do rebanho Sistema de criação Programas de vacinação Práticas de manejo Biossegurança Transmissão Contato direto: mucosas, durante o coito Contato indireto: excreções, secreções e fômites. Transmissão vertical: transplacentária (dependendo da fase da gestação, ocorrerá o nascimento de animais persistentemente infectados - PI) Patogenia As consequências da infecção, bem como a severidade dos sinais clínicos dependem de diversos fatores: Cepa viral ou biótipo Imunidade do animal Infecções secundárias Bovinos Sinais Clínicos em imunocompetentes e não gestantes Estes animais não apresentaram a doença (assintomáticos) ou apresentação a forma subclínica: Depressão Febre Inapetência Diarreia leve Leucopenia transitória Sinais Clínicos em imunossuprimidos (forma hiperaguda) Estes animais apresentação a forma hiperaguda da doença: Febre Síndromes hemorrágicas Trombocitopenia acentuada Diarreia sanguinolenta Epistaxe – hemorragia nasal Equimosese petéquias em mucosas Sinais Clínicos em fêmeas gestantes Estes animais apresentaram alterações relacionadas ao sistema reprodutivo no início da gestação, até o 40º dia: Morte embrionária ou fetal Absorção fetal Mumificação fetal Aborto Se a vaca for infectada entre o 40º dia ao 120º dia de gestação, se tornará imunotolerante ao vírus (animal persistentemente infectado - PI) – período em que ocorre a seleção tímica. Incorporação dos antígenos virais – incorporação errônea do sistema imune do feto. Ao nascimento, este se tornará um reservatório, disseminando o vírus pelo rebanho. Se a vaca for infectada entre o 100º dia ao 150º dia de gestação o bezerro nascerá com má formações – período do desenvolvimento do sistema nervoso central. Microcefalia Mielininação deficiente da bainha de mielina Atrofia e displasia da retina Catarata Hipoplasia tímica Hipotricose Braquignatismo Artrogriptose Hipoplasia cerebelar Hidrocefalia Se a vaca se tornar gestante nos últimos meses de gestação (entre 5º e 6º mês de gestação) Geração de animais imunocompetentes Com anticorpos contra bvdv Diminui risco de aborto e animais fracos Bovinos Sinais Clínicos em animais persistentemente infectados (PI) Estes animais sobrevivem até a idade adulta e são capazes de se reproduzir, gerando progênies PI. Quando o animal PI (infectado com o vírus não citopático) é exposto ao vírus citopático, ente desenvolverá a Doença das Mucosas. Esta exposição pode ser por Aplicação de vacinas vivas modificadas Infecção com o vírus citopático (CP) decorrente da transmissão por outros animais. Diagnóstico da Diarreia viral bovina Diagnóstico clínico pela sintomatologia. Achados anatomopatológicos. Laboratorial: o Isolamento do vírus o Imunohistoquímica o ELISA o Soro neutralização o PCR Sinais Clínicos da Doença das Mucosas Estes podem apresentar: Febre Anorexia Taquicardia Erosões (oral e nasal) Desidratação Diarreia aquosa Corrimento nasal e ocular Opacidade de córnea Sialorréia Timpanismo e ↓ruminação Diagnóstico da Doença das Mucosas Necropsia: alterações TGI e placas de peyer o Enterite catarral ou hemorrágica o Conteúdo intestinal de cor escura e consistência aquosa Histopatológico: necrose de tecidos linfoides do baço e placas de peyer Diagnóstico diferencial Erosões na cavidade oral – febre aftosa, estomatite vesicular e carcinoma de células escamosas Diarreia profunda – viroses, salmonelose, coccidiodes, helmintoses e intoxicação por arsênio e molibdênio – deficiência de cobre. Respiratória - pneumonia por Pasteurella spp. Bovinos Controle Vacinação com vírus vivo ou inativado Detecção e eliminação de bovinos PI Controle da entrada de animais e sêmen A vacinação é recomendada para rebanhos com alta rotatividade de animais, rebanho com sorologia positiva, com histórico de doença clínica ou reprodutiva, para propriedade de terminação de novilhos e rebanhos leiteiros com constante entrada de animais. Príons - Encefalopatia espongiforme bovina (EEB) - (Doença da vaca louca) Agente etiológico Príon são agentes infecciosos não convencionais, sem DNA, é o único agente que não estimula uma resposta imune detectável ou reação inflamatória no hospedeiro, como também é altamente resistente aos procedimentos convencionais de inativação (químicos, físicos e radiação). Transmissão Ingestão de alimentos expostos ao príon, que são fornecidos aos bovinos. Patogenia Uma das principais características da EEB é o período de incubação muito longo, entre 4-5 anos, durante o qual os animais mostram-se perfeitamente saudáveis. Sua patogenia não está esclarecida, no entanto, existem teorias de que após a ingestão do príon, o agente replica-se no sistema linforreticular, migrando, em seguida, para o sistema nervoso central, através dos nervos periféricos. Sinais Clínicos A evolução e a intensidade dos sinais aumentam com o tempo, sendo que esse pode variar de semanas a meses, de modo que na maior parte dos casos, o animal morre dentro de três meses. Distúrbios do comportamento o Nervosismo Apreensão Medo Ranger de dentes Distúrbios de sensibilidade o Hipersensibilidade ao toque ao som e à luz Distúrbios da locomoção o Hipermetria e incoordenação motora Diagnóstico - pos mortem Histopatológico – amostras do tecido nervoso. Bovinos Diagnóstico diferencial Hipomagnesemia Acetonemia nervosa Raiva Intoxicação por chumbo Poliencefalomalácia Abscessos cerebrais e espinhais Encefalopatia hepática. Controle A doença não tem tratamento, portanto a profilaxia é indispensável. Não utilização de produtos proteicos proveniente de ruminantes na dieta de bovinos. Evitar carne e leite de animais contaminados Incineração de todos os animais infectados
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