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parte do diretor escolar tem sido identificada como um fator importante na construção de uma escola cada vez mais inclusiva. O papel do diretor requer novos conhecimentos, atitudes e habilidades para lidar com as condições atuais e as tendências emergentes na Educação Especial e geral e para conduzir a continuidade da melhoria educacional para todos os estudantes. A relação ensino e aprendizagem A relação ensino-aprendizagem deve ser de superação entre o opressor e o oprimido, em que educador e educandos estão em um processo de constante aprendizagem e construção do conhecimento recíproco. Paulo Freire discorre sobre o fato de que o educador não deve ser um transmissor de conhecimento, mas alguém que cria as possibilidades para sua construção ou produção. Diante disso, o diálogo entre as partes é fundamental e o educador deve saber também escutar para que, assim, o conhecimento entre as duas partes possa ser desenvolvido. Seguindo esse raciocínio, o diálogo aparece como peça fundamental para a metodologia criada por Paulo Freire, pois, por intermédio dele, de uma conversa em grupo, os homens são capazes de debater uma situação e construir então seu senso crítico. Em grupo, o homem é capaz de indagar sobre a realidade desenvolvendo uma interação construtivista. 31 O PROCESSO DE EnSInO-APREnDIzAgEM EM UMA PERSPECTIvA DE EDUCAçãO InCLUSIvA • CAPÍTULO 3 Educação problematizadora Por ser um processo contínuo, a educação problematizadora, a princípio, na alfabetização, aparece no sentido de descoberta do mundo, conscientização, modificação de si mesmo e do mundo. Mais adiante, esse procedimento deve ser continuado e as implicações serão ainda mais profundas. Nesse processo de construção do conhecimento, a avaliação baseada nos moldes tradicionais, como provas e notas, deixa de fazer sentido. A abordagem que aqui se discute propõe a autoavaliação entre professores e alunos. A autoavaliação permite que as duas partes consigam ver em que se desenvolveram e em que precisam melhorar. Segundo Paulo Freire (1996), o homem é o sujeito da educação, portanto, a educação deve promover o indivíduo e não procurar meios de adaptá-lo à sociedade. A educação deve buscar na cultura popular valores que são inerentes a essas camadas da população. O indivíduo deve participar de maneira ativa na construção da cultura O homem como sujeito deve interagir com seu meio, e, a partir dessa interação, ele chega ao conhecimento. O homem deve sentir que participa do seu contexto social. Ao conscientizar-se, ele pode tanto alterar seu meio quanto a si próprio. O processo de conscientização é contínuo e progressivo, vai do nível mais primitivo ao mais crítico; para isso, passa por etapas que devem ser superadas. Quando se consegue isso, atinge-se a consciência epistemológica. Segundo Paulo Freire, a natureza da consciência compreende diferentes níveis que correspondem à ação humana no mundo: » Consciência intransitiva: analisa a realidade a partir de explicações mágicas. » Consciência transitiva ingênua: o indivíduo está insatisfeito com a realidade, mas resiste em alterá-la, ainda usa explicações mágicas. É a típica opinião de massa. » Consciência crítica: forma crítica de pensar. O indivíduo vê a si próprio em função do mundo e em termos de sua dependência histórica e social. Os elementos mediadores A argumentação vygotskyana baseia-se, fundamentalmente, no conceito de mediação simbólica. Para Vygotsky, a cognição superior do homem surge (ou é potencializada) apenas por meio da interposição de um elemento intermediário (mediador) entre estímulos e respostas que são captadas e produzidas por uma pessoa. 32 CAPÍTULO 3 • O PROCESSO DE EnSInO-APREnDIzAgEM EM UMA PERSPECTIvA DE EDUCAçãO InCLUSIvA Esses elementos mediadores pertencem a duas categorias: instrumentos e signos. Instrumentos são os artefatos construídos exclusivamente pelo ser humano, e utilizados principalmente para auxiliá-lo em alguma tarefa ou trabalho. Signos são os instrumentos psicológicos orientados para o próprio indivíduo (marcas, desenhos, gráficos). Posto que esses mediadores sejam construídos em sociedade, e que esses são fundamentais para o desenvolvimento dos processos cognitivos superiores, deduz-se que, na ausência desses instrumentos, não ocorrerá desenvolvimento de capacidades cognitivas tipicamente humanas. Os elementos centrais da obra de Vygotsky, do ponto de vista pedagógico, são: » A comunidade onde o estudante está inserido tem papel central na construção do entendimento, e influencia fortemente a forma como este vê o mundo. » A natureza das “ferramentas” cognitivas (jogos, brinquedos, família, cultura, símbolos e linguagem) com as quais o estudante interage determinam o padrão e o ritmo de desenvolvimento do aprendizado. » As habilidades necessárias à solução de problemas com os quais o estudante se depara se situam em três categorias: › as que já são dominadas – internalizadas – pelo estudante; › as que não são dominadas – internalizadas – pelo estudante, e que não podem ser empreendidas mesmo com o auxílio de adultos; › as que são intermediárias, entre esses dois extremos, e podem ser empreendidas apenas com o auxílio ou acompanhamento de outras pessoas. Zona de Percepção Proximal é definida como o intervalo que agrega as habilidades da categoria C. » Vygotsky chama de aprendizado o exercício das habilidades situadas na Zona de Percepção Proximal, e de desenvolvimento a internalização de tais habilidades. Como a Zona de Percepção Proximal só pode ser explorada pelo estudante com o auxílio de outras pessoas, o processo é necessariamente social. » Os elementos enunciados acima são implementados por princípios a serem aplicados à sala de aula. » Aprendizado e desenvolvimento é uma atividade colaborativa e social que não pode ser “ensinada”. O próprio estudante tem que construir o seu entendimento da atividade, e o professor atua como facilitador desse processo. » As situações-problema nas quais o estudante precisa de auxílio para fornecer uma solução são as que permitem a maior (talvez única) oportunidade de aprendizado e desenvolvimento e, consequentemente, devem ser adequadamente inseridas e exploradas pelo educador. 33 O PROCESSO DE EnSInO-APREnDIzAgEM EM UMA PERSPECTIvA DE EDUCAçãO InCLUSIvA • CAPÍTULO 3 » Quando inserindo tais situações, é importante considerar que o aprendizado deve ocorrer dentro do contexto (social, econômico) no qual o estudante se encontra, já que as “ferramentas” cognitivas das quais o estudante dispõe são originadas desse contexto. » Experiências de fora de sala de aula devem ser relacionadas com as experiências na escola. Imagens, notícias e estórias pessoais devem ser incorporadas às atividades de sala de aula: simulações, imitações, brincadeiras, jogos. A importância da autoestima na inclusão do aluno na vida social da escola Quando se trabalha com alunos que têm uma trajetória escolar de insucessos, é preciso ajudá-los a trabalhar o autoconceito desenvolvendo a confiança na própria capacidade de aprender. O professor é uma referência importante na formação da autoestima do aluno e no relacionamento com eles, é fundamental para ajudá-los a construir uma imagem positiva de si mesmos, aumentando sua motivação para aprender. Outra referência é a família, por isso, colaborar com ela na construção da identidade é também importante. São partes importantes da Educação Inclusiva os relacionamentos e as interações sociais. Assim como os demais alunos, aqueles com deficiência também precisam participar da vida social da escola como, por exemplo, conduzindo visitantes pela escola, ajudando no gerenciamento de equipes e trabalhando no escritório da escola. Quanto mais presentes estiverem esses componentes, maiores serão as chances de que a escola incluirá crianças e jovens com deficiência. Ao organizar as atividades, lembrar que os alunos têm ritmos e formas diferentes de aprendizagem, portanto