Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp NEURORADIOLOGIA O AVE é a terceira causa mais comum de morte no mundo. Clinicamente, é caracterizado por início súbito de déficit neurológico focal, como alteração de força ou sensibilidade de um lado do corpo, déficit visual, dificuldade para expressar ou compreender a fala, desequilíbrio ou outros distúrbios da marcha. Dependem do território acometido. O AVE engloba: infarto cerebral isquêmico (83%), infarto hemorrágico (10%) e hemorragia subaracnóidea (7%). AVC ISQUÊMICO Os exames de imagem são importantes para confirmar AVCi e não hemorragias ou doenças que simulam o AVC (migrania hemiplégia). Detectam e avaliam os sinais precoces de isquemia, presença e local de obstrução vascular, viabilidade tecidual, monitoramos complicações do AV ou da terapia de reperfusão. O paciente com AVCi deve passar primeiro por tomografia sem contraste e angiotomografia. A RM é mais sensível e mais específica, mas o acesso é menor e o tempo de duração é mais demorado. Assim, na emergência utilizamos mais TC. A RM deve incluir: - Sequencia axial FLAIR; diagnóstico diferencial com hemorragia subaracnóidea; - Sequência de susceptibilidade magnética - SWI; maior sensibilidade para detectar produtos de degradação de hemoglobina (pesquisa de hemorragias). - Difusão; detecta zonas de edema citotóxico. Uma das mais úteis no AVCi. - Perfusão; avaliação de mismatch; - Ângio RM: pesquisa de oclusão intracraniana. A área afetada pelo AVCi corresponde à área vascularizada por determinados vasos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Os AVCi seguem a classificação TOAST para definir a causa da isquemia. Aterotrombose de grande vaso: 40-50% dos casos, ACM. Paciente clássico, com dislipidemia. Cardioembolismo: 15%. Oclusão de pequenos vasos (lacunar): 25% Outras causas: 5%. Indeterminado: 5%. Clinicamente, os AVCi podem ser divididos em 4 “síndromes”: lacunares, circulação anterior total, circulação anterior parcial e circulação posterior. Difusão por RM: sequencia extremamente útil. Detecta alterações 15 min após instalação do AVC. Apresenta hipersinal (brilho). Para pacientes que já tiveram outros AVC’s a difusão identifica se há algum infarto recente (há hipersinal nas sequencias ponderadas em difusão e hipossinal no mapa de ADC). DWI: líquor fica preto. Mapa de ADC: líquor fica branco. A lesão no lobo frontal esquerdo e face lateral do giro pré-central mostrada nas imagens corresponde a uma área de isquemia, pois brilha em difusão e fica preto no mapa de ADC. Normalmente a água corre livremente no meio extracelular, enquanto no AVC (falência da bomba de sódio e potássio) aumenta o influxo de água para o meio intracelular. Causa aumento do volume celular e diminuição do espaço intercelular (restrição à mobilidade da molécula de água). Isso é o edema citotóxico e medimos pela ponderação de difusão. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Na ressonância, vemos como sinais precoces a restrição à difusão, realce intravascular pós- contraste (colaterais mais proeminentes) e distribuição da lesão em território arterial. A sensibilidade da RM é muito maior para detectar sinais precoces de isquemia, contudo é menos acessível. Na tomografia procuramos: - Sinal do vaso hiperdenso: identifica conteúdo trombótico dentro do vaso. - Tecido cerebral hipoatenuante. - Perda da distinção entre córtex e substancia branca. - Obscurecimento ou borramento do núcleo lentiforme por redução do fluxo das aa lenticuloestriadas mediais (um dos sinais frequentemente associados a infarto da ACM). INFARTO CEREBRAL RECENTE – 1 A 3 DIAS Redução da impregnação meníngea/intravascular Transformação hemorrágica Alteração do sinal em T1/T2/FLAIR A sequencia de perfusão é muito importante para caracterizar a zona de penumbra. Comparamos 3 compartimentos da zona de infarto: core/central (infarto estabelecido); penumbra (isquemia sem infarto) e periférica (oligoemia). A zona de penumbra é capaz de se recuperar no caso de reperfusão (não está infartada). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp No hemisfério esquerdo vemos apagamento dos sulcos, inicialmente. Após algumas horas fica evidente a área hipodensa em formato de cunha. Um sinal muito precoce e importante é o sinal do vaso hiperdenso. Procuramos hiper densidades intraluminais. Verificamos esse sinal na tomografia sem contraste. O local da obstrução é muito importante (angiografia). Quanto mais distal melhor o prognóstico, por maior chance de reperfusão pós-trombólise EV. Se for proximal (carótidas ou vertebrais) o melhor é realizar trombólise mecânica ou trombólise intra-arterial. Angio-TC levemente superior à angio-RM, mesma acurácia que arteriografia para detectar aneurismas. RM: TOF (intracraniana) e angio com Gd para extracraniana (pescoço – carótidas cervicais). USG: avaliar oclusão, grau de estenose e morfologia da parede vascular (carótida). Avalia a morfologia das placas ateroscleróticas. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Dissecção arterial: Responsável por 20-25% dos infartos isquêmicos em jovens. Dano intimal que leva ao hematoma mural, com hematoma subintimal e estenose. Pode haver paralisia oculossimpática (horner ipsilateral) em 50% quando acomete A carótida Interna. Pode causar também paralisia de pares cranianos inferiores (IX a XII). Na imagem acima não vemos fluxo na artéria carótida interna esquerda. As cerebrais anteriores tem fluxo estabelecido via comunicante anterior. O infarto comprometeu o território da ACM esquerda. Uma das causas da dissecção pode ser ferimentos perfurocortantes do palato. INFARTO CEREBRAL – 1 A 8 SEMANAS Impregnação dos giros pelo contraste Redução do edema e do efeito de massa Na RM vemos redução da alteração do sinal em T2 Mais cronicamente, vemos encefalomalácia, perda de volume e até calcificação. Encefalopatia hipóxico-isquemica: distúrbio global de perfusão ou oxigenação cerebral. Em geral acomete pacientes com parada cardiorrespiratória, hipotensão, asfixia neonatal. Comprometimento difuso e bilateral das estruturas da substancia cinzenta (relativa preservação da subst. Branca). O infarto ocorre na fronteira arterial e núcleos da base, tálamo, cerebelo, necrose cortical laminar. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Também vemos apagamento dos sulcos. HEMORRAGIAS CEREBRAIS Tem diversas causas, como: Transformação do infarto isquêmico: 15-20% Hipertensão arterial sistêmica: 11% Aneurisma MAV angioma cavernoso: 7% Trombose de veia ou seio venoso dural Hipocoagulabilidade, infecção, vasculite e abuso de drogas Na tomografia vamos ver a área de hemorragia como área hiperdensa (branca) rodeada de halo hipodenso (preto – pode ser sangue já reabsorvido ou edema do parênquima). Reduz da periferia para o centro em 1 a 5 semanas. Pode ter impregnação na periferia após 1 semana. - Hipertensão arterial sistêmica: Quando acomete putamen e capsula externa (60-65%). Talamo, ponte e cerebelo podem ser acometidos também. Mesmo que o paciente não tem história, pensamos em encefalopatia hipertensiva devido a localização profunda da hemorragia e com extensão ventricular. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp No tronco é menos frequente, mas mais grave. Na ressonância: Área branca em T1 na topografia do putamen. Segunda hemorragia na região subcortical do lobo occipital. Microhemorragia em SWI: sangramento e calcificação tem perda de sinal nessa sequencia SWI. Hemorragias petequiais prévias, mais antigas/crônicas. - Aneurismas: Pode causar hemorragia subaracnóidea ou intraparenquimatosa. A história clássica é uma mulher de 40 a 60 anos, com cefaleia absurda com sinais meníngeos (meningite química pelo sangue).90% dos aneurismas surgem da circulação anterior, dentre essas a principal é da ACA e artéria comunicante anterior. São saculares. São múltiplos, simétricos e bilaterais de 15 a 30% dos casos. Se ver HSA sempre fazer angio tomo ou angio ressonância para investigar aneurismas. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp A maioria dos aneurismas rotos causam hemorragia subaracnóidea. A rotura causa vasoespasmo e pode haver isquemia associada após algum tempo. Na primeira imagem tem um aneurisma de comunicante anterior que se rompeu e, devido ao vasoespasmo, ocorreu isquemia no território das artérias cerebrais anteriores. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - MAV Ocorre em população jovem, associada a hemorragia cerebral e epilepsia. É uma rede anormal formada por artéria nutridoras e colaterais, veias de drenagem dilatadas. 85% localização supratentorial. Se associam com aneurisma, atrofia cerebral, calcificação e resíduos de hemorragia. Enovelado de vasos hiperdensos com sangramento intraventricular. - Angioma cavernoso Lesão mais focal, bem circunscrita. São espaços revestidos por células endoteliais, preenchidos por hemorragias em vários estágios. 80% supratentoriais, 50 a 80% múltiplos. Aparece como lesão delimitada com hemorragias (aspecto em pipoca), sem edema, com calcificação, impregnação mínima ou ausente (sem realce por contraste). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp É comum que a periferia tenha baixo sinal sempre. Aspecto globuliforme. Localização preferencialmente no córtex, então costumam causar epilepsia. - Oclusão de veia ou seio venoso cerebral: Subdiagnosticadas e desenvolvem sequelas graves. Os seios que mais tem trombose são: seio sagital superior; seio transverso; sigmoide; cavernoso; veias corticais. As causas podem ser variadas, como infecções, desidratação, puerpério, ACO, coagulopatia, invasão tumoral. Na imagem vemos o trombo venoso, infartos hemorrágicos na transição da substancia branca e cinzenta. Depende de qual seio acometido e o território de drenagem. Trombose venosa na porção posterior e área hipodensa por edema vasogenico. Segunda imagem mostra conteúdo hiperdenso no seio sagital superior. Quando a trombose acomete veias cerebrais internas podem acometer núcleos da base e tálamo. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Normalmente as tromboses venosas causam infarto seguido de hemorragia. Os pacientes com leucemia linfoide e plaquetopenia apresentam hemorragias cerebrais espontâneas.
Compartilhar