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1 FACULDADES KENNEDY UNIDADE VENDA NOVA DIREITO – MANHÃ DISCIPLINA: DIREITO PENAL IV Aluna: Vanessa Pereira Marques Alves Belo Horizonte Outubro/2020 2 Fichamento dos art. 250 a 266 do Código Penal TÍTULO VIII DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA CAPÍTULO I DOS CRIMES DE PERIGO COMUM Incêndio Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Aumento de pena § 1º - As penas aumentam-se de um terço: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; II - se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; 3 g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Incêndio culposo § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos Objeto Jurídico: A incolumidade pública; Elemento do tipo: (Verbo). Causar; Bem material: Substância ou objeto incendiado; Sujeito ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A sociedade (crime vago); Elemento Subjetivo: O dolo; Tentativa: Admite-se. Possui natureza plurissubetiva admitindo-se fracionamento do iter criminis e ocorrência teórica da tentativa; Ação Penal: Pública incondicionada. Explosão Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. Modalidade culposa 4 § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano. Objeto Jurídico: A incolumidade pública; Elemento do tipo: (Verbo). Expor; Objeto Material: O objeto material é o engenho de dinamite ou a substância de efeitos análogos; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A coletividade; Elemento Subjetivo: Dolo; Tentativa: Admite-se; Consumação: Com a criação de situações de perigo próximo e imediato; Modalidade Culposa: Advém quando alguém não toma os cuidados necessários em definida situação e, por consequência, provoca explosão que expõe a perigo a incolumidade física ou o patrimônio de número indeterminado de pessoas. Exemplo: Estocagem de fogos de artifício ou pólvora sem observar as cautelas necessárias. Modalidade Privilegiada: a substância utilizada pelo agente não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos, ou seja, tem eficácia explosiva menor. Obviamente, a constatação do crime na privilegiada dependerá de análise pericial; Ação Penal: Pública incondicionada. Uso de gás tóxico ou asfixiante Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Modalidade Culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: 5 Pena - detenção, de três meses a um ano. Objeto Jurídico: A incolumidade pública Elemento do tipo: (Verbo). Expor; Bem material: Gás tóxico ou asfixiante Sujeito ativo: Qualquer pessoa Sujeito Passivo: A coletividade Elemento Subjetivo: O dolo Consumação: Com o surgimento da situação de perigo próximo e imediato para a integridade física ou patrimonial de indiscriminado número de pessoas. Forma Culposa: O parágrafo único diminui a pena para detenção de três meses a um ano se o uso do gás toxico ou asfixiante é culposo; Tentativa: Admite-se Ação Penal: Pública incondicionada Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Objeto Jurídico: A incolumidade pública Objeto Material: Substância ou engenho explosivo, ggás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação. Sujeito ativo: Qualquer pessoa Sujeito Passivo: A coletividade Elemento Subjetivo: É o dolo de perigo, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros; Consumação: Consuma-se o delito com a prática de qualquer uma das ações nucleares do tipo; 6 Tentativa: Admissível Ação Penal: Com a efetiva situação de perigo comum??????? Inundação Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa. Objeto Jurídico: A incolumidade pública; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A coletividade, bem como eventuais atingidos pela inundação provocada pelo agente; Elemento Subjetivo: É o dolo de perigo, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros; Tentativa: Admissível; Consumação: Consuma-se o delito como a prática de qualquer uma das ações nucleares do tipo; Ação Penal: Pública incondicionada; Inundação com o fim de causar a morte de alguém: Deverá ser responsabilizado pelas duas infrações penais, vale dizer, o delito de homicídio qualificado (art. 121, § 2°, III, quarta figura), em consumo formal impróprio como o delito de inundação, devendo haver o cúmulo material de penas; Usurpação de Águas: Se o fato praticado pelo agente não criar uma situação de perigo comum, bem como se tiver sido praticado com a finalidade de desviar ou representar em proveito próprio ou alheio, águas alheias, deverá ser responsabilizado pelo delito de usurpação de águas, tipificando o art. 161, I, do código penal; Dano: Se o alagamento for “de pouca monta”, incapaz de produzir perigo extensivo, poderá constituir tão somente crime de dano (Art. 163, CP) 7 Forma Culposa: O art. 254 comina, pena de seis meses a dois anos, nos casos em que a inundação resulta de imprudência, negligência e imperícia por parte do agente. Perigo de inundação Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Objeto Jurídico: A incolumidade pública, mas em razão do perigo e não da inundação; Elemento do tipo: Remover (deslocar, tirar), destruir (eliminar, estragar) ou inutilizar (anular, tornar inútil), em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou patrimônio de outrem, obstáculo natural (margem de um rio) ou obra destinada a impedir a inundação (barragem, comporta etc.) Objeto Material: É o obstáculo natural ou obra destinada a impedira inundação, contra o qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, inclusive proprietário do prédio em perigo; Sujeito Passivo: A coletividade, bem como aquele que, individualmente, forem ameaçados pela ação criminosa; Elemento Subjetivo: É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar uma das ações típicas, ciente o agente de que causa o perigo de inundação. Ressalva-se que nessa figura criminosa o agente não quer causar a inundação, mas a possibilidade da sua ocorrência. Consumação: Consuma-se o delito como a efetiva remoção, destruição ou inutilização de obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação que, no caso concreto, traga perigo para a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem. Ação Penal: Pública incondicionada; Tentativa: Admissível; 8 Desabamento ou desmoronamento Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano. Objeto Jurídico: A incolumidade pública Elemento do tipo: Causar (provocar) desabamento queda, total ou parcial, de construção) ou desmoronamento (derrocada, deslizamento, ainda que parcial, do solo), expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem número indeterminado de indivíduos); Objeto material: É o “morro, pedreira ou semelhante”; Sujeito ativo: Qualquer pessoa Sujeito Passivo: A coletividade, e secundariamente, o indivíduo lesado pela conduta do agente; Elemento Subjetivo: É o dolo; Consumação: Para a consumação do delito de desabamento não basta a simples ameaça, o perigo de que ele possa ocorrer, é imprescindível a ocorrência efetiva da queda do prédio ou de parede, com ameaça concreta a pessoas e coisas. Tentativa: É admissível na forma plurissubsistente dolosa; Ação Penal: Pública Incondicionada. Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio 9 destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Objeto Jurídico: A incolumidade pública, especificamente o perigo comum que pode decorrer das condutas proibidas; Elemento do tipo: Consiste o crime em subtrair (apropriar-se, retirar), ocultar (fazer desaparecer) ou inutilizar (tornar imprestável), por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento. Ou impedir (tornar impraticável) ou dificultar (estorvar, tornar trabalhoso) serviço de tal natureza. É pressuposto para a ocorrência do delito que esteja em andamento, por ocasião da conduta, incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade. Inexistentes essas circunstâncias, outro poderá ser o crime, como, por exemplo, furto ou dano; Objeto Material: Aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento constituem o objeto material do delito em estudo; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A Sociedade; Elemento Subjetivo: É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar uma das ações típicas; Consumação: O delito de subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento se consuma quando o agente, após praticar um dos comportamentos previstos pelo tipo de art. 257 do Código Penal, expõe a perigo a incolumidade pública, vale dizer, a vida, a integridade física ou o patrimônio de um número in determinado de pessoas; Ação Penal: Pública incondicionada; Tentativa: Admite-se a tentativa; 10 Formas qualificadas de crime de perigo comum Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. Objeto Jurídico: A Incolumidade Pública; Preterdolo: A primeira parte do art. 258 do Código Penal determina que se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade, se resulta em morte, é aplicada em dobro. Agindo o agente com dolo em relação aos crimes de perigo comum, e culposamente em relação à morte ou lesão corporal de natureza grave ou morte, o agente terá sua pena majorada, estamos diante preterdoloso. Conforme lições de Rogério Greco: “Assim, estamos diante do chamado crime preterdoloso, em que o agente atua com dolo na sua conduta e culpa no resultado agravador”. Caso tenha atuado com dolo nos últimos crimes haverá concurso formal impróprio. De acordo com as lições Rogério Greco “Caso tenha atuado, também, com dolo no que diz respeito à obtenção dos resultados lesão corporal de natureza grave e morte, deverá responder pelo delito de perigo comum, em concurso formal impróprio ou imperfeito com essas infrações penais, levando a efeito o raciocínio do cúmulo material, conforme preconiza a parte final constante do caput do artigo 70 do Código Penal”; Majorantes nos crimes culposos de perigo comum: A segunda parte do referido artigo determina a aplicação da pena no caso de culpa, isso significa que a segunda parte será aplicada somente quando o crime é praticado de forma culposa, os seguintes delitos, incêndio, explosão, uso de gás tóxico ou asfixiante, inundação e desabamento de desmoronamento, não se aplicando as previstas nos artigos 253, 255 e 257, pois não há previsão para a modalidade culposa. E também não se aplica ao artigo 259, pois está inserido após as causas de aumento de pena; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A sociedade; 11 Elemento Subjetivo: Dolo e culpa; Difusão de doença ou praga Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa. Objeto Jurídico: É a incolumidade pública; Elemento do tipo: Infrator que, embora sabendo que o animal era portador de doença infectocontagiosa, o vende. Objeto material: É a doença ou praga. Sujeito ativo: Qualquer pessoa; Sujeito passivo: É a sociedade, em segundo plano alguém diretamente prejudicado pelo fato; Elementos objetivos: Constitui elemento objetivo do tipo a difusão de doença ou praga. Difusão significa propagação, disseminação. Doença é a perturbação da saúde. É o processo patológico que leva ou pode levar à morte de plantas ou animais. Praga é o aparecimento repentino de um mal passageiro a plantas e animais. Constitui ainda elemento objetivo do tipo a condição de que a propagação de doença ou praga possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica; Elementos subjetivos: O dolo é o elemento subjetivo do tipo. A modalidade dolosa está descrita no caput do art. 259 e se caracteriza quando o sujeito age com vontade de difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica, sejam tais bens próprios ou de terceiros; 12 Elementos normativos: A culpa é o elemento normativo do tipo. A modalidadeculposa está prevista no parágrafo único do art. 259 e se configura quando o agente, não observando o cuidado objetivo necessário, dá causa a difusão de doença ou praga. Consumação: Consuma-se o delito com a propagação da doença ou praga que exponha a perigo a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica. É dispensável a verificação de efetivo dano a tais bens, bastando a potencialidade lesiva decorrente da conduta. Tentativa: Trata-se de crime plurissubsistente, é possível a tentativa. É admissível no caso de o sujeito iniciar os atos executivos tendentes a disseminação de doença ou praga e não os ultimar por circunstâncias alheias à sua vontade. Classificação doutrinária: Trata-se de crime de perigo abstrato. Presume o legislador que a difusão de doença ou praga que possa causar dano aos bens descritos na lei penal é perigosa à comunidade, não admitindo prova em contrário. É também comum, uma vez que pode ser praticado por qualquer pessoa. É, por último, instantâneo, tendo em vista que se consuma em certo momento, sem continuidade temporal. Concurso de pessoas: Pode ser um crime monosubjetivo ou de concurso eventual, ou seja pode ser praticado por uma só pessoa ou várias em concurso de agentes. Ação penal: A ação penal é pública incondicionada. 13 CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS Perigo de desastre ferroviário Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação; II - colocando obstáculo na linha; III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Desastre ferroviário § 1º - Se do fato resulta desastre: Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa. § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo. Objeto Jurídico: A incolumidade pública 14 Objeto material: É a linha férrea, material rodante ou de tração, obra de arte ou instalação, telegrafo, telefone ou radiotelegrafia; Sujeito ativo: Qualquer pessoa Sujeito Passivo: A sociedade, e principalmente aquelas pessoas que foram expostas ao perigo; Elemento Subjetivo: O dolo e culpa; Consumação: O delito de perigo de desastre ferroviário se consuma quando o agente, após praticar qualquer dos comportamentos previstos pelos incisos do art. 260 do CP, coloca efetivamente, em perigo a incolumidade pública, ou seja, o seu comportamento coloca em risco a vida a integridade física ou o patrimônio de um número indeterminado de pessoas. Tentativa: É admissível; Ação Penal: Iniciativa Pública Incondicionada; Modalidade qualificada (pretedoloso): É prevista pelo §1º do art.260, que diz que se do fato resulta desastre, a pena será de reclusão, de 4 a 12 anos, e multa. O agente não pode querer, direta e imediatamente, o desastre, pois que estamos diante de um crime. “Exige-se, para a consumação do crime, que se instale a probabilidade real de dano considerável e indeterminado número de pessoas e bens”. A tentativa, na hipótese qualificada, é inadmissível, pois, além de o resultado ser culposo, a conduta inicial á configura o crime básico. Modalidade Culposa: o § 2º traz a hipótese em que o agente é punido a título de culpa, ou seja, quando causa o desastre por ter agido com manifesta negligência imprudência ou imperícia. Majorantes de pena: De acordo com o disposto no art. 263 do CP, “Se de qualquer dos crimes previstos nos art., 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258”: a) Se do crime doloso resulta desastre, que, por sua vez, causa lesão corporal grave, a pena é aumentada de metade; b) Se do crime doloso resulta desastre, que, por sua vez, causa morte, a pena é dobrada; c) Se do crime culposo resulta desastre, que, por sua vez, causa lesão corporal grave, a pena é aumentada de metade; d) Se do crime culposo resulta desastre, que, por sua vez, causa morte, a pena é a do homicídio culposo, aumentada de um terço. 15 Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Prática do crime com o fim de lucro § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem. Modalidade culposa § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Objeto Jurídico: A incolumidade pública, no que diz respeito ao transporte marítimos, fluvial e aéreo. Elemento do tipo: Consiste o crime em expor a perigo a embarcação (qualquer construção flutuante destinada ao transporte de pessoas ou bens, independente do meio e tração ou propulsão) ou aeronave (qualquer aparelho capaz de se sustentar e se conduzir, com função de transportar pessoas e cargas), própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea; Objeto Material: A embarcação ou aeronave, contra a qual dirigida a conduta do agente; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa pode praticar esse delito em questão; 16 Sujeito Passivo: A coletividade, e secundariamente, em caso de desastre, os eventualmente lesados; Elemento Subjetivo: O dolo do caput; Consumação: Crime de perigo concreto, quando se verificar a situação de perigo; Ação Penal: Pública incondicionada, cujo julgamento compete à Justiça Federal (Art. 109, IX, CF/88); Tentativa: É possível; Atentado contra a segurança de outro meio de transporte Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Pena - detenção, de um a dois anos. § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos. § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: Pena - detenção, de três meses a um ano. Objeto Jurídico: A Incolumidade Pública, no sentido de manter a segurança dos meios de transporte rodoviário e lacustre. Elemento do tipo: Expõe a perigo, impede o funcionamento, dificulta o funcionamento, servindo ao público, em nome do estado ou mediante concessão de Administração Pública; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A coletividade e eventualmente as pessoas lesadas; Elemento Subjetivo: Dolo; Consumação: Coma a verificação do risco, sendo delito plurissubsistente; Tentativa: É admissível; Ação Penal: Pública Incondicionada; 17 Forma qualificada Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258. Arremesso de projétil Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento,destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar: Pena - detenção, de um a seis meses. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço. Objeto Jurídico: A Incolumidade Pública, segurança de qualquer veículo em movimento, destinado a transporte público em geral, ameaçados pelo arremesso de projétil; Elemento do tipo: Arremessar, atirar, jogar um projétil; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A coletividade e a pessoa atingida ou colocada em situação de perigo; Elemento Subjetivo: Dolo (se o agente pretende atingir determinada pessoa, há concurso formal – art. 70 – com o crime que causar); Consumação: Com o arremesso, crime de perigo abstrato; Tentativa: É admissível; Ação Penal: Pública Incondicionada. JECRIM, exceto nas formas qualificadas com resultado morte; 18 Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) Objeto Jurídico: Incolumidade Pública, no sentido da manutenção dos serviços de utilidade pública; Elemento do tipo: O núcleo do tipo é atentar contra a segurança ou funcionamento dos serviços de utilidade pública. Pode o atentado consistir na destruição ou inutilização dos meios de produção ou captação; Objeto Material: É o serviço de utilidade pública contra o qual é dirigida a conduta praticada pelo agente; Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A sociedade; Elemento Subjetivo: Dolo, não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa; Consumação: Consuma—se o ilícito com o ato capaz de lesar a segurança ou o funcionamento dos serviços, ainda que um desses resultados não ocorra, visto que trata-se de crime de perigo presumido; Tentativa: É possível Ação Penal: É de iniciativa pública incondicionada Causa especial de aumento de pena: Prevê a lei a majoração de pena se houver subtração “Aumentar-se-á a pena de um terço até a metade se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços” (acrescentada pela lei nº 5346/67). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5346.htm#art265p 19 Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Objeto Jurídico: A Incolumidade Pública; Objeto Material: O serviço telegráfico, radiotelegráfico, telefônico, telemático ou de informação de utilidade pública contra o qual é dirigida a conduta praticada pelo agente; Elemento do tipo: Interromper, paralisar, perturbar, impedir, dificultar. – Serviço telegráfico (sinais), radiotelegráfico (ondas eletromagnéticas), telefônico (som) ou telemático (som e imagem). Crime de perigo abstrato, plurissubsistente, dirigido a um número indeterminado de pessoas. (Não admite interpretação extensiva); Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; Sujeito Passivo: A coletividade; Elemento Subjetivo: Dolo; Consumação: Com prática das condutas típicas do delito; Tentativa: É possível; Ação Penal: Pública Incondicionada; Forma Majorada: Ocasião de calamidade pública; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12737.htm#art4 20 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Vade mecum. São Paulo: Saraiva, 2018. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 4 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004.
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