1 TESTES ESPECIAIS (ORTOPÉDICOS) 1. Ombro 1.1. Tendinite Supra-Espinhal Tendinite do supra-espinhoso é uma condição inflamatória comum do ombro que causa dor na região anterior do ombro. Pode ser causado por trauma, excesso de uso (principalmente movimentos acima da cabeça) ou falha mecânica corporal durante a atividade atlética, como o arremesso no beisebol e no boliche. Especificamente na abdução, o paciente apresenta ADM passivo dolorosa e ADM ativo limitada, e demonstra-se apreensivo ao executar esses movimentos. O arco doloroso normalmente é de 60º a 90º de abdução. Nessa amplitude, o tubérculo maior passa sob o acrômio e o ligamento coracoacromial. Se a irritação do tendão for contínua, depósitos de cálcio poderão se formar e resultar em tendinite calcificada. Os sinais e sintomas clínicos são: dor na região ântero-lateral do ombro. Dor ao dormir do lado afetado, rigidez, “segurar” o ombro durante o uso, dor durante ADM passivo e ativo e dor a palpação localizada. 1.1.1. Teste para detectar tendinite do supra-espinhoso Com o paciente sentado, faça-o abduzir o braço a 90º na posição entre abdução e flexão para frente. Peça-lhe para abduzir o braço contra-resistência. 2 Fundamento - A abdução do ombro com resistência tensiona basicamente o músculo deltóide e o músculo e o tendão do supra-espinhal. Dor e/ou fraqueza na inserção do tendão do músculo supra-espinhal podem indicar tendinite degenerativa ou laceração do tendão. Dor no músculo deltóide pode indicar distensão do músculo deltóide. 1.1.2. Teste de coçar de Apley Peça ao paciente sentado colocar a mão do lado do ombro afetado atrás da cabeça e tocar o ângulo superior oposto da escápula. Em seguida peça-lhe para colocar a mão atrás das costas e tentar tocar o ângulo inferior oposto da escápula. Fundamento: a tentativa de tocar vigorosamente as regiões superior e inferior opostas da escápula força os tendões do manguito rotador. A exacerbação da dor indica tendinite degenerativa de um dos tendões do manguito rotador, que costuma ser o tendão do músculo supra-espinhal. 1.1.3. Teste de impacto de Hawkins-Kennedy Com o paciente em pé, flexione o ombro para frente a 90º, depois force o ombro em rotação medial sem resistência do paciente. Fundamento: Esse movimento empurra o tendão do músculo supra-espinhal contra a face anterior do ligamento coracoacromial. Dor localizada indica tendinite do supra-espinhal. 3 1.1.4. Sinal de impacto de Neer Com o paciente sentado, segure o seu punho e passivamente movimente o ombro flexionando-o para frente. Fundamento: Mover o ombro mediante flexão para frente comprime o tubérculo maior do úmero contra a margem ântero-inferior do acrômio. Dor no ombro e expressão de apreensão no rosto do paciente são sinais positivos de lesão por excesso de uso do músculo supra-espinhal ou, às vezes, do tendão do bíceps braquial. 1.2. Tendinite Bicipital O bíceps braquial tem duas cabeças, uma longa e outra curta. A cabeça longa se origina no lábio superior da cavidade glenoidal, segue lateralmente e forma um ângulo de 90º no sulco intertubercular na face superior da cabeça do úmero. É o tendão afetado na tendinite bicipital. A tendinite bicipital é um quadro crônico de dor no ombro com dor à palpação do sulco intertubercular. A maior parte dos casos está associada com lesões, como sinovite da cápsula adjacente, capsulite adesiva, osteófitos na área do sulco intertubercular ou lacerações do manguito rotador. A tendinite bicipital verdadeiramente isolada permite amplitude completa de movimento passivo. Os principais sinais e sintomas são: dor na região anterior do ombro, dor à palpação do sulco intertubercular e dor com flexão e extensão passivas e ativas do cotovelo. 4 1.2.1. Teste do bíceps braquial Com o cotovelo do paciente supinado e completamente estendido, e o ombro flexionado para frente a 45º, coloque os dedos de uma mão no sulco intertubercular e a mão oposta no punho do paciente. Peça-lhe para elevar o braço para frente contra a resistência. Fundamento: Este teste tensiona o tendão do bíceps braquial no sulco intertubercular. Dor ou sensibilidade à palpação no sulco intertubercular indica tendinite bicipital. 1.2.2. Teste de Lippman Peça ao paciente sentado para fletir o cotovelo a 90º. Estabilize o cotovelo com uma das mãos e com a outra palpe o tendão do bíceps braquial e mova-o de um lado para o outro no sulco intertubercular. Fundamento: mover o tendão do bíceps braquial manualmente no sulco intertubercular tensiona o tendão e o ligamento transverso do úmero. Dor indica tendinite bicipital. Fisionomia apreensiva pode indicar propensão para subluxação ou luxação do tendão do bíceps braquial para fora do sulco intertubercular ou ruptura do ligamento transverso do úmero. 5 1.2.3. Sinal de Gilchrest Com o paciente em pé, peça-lhe para segurar um peso de 2,5 a 3,0 quilos e, com o braço estendido, levanta-lo na altura da cabeça. Em seguida, peça-lhe para girar o ombro para fora e abaixar vagarosamente o braço na lateral. Fundamento: Esse teste é semelhante ao teste de Abbot-Saunders, mas não é passivo e requer o uso de peso. Abdução e rotação lateral do ombro tensionam o tendão do bíceps braquial contra o ligamento transverso do úmero. Dor e/ou desconforto no sulco intertubercular indicam tendinite bicipital, um estalido pode indicar subluxação ou luxação do tendão do bíceps braquial para fora do sulco intertubercular, o que pode ser provocado por frouxidão ou ruptura do ligamento transverso do úmero ou por sulco intertubercular congenitamente raso. 1.3. Bursite A bolsa subacromial situa-se sobre os tendões do manguito rotador e é continuação da bolsa subdeltóidea. Bursite isolada subacromial ou subdeltóidea é rara. Em geral, a bursite é associada a tendinite do supra- espinhal adjacente. Anatomicamente, a parede sinovial interna da bolsa subdeltóidea é a parede externa do tendão do músculo supra-espinhal; portanto, se uma das estruturas estiver inflamada, a outra também estará. Algumas das causas mais comuns de bursite são trauma, excesso de uso, traumas múltiplos menores repetidos e atividade executada de modo impróprio. Os principais sinais e sintomas são: dor na região ântero-lateral do ombro, dor ao dormir sobre o lado afetado, rigidez, “segurar” o ombro durante o uso, dor com ADM passivo e dor à palpação localizada. 1.3.1. Sinal subacromial de apertar botão Com o paciente sentado, aplique pressão à bolsa subacromial. Fundamento: Pressionar a bolsa subacromial produz irritação se ela estiver inflamada. Dor localizada indica inflamação da bolsa. 6 1.3.2. Teste de Dawbarn Com o paciente sentado, aplique pressão logo abaixo do acrômio do lado que está sendo testado. Observe se há dor ou sensibilidade à palpação. Em seguida, abduza o braço do paciente além de 90º, mantendo pressão no ponto abaixo do acrômio. Fundamento: O ponto abaixo do acrômio é a porção palpável da bolsa subacromial. Dor e/ou sensibilidade à palpação do local podem indicar inflamação da bolsa. Quando o braço está abduzido, o músculo deltóide cobre o ponto abaixo do acrômio. A cobertura desse ponto reduz a pressão sobre a bolsa, diminuindo a dor se a bolsa estiver inflamada. A diminuição da dor à palpação nesse ponto indica bursite subacromial. 1.4. Instabilidade Glenoumeral Anterior A instabilidade anterior do ombro é a principal causa que contribui para sua luxação. Atribui-se isso a fraqueza anatômica das estruturas anteriores da articulação glenoumeral: cápsula anterior, ligamentos glenoumerais, tendões do manguito rotador e lábio glenoidal. Existem três tipos de luxações anteriores, conforme a sua direção: subclavicular, subcoracóidea e subglenóidea. A subcoracóidea é a mais comum. A causa mais freqüente de luxação de ombro é a queda sobre o braço estendido.