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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Autor: Wilmar Mattes 629.892 M435a Mattes, Wilmar. Automação industrial /Wilmar Mattes Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2011. 169 p. il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-365-5 1. Automação Industrial 2. Engenharia de Automação I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Anderson Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Alexandre José da Silva Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora Grupo Uniasselvi 2011 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Graduação em Administração com Habilitação em Comércio Exterior (UNERJ – 2006). MBA em Gestão de Negócios Internacionais (UNERJ – 2007). Mestrado em Engenharia Mecânica (SOCIESC – 2008). Doutorando em Engenharia Mecânica (USP, São Carlos, SP). Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração, projetos mecânicos e automação. Professor Wilmar Mattes Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Conceitos de Automação Industrial........................................... 9 CAPÍTULO 2 Modelo de Referência para as Funções de Controle ........... 37 CAPÍTULO 3 Sistemas de Produção ................................................................ 59 CAPÍTULO 4 Componentes de Hardware e Software .................................. 93 CAPÍTULO 5 Controle Integrado de Processos e Manufatura ............... 131 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando, o caderno de Automação industrial tem como propósito oferecer a você elementos que permitam compreender a automação da manufatura, de forma integrada e flexível. Enfatizando esse novo contexto do setor produtivo industrial, este caderno de estudo tem como objetivo abordar conhecimentos e conceitos sobre automações empregadas na manufatura. No primeiro capítulo será apresentada a evolução do processo de manufatura ocorrido nestes últimos tempos e que sofreu radicais modificações, a tal ponto que as teorias de administração e organização da manufatura que vieram com a revolução industrial começam a perder espaço para uma nova forma de organização: os Sistemas Flexíveis de Computadores. Até o final dos anos setenta, a automação fabril se desenvolveu basicamente através de linhas de produção do tipo flow-shop (ou produção em massa), que por muito tempo foi um dos fatores principais da geração de riqueza dos países altamente industrializados. Nestas últimas décadas o rápido desenvolvimento tecnológico da automação industrial trouxe como consequência um considerável aumento do grau de complexidade de sistemas de manufatura, nos quais o número de atividades ocorre de forma paralela ou concorrente. A flexibilidade de manufatura está se tornando uma vantagem competitiva importante e um fator essencial para a viabilidade de longo prazo em muitas empresas. Existe grande evidência de que várias organizações estão considerando, cada vez mais, a importância da flexibilidade da manufatura, segundo uma perspectiva estratégica, juntamente à qualidade e aos custos. Por outro lado, além de alta qualidade e baixos custos, os clientes estão demandando respostas rápidas, customização extensiva, frequentes inovações e uma ampla variedade de produtos. O segundo capítulo tem como objetivo apresentar a automação industrial que tem como função primordial o controle de processos de forma a permitir uma otimização da produtividade industrial, estruturada na diminuição de custos de produção, melhoria na qualidade dos produtos, precisão das operações, segurança operacional, entre outros. Já no terceiro capítulo apresentamos, de forma clara, que modernizar-se é condição vital para a permanência das empresas no mercado, com agregação de novos valores aos seus produtos. Essa modernização é caracterizada pela adoção de sistemas de produção com o propósito de realizar suas operações e produzir seus produtos ou serviços da melhor maneira possível e, com isto, garantir sua eficiência e eficácia. No quarto capítulo mostramos os requisitos dos sistemas informáticos para a automação. O conceito geral de automação flexível inclui integração por computador, tecnologia da informação e processo de manufatura automatizado, que são todos implementados de modo a obter flexibilidade estratégica e de manufatura. Integração por computador se refere basicamente à Manufatura Integrada por Computador (CIM) e inclui equipamentos de computação e programas projetados especificamente para melhorar o processo produtivo. Por último, o quinto capítulo mostra o controle integrado de processos e manufatura. A automatização de processos vem sendo adotada como diretriz empresarial, na busca da modernização e aumento de competitividade em diferentes segmentos econômicos. Processos automatizados permitem a medição simultânea e em tempo real de inúmeras variáveis de produto e processo, fornecendo dados em quantidade suficiente para o monitoramento preciso do desempenho global de operações industriais. Tal riqueza de informações deve ser tratada de maneira apropriada, visando a fornecer subsídios à tomada de decisões gerenciais. Bons estudos! O autor. CAPÍTULO 1 Conceitos de Automação Industrial A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender a evolução tecnológica e as mudanças no ambiente de produção, assim como os impactos da tecnologia no trabalho e a qualidade de vida no mundo automatizado. Conhecer os modelos práticos da modernização de empresas, resultados, conceitos vitais, complexidade da automação de processos e conhecimentos para facilitar a discussão de questões técnicas associadas às boas práticas de implementação de processos automatizados no ambiente industrial. 10 Automação industrial 11 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 ConteXtualiZação Esta disciplina tem como objetivo relacionar a Revolução Industrial do Século XVIII com a Revolução Tecnológica do Século XX. Busca-se identifi car os principais fatores que promoveram a Revolução Industrial e a Revolução Tecnológica, bem como as mudanças que ocorreram no processo econômico, social e político desde a Revolução Industrial até os tempos atuais (Revolução Tecnológica e a Era da Informação), descrito por Groover (2008). Inicialmente, queremos identifi car as semelhanças existentes nos impactos sociais da Revolução Industrial e a Revolução Tecnológica na atualidade. Como a Revolução Industrial é anterior a Revolução Tecnológica do século XX, queremos destacar que é neste ponto da História que começa a insegurança econômica, advinda da questão da substituição do homem pela máquina. Quando a máquina ganhou lugar no mercado, a estrutura socioeconômica e ambiental sofreu modifi cações. Durante todo o período da Revolução Industrial o auge tecnológico era mecânico, enquanto na Revolução Tecnológica temos o progresso da informação e da eletrônica. Atualmente, as empresas estão cada vez mais envolvidas em projetos de automaçãocom objetivos diversos, dentre eles: a redução de custo de operação, ganho de agilidade e aumento de confi abilidade de processo. No entanto, um projeto de automação é muito mais do que a instalação de alguns controladores, sensores e treinamento de pessoal para a operação. Gera alterações de processos, redefi nição de atividades dos colaboradores, redefi nição de papéis, ganho em obtenção e controle de informações, mudança de perfi l dos profi ssionais e, em última análise, uma aprendizagem organizacional. A partir destas primeiras considerações sobre a Automação Industrial, este capítulo tem a fi nalidade de apresentar a evolução tecnológica e as mudanças proporcionadas no ambiente de produção, bem como os modelos práticos de modernização de empresa. HistÓricos e EVolução dos Aspectos TecnolÓgicos Segundo estudos de Groover (2008) e Borges (2000), as primeiras iniciativas do homem para mecanizar atividades manuais ocorreram na pré-história. Invenções como a roda, o moinho movido por vento ou força animal e as rodas d’água demonstram a criatividade do homem para poupar esforço. As primeiras iniciativas do homem para mecanizar atividades manuais ocorreram na pré-história. Invenções como a roda demonstram a criatividade do homem para poupar esforço. 12 Automação industrial A automação só ganhou destaque na sociedade quando o sistema de produção agrário e artesanal se transformou em industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, inicialmente na Inglaterra (BORGES, 2000). No início do século XX surgem os sistemas inteiramente automáticos. Porém, antes deste período foram criados dispositivos simples e semiautomáticos. Devido à necessidade de aumentar a produção e a produtividade, surgiu uma série de inovações tecnológicas: • Máquinas modernas, capazes de produzir com maior perfeição e rapidez em relação ao trabalho feito à mão. • Utilização de fontes alternativas de energia, como o vapor, inicialmente aplicado a máquinas em substituição às energias hidráulica e muscular. De acordo com Borges (2000), por volta do ano de 1788, James Watt criou um mecanismo de regulagem do fl uxo de vapor em máquinas. Este pode ser considerado um dos primeiros sistemas de controle com realimentação. O regulador consistia num eixo vertical com dois braços próximos ao topo, tendo em cada extremidade uma bola pesada. Com isso, a máquina funcionava de modo a se regular sozinha, automaticamente, por meio de um laço de realimentação, como você pode observar na fi gura 1. Figura 1 – Mecanismo de regulagem de fl uxo de vapor Fonte: Adaptado de Borges (2000, p. 6). Segundo Borges (2000) e Groover (2008), a partir do ano de 1870, a energia elétrica passou a ser utilizada e a estimular indústrias como a do aço, a da química e a de máquinas-ferramenta. Além disso, o setor de transportes progrediu bastante graças à expansão das estradas de ferro e à indústria naval. Continuando nosso resgate histórico, no século XX, a tecnologia da automação passou a contar com computadores, servomecanismos Por volta do ano de 1788, James Watt criou um mecanismo de regulagem do fl uxo de vapor em máquinas. A partir do ano de 1870, a energia elétrica passou a ser utilizada e a estimular indústrias como a do aço, a da química e a de máquinas- ferramenta. 13 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 e controladores programáveis. Os computadores servem de alicerce de toda a tecnologia da automação contemporânea. Encontramos exemplos de sua aplicação em diversas áreas do conhecimento e da atividade humana. Servomecanismo pode ser defi nido como um circuito mecânico controlado eletro-eletrônicamente e é basicamente a associação da mecânica com a eletrônica. Como exemplo, podemos citar a ação que realizamos inúmeras vezes quando nos deslocamos ao banco para retirar um extrato da conta corrente e somos obrigados a interagir com um computador. Nesta situação, passamos o cartão magnético, informamos a senha e, em poucos segundos, obtemos a informação da movimentação bancária impressa em nossas mãos. Abaixo, na fi gura 2, há um esquema de automação e controle. Figura 2 - Automação e controle Fonte: Adaptado de Borges (2000, p. 6). O computador teve a sua origem relacionada à necessidade de automatizar cálculos, evidenciada, inicialmente, no uso de ábacos pelos babilônios, entre 2000 e 3000 a.C. De acordo com Borges (2000) e Groover (2008), o marco seguinte foi à invenção da régua de cálculo e, posteriormente, da máquina aritmética, que efetuava somas e subtrações por transmissões de engrenagens. O primeiro computador foi desenvolvido em 1946 e era de grande porte, completamente eletrônico. Este modelo foi chamado de Eniac, ocupava 180m² e pesava cerca de 30 toneladas. Funcionava com válvulas e relês que consumiam 150.000 watts de potência para realizar cerca de 5.000 cálculos aritméticos. Esta invenção marcou o que seria a primeira geração de computadores, que empregava tecnologia de válvulas eletrônicas. A segunda geração de computadores é marcada pelo uso de transistores (1952). Esses componentes, diferentes do Eniac, consomem menos energia elétrica, não precisam aquecer-se para funcionar e, além O computador teve a sua origem relacionada à necessidade de automatizar cálculos. O primeiro computador foi desenvolvido em 1946 e era de grande porte, completamente eletrônico. Este modelo foi chamado de Eniac, ocupava 180m² e pesava cerca de 30 toneladas. 14 Automação industrial disso, são mais confi áveis. No que se refere ao tamanho, era cem vezes menor que uma válvula, permitia que os computadores ocupassem menos espaço. A terceira geração foi marcada pelo desenvolvimento tecnológico, pois foi possível colocar diversos transistores em uma pastilha de silício de 1 cm², o que resultou no circuito integrado (CI). Além disso, nesta geração, os CI possibilitaram uma redução signifi cativa dos computadores e um aumento da capacidade de processamento. Segundo Pereira (2010), os circuitos integrados chamados de chips, surgiram em 1975 e constituíram a quarta geração de computadores, em na qual foram criados os computadores pessoais, de tamanho reduzido e baixo custo de fabricação. Para você compreender o nível de desenvolvimento desses computadores nos últimos quarenta anos, enquanto o Eniac realizava apenas cinco mil cálculos por segundo, um chip atual faz cerca de cinquenta milhões de cálculos no mesmo tempo. Voltando a contextualização histórica, no ano de 1948, John T. Parsons criou um método de emprego de cartões perfurados com informações para controlar os movimentos de uma máquina-ferramenta. Segundo Borges (2000), com o invento do cartão perfurado com informações e controle de movimentos, a Força Aérea patrocinou uma série de projetos de pesquisa, coordenados pelo laboratório de servomecanismos do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT). Poucos anos depois, o MIT desenvolveu um protótipo de uma fresadora com três eixos, dotados de servomecanismos de posição. A partir desta época, fabricantes de máquinas-ferramenta começaram a desenvolver projetos particulares. Essa atividade deu origem ao comando numérico, que implementou uma forma programável de automação com processo controlado por números, letras ou símbolos. De acordo com Groover (2008), o MIT desenvolveu uma linguagem de programação que auxilia a entrada de comandos de trajetórias de ferramentas na máquina. Trata-se da linguagem APT (do inglês, Automatically Programmed Tools, ou “Ferramentas Programadas Automaticamente”). 15 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Ainda na trajetória da automação, teremos os robôs. Segundo Groover (2008), os robôs (do tcheco robota, que signifi ca “escravo, trabalho forçado”) substituíram a mão de obra no transporte de materiais e em atividades perigosas. ConformeBorges (2008), o americano George Devol projetou um robô programável em 1954 e, posterior a isso, fundou a fábrica de robôs Unimation. Poucos anos depois, a GM instalou robôs em sua linha de produção para soldagem de carrocerias. (Os robôs da Unimation também eram chamados de “máquinas de transferência programadas”, visto que sua principal função era a transferência de objetos de um ponto a outro). Ainda na década de 50 surge a ideia da computação gráfi ca interativa: forma de entrada de dados por meio de símbolos gráfi cos com respostas em tempo real. O MIT produziu fi guras simples por meio da interface de tubo de raios catódicos (idêntico ao tubo de imagem de um televisor) com um computador (BORGES, 2000; GROOVER, 2008). Em 1959, a GM começou a explorar a computação gráfi ca. A década de 1960 foi o período mais crítico das pesquisas na área de computação gráfi ca interativa. Na época, o grande passo da pesquisa foi em 1962, quando surgiu uma das mais importantes publicações da computação gráfi ca de todos os tempos, a tese de Ivan Sutherland (Sketchpad – A Man-Machine Graphical Communication System). Nesse trabalho, Ivan discutiu a introdução das estruturas de dados para o armazenamento de hierarquias construídas através da replicação de componentes básicos, bem como as técnicas de interação que usavam o teclado e a caneta ótica para desenhar, apontar e escolher alternativas. Essa publicação chamou a atenção das indústrias automobilísticas e aeroespaciais americanas. Os conceitos de estruturação de dados, bem como o núcleo da noção de computação gráfi ca interativa, levaram a General Motors a desenvolver, em 1965, o precursor dos programas de CAD (Computer Aided Design ou “Projeto Auxiliado por Computador”). Posterior a isso, as grandes corporações americanas adotaram esse exemplo e no fi nal da década de 1960 praticamente toda a indústria automobilística e aeroespacial utilizava softwares de CAD. Nos anos 1970, os setores governamentais e industriais passaram a reconhecer a importância da computação gráfi ca como ferramenta de aumentar a produtividade, sendo assim, as pesquisas desenvolvidas na década anterior começaram a dar frutos. Na trajetória da automação, teremos os robôs (do tcheco robota, que signifi ca “escravo, trabalho forçado”) substituíram a mão de obra no transporte de materiais e em atividades perigosas. 16 Automação industrial De acordo com Groover (2008), na década de 80, as pesquisas tenderam à integração e/ou à automatização dos diversos elementos de projeto e manufatura com a fi nalidade de criar a fábrica do futuro. O objetivo das pesquisas foi ampliar os sistemas CAD/CAM (Projeto e Manufatura Auxiliados por Computador). Criou-se, também, o modelamento geométrico tridimensional, com mais aplicações de engenharia (CAE – Engenharia Auxiliada por Computador). Alguns exemplos dessas aplicações são a análise e a simulação de mecanismos, o projeto e a análise de injeção de moldes e a aplicação do método dos elementos fi nitos. Segundo Groover (2008), os conceitos de integração total do ambiente produtivo com o uso dos sistemas de comunicação de dados e novas técnicas de gerenciamento estão se disseminando rapidamente. Atividade de Estudos: 1) Faça uma refl exão sobre a importância do computador e quais os benefícios que ele trouxe para a automação mecânica. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Até o momento foi feita uma revisão da evolução da automação e sistemas utilizados na manufatura, na próxima seção iremos abordar o universo da automação industrial. UniVerso da Automação Industrial e PerspectiVas Segundo Groover (2008), o mundo vem presenciando, nos últimos anos, enormes avanços na área tecnológica, em que os circuitos eletrônicos são cada Na década de 80, as pesquisas tenderam à integração e/ou à automatização dos diversos elementos de projeto e manufatura com a fi nalidade de criar a fábrica do futuro. 17 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 vez mais rápidos e efi cientes, com redução signifi cativa de dimensões e de custos. Computadores e periféricos também se desenvolvem rapidamente, em um círculo virtuoso, com o desenvolvimento de computadores mais poderosos e com capacidade de implementação de aplicações mais complexas que, por sua vez, exigem cada vez mais capacidade computacional. O desenvolvimento dos circuitos integrados possibilitou a produção em larga escala e a baixo custo de microprocessadores dedicados. Esses dispositivos eletrônicos estão presentes não apenas nos equipamentos industriais, como também nos automóveis, nas máquinas de lavar, nos sistemas de ar-condicionado, nos aparelhos de vídeo, etc (GROOVER, 2008). Os sistemas mecânicos também sofreram profundas modifi cações conceituais com a incorporação da capacidade de processamento, tornando-os mais rápidos, efi cientes e confi áveis, com custos de implementação cada vez menores. Esses resultados vêm causando uma ampla revolução tecnológica na Engenharia e na sociedade em geral: quando os automatismos eletrônicos e computacionais são associados aos sistemas mecânicos, observamos um maior impacto nos sistemas produtivos e no cotidiano das pessoas (ADAMOWSKI, 2001). Ao longo dos últimos anos, é cada vez mais frequente a utilização de componentes eletrônicos (tais como: sensores, atuadores eletromecânicos e circuitos de controle) para acionamento e para controle de sistemas mecânicos, dando origem à Mecatrônica, que pode ser defi nida como a integração concorrente de conhecimentos nas áreas de Mecânica, de Eletrônica e de Computação. Essa combinação tem possibilitado a simplifi cação dos sistemas mecânicos, a redução de custos, de tempo de desenvolvimento e a obtenção de produtos com elevado grau de fl exibilidade e capacidade de adaptação a diferentes condições de operação, entre elas, as áreas de Automação Industrial, Biocibernética e da Domótica (ROSÁRIO, 2009). A Domótica é uma tecnologia que permite a gestão de todos os recursos habitacionais. O termo “Domótica” resulta da junção da palavra “Domus” (casa) com “Telemática” (telecomunicações + informática). São estes dois últimos elementos que, quando utilizados em conjunto, rentabilizam o sistema, simplifi cando a vida diária das pessoas, satisfazendo suas necessidades de comunicação, de conforto e segurança. O desenvolvimento dos circuitos integrados possibilitou a produção em larga escala e a baixo custo de microprocessadores dedicados. 18 Automação industrial Biocibernética é a Ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de controle nas máquinas e nos seres vivos. Groover (2008) e ARC (2010) descrevem sobre os sistemas de controle e supervisão, entre eles estão: • DCS (Sistemas de Controle Distribuído): são utilizados em aplicações industriais e de engenharia civil para acompanhar e controlar os equipamentos distribuídos com remotas intervenções humanas. • PLC (Controlador Lógico Programável): ou controlador programável, é um computador digital usado para a automação de processos eletromecânicos, tais como: o controle de máquinas em linhas de montagem da fábrica, passeios de diversões ou luminárias. PLCs são usados em muitas indústrias e máquinas. • SCADA (Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados, ou abreviadamente SCADA, proveniente do seu nome em tradução Supervisory Control And Data Acquisition): são sistemasque utilizam softwares para supervisionar e monitorar as variáveis e os dispositivos de sistemas de controle conectados a drivers específi cos. Estes sistemas de controle e supervisão terão um grande impacto nas automações das indústrias e, principalmente, nas empresas de geração de energia, o que demandará profi ssionais com conhecimento em automação, controle e supervisão. Segundo ARC (2010), os sistemas de automação terão um crescimento em torno de 9,6% até 2011. Ele comenta, ainda, que o aumento em torno de 10% em sistemas automação trará um aumento signifi cativo de produtividade global, efi ciência energética e desempenho principalmente nas indústrias de petróleo e gás, energia, produtos químicos e farmacêuticos, papel e celulose, metalúrgica, mineração e marítima. O relatório do ARC (2010) afi rma que as pressões constantes da globalização estão impulsionando os fabricantes de processos automatizados a melhorar o desempenho das plantas industriais, de maneira tal que seriam inconcebíveis sem os modernos sistemas de automação de processos e processos de negócios. Embora a globalização aumente as oportunidades para esses fabricantes, ela também intensifi ca os desafi os que enfrentam, pois precisam ser ágeis frente às oportunidades de mercado emergentes e melhorar seu desempenho fi nanceiro, tudo isso enquanto gerenciam uma base cada vez menor de pessoas instruídas e bem treinadas. 19 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Larry O’Brien, Diretor de Pesquisa de Indústrias de Processos do ARC (ARCWEB, 2010) afi rmou que: “o sucesso contínuo será o caminho para continuar fornecendo os benefícios sustentados e mensuráveis da automação para o desempenho dos negócios e da rentabilidade”. Nesse estudo, o ARC analisa os principais indicadores que defi nem o crescimento do mercado de automação mundial, da utilização da capacidade para a produtividade e a produção industrial, e como esses fatores afetarão o mercado nos próximos anos. Apesar dos problemas na economia norte-americana e canadense, a perspectiva global para automação e produção continua brilhante. ARC (2010) comenta, ainda, que os altos preços de energia continuam contribuindo para maiores investimentos em automação nas empresas de petróleo, gás e refi no e, também, as indústrias farmacêuticas e de biotecnologia continuam fortes, principalmente na Ásia, Oriente Médio, Leste Europeu e América Latina (ARC, 2010). Atividade de Estudos: 1) A partir do que já foi estudado nesta disciplina, quais são as novas tendências tecnológicas para a automação? E em que essas tendências podem facilitar o ambiente de trabalho? ______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ O sucesso contínuo será o caminho para continuar fornecendo os benefícios sustentados e mensuráveis da automação para o desempenho dos negócios e da rentabilidade. 20 Automação industrial Controles de Processo e Automação da Manufatura, Processos e Modelos de Processos A maioria dos sistemas modernos de automação, como os utilizados nas indústrias automobilísticas e petroquímicas e nos supermercados, é extremamente complexa e requer muitos ciclos de realimentação (ROSÁRIO, 2009). Segundo Groover (2008), uma das grandes vantagens da automação para o supermercado está na obtenção de informações que ajudem no processo decisório e, neste processo, um dos grandes aliados é o código de barras. Principalmente para as grandes lojas de departamentos, cujas unidades operaram com uma grande variedade de itens, chegando, em alguns casos, acima de 40.000. A maioria dos produtos vendidos nos supermercados já apresenta impresso em suas embalagens (ou etiquetas afi xadas) o código de barras. Apenas alguns poucos produtos são recebidos sem o respectivo código, os quais são codifi cados na própria loja com a utilização de impressoras de código de barras. Produtos dos setores de hortifrutigranjeiros, açougue e padarias são normalmente etiquetados através de balanças com impressoras de código de barras integral instaladas nestes setores ou, nos supermercados mais modernos, são pesados diretamente em balanças instaladas no próprio caixa, integradas a leitores bióticos ou não. A opção de passagem no caixa tem grandes vantagens: • Elimina as perdas por alterações do conteúdo da embalagem, ou seja, o cliente mal intencionado após pesar acrescenta mais produtos. • Reduz o custo da alocação de funcionários para pesagem e etiquetagem das mercadorias no setor de hortifrutigranjeiros. • Aumenta a venda dos produtos, pois só no caixa o cliente se depara com o valor a ser pago. • E, sobretudo, aumenta a satisfação do cliente que não é obrigado a entrar em uma fi la para pesagem e outra para caixa. Dos sistemas modernos de automação, como os utilizados nas indústrias automobilísticas e petroquímicas e nos supermercados, é extremamente complexa e requer muitos ciclos de realimentação. 21 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Um ponto extremamente importante da operação de caixa a ser destacado é a utilização de cartões fi delidade. Com ele, não só o supermercado consegue conceder crédito mais rapidamente, como também obtém informações sobre o perfi l do consumidor. O que compra, quando compra, com que frequência, como paga, características do cliente (idade, sexo, classe, instrução, etc.) são informações extremamente importantes que servirão para adequação de variáveis como o mix de produtos, os preços, o horário de funcionamento, as promoções, as ofertas casadas, os serviços adicionais e tantas outras que servirão para conquistar a preferência do cliente. Na fi gura 3 podemos visualizar o funcionamento de um supermercado automatizado: Figura 3 - Automação e controle de uma loja de departamento Fonte: MM Informática (2010). Um dos controles mais importantes em uma loja de departamento ou supermercado é o do processo de controle de estoque. Com o processo automatizado, o tempo e o custo, principalmente de pessoal, de uma operação de inventário são reduzidos de tal forma que ele pode ser realizado com muito mais frequência, permitindo mais precisão ao processo e reduzindo as perdas por quebras de estoque (MM INFORMÁTICA, 2010). A automação está presente não somente na indústria, mas também no comércio e no setor bancário, tendo uma contribuição mútua na comunicação entre si. 22 Automação industrial Segundo Groover (2008), uma contribuição adicional importante dos sistemas de Automação Industrial é a conexão do sistema de supervisão e controle com sistemas corporativos de administração das empresas. Esta conectividade permite o compartilhamento de dados importantes da operação diária dos processos, contribuindo para uma maior agilidade do processo decisório e maior confi abilidade dos dados que suportam as decisões dentro da empresa para, assim, melhorar a produtividade. Ainda segundo Groover (2010), cada sistema de automação se compõe de cinco elementos: • acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, pistões hidráulicos, etc.; • sensoriamento: mede o desempenho do sistema de automação ou uma propriedade particular de algum de seus componentes. Exemplos: termopares para medição de temperatura e encoders (geradores de impulsos) são equipamentos eletromecânicos, utilizados para conversão de movimentos rotativos ou deslocamentos lineares em impulsos elétricosde onda quadrada, que geram uma quantidade exata de impulsos por volta em uma distribuição perfeita dos pulsos ao longo dos 360 graus do giro do eixo. Podem ser utilizados em conjunto com contadores, tacômetros, controladores lógicos programáveis ou conversores de frequência para sinais analógicos. Fornecem medidas e controles precisos em velocidades de rotação, velocidades lineares, posicionamentos angulares, volumes ou vazões de produtos líquidos, robótica e outras aplicações em processos diversos para medição de velocidade; • controladores: utilizam a informação dos sensores para regular o acionamento. Por exemplo, para manter o nível de água num reservatório usamos um controlador de fl uxo que abre ou fecha uma válvula, de acordo com o consumo. Mesmo um robô requer um controlador para acionar o motor elétrico que o movimenta. Um Controlador Lógico Programável ou Controlador Programável, conhecido também por suas siglas CLP ou CP e pela sigla de expressão inglesa PLC (Programmable Logic Controller), é um computador especializado, baseado num microprocessador que desempenha funções de controle de diversos tipos e níveis de complexidade. Geralmente, as famílias de Controladores Lógicos Programáveis são defi nidas pela capacidade de processamento 23 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 de um determinado número de pontos de Entradas e/ou Saídas (E/S). Controlador Lógico Programável, segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), é um equipamento eletrônico digital com hardware e software compatíveis com aplicações industriais. Segundo a NEMA (National Electrical Manufacturers Association), é um aparelho eletrônico digital que utiliza uma memória programável para armazenar internamente instruções e para implementar funções específi cas, tais como: lógica, sequenciamento, temporização, contagem e aritmética, controlando, por meio de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas ou processos; • comparador ou elemento de decisão: compara os valores medidos com valores preestabelecidos e toma a decisão de quando atuar no sistema. Como exemplos, podemos citar os termostatos e os programas de computadores; • programas: contêm informações de processo e permitem controlar as interações entre os diversos componentes. Na fi gura 4, você pode ver um sistema de realimentação. Figura 4 - Sistema de realimentação Fonte: Adaptado de Borges (2000). Os sistemas de controle automático na indústria operam em paralelo à linha de produção e são utilizados para coordenar, monitorar, alterar e registrar as condições de máquinas, produtos e processos. Têm como principais características, que devem ser atendidas simultaneamente, a minimização da intervenção humana, a manutenção de condições de segurança operacional e a garantia de respostas em tempo real. Na automação de um processo produtivo, é necessário empregar dispositivos mecânicos, elétricos e eletrônicos que desempenhem Principais características, que devem ser atendidas simultaneamente, a minimização da intervenção humana, a manutenção de condições de segurança operacional e a garantia de respostas em tempo real. 24 Automação industrial funções equivalentes às humanas nas atividades de supervisão e controle, tais como coleta e análise de dados e correção de rumos. Para o atributo dos sentidos humanos, foram desenvolvidos os sensores ou instrumentos de medição, que medem e informam os dados sobre o andamento do processo. Para as funções executadas pelo cérebro humano, foram criados dispositivos denominados controladores, que recebem e processam as informações fornecidas pelos sensores, calculando as medidas a adotar e emitindo instruções para os atuadores. Esses são os dispositivos que executam as ações que seriam realizadas pelos membros humanos para corrigir variações detectadas pelos outros dispositivos ou alterar as respostas do processo (GUTIERREZ, 2008). O controlador é um dispositivo que monitora e pode alterar as variáveis de saída de um sistema dinâmico por meio do ajuste das variáveis de entrada do sistema. Por essa razão, as variáveis de saída recebem o nome de controladas e as variáveis de entrada são chamadas de manipuladas. Podem ser variáveis de entrada ou de saída: temperatura, pressão, nível, vazão, densidade, tempo, velocidade, potência, tensão (elétrica), corrente, frequência, estado (ligado ou desligado), peso, dimensão e posição (GUTIERREZ, 2008). Podemos imaginar uma caixa de água alimentada por uma bomba simples, na qual a água deve manter-se entre os níveis mínimos e máximos. Tem-se, então, como variável controlada a altura do líquido e como variável manipulada o estado da bomba (ligada/desligada). Por exemplo, para manter o nível de água num reservatório, usamos um controlador que liga e desliga a bomba, de acordo com o consumo. (fi gura 5). Figura 5 - Sistema de controle Fonte: Esser (2010, p. 2). O controlador é um dispositivo que monitora e pode alterar as variáveis de saída de um sistema dinâmico por meio do ajuste das variáveis de entrada do sistema. 25 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Para você entender a fi gura, acompanhe a legenda a seguir: 1. Reservatório Inferior. 2. Conjunto Moto-bomba (elemento de acionamento). 3. Painel Elétrico de Acionamento e Controle (elemento de controle). 4. Cabo de Comando. 5. Tubulação de Abastecimento. 6. Chave Bóia (elemento de sensoriamento). 7. Reservatório Superior. De acordo com Gutierrez (2008), sempre que a água atinge o nível mínimo, um sensor detecta essa condição e informa ao controlador, o qual liga a bomba. Quando a água atinge o nível máximo, outro sensor envia essa informação ao controlador, que desliga a bomba. Esse exemplo mostra um sistema de controle simples, no qual apenas uma variável é manipulada e pode assumir somente dois estados discretos. O exemplo do controle no ligar a bomba quando o nível da água baixar, sempre de modo automático, insere-se em um tipo de sistema que se pode chamar de controle com malha fechada. Controle em MalHa ABerta e MalHa FecHada Denomina-se malha de controle o circuito composto pelos sensores, controladores e atuadores, que realiza o ciclo de ações básicas necessárias ao controle automático de um processo produtivo. Uma máquina ou uma planta industrial completa pode ser composta por apenas uma ou por centenas de malhas de controle que, em conjunto, executam a automação total da máquina ou unidade produtiva. Os sistemas de controle são classifi cados em dois tipos: sistemas de controle em malha aberta e sistemas de controle em malha fechada. A distinção entre eles é determinada pela ação de controle, que é componente responsável pela ativação do sistema para produzir a saída. A seguir, descrevemos detalhadamente como funciona cada um desses sistemas. 26 Automação industrial Sistema de Controle em Malha Fechada é aquele no qual a ação de controle depende de algum modo da saída. Portanto, a saída possui um efeito direto na ação de controle. Nesse caso, conforme pode ser visto através da fi gura 6, a saída é sempre medida e comparada com a entrada, a fi m de reduzir o erro e manter a saída do sistema em um valor desejado. Um exemplo prático deste tipo de controle é o controle de temperatura da água de um chuveiro. Neste exemplo, o homem é o elemento responsável por medir a temperatura e, baseado nesta informação, determinar uma relação entre a água fria e a água quente com o objetivo de manter a temperatura da água no valor por ele tido como desejado para o banho. Segundo Gutierrez (2008), o conceito Técnico de controle é o de malha fechada, com realimentação (feedback), na qual a variável de saída é realimentada ao controlador. Este compara o nível da saída com o valor de referência defi nido (set point – ponto de controle) e, em função da diferença (erro),aumenta ou diminui o valor da entrada até que o valor da saída alcance o valor ideal. Casos imprevistos são detectados e tratados pelo controlador, porém, caso haja um desvio muito grande do valor de referência, pode ser necessário certo tempo para que seja recobrado o equilíbrio do sistema. Figura 6 - Sistemas de automação com controle de malha fechada Fonte: Adaptado Groover (2008, p. 77). De acordo com Groover (2008), um sistema empresarial é um sistema de malha fechada. (fi gura 7). Um projeto bem planejado vai reduzir o controle administrativo necessário. Deve-se considerar que distúrbios nesse sistema correspondem à carência de mão de obra ou matéria-prima, à interrupção de comunicação, a erros humanos e a outros fatores. Para um gerenciamento apropriado, é fundamental o estabelecimento de um sistema de previsão com base em dados estatísticos. Sabe-se que um sistema pode ser otimizado pela utilização do lead time ou antecipação. Sistema de Controle em Malha Fechada é aquele no qual a ação de controle depende de algum modo da saída. 27 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Figura 7 - Sistemas de automação com controle de malha fechada de um sistema organizacional de engenharia. Fonte: Adaptado Groover (2008, p. 77). Segundo Gutierrez (2008), outro conceito importante é o de malha aberta, ou seja, que não possui realimentação, caso em que o controle é conhecido como antecipativo (feedforward - realimentação). Tal controle é adequado aos processos em que seria muito longo o período de tempo necessário para que as variáveis de saída apresentassem mudanças em função da realimentação. Contudo, é fundamental que o comportamento do processo controlado seja perfeitamente conhecido para que as respostas possam ser adequadamente antecipadas. Ao ser detectado qualquer distúrbio que afete a variável de entrada, imediatamente é tomada uma ação corretora. O inconveniente da malha aberta é que, caso ocorram variações imprevistas, não há como o sistema corrigir sua atuação. Um sistema de controle em malha aberta (fi gura 8) é aquele sistema no qual a ação de controle é independente da saída, portanto, a saída não tem efeito na ação de controle. Neste caso, conforme mostramos na fi gura 8, a saída não é medida e nem comparada com a entrada. Um exemplo prático deste tipo de sistema é a máquina de lavar roupa. Após ter sido programada, as operações de molhar, lavar e enxaguar são feitas baseadas nos tempos predeterminados. Assim, após concluir cada etapa, ela não verifi ca se esta foi efetuada de forma correta (por exemplo, após enxaguar, ela não verifi ca se a roupa está totalmente limpa) (GROOVER, 2008). Figura 8 - Sistema de malha aberta Fonte: Adaptado Groover (2008, p. 78). malha aberta, ou seja, que não possui realimentação, caso em que o controle é conhecido como antecipativo (feedforward - realimentação). Um sistema de controle em malha aberta é aquele sistema no qual a ação de controle é independente da saída, portanto, a saída não tem efeito na ação de controle. 28 Automação industrial Vamos agora nos concentrar na realimentação, característica do sistema de malha fechada, que permite a saída ser comparada com a entrada. Geralmente, a realimentação é produzida num sistema quando existe uma sequência fechada de relações de causa e efeito entre variáveis do sistema. Quando a realimentação se processa no sentido de eliminar a defasagem entre o valor desejado e o valor do processo recebe o nome de realimentação negativa. Um dos grandes desafi os da automação consiste em determinar com precisão quais são as variáveis que devem ser manipuladas e em que magnitude, para que as variáveis controladas se mantenham nos valores desejados. Os cálculos efetuados com esse objetivo são incorporados aos algoritmos executados pelos controladores, para emissão das ordens enviadas aos atuadores. O procedimento mais adotado para esses cálculos e também o mais tradicional é o denominado controle PID (Proporcional – Integral – Derivativo) que se baseia nos desvios já ocorridos. Um algoritmo é um conjunto fi nito de regras que fornece uma sequência de operações para resolver um problema específi co. Segundo o dicionário Houaiss (2001, p 18), um algoritmo é um: “Processo de cálculo, ou de resolução de um grupo de problemas semelhantes, em que se estipulam, com generalidade e sem restrições, regras formais para a obtenção de resultado ou de solução de problema.” Hemerly (2000) menciona o funcionamento do controle PID a partir das defi nições a seguir: • Defi nição de proporcional (P): em uma ação liga-desliga, quando a variável controlada se desvia do valor ajustado, o elemento fi nal de controle realiza um movimento brusco de ON (liga) para Off (desliga), provocando uma oscilação no resultado de controle. Para evitar tal tipo de movimento, foi desenvolvido um tipo de ação no qual a ação corretiva produzida por este mecanismo é proporcional ao valor do desvio. Tal ação foi chamada de ação proporcional. • Defi nição de Integral (I): ao utilizar o controle proporcional conseguimos eliminar o problema das oscilações provocadas pela ação ON-OFF e este seria o controle aceitável na maioria das aplicações se não houvesse o inconveniente da não eliminação do erro de off-set sem a intervenção do operador. Esta intervenção em pequenos processos é aceitável, porém, em grandes plantas industriais, isto se torna impraticável. Para resolver este 29 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 problema e eliminar este erro de off-set, desenvolveu-se uma nova unidade denominada ação integral. • Ação derivativa (D): tem sua ação proporcional ao desvio versus tempo. Em resumo, as ações derivativas só atuam em presença do desvio. O controlador ideal seria aquele que impedisse o aparecimento de desvios, o que na prática seria difícil. No entanto, pode ser obtida a ação de controle que reaja em função da velocidade do desvio, ou seja, não importa a amplitude do desvio, mas sim a velocidade com que ele aparece. Este tipo de ação é comumente chamado de ação derivativa. Ela atua fornecendo uma correção antecipada do desvio, isto é, no instante em que o desvio tende a acontecer, ela fornece uma correção de forma a prevenir o sistema quanto ao aumento do desvio, diminuindo, assim, o tempo de resposta. EXemplos práticos do uso de PID Deseja-se controlar o volume de um fl uxo primeiramente em um reator químico. Em primeiro lugar, tem-se que pôr uma válvula de controle do volume de dito fl uxo e um fl uxo com a fi nalidade de ter uma medida constante do valor do volume que circule. O controlador irá vigiando para que o volume que circule seja o estabelecido por nós. No momento em que detecte um erro, mandará um sinal à válvula de controle de maneira que esta se abrirá ou fechará corrigindo o erro medido. E teremos desse modo o fl uxo desejado e necessário. O PID é um cálculo matemático, o que envia a informação é o PLC. Deseja-se manter a temperatura interna de um reator químico em seu valor de referência. Deve-se ter um dispositivo de controle da temperatura (pode ser um aquecedor, uma resistência elétrica ...) e um sensor (termômetro). O P, PI ou PID irá controlando a variável (neste caso a temperatura). No instante em que esta não seja a correta, avisará ao dispositivo de controle de maneira que este atue corrigindo o erro. De todos os modos, o mais correto é pôr um PID. Se há muito ruído, um PI, mas um P não nos serve muito, já que não chegaria a corrigir até o valor exato. Contudo, a pesquisa nesse campo é intensa e outros procedimentos vêm sendo testados e implementados, como sistemas especialistas e os baseados em lógica fuzzy, que incorporam a experiência humana nos modelos de determinação das respostas de controle (LUNA FILHO, 2010). Para você entender: 30 Automação industrial a) Sistemas especialistas são programas constituídospor uma série de regras que analisam informações (normalmente fornecidas pelo usuário do sistema) sobre uma classe específi ca de problema (ou domínio de problema). • Vantagens de um sistema especialista – fi ca disponível 24 horas; – um sistema especialista computadorizado sempre gera a melhor opinião possível; – determinação de tempos de ajuste e controle de qualidade em tempo real; – facilita o controle do sistema por parte de pessoas e agiliza o processo de decisão. b) Lógica fuzzy ou lógica difusa é uma metodologia para trabalhar com informações inexatas, imprecisas e incompletas. Conjuntos fuzzy e lógica fuzzy são poderosas ferramentas matemáticas para a modelagem e controle de sistemas incertos na indústria, na humanidade e na natureza, pois eles são facilitadores para o raciocínio aproximado, em uma tomada de decisão, na ausência de informações completas e precisas. Vejamos alguns exemplos: • Controle de lógica difusa para uma lavadora de louça: ajusta o ciclo de limpeza e enxágue, bem como a estratégia de lavagem, baseado no número de louças, no tipo e na quantidade de comida incrustada nela. • Controle de lógica difusa para um motor de carro: controla a injeção e ignição, baseado na regulação do acelerador, temperatura da água de refrigeração, concentração de oxigênio, RPM, volume de combustível, etc. Segundo Gutierrez (2008), os sistemas de controle de processos podem ser classifi cados da seguinte forma: a) Discretos: referentes à fabricação de produtos ou peças que podem ser contados como unidades individuais e nas quais predominam as atividades discretas. São exemplos desse tipo de processo: a produção de placas de metal estampadas, de automóveis, aviões, Sistemas especialistas são programas constituídos por uma série de regras que analisam informações (normalmente fornecidas pelo usuário do sistema) sobre uma classe específi ca de problema (ou domínio de problema). Lógica fuzzy ou lógica difusa é uma metodologia para trabalhar com informações inexatas, imprecisas e incompletas. Discretos: referentes à fabricação de produtos ou peças que podem ser contados como unidades individuais e nas quais predominam as atividades discretas. 31 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 bens de capital, brinquedos, eletroeletrônicos, computadores, vestuário, tijolos, pneus e calçados. b) Bateladas: relativos a bens cuja produção requer que determinadas quantidades de matérias-primas sejam combinadas de forma apropriada durante um dado período de tempo. Apesar de intermitentes (descontínuos), tais processos têm natureza contínua durante o período de atividade. São exemplos: a fabricação de colas ou de alimentos, em que a mistura de insumos, em proporções calculadas, precisa ser mantida aquecida durante um tempo preestabelecido. Também podem ser classifi cadas nessa categoria as indústrias farmacêuticas, de bebidas, de produtos de limpeza, de alimentos, de cerâmica, de fundição e de embalagens. c) Contínuos: referentes a sistemas em que as variáveis precisam ser monitoradas e controladas ininterruptamente. É o caso, por exemplo, de siderúrgicas, da produção de combustíveis, gás natural, produtos químicos, plásticos, papel e celulose, cimento, açúcar e álcool. A Automação MelHora o Gerenciamento da Produção Quando uma empresa de manufatura, totalmente operada por pessoas, deseja ter um efetivo monitoramento de todas as tarefas realizadas, material empregado, tempo de tarefa utilizado, tempo de produção total, quantidade de unidades produzidas, componentes em estoque, etc., não há outra solução além de mandar os operários escreverem isso tudo. Esse processo é demorado (e, portanto, caro) e se corre o risco de que surjam erros nos relatórios, além de ser necessário esperar que os trabalhadores executem essas tarefas, em alguns casos, o fi m do expediente. Quando a produção é totalmente realizada por robôs controlados por computadores, eventualmente ligados a um computador central que supervisa todas as tarefas, essas informações são transmitidas em forma automática, rápida e efi ciente, além de poderem ser avaliadas a qualquer momento. A qualidade dos produtos melhora por várias questões. Um dispositivo automatizado (robô) de soldagem, por exemplo, pode posicionar com muito mais precisão a ferramenta de solda do que um operário. Bateladas: relativos a bens cuja produção requer que determinadas quantidades de matérias-primas sejam combinadas de forma apropriada durante um dado período de tempo. Contínuos: referentes a sistemas em que as variáveis precisam ser monitoradas e controladas ininterruptamente. 32 Automação industrial Também, em alguns casos, a velocidade da solda redunda em sua qualidade e um robô pode soldar bem mais rapidamente do que um ser humano. A precisão no posicionamento da ferramenta ou do produto, no caso de uma montagem, é fundamental na qualidade deste e nisso os robôs apresentam óbvias vantagens. Capacidade de Operar em AmBientes Hostis ou com Materiais Perigosos Uma das primeiras aplicações dos robôs na indústria foi operando metais à alta temperatura. Os operários deviam fazer isso com pesados instrumentos de difícil manuseio. Um robô adequado pode fazer essa tarefa sem maiores inconvenientes (GROOVER, 2008). Muitas tintas utilizadas na indústria são tóxicas, o que faz com que se deva tomar cuidados extremos para seu manuseio por parte dos operários, o que, além do risco que isso representa para a saúde, incrementa o custo de produção. Elementos químicos tóxicos, tais como chumbo, também são de manuseio inadequado para o homem. O mesmo acontece com materiais radiativos, explosivos ou combustíveis. Nesses ambientes perigosos ou hostis para o homem, também são apreciadas as vantagens do uso de robôs, vejamos alguns casos: para trabalhar no vácuo (como é o caso do espaço exterior), chegar até lugares aonde o homem não poderia chegar ou seria extremamente difícil (outros planetas, por exemplo), trabalhar com solda submarina ou em ambientes de elevada pressão ou temperatura, barulhentos ou que representem algum tipo de perigo à integridade física do homem. ConseQuências Sociais do uso da Automação Em muitas aplicações nas indústrias, principalmente as metalúrgicas e de montagem de componentes ou partes em geral, a vantagem da automação é evidente. Como já evidenciamos, quando a automação é utilizada no processo de fabricação, é indiscutível, a redução de custos, a melhoria na produtividade, a melhoria na quantidade de unidades produzidas e na qualidade do produto fi nal. Contudo, esse cenário desperta uma questão fundamental: o que fazer com a 33 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 mão de obra? É evidente, em função de tudo que você já estudou até aqui, que a automação nas indústrias gera desemprego. Milhares de tarefas, principalmente nas linhas de produção, que antes eram executadas por operários de certa qualifi cação agora são executadas por robôs. Alguma parte dessa mão de obra pode ser capacitada e reaproveitada na própria indústria, pois é evidente que, mesmo que a tarefa seja automatizada, alguém tem que controlar a produção, programar os robôs, relevar os dados, etc., tarefas estas que devem ser feitas por humanos. Mas também é evidente que a mão de obra necessária para fazer essas tarefas todas é muito menor do que a empregada antigamente, quando utilizados métodos de produção manuais (CAPELLI, 2007). Será que a solução é fi car no passado, negar ou desconsiderar os avanços tecnológicos, rejeitar a possibilidade de melhorar a produção em qualidade e quantidade em prol de uma distribuição maciça de empregos? Segundo Capelli (2007), infelizmente, essa não parece ser a melhor a solução. Desde o início dos tempos ohomem teve que trabalhar duro para ganhar seu sustento. A automação se confi gura, talvez pela primeira vez na história da humanidade, como um meio de atingir tal objetivo. Robôs poderiam fazer todo o trabalho pesado, plantar, colher, fabricar eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, fazer tarefas domésticas e até fabricar as máquinas que farão outros trabalhos, deixando para o homem apenas as tarefas de criação, organização e controle. O homem só deveria utilizar sua imaginação para idealizar em que os robôs podem aumentar ainda mais o conforto das pessoas. Muito mais tempo livre para dedicar ao lazer, à cultura, às artes, à educação e ao pensamento poderia benefi ciar à sociedade. Entretanto, para que esse paraíso seja apenas imaginável, é necessário que as riquezas geradas pelo uso da tecnologia sejam justamente distribuídas, que todas as pessoas tenham acesso a esses benefícios. Se você quiser saber mais sobre automação da manufatura, consulte GROOVER, Mikell P. Automation, production systems, and computer-integrated manufacturing. Publisher: Prentice- hall Of India Pvt Ltd., 2008. A automação é utilizada no processo de fabricação, é indiscutível, a redução de custos, a melhoria na produtividade, a melhoria na quantidade de unidades produzidas e na qualidade do produto fi nal. 34 Automação industrial Atividade de Estudos: 1) A partir do estudo deste capítulo, descreva por que a automação industrial é importante nos dias de hoje? Quais seriam as razões para a sua utilização nas empresas de manufatura? ______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Algumas Considerações O desenvolvimento de máquinas automáticas introduziu um elevado grau de fl exibilidade nos atuais ambientes de produção, dada a sua fl exibilidade de utilização em diferentes tarefas através de simples adaptações, como: mudança de ferramenta e reprogramação. Atualmente, os sistemas de produção automatizados são fundamentais para as economias modernas. Exemplos de automação de sistemas de produção: linhas de produção industrial (transfer); máquinas de montagem mecanizadas; sistemas de controle de produção industrial realimentados; máquinas-ferramenta dotadas de comandos numéricos; robôs de uso industrial. Principais objetivos da automação industrial: promover melhorias na qualidade dos produtos; reduzir custos de produção; automatizar processos, tornando-os independentes. No próximo capítulo você estudará o modelo de referência para as funções de controle, dando continuidade ao estudo da automação. 35 CONCEITOS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIALCapítulo 1 Referências ARC Advisory Group. Perspectiva mundial dos sistemas de automação para indústrias de processos. Disponível em: <www.arcweb.com>. Acesso em: 10 mar. 2010. ADAMOWSKI, Julio Cezar. Uma Abordagem Voltada à Automação Industrial. Revista Mecatrônica atual, n.1, out.-nov. 2001. BORGES, Francisco Carlos D’Emílio et al. Apostila telecurso 2000: automação industrial. Rio de Janeiro: Globo, 2000. CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2. ed. São Paulo, SP: Érica, 2007. ESSER, Jean Carlos. Controle de Nível Automatizado Através da Pressão no Recalque em Elevatórias com Reservatório Superior. Disponível em: <http://www. semasa.sp.gov.br/admin/biblioteca/docs/pdf/35Assemae013.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2010. GROOVER, Mikell P. Automation, production systems, and computer- integrated manufacturing. Publisher: Prentice-hall Of India Pvt Ltd., 2008. GUTIERREZ, Regina Maria Vinhais. Complexo eletrônico: automação do controle industrial. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 28, p. 189-232, set. 2008. HEMERLY, Elder Moreira. Controle por computador de sistemas dinâmicos. 2. ed. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2000. HOUAISS. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. LUNA FILHO, Antonio Luis do Rêgo. Sistema especialista aplicado à automação industrial. Artigo apresentado no IFMA – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, 2010. MM Informática. Automação de Supermercado. Disponível em: <http://www. mminformatica.com.br/supermercados.php>. Acesso em: 19 dez. 2010. PEREIRA, Walteno Martins. Apostila de Sistema de Computação Digital. Universidade do Estado de Minas Gerais, 2010. ROSÁRIO, João Mauricio. Automação industrial. São Paulo: Baraúna, 2009. 36 Automação industrial CAPÍTULO 2 Modelo de Referência para as Funções de Controle A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os sistemas de produção, modelos hierárquicos, funções de controle associadas aos níveis hierárquicos e padronização dos sistemas utilizados no controle da manufatura. Reconhecer as importantes fases do processo produtivo e seus controles, assim como os níveis hierárquicos, aspectos de integração das funções de controle e as arquiteturas. Compreender os conceitos de modelo de referência para as funções de controle relacionadas aos níveis hierárquicos, os aspectos de integração das funções de controle, as arquiteturas abertas e o modelo hierárquico de referência. 38 Automação industrial 39 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 ConteXtualiZação No capítulo anterior, estudamos os conceitos de automação industrial, assim como compreendemos a evolução tecnológica e as mudanças que vêm ocorrendo no ambiente da produção. Além disso, iniciamos as discussões sobre a qualidade de vida em um ambiente automatizado. Nesse segundo capítulo, vamos refl etir, de modo geral, sobre o sistema de produção. Entender as fases desse processo produtivo, além de estudar os conceitos de modelo de referência para as funções de controle relacionadas aos níveis hierárquicos, os aspectos de integração das funções de controle, as arquiteturas abertas e o modelo hierárquico de referência. Iniciamos nossas refl exões a partir de Groover (2008), que defi ne a atividade de controle como fundamental para a execução de qualquer trabalho. Nos Sistemas Integrados de Manufatura a automação ocupa uma posição da mais alta importância e, por sua vez, o controle num ambiente automatizado tem um papel principal. A seguir apresentamos o modelo hierárquico de referência. Modelo HierárQuico de Referência As instalações de um sistema de produção são: fábrica, máquinas e ferramentas, equipamentos de movimentação de materiais, equipamentos de inspeção e sistemas informáticos que controlam as operações da manufatura. Vamos nos ocupar um pouco mais em descrever esses elementos a seguir. Veja: As instalações incluem o layout da fábrica, que se refere à forma como os equipamentos estão fi sicamente organizados. Os equipamentos são geralmente organizados em grupos lógicos, modalidades dos equipamentos e trabalhadores que operam os sistemas de produção na fábrica. Os sistemas de produção podem ser células individuais de trabalho, constituídas por uma única máquina de produção e o trabalho atribuído a essa máquina. Entretanto, é mais comum pensarmos em sistemas de manufatura como grupos de máquinas e trabalhadores de, por exemplo, uma linha de produção. Os sistemas de produção entram em contato físico direto com as partes e/ou conjuntos que estão sendo feitos (GROOVER, 2008). As instalações de um sistema de produção são: fábrica, máquinas e ferramentas, equipamentos de movimentação de materiais, equipamentos de inspeção e sistemas informáticos que controlamas operações da manufatura. 40 Automação industrial Em termos de participação humana nos processos realizados pelos sistemas de produção, três categorias básicas podem ser distinguidas, como você pode observar nas fi guras 9, 10 e 11, sistemas de trabalho manual, sistemas de trabalhador-máquina e sistemas automatizados, respectivamente. Figura 9 - Categorias de sistemas de manufaturas: sistema manual de trabalho Fonte: Adaptado de Groover (2008, p. 05). A partir do esquema apresentado, percebemos que o sistema manual de trabalho é composto por um ou mais trabalhadores realizando uma ou mais tarefas sem ajuda de ferramentas elétricas, consequentemente, tarefas manuais de movimentação de materiais são atividades comuns nesse sistema, no qual também percebemos o uso de ferramentas manuais para realizar tarefas de produção. Uma ferramenta manual é uma pequena ferramenta, operada manualmente pela força e habilidade do usuário humano, o que exige um posicionamento seguro. Como exemplos de tarefas relacionadas à produção manual e à utilização de ferramentas manuais podem citar: • Um mecânico usando uma lima para arredondar as bordas de uma peça retangular que acaba de ser usinada. • Uma esteira de inspeção de qualidade usando um micrômetro para medir o diâmetro de um eixo. • A manipulação do material de trabalho, usando carrinho para mover caixas em um armazém. 41 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 • Uma equipe de trabalhadores da montagem, unindo uma peça de uma máquina, utilizando ferramentas manuais. Seguimos agora para o sistema trabalhador - máquina: Figura 10 - Categorias de sistemas de manufaturas: sistema trabalhador-máquina Fonte: Adaptado de Groover (2008, p. 05). No sistema trabalhador–máquina, um trabalhador humano opera equipamentos acionados, como uma máquina-ferramenta ou máquina de produção. Este é um dos sistemas de produção mais utilizados e inclui combinações de um ou mais trabalhadores e uma ou mais peças ou equipamentos. Os trabalhadores e as máquinas são combinados para tirar partido dos pontos fortes e atributos, que estão listados na tabela 1. Tabela 1 - Relação pontos fortes e atributos de humanos e máquinas Pontos fortes de seres humanos Pontos fortes de máquinas • Estímulos e sentido inesperado. • Desenvolvem novas soluções para problemas. • Lidam com problemas abstratos. • Adaptam-se à mudança. • Generalizam a partir de observações. • Aprendem com a experiência. • Tomam decisões difíceis baseadas em dados incompletos. • Executam tarefas repetitivas de forma consistente. • Armazenam grandes quantidades de dados. • Recuperam dados de memória confiável. • Realizam várias tarefas simultaneamente. • Aplicam as forças de alta potência. • Realizam cálculos simples rapidamente. • Tomam decisões de rotina rapidamente. Fonte: Groover (2008, p.8). Exemplos de sistemas de trabalhador-máquina incluem o seguinte: • Um torneiro operando um torno mecânico em uma sala de ferramentas para fabricar uma peça com design apropriado. No sistema trabalhador– máquina, um trabalhador humano opera equipamentos acionados, como uma máquina- ferramenta ou máquina de produção. 42 Automação industrial • Um soldador, um aparelho de solda e um robô industrial trabalhando juntos em uma célula de trabalho. • Um grupo de trabalhadores operando um laminador que converte placas de aço quente em chapas planas. • Uma linha de montagem em que as unidades de trabalho são movidas por transportadores mecanizados e os trabalhadores nas estações usam ferramentas para realizar suas tarefas de montagem. Depois de você ter conhecido as características dos sistemas de trabalho manual e sistemas de trabalhador-máquina, seguiremos agora para os sistemas automatizados. Figura 11 - Categorias de sistemas de manufaturas: sistema automático Fonte: Adaptado de Groover (2008, p. 5). Um sistema automatizado é aquele em que um processo é executado por uma máquina sem a participação direta de um trabalhador humano. Na automação é implementado um programa de instruções combinado com um sistema de controle que executa as instruções. Todos os sistemas de automação devem ter o poder de conduzir o processo e o sistema de controle. Segundo Groover (2008), as automações da manufatura se distinguem em dois níveis de automação: semiautomáticos e totalmente automatizado. Vejamos: no primeiro nível de automação, uma máquina semiautomática executa uma parte do ciclo de trabalho sob alguma forma de controle e programa, a seguir, um trabalhador humano termina o restante do ciclo carregando e descarregando a máquina ou realizando alguma outra tarefa do ciclo. No segundo nível de automação, uma máquina totalmente automatizada se distingue pela capacidade de operar por longos períodos de tempo sem a atenção humana. Por longos períodos de tempo, Na automação é implementado um programa de instruções combinado com um sistema de controle que executa as instruções. 43 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 queremos dizer mais do que um ciclo de trabalho. O trabalhador não é obrigado a estar presente em cada ciclo. Um exemplo deste tipo de operação é encontrado em muitas plantas de injeção de peças plásticas ou alumínio. Em certos processos totalmente automatizados, um ou mais trabalhadores são obrigados a estar presentes para monitorar continuamente a operação e certifi car- se de que o processo é executado de acordo com as especifi cações previstas. Exemplos desses tipos de processos automatizados incluem processos químicos complexos, refi narias de petróleo e usinas de energia nuclear. Os trabalhadores não participam ativamente no processo, exceto para fazer eventuais ajustes nas confi gurações do equipamento, para realizar a manutenção periódica e para entrar em ação, se algo der errado. Groover (2008) descreve em três fases a estratégia da migração da automação da manufatura, conforme ilustra a fi gura 12. Figura 12 - Estratégia típica da migração da automação Fonte: Adaptado Groover (2008, p. 19). A partir da fi gura 12, podemos começar a explorar cada uma das fases da migração da automação da manufatura. Acompanhe as descrições a seguir: 44 Automação industrial a) Fase 1: produção manual com um único trabalho independente. Produção manual, utilizando células individuais operando independentemente. É utilizada para introdução de um novo produto a um custo baixo e rapidamente iniciado. b) Fase 2: produção automatizada, com movimentação manual de cargas entre estações. São produções com automações simples e operações independentes. Com o crescimento da demanda pelo produto e tornando-se claro que a automação pode ser justifi cada, então, as estações simples são automatizadas para se reduzir a mão de obra e aumentar a taxa de produção. As peças ainda se movimentam entre as estações de trabalho manualmente. c) Fase 3: produção integrada e automatizada entre as estações. Produção integrada automatizada, usando um sistema automatizado de multiestações, com operações em série e transferência automatizada das peças entre estações. Quando a empresa estiver certa da produção em massa do produto e por vários anos, a integração da célula individual automatizada tem assegurada a futura redução de mão de obra e aumento de produtividade. Atividade de Estudos: 1) Apresente as principais vantagens da automação e controle na manufatura. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________Para fechar esta seção, vejamos as vantagens em se adotar a estratégia de migração para a automação. Esse processo em empresas de manufatura bem administradas inclui: • Permitir que um produto seja lançado ao menor tempo possível, pois as células baseadas em operações manuais são as mais simples de se projetar e implementar. Produção manual, utilizando células individuais operando independentemente. São produções com automações simples e operações independentes. Produção integrada automatizada, usando um sistema automatizado de multiestações, com operações em série e transferência automatizada das peças entre estações. 45 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 • Permitir que a automação seja introduzida gradualmente (em fases planejadas). Com crescimento da demanda, mudanças de engenharia no produto podem ser feitas e o tempo permite que se ajustem os parâmetros no sistema de manufatura automatizado. • Evitar que haja um comprometimento com um alto nível de automação desde o início, pois sempre existe o risco de que a demanda do produto não se justifi que. Funções de Controle Associadas aos NÍVeis HierárQuicos A automação industrial exige a realização de muitas funções. A fi gura 13 representa a chamada pirâmide de automação, com os diferentes níveis hierárquicos de automação encontrados em uma planta industrial. Moraes e Castrucci (2007, p. 14) descrevem em cinco níveis a arquitetura da automação industrial. a) Nível 1: é o nível das máquinas, dispositivos e componentes (chão de fábrica). Exemplo: máquinas de embalagem, linha de montagem ou manufatura. b) Nível 2: é o nível dos controladores digitais, dinâmicos, lógicos e de algum tipo de supervisão associada ao processo. Aqui se encontram concentradores de informações sobre o Nível 1 e as interfaces homem-máquina (IHM). c) Nível 3: permite o controle do processo produtivo da planta. Normalmente é constituído por bancos de dados com informações dos índices de qualidade da produção, relatórios e estatísticas de processo, índices de produtividade, algoritmos de otimização da operação produtiva. Exemplo: avaliação e controle da qualidade em processo químico ou alimentício, supervisão de um laminador de tiras a frio (chapa de aço plano). d) Nível 4: é o nível responsável pela programação e pelo planejamento da produção, realizando o controle e a logística dos suprimentos. Exemplo: Controle de suprimentos e estoques em função da sazonalidade e da distribuição geográfi ca. e) Nível 5: é o nível responsável pela administração dos recursos da empresa, em que se encontram os softwares para gestão de vendas e gestão fi nanceiras. É também onde se realizam a decisão e o gerenciamento de todo o sistema. 46 Automação industrial Figura 13 - Pirâmide da automação Fonte: Adaptado Moraes e Castrucci (2007). Aspectos de Integração das Funções de Controle Groover (2008) defi ne CIM (Computer Integrated Manufactering) como o termo para denominar o uso generalizado de computadores para projetar produtos, planejar a produção, controlar as operações e realizar várias funções necessárias aos negócios num sistema de manufatura. No sistema de controle CIM podemos afi rmar que há a integração do projeto, produção, distribuição e funções fi nanceiras dentro de um sistema coerente, suportado por uma rede de sistemas computacionais formada basicamente por: computadores, banco de dados e controladores programáveis. CIM (Computer Integrated Manufactering) como o termo para denominar o uso generalizado de computadores para projetar produtos, planejar a produção, controlar as operações e realizar várias funções necessárias aos negócios num sistema de manufatura. 47 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 Partindo das informações armazenadas nesses bancos de dados e os sistemas computacionais, um sistema CIM consegue manter um registro apurado dos dados e coordenar as atividades de manufatura. A CIM abrange o uso de algumas tecnologias que produzem ferramentas de subsídio às atividades do sistema de manufatura. Elas exercem suas funções desde as atividades de planejamento macro até a monitoração de uma máquina no chão de fábrica. Segundo Groover (2008), elas podem ser agrupadas conforme a fi gura 14. Figura 14 - Sistema CIM Fonte: Adaptado Groover (2008, p. 711). Para conhecer mais sobre os sistemas integrados de produção visando à prototipagem rápida, apresentamos as defi nições e utilidades do CAD (Computer Aided Desing) e CAM (Computer Aided Manufacturing). Acompanhe!!! De acordo com DEMEC (2010) da Universidade Federal de Minas Gerais (2010), o CAD (Computer Aided Desing - Projeto Assistido por Computador) foi empregado pela primeira vez no início 48 Automação industrial da década 60 pelo pesquisador do Massachussetes Institute of technology (M.I.T) Ivan Sutherland. O termo CAD pode ser defi nido como o processo de projeto que se utiliza de técnicas gráfi cas computadorizadas, através da utilização de programas (software) de apoio, auxiliando na resolução dos problemas associados ao projeto. Por sua vez, a sigla CAM (Computer Aided Manufacturing - Fabricação Assistida por Computador) se refere a todo e qualquer processo de fabricação controlado por computador. Sua origem remonta ao desenvolvimento das máquinas controladas numericamente (C.N.), no fi nal dos anos 40 e início dos 50. Quando essas máquinas começaram a ser controladas por computador, no fi m dos anos 50 início dos 60, surgiu o termo C.N.C. (Comando Numérico Computadorizado). Atualmente, a sigla (CNC) engloba diversos processos automáticos de fabricação, tais como: fresamento, torneamento, oxicorte, corte a laser, entre outros. A tecnologia CAD/CAM corresponde à integração das técnicas CAD e CAM num sistema único e completo. Isto signifi ca, por exemplo, que se pode projetar um componente qualquer na tela do computador e transmitir a informação por meio de interfaces de comunicação entre o computador e um sistema de fabricação, no qual um determinado componente pode ser produzido automaticamente numa máquina CNC. Transferência geométrica do CAD para o CAM. Finalizado o processo de modelamento do produto no sistema CAD, tem-se a transferência desta geometria para o sistema CAM, visando à geração de programas NC para a manufatura. Na transferência de dados do sistema CAD para o sistema CAM, alguns sistemas utilizam uma malha de triângulos gerada sobre a geometria original do CAD e a que aproxima da representação geométrica real através de um valor de tolerância (CAVALHEIRO, 1998). As empresas que fazem uso deste método em seus sistemas CAD/CAM encontraram nesta técnica uma maneira efi ciente de se trabalhar. Esta metodologia permite uma comunicação simples e conveniente entre sistemas CAD e CAM, pois são apenas transferidas informações por coordenadas cartesianas, permitindo, assim, uma fácil comunicação entre sistemas de um mesmo fornecedor ou de fornecedores diferentes que, normalmente, são baseados em diferentes modeladores geométricos. Desta maneira, é introduzida uma tolerância no processo de manufatura. Quanto menor a tolerância para a triangularização, melhor descrita será a geometria. Proporcionalmente, aumenta-se o tamanho dos arquivos 49 MODELO DE REFERÊNCIA PARA AS FUNÇÕES DE CONTROLECapítulo 2 e o tempo para cálculo de programas NC, podendo infl uir também no processo de usinagem na fi gura abaixo. Figura 15 - CAD/CAM: Sistema Integrado de Produção Fonte: Disponíveo em: <http://www.3dmodelagem.com/cad_cam_ sistemas_integrados_de_producao.htm>. Acesso em: 09 jan. 2011. Dando continuidade à série de tecnologias que produz ferramentas de auxílio às atividades do sistema de manufatura, seguimos, agora, descrevendo mais algumas. O Computer Aided Engineering
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