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Placentação e Gemelidade PLACENTAÇÃO - a placenta é um órgão constituído por dois componentes: - porção fetal: composta pelo córion (córion viloso - porção do córion que forma vilosidades) - porção materna: endométrio (decídua basal) - local de trocas de nutrientes, excretas e gases entre mãe e feto - feto → excretas e CO 2 → mãe - mãe → nutriente e O 2 → feto COMPONENTE MATERNO - em resposta a altos níveis de progesterona materno e à invasão do blastocisto → células do estroma endotelial acumuam glicogênio e lipídio no citoplasma e são então chamadas de células deciduais (processo chamado de “reação decidual”) - inicialmente, altos níveis de progesterona são mantidos pelo corpo lúteo (logo após ovocitação) - presença e função do corpo lúteo mantida pelo HCG secretado pelo sinciciotrofoblasto → mantém o endométrio espesso para inserção do blastocisto - o estroma uterino se espessa e torna-se mais vascularizado, e o endométrio como um todo é denominado decídua - reação decidual envolve acúmulo de glicogênio e lipídio no citoplasma das células deciduais, diminuição da resposta imune local, que impede o corpo da mãe de reconhecer o blastocisto como um corpo estranho e gerar uma resposta imune, e aumento da vascularização local - decídua: endométrio gravídico (a camada funcional do endométrio) que é descartado após o nascimento - dividido em três regiões, de acordo com o local de implantação 1. Decídua basal: subjacente ao concepto (imediatamente abaixo), e consiste no componente materno da placenta 2. Decídua capsular: camada fina do endométrio que recobre o concepto → zona oposta à decídua basal 3. Decídua parietal: toda a parte restante da decídua → nesta região não ocorreu a implantação * concepto = embrião + membranas fetais Modificações que ocorrem no córion para formação da placenta - córion: mesoderma extraembrionário + sinciciotrofoblasto + citotrofoblasto - no siniciciotrofoblasto encontram-se as lacunas trofoblásticas com o embriotrofo - citotrofoblasto contém projeções para dentro do sinciciotrofoblasto chamadas de vilosidades coriônicas primárias - vilosidades coriônicas secundárias (16º dia) : mesoderma extraembrionário penetra as vilosidades primárias, formando um eixo central de mesoderma → distribui-se por todo o córion - vilosidades coriônicas terciárias (21º dia): algumas células do mesoderma se diferencia em células e capilares sanguíneos - os capilares das lacunas terciárias se fundem, formando uma rede de capilares contínua → por meio do pedículo, esses capilares se conectam com a rede de vasos sanguíneos do feto - importante que o sangue das lacunas trofoblásticas seja sempre renovado: para que o embrião sempre tenha um suporte de nutrientes e gases efetivo e para que suas excretas também sejam eliminadas para a circulação materna - placa coriônica: região do mesoderma extraembrionário de onde partem as projeções que invadem as vilosidades coriônicas secundárias, formando as vilosidades coriônicas terciárias → dela partem vilosidades coriônicas que estão banhadas por sangue materno para que ocorram as trocas - caminho dos nutrientes do sangue materno ao feto: sangue materno → sinciciotrofoblasto → citotrofoblasto → mesoderma extraembrionário → endotélio do capilar sanguíneo da vilosidade coriônica → capilar sanguíneo do pedículo → circulação fetal - excretas fazem o caminho contrário - não há contato direto entre o sangue materno e o sangue fetal: sempre estão separados pelas estruturas que formam as vilosidades coriônicas - os capilares das vilosidades coriônicas fundem-se, formando as redes arteriocapilares, que se conectam ao coração do embrião através do pedículo do embrião → sangue do embrião começa a fluir pelos capilares das vilosidades coriônicas, estabelecendo conexão entre circulação de mãe e embrião - inicialmente (até o início da 8ª semana - basicamente final do período embrionário), as vilosidades coriônicas recobrem o saco coriônico - com o crescimento do saco coriônico, as vilosidades associadas à decídua capsular são comprimidas, reduzindo seu suprimento sanguíneo, e degeneram, formando o CÓRION LISO → não formará a placenta pois não há trocas devido à degeneração das vilosidades - as vilosidades associadas à decídua basal aumentam em número, ramificam-se e crescem, formando o CÓRION FRONDOSO ou VILOSO → região que efetivamente formará a placenta Capa citotrofoblástica: as células do citotrofoblasto das vilosidades proliferam e se estendem através do sinciciotrofoblasto, formando uma capa citotrofoblástica → envolve o saco coriônico e o prende no endométrio - vilosidades de ancoragem: ancoram a lacuna trofoblástica à capa citotrofoblástica - as lacuna trofoblásticas também podem ser chamadas de espaço interviloso - a cavidade coriônica é limitada pela placa coriônica, que consiste em mesoderma extraembrionário recoberto por sinciciotrofoblasto - as vilosidades coriônicas surgem a partir da placa coriônica - as vilosidades e superfície externa da placa coriônica são banhadas pelo sangue materno presente nos espaços intervilosos → placenta hemocorial: de todos os tipos de placenta, a placenta hemocorial é a que desenvolve contato mais íntimo com o sangue maternos (ainda que não haja contato direto → esse tipo de placenta representa o mais próximo que o sangue materno pode chegar do fetal) - formação da membrana amniocoriônica (8ª semana): membrana amniótica se funde com o córion liso, devido ao crescimento do embrião e crescimento da cavidade amniótica - a membrana amniocoriônica é a que se rompe durante o trabalho de parto (“rompimento da bolsa”) - com o crescimento fetal, a decídua capsular é pressionada contra a decídua parietal - posteriormente, a decídua capsular se desintegra - a membrana amniocoriônica fica em contato com a decídua parietal - luz do útero é obliterada devido a projeção de crescimento do feto ORGANIZAÇÃO DA PLACENTA EM HUMANOS Ilustração de um corte transversal através de uma placenta a termo, mostrando: (1) a relação do córion viloso (parte fetal da placenta) com a decídua basal (parte materna da placenta); (2) circulação fetal placentária; e (3) a circulação da placenta materna. O sangue materno flui para os espaços intervilosos em jatos em funil, provenientes das artérias espiraladas, e as trocas com o sangue fetal se dão quando o sangue materno flui ao redor das vilosidades. O sangue arterial que chega empurra o sangue venoso para fora do espaço interviloso para as veias endometriais. Nota-se que as artérias umbilicais carreiam sanguefetal pobre em oxigênio (mostrado em azul) para a placenta e que a veia umbilical transporta sangue oxigenado para o feto (mostrado em vermelho). apenas uma vilosidade-tronco é mostrada em cada cotilédone, mas estão indicadas as bases do cotilédones que foram removidas. Setas indicam o sentido do fluxo materno (vermelho e azul) e fetal (preto) - septo placentário: projeções de tecido conjuntivo, proveniente da decídua basal, que invadem os espaços intervilosos, regionalizando a placenta em espaços chamados cotilédones → juntamente à capa citotrofoblástica, os septos placentários/cotilédones ajudam na fixação da placenta com a decídua basal, garantindo a associação materno fetal da placenta - cada cotilédone apresenta uma ou duas vilosidades-tronco principal que se ramificam nas vilosidades periféricas mais delgadas → quanto mais delgada a vilosidade, mais rápida a troca CIRCULAÇÃO PLACENTÁRIA - É através das numerosas vilosidades terminais que ocorrem as principais trocas de material entre mãe e feto → as trocas entre mãe e feto só acontecem devido às vilosidades coriônicas e se ela estiver banhada por sangue materno Ilustração de uma biópsia da vilosidade-tronco coriônica, mostrando o seu sistema arteriocapilar venoso. As artérias transportam sangue fetal pouco oxigenado e os produtos de excreção do feto, enquanto a veia transporta o sangue oxigenado e nutrientes para o feto. - as ramificações das vilosidades-tronco são recobertas de sinciciotrofoblasto e este possui microvilosidades que aumenta a área de superfície da placenta → essa é a região que está em contato direto com o sangue materno Membrana placentária: é composta por tecidos extra fetais que separam o sangue materno e fetal - durante as primeiras 20 semanas de desenvolvimento, a membrana placentária é composta por quatro componentes: sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto, mesoderma extraembrionário, endotélio capilar fetal - o termo BARREIRA PLACENTÁRIA não é correto de ser usado (membrana placentária é o mais adequado) → o termo “barreira” dá a ideia de uma bloqueador físico intransponível e não é isso que acontece na placenta já que há uma via dupla de transporte seletivo de substâncias (sentido mãe-feto e feto-mãe) - após a 20ª semana, ocorre um adelgaçamento do citotrofoblasto, e em alguns locais, as células desse tecido desaparecem - após a 20ª semana de desenvolvimento, a membrana placentária é composta por três componentes: sinciciotrofoblasto, mesoderma extraembrionário, endotélio capilar fetal - membrana placentária vasculossincial: parede do capilar fetal em contato com o sinciciotrofoblasto → representam as regiões onde a troca entre mãe e feto são mais eficientes porque a espessura da membrana placentária é a menor possível (endotélio fetal em contato direto com sinciciotrofoblasto) FUNÇÕES DA PLACENTA - metabolismo, transporte e secreção endócrina → essenciais para a manutenção da gravizes e para a promoção do desenvolvimento fetal 1. Metabolismo placentário: síntese de glicogênio, colesterol e ácidos graxos - fonte de nutrientes para o embrião/feto - essenciais para a realização das demais funções placentárias através da produção de energia 2. Transferência placentária: transporte de substância em ambas as direções - gases: O 2, CO 2, CO - substâncias nutritivas: água, glicose, aminoácidos, vitaminas - hormônios: hormônios esteróides (cortisol, testosterona, estradiol), T3 e T4 - eletrólitos - anticorpos maternos: somente classe IgG ultrapassa a membrana placentária (receptores específicos) - produtos de excreção: ureia, ácido úrico, bilirrubina - drogas e seus metabólicos: fármacos, drogas de abuso, anestésicos - agentes infecciosos: CMV, vírus da rubéola, varíola, sarampo, poliomielite, Treponema pallidum 3. Secreção endócrina: uso de precursores maternos e/ou fetais - sinciciotrofoblasto sintetiza hormônios protéicos e esteróides - hCG: segunda semana de gestação → proteico - somatotrofina coriônica humana/lactogênio placentário → proteico - tireotrofina coriônica humana → proteico - corticotrofina coriônica humana → proteico - progesterona → esteróides - corpo lúteo pode involuir pois a placenta assume o papel da produção de progesterona - estrógenos → esteróides ANORMALIDADES DA PLACENTA - placenta acreta: vilosidades não estão limitadas apenas à decídua basal (invasão das porções mais profundas do endométrio) - placenta percreta: vilosidades coriônicas alcançam o miométrio - a liberação da placenta após o parto pode causar hemorragia severa e haver necessidade de histerectomia devido a dano severo de miométrio - placenta prévia: conhecida popularmente por placenta baixa → formação da placenta em terço baixo do útero, bloqueando a saída para vagina - mulheres com placenta prévia possuem episódios comuns de sangramento, maior risco de descolamento e não conseguem dar a luz por parto normal (bloqueio vaginal) - nós: no cordão umbilical → o persistência dos nós verdadeiros podem levar o feto à hipóxia - ocorrem mais facilmente durante o trabalho de parto (muito movimento fetal) - mola hidatiforme: formação incorreta de uma estrutura similar à placenta (tumor sincicial) → o contribuinte paterno é o maior causador de mola hidatiforme - completa: óvulo com núcleo inativo → não forma embrião - incompleta: óvulo normal fecundado por dois espermatozóides/espermatozóide diplóide → embrião não viável GEMELIDADE - gêmeos dizigóticos: âmnios separados, córios individuais e duas placentas - únicas coisas que eles têm em comum é estar no mesmo útero durante a gestação - caso a implantação dos blastocistos seja muito próxima uma da outra, eles podem apresentar córion e placenta fusionados, porém, o âmnio continua separado - gêmeos monozigóticos: - separação e formação dos gêmeos durante estágio de blastômero (estágio muito inicial do desenvolvimento): formam âmnios separados, córions individuais e duas placentas (caso os blastocistos se implantem próximos uns aos outros, córions e placentas se fusionam) - separação e formação dos gêmeos durante o estágio de embrioblasto: formam âmnios separados (pois são oriundos de embrioblastos diferentes), córion comum e placenta comum (por dividirem o mesmo trofoblasto) - separação e formação dos gêmeos durante o estágio de disco bilaminar (caso mais raro de acontecer): âmnio, córion e placenta comuns (pois parte do mesmo trofoblasto e da mesma cavidade amniótica) - baixa chance de sobrevivência (problemas nos cordões umbilicais) - quando a separação do disco bilaminar não é completa podem ser formados os gêmeos conjugados (gêmeo siameses) ou formação dos gêmeos parasitários (podendo comprometer a vida do outro feto) - trigêmeos: representam cerca de 1/76000 gestações - podem ser provenientes de um zigoto e serem idênticos - podem ser provenientes de dois zigotos e consistirem em dois gêmeos idênticos e um isolado - poder ser provenientesde três zigotos e serem do mesmo sexo ou de sexos diferentes - gestações gemelares apresentam incidência elevada de: - parto pré-termo: 12% das crianças prematuras - baixo peso ao nascimento - mortalidade de 10 a 20% → nas gestações singulares, a mortalidade é de 2%
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