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HELEN MARCONDES – T5 1 FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA III – PROFº. ELISSON EXAME NEUROLÓGICO Quando uma doença neurológica se instala e gera alteração de força, usa-se esses termos: Paresia: perda parcial de força; Plegia: perda/ausência completa de força; Na neurologia, a força é graduada em 5 estágios. O grau 5 é o grau normal, grau 0 é a ausência completa de força, nesta condição, diz-se que a pessoa tem plegia. Com isso, deve-se endereçar essa plegia, se ela é em membro superior esquerdo, membro superior direito, membro inferior direito, membro inferior esquerdo, uma hemiplegia a esquerda, ou uma paraplegia – perda de força em membros inferiores. Portanto, os termos devem ser utilizados de acordo com a condição clínica. Quando as graduações da força. No grau 1 a pessoa apresenta alguma força, porém não consegue se mexer. É possível visualizar apenas um esboço/contração muscular, mas incapaz de gerar movimento. Neste sentido, por convenção, dá-se o nome de força grau 1. No grau 2 a pessoa não consegue vencer a gravidade, faz apenas movimentos horizontais. No grau 3 a pessoa vence a gravidade, porém não vence a resistência. Consegue ficar pouco tempo vencendo a gravidade, mas diante de uma resistência mínima, não conseguindo manter a posição. Na força grau 4 é possível vencer a gravidade e alguma resistência/oposição de força. Nesses casos devemos graduar, de força subjetiva, a força de grau 4. Ela pode ser grau 4 menos, grau 4 e grau 4 +. A grau 4 menos vence a gravidade, porém vence uma resistência pequena, pois sucumbe a uma força um pouco maior. A grau 4 mais é uma força subnormal (quase normal), pois não é grau 5, mas é próxima disso. E a força grau 4 é uma intermediária entre a grau 4 menos e a grau 4 mais. Na força grau 5 não há alteração de força. EXEMPLO DE SITUAÇÃO 1 Diante de um indivíduo com AVC, por exemplo, ele tem uma perda de força parcial do lado direito. Como isso deve ser passado para o neurologista? Deve-se dizer que o indivíduo teve um AVC agudo, e entendemos no exame físico que ele possui uma hemi paresia a direita. Imagine que essa perda de força é diferente. Por exemplo, a pessoa teve um AVC, e ao examiná-la ela encontra-se com a boca torta – com uma paralisia facial, bem como tem uma perda de força no membro superior, mas que consegue vencer a gravidade e alguma resistência. No entanto, no membro inferior ela consegue vencer a gravidade, mas praticamente não vence a resistência. Como isso deve ser passado para o neurologista? Estamos diante de um paciente com uma hemi paresia a direita, desproporcionada, de predomínio crural (pois neste exemplo o braço apresenta uma força grau 4, e a perna grau 3), o que quer dizer que as pernas estão mais fracas do que os braços. Caso o braço estivesse mais fraco diríamos que se trata de uma hemi paresia a direita, desproporcionada, de predomínio braquial. Portanto, neste tipo de situação, devemos apontar o predomínio no membro mais fraco/prejudicado. Logo após isso, é necessário graduar essa força. Diremos que se trata de uma hemi paresia a direita, de predomínio crural, com força grau 4 em membro superior direito e força grau 3 em membro inferior direito. É importante não se esquecer da paralisia facial. Deve-se analisar se trata de uma paralisia facial central ou periférica. HELEN MARCONDES – T5 2 FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA III – PROFº. ELISSON Deve-se dizer que há uma hemi paresia a direita, desproporcionada, de predomínio crural, com força grau 4 em membro superior direito, grau 3 em membro inferior direito e paralisia facial central a direita. EXEMPLO DE SITUAÇÃO 2 Paciente, vítima de AVC agudo, hemorrágico, chega com assimetria facial, face em andar inferior esquerdo paralisado, com força grau 4 em membro inferior, e força grau 0 em membro superior a esquerda. Devemos mencionar que o paciente apresenta uma hemi paresia a esquerda, desproporcionada, de predomínio braquial, com força grau 0 em membro superior esquerdo e força grau 4 em membro inferior esquerdo, com paralisia facial central a esquerda. Parestesia: trata-se de uma alteração na sensibilidade. Faz alusão, geralmente, ao formigamento. Muito comum nas neuropatias periféricas, sendo uma doença clássica o diabetes, onde há as parestesias em meias e em luvas bilateralmente. Portanto, a parestesias são alterações em membros inferiores, geralmente no terço distal e em membros superiores, também no terço distal. O termo parestesia não é utilizado para definir a diminuição da sensibilidade, este termo usa-se para formigamento. Quando há redução da sensibilidade, o termo mais adequado é hipoestesia. Trata-se da diminuição da sensibilidade, porém não se refere a perda completa desta sensação. Quando ocorre uma perda completa da sensibilidade, diz-se que ele tem uma anestesia. Quando há um desconforto e tem-se a sensação de que a sensibilidade está aumentada, diz- se que se tem uma hiperestesia. Quando não se consegue configurar a sensação, mas é um desconforto para o paciente, usa-se o termo disestesia. Gnosia: trata-se de reconhecimento. Em algumas doenças o indivíduo perde a capacidade de reconhecer algo. E na ausência de reconhecimento, usa-se o termo agnosia. Mas sempre que se quer utilizar a definição/termo de conhecimento, usa-se na neurologia o termo gnosia. Afasia: precisamos reconhecer 3 tipos de afasia. Ela pode ser motora ou de expressão, afasia de compreensão ou sensitiva e a afasia de condução. Disartria: geralmente, ocorre quando há uma alteração articular por alguma disfunção fonoarticulatória. Portanto, diz respeito a alteração articular. Quando um indivíduo bebe demais, por lesão direta do álcool nas células de Purkinje cerebelares, a pessoa tem alterações no equilibrio e na coordenação, por isso acaba também falando mole. Essa fala mole, é disartria. Quando se tem uma paralisia facial, a boca fica paralisada e a pessoa passa a falar com dificuldade, não articulando bem as palavras, também chamado de disartria. Dislalia: é a fala do Cebolinha. ‘’Pala’’, ‘’Espela’’ ‘’Cole’’. Trata-se de trocas silábicas. Na prática clínica há uma confusão entre disartria e dislalia. Onde na maioria das vezes trata-se de disartria. Na maioria das vezes o paciente pode estar afásico, mas não dislálico. É muito importante ter cuidado na utilização destes termos. Praxia: é a destreza/agilidade em realizar um determinado movimento ou uma determinada função. Quando existe perda na destreza de algo conhecido, usa-se o termo apraxia. EXAME NEUROLÓGICO Anamnese Tudo se inicia com uma boa anamnese e não o exame neurológico propriamente dito. Deve-se iniciar coletando a idade do paciente, visto que na neurologia existem doenças mais comuns em jovens. Crianças com alterações na marcha, perda de força, imagina-se se o paciente não esteja desenvolvendo uma distrofia muscular. Ou uma doença mais comum em idosos, como perda de memória, alterações comportamentais, será que é um possível quadro de demência? A idade na neurologia nos leva para muitas patologias. Também é importante o sexo, pois existem doenças mais frequentes em homens, outras em mulheres. O lado dominante, importante porque doenças que atingem o lado dominante tendem a causar mais prejuízos do que as doenças que atingem o lado não dominante. HELEN MARCONDES – T5 3 FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA III – PROFº. ELISSON Outra informação importante é saber o tipo de profissão, o tipo de substância que a pessoa teve contato. Será que existe alguma disfunção neurológica por toxicidade de substâncias externas? Após isso devemos colher a queixa principal (QPD) como em todas doenças. Bem como a história da doença atual