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1 FPM III – NEUROLOGIA – PROFº. ELISSON HELEN MARCONDES – T5 EXAME NEUROLÓGICO SENSIBILIDADE O estudo da sensibilidade é muito importante, pois da mesma forma que a marcha, força motora também apontará a topografia da lesão. No raciocínio neurológico é fundamental que se tenha esse dado para que se possa avaliar e fazer uma hipótese diagnóstica bem embasada. A imagem que segue mostra os dermátomos de todo o corpo. Dentre os principais estão C4 na região furculo esternal, t4 na região mamilar, T10 região umbilical. Quanto a parte inferior do corpo temos na altura da cintura L1, na região medial da coxa temos L2, na região lateral a nível do joelho temos L3, região medial da panturrilha L4, região lateral da perna L5, região plantar S1, região glútea S5. Quando falamos de sensibilidade, o exame sensitivo não é tão simples. É preciso entender que temos pelo menos 2 modalidades sensitivas, uma exteroceptivas e uma proprioceptiva, todas passíveis de exame. A exteroceptivas diz respeito a sensibilidade mais superficial, com relação aos receptores sensitivos mais periféricos. Dentro desta sensibilidade temos o tato protopático – tato mais grosseiro, sem riqueza ou refinamento, sensibilidade térmica e dolorosa. Quanto a sensibilidade proprioceptiva, esta é uma sensibilidade mais profunda, como a vibratória, sensibilidade cinético-postural e tato epicrítico – tato mais fino, onde consegue-se compreender qual o objeto que se está tocando. Trata-se das vias que correm no fascículo posterior da medula, sendo eles o grácil e cuneiforme. A figura que segue auxiliará na recordação da particularidade anatômica das vias que foram mencionadas. Na figura a esquerda temos um primeiro neurônio sensitivo que sobre ipsilateralmente pela coluna dorsal, faz conexão com um segundo neurônio sensitivo, e na região do bulbo especificamente na região do lemnisco medial cruza para o lado oposto, sobe e faz conexão com o tálamo e a partir daí faz conexão com um terceiro neurônio sensitivo e conexão com o córtex, traduzindo então a informação iniciada no primeiro neurônio sensitivo. É por este caminho que a sensibilidade profunda como a vibratória e cinético- postural que a informação chega ao córtex. Ou seja, a informação sobre ipsilateralmente por um bom trajeto, e somente na região do bulbo ela troca de lado. Esse é um conceito importante, visto que nas síndromes medulares isso gera diferenças no raciocínio. Já na figura a direita temos um primeiro neurônio fazendo conexão com um segundo neurônio e a partir daí já existe uma mudança de lado, cruzando para o lado oposto logo que chega na medula e faz o trajeto reto até o córtex. Este é o caminho da sensibilidade dolorosa, vibratória e do 2 FPM III – NEUROLOGIA – PROFº. ELISSON HELEN MARCONDES – T5 tato protopático. Esse caminho também fará diferença no raciocínio neurológico quando se pensa nas lesões medulares. A imagem que segue nos traz o conceito da sensibilidade profunda dos membros superiores e inferiores. Nos membros inferiores essa informação corre pelo fascículo grácil, enquanto que nos membros superiores temos essa informação correndo pelo fascículo cuneiforme. Já nesta outra imagem e de uma forma mais didática temos na figura a esquerda o caminho da informação da sensibilidade profunda, onde a informação sobe ipsilateralmente ao local onde houve o estímulo, e somente na região de bulbo/região de lemnisco medial a informação cruza para o lado oposto alcançando o tálamo e córtex. De forma diferente ocorre com a informação de sensibilidade superficial que se refere ao tato protopático, dor e temperatura onde se tem o cruzamento para o lado oposto logo que o estímulo é recebido. Ou seja, o estimulo é recebido, muda de lado e segue ipsilateralmente para o tálamo e córtex. COMO É TESTADA A SENSIBILIDADE PROPRIAMENTE DITA? Sensibilidade exteroceptiva Existem alguns princípios gerais para a testagem do tato protopático. Geralmente inicia-se na região distal em direção a região proximal – tanto em membros superiores quanto em inferiores, tórax e abdômen. Para testar o tato protopático utiliza-se um algodão ou gaze e inicia-se pela região distal dos dedos, comparando sempre os lados opostos, bem como comparando o membro em si, visto que as vezes a alteração de sensibilidade é em um único membro, verificando se é uma alteração mais proximal, distal, medial. Além disso, as regiões também devem ser comparadas ipsilateralmente também. O próprio paciente dirá se a sensibilidade do local é igual ou diferente em cada membro quando comparado ao outro. Para a sensibilidade térmica pode ser utilizado um diapasão – metal frio, ou água quente e fria em tubos de ensaio. Respeitando os princípios de distal para proximal, sempre comparando os lados e o membro. Ao fazer o teste com o tubo de ensaio é importante sempre testar na em sua própria pela a fim de que não queime o paciente. A sensibilidade dolorosa é testada com uma agulha, com o cuidado necessário para que não gere ferimentos no 3 FPM III – NEUROLOGIA – PROFº. ELISSON HELEN MARCONDES – T5 paciente a ponto de sangrar ou com palito de dente. É necessário que seja um objeto pontiagudo. É importante respeitar os princípios gerais de distal para proximal, bem como fazendo comparações com o outro membro e do próprio membro. Para avaliar a sensibilidade tátil e dolorosa pode-se utilizar alfinete, visto que com a agulha testa-se a parte dolorosa e com a parte romba testa-se a sensibilidade tátil. Todos os testes de sensibilidade exteroceptivas o paciente deve estar de olhos fechados. Sensibilidade proprioceptiva Com o diapasão de 128 hertz é o ideal para se fazer o teste da sensibilidade vibratória. Essa avaliação deve ser feita em várias extremidades ósseas, como a extremidade dos artelhos, tornozelos, tuberosidade da tíbia, joelho, cristas ilíacas, nas falanges, punhos, cotovelos, ombro. Deve-se comparar as regiões de um lado do corpo com o outro lado e no mesmo lado as regiões proximais e distais. Para este teste o paciente deve estar de olhos fechados. Quanto a sensibilidade cinético-postural, esta é a noção segmentar do corpo a qual o teste pode ser feito em qualquer articulação. Para este exame o paciente deve estar deitado em decúbito dorsal. O paciente também deve fechar os olhos, e com cuidado o examinador faz um movimento em pinça com o dedo e faz o momento da articulação sem que o paciente veja. Deve-se explicar antes de tudo ao paciente qual movimento é para baixo, qual é para cima e após a explicação com os olhos abertos, o paciente deve fechar os olhos e então o examinador pergunta qual movimento está sendo feito, se para baixo ou para cima. Embora possa-se fazer em qualquer articulação, geralmente utiliza-se a articulação do hálux. O examinador deve ter o cuidado de pegar nas laterais dos dedos e fazer movimento em pinça e perguntando para o paciente se o dedo se encontra para baixo ou para cima. Para quem tem esse tipo de sensibilidade preservada trata-se de um exame muito fácil. Porém em condições de lesão no fascículo grácil e cuneiforme, haverá erros no momento em dizer qual a posição do corpo. O que leva a entender o porquê o indivíduo bate os pés ao andar, ou fica olhando para baixo enquanto caminha, isso se deve s falta de noção segmentar do próprio corpo no espaço. Por isso, a sensibilidade cinético-postural que avalia o corno posterior da medula é extremamente importante. 4 FPM III – NEUROLOGIA – PROFº. ELISSON HELEN MARCONDES – T5 Quanto ao tato epicrítico, este é a sensibilidade fina que se atenta aos detalhes e com boa representação no lobo parietal. Há algumas formas de se fazer o exame do tato epicrítico. Temos a discriminação