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2020318_154644_O QUE É CONHECIMENTO FILOSÓFICO

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O QUE É CONHECIMENTO FILOSÓFICO?
Pedro Menezes (Professor de Filosofia)
	
O conhecimento filosófico é um conhecimento fundamentado na lógica e na construção ou definição de conceitos. É um conhecimento metódico que tem como objetivo encontrar explicações válidas para os diversos problemas propostos.
O conhecimento originado pela filosofia é um modo de interpretação da realidade que diferencia-se de outras formas de conhecer.
Deste modo, podemos também perceber o que é o conhecimento filosófico a partir de sua distinção das demais formas de saber.
1. Conhecimento filosófico não é mitologia
Perseu com a cabeça da Medusa, escultura de Antonio Canova
O conhecimento filosófico nasceu, justamente, como negação aos mitos.
A mitologia trazia consigo uma gama de histórias fantásticas que davam alguma explicação para a realidade fundamentada na crença e sem nenhum comprometimento com a lógica.
O conhecimento filosófico nasce do lógos (argumentação, lógica, pensamento racional). A razão aponta as contradições presentes nos mitos e traz a necessidade de um outro tipo de conhecimento, o conhecimento racional, filosófico.
2. Conhecimento filosófico não é senso comum
O senso comum se refere ao saber do indivíduo comum. É um saber baseado nos costumes, não possui provas, demonstrações e, por vezes, não é lógico. 
O senso comum fundamenta diversos preconceitos que possuem suas raízes em questões culturais. Apresenta como justificativa o próprio hábito.
O conhecimento filosófico, por sua vez, é um conhecimento lógico, possui um método e se sustenta por uma teoria.
No Brasil, gatos pretos têm mais dificuldades de serem adotados por conta de uma crença do senso comum que os relaciona com a má sorte
3. Conhecimento filosófico não é religião
O conhecimento religioso é sustentado por uma teoria ou um sistema teórico, assim como o conhecimento filosófico.
Entretanto, por se tratar de religião, esse conhecimento está fundamentado na fé. O conhecimento religioso possui como fundamento alguns dogmas.
Os dogmas são verdades indubitáveis (não se pode duvidar) reforçadas pela crença.
O conhecimento filosófico possui a dúvida como método. O questionamento é a "pedra de toque" da filosofia. Tudo pode ser posto em causa, tudo é digno de discussão.
Sendo assim, o conhecimento filosófico se diferencia do religioso por seu caráter questionador.
4. Conhecimento filosófico não é ciência
Apesar da estreita relação entre ciência e filosofia, existem particularidades que exigem uma diferenciação.
As ciências nascem com o mesmo intuito que a filosofia e historicamente caminharam juntas ou sendo identificadas como a mesma forma de conhecer. O fator decisivo para essa união ou diferenciação ocorre pela empiria (experiência). A experiência é o fundamento base das ciências. É a forma de comprovação ou de validação de uma teoria.
É através da empiria ou do experimento que os cientistas encontram a verdade acerca de seu objeto de estudo.
Para a filosofia, a experiência é parte do processo do conhecimento, mas pode estar presente ou não. Não há a necessidade de validação empírica de um conhecimento.
No entanto, é completamente válido filosoficamente o desenvolvimento de uma teoria que não pode ser testada, mas uma abstração teórica validada pela lógica.
Isso faz com que a filosofia possa dedicar-se a temas que não são passíveis de comprovação empírica. Quando a empiria é possível, filosofia e ciência caminham juntas.
Serve como exemplo o mais importante título acadêmico dado a um indivíduo em diferentes áreas, o PhD. Ao produzir uma teoria e um conhecimento original, o estudante recebe o título de PhD, que significa Philosopiæ Doctor, que significa "doutor em filosofia".
Ou seja, esse indivíduo conduzido pelo "amor ao conhecimento" (sentido original do termo "filosofia") tornou-se doutor, um profundo conhecedor de determinada área científica.
CONHECIMENTO E ATITUDE FILOSÓFICA
O conhecimento filosófico é o saber que parte do questionamento sobre toda a realidade. Esse questionamento é chamado de atitude filosófica.
A atitude filosófica trata com estranhamento (admiração) o que há de mais comum e trivial no cotidiano. Tudo é compreendido como novo, como algo a ser descoberto, como algo a ser conhecido.
INTERPRETAÇÃO DO MITO DA CAVERNA 
Juliana Bezerra 
Com o Mito da Caverna, Platão revela a importância da educação e da aquisição do conhecimento, sendo esse o instrumento que permite aos homens estar a par da verdade e estabelecer o pensamento crítico.
O senso comum, que dispensa estudo e investigação, é representado pelas impressões aparentes vistas pelos homens através das sombras. O conhecimento científico, por sua vez, baseado em comprovações, é representado pela luz.
Assim, tal como o prisioneiro liberto, as pessoas também podem ser confrontadas com novas experiências que ofereçam mais discernimento. O fato de passar a entender coisas pode, no entanto, ser chocante e esse fato inibidor para que continuem a buscar conhecimento.
Isso porque a sociedade tem a tendência de nos moldar para aquilo que ela quer de nós, que é aceitar somente o que nos oferece através da informação transmitida em meios de comunicação e não só.
Desde a Antiguidade, Platão quer mostrar a importância da investigação para que sejam encontrados meios de combate ao sistema, o qual limita ações de mudança.
O MITO E A FILOSOFIA
Mito, do grego mýthos, é uma narrativa tradicional cujo objetivo é explicar a origem e existência das coisas.
Origem do Mito
Esse foi o recurso utilizado durante anos para explicar tudo o que existe no Universo. Desta forma, foram criados mitos para explicar a origem dos homens, dos sentimentos, dos fenômenos naturais, entre outros.
O mito era considerado uma história sagrada, narrada pelo rapsodo - que supostamente era a pessoa escolhida pelos deuses para transmitir oralmente as narrativas.
O fato de o narrador advir de uma escolha divina, atribuía ao mito o caráter de incontestabilidade, pois os deuses eram inquestionáveis.
Importa referir que, além de explicar as origens, a mitologia - o conjunto dessas histórias fantásticas - desempenhavam um papel moral.
Esse tipo de narrativa era pertinente para responder aos questionamentos até que, a partir do século VII a.C. as explicações oriundas dessas histórias iam deixando de satisfazer os primeiros filósofos gregos - os pré-socráticos.
Assim, o mundo começava a ser investigado através da razão, priorizando o natural em detrimento do sobrenatural. Começando a fazer uso da razão, os filósofos não acreditavam nos mitos e exigiam comprovações.
Surgimento da Filosofia
O surgimento da Filosofia se deu na Grécia, mais precisamente com a formação da pólis - cidade-Estado grega. Lá, os cidadãos discutiam política em público, tentando chegar à melhor forma de organização da sociedade.
Isso motivava o uso do raciocínio, da reflexão e a chamada "atitude filosófica". Com o tempo, as pessoas não discutiam apenas política, mas se indagavam acerca de vários aspectos, o que levou ao crescimento da investigação.
Desta forma, a transição entre o pensamento mítico e o pensamento racional aconteceu de forma progressiva.
Os filósofos pré-socráticos buscaram nos elementos da natureza a resposta sobre as origens.
O que Mito e Filosofia têm em comum?
Ambos buscam explicar as origens, sendo basicamente essa a característica que os aproxima. Vejamos, entretanto, quais as suas diferenças.
A ORIGEM DA FILOSOFIA 
Pedro Menezes
A filosofia nasceu na Grécia antiga, no início do século VI a.C. Tales de Mileto é reconhecido como o primeiro filósofo, apesar disso, foi outro filósofo, Pitágoras, que cunhou o termo "filosofia", uma junção das palavras "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento), que significa "amor ao conhecimento".
Desde então, a filosofia é a atividade que se dedica a compreender, identificar e comunicar a realidade através de conceitos lógico-racionais. Ela surgiu do abandono gradativo das explicações dadas pela mitologia (desmitificação) e a busca por um conhecimento seguro.
DA CONSCIÊNCIAMÍTICA À CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA
Michelangelo - A Criação de Adão (estreita ligação entre os homens e os deuses)
A consciência mítica era caracterizada pelas explicações tradicionais encontradas nas histórias mitológicas. A mitologia grega, por se tratar de uma crença politeísta, é composta por uma série de entidades, entre deuses, titãs e outros seres que se relacionavam, faziam surgir e davam sentido ao universo.
Essas explicações possuíam um caráter fantasioso, fabuloso, e suas histórias eram compostas por muitas imagens, construindo uma cultura popular transmitida a partir de uma tradição oral. Essas histórias eram contadas pelos poetas-rapsodos.
Durante muito tempo, essas histórias constituíram a explicação sobre a cultura grega e sobre a origem de todas as coisas. Não havia uma distinção entre religião e outras atividades. Todos os aspectos da vida humana estavam diretamente relacionados com os deuses e outras divindades que regiam o universo.
Aos poucos, essa mentalidade foi se transformando. Alguns fatores fizeram com que algumas pessoas na Grécia antiga passassem a relativizar este conhecimento e pensar em novas possibilidades de explicação.
Dessa relativização, nasce a necessidade de encontrar explicações cada vez melhores para todas as coisas. A crença vai dando lugar à argumentação, à capacidade de convencer e dar explicações baseadas na razão, o lógos.
O lógos é identificado como a fala objetiva, clara e ordenada. Assim, o pensamento grego foi abandonando à crença (consciência mítica) para assumir o que "faz sentido" o que possui uma lógica, o que é capaz de ser explicado pelo ser humano (consciência filosófica).
CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
Grécia Antiga, geografia acidentada exigiu o domínio do mar
Muitas vezes conhecido como "milagre grego", o surgimento da filosofia não dependeu de um milagre. Foram uma série de fatores que conduziram à relativização do pensamento, à descrença (desmitificação) e à busca de melhores explicações sobre a realidade. Dentre esses fatores encontram-se:
1. O comércio, as navegações e a diversidade cultural
Por conta de sua construção e localização geográfica, a sociedade grega tornou-se um importante centro de comércio e uma potência marítima.
Isso fez com que os gregos tivessem contatos com outras culturas. O contato com essa diversidade fez com que eles, a partir da descrença e relativização das culturas alheias, acabasse por relativizar a sua própria.
2. O surgimento da escrita alfabética
O alfabeto ("alfa" e  "beta", duas primeiras letras gregas) foi uma importante tecnologia da época.
A escrita através de ideogramas e símbolos está ancorada em ideias que fazem parte da cultura e do inconsciente coletivo.
Já a escrita alfabética, exige um grau de abstração maior por estar relacionada com os fonemas. É perceber que as palavras são construídas por sons que podem ser codificados e reproduzidos. Assim, eles abandonam a aura mítica presente nos ideogramas.
3. O surgimento da moeda
A moeda exige de seus usuários algum grau de abstração. O comércio realizado a partir de trocas diretas entre produtos (exemplo: galinhas por trigo) exigem muito pouco grau de imaginação.
As trocas mediadas pela moeda fazem com que o usuário tenha que perceber que uma quantidade de produtos é equivalente a uma quantidade específica de moeda.
4. A invenção do calendário
Outro importante fator para a desmitificação da realidade é a do calendário. Seu uso, faz-se perceber, a regularidade de alguns eventos da natureza, como as estações do ano.
A organização gerada pela percepção dessa regularidade retira dos deuses a responsabilidade de controlar o clima, que passa a estar relacionada à capacidade dos matemáticos e astrônomos em fazer previsões baseadas em cálculos.
5. O surgimento da vida pública (a política)
Com o desenvolvimento da pólis, há uma intensificação a vida pública. Mais habitantes dividem um mesmo espaço (público) e, com isso, suas atenções se voltam para a organização desse espaço (atividade própria da pólis, política).
As interações entre as pessoas fazem com que a relação com os deuses e divindades seja relegada a um segundo plano.
6. O surgimento da razão
A população grega passou a necessitar de explicações melhores que estivessem em conformidade com seu grau de abstração e desmitificação.
Com isso, o cidadão grego que, segundo a tradição, não deveria trabalhar (o trabalho era entendido como uma atividade menor, responsabilidade de escravos e estrangeiros), dedicou-se ao ócio contemplativo.
Contemplou a natureza e buscou estabelecer relações de causalidade (causa e efeito, "o que causa o que?") e ordenação.
A natureza, antes entendida como caos, agora, encontrava-se ordenada pela razão humana.
O Nascimento da Filosofia
É nesse contexto que surge a filosofia. A investigação sobre a natureza fez com que os filósofos produzissem conhecimento. Inicialmente, a filosofia era uma cosmologia, um estudo sobre o cosmo (universo) tendo como base a razão (lógos).
Essa perspectiva de pensamento se contrasta com a anterior, que era compreendida como uma cosmogonia, explicação do cosmo a partir das relações que fizeram nascer (gonos) as coisas.
A mesma distinção ocorre entre a teologia (estudo sobre os deuses) e a teogonia (histórias sobre o nascimento dos deuses).
Para compreender melhor essa distinção entre a mitologia e a filosofia, confira a tabela abaixo:
	Mitologia
	Filosofia
	Crença (Mitos)
	Razão (Lógos)
	Cosmogonia / Teogonia
	Cosmologia / Teologia
	Explicações fabulosas e fantasiosas
	Explicações racionais e fundamentadas
	Rapsodos
	Filósofos
Os Primeiros Filósofos
Os primeiros filósofos buscaram encontrar uma ordem na physis (natureza)
Os primeiros filósofos, conhecidos como filósofos pré-socráticos, a partir do final do século VII a. C., dedicaram-se à investigação sobre a natureza (physis). Buscaram estabelecer princípios lógicos para a formação do mundo.
A natureza desmitificada (sem o auxílio das explicações míticas) era o objeto de estudo. Sendo o principal objetivo, encontrar o elemento primordial (arché) que teria dado origem a tudo o que existe.
Período Antropológico e o Estabelecimento da Filosofia
Leonardo Da Vinci (1452-1519) - Homem Vitruviano e outras invenções. (centralidade na humanidade, ser humano pensado como criatura e criador), essa concepção só foi possível a partir do legado grego
Com o amadurecimento do pensamento filosófico e a complexificação da vida pública, a investigação dos filósofos abandonou gradativamente as questões relacionadas à natureza e voltou-se para as atividades humanas.
Este novo período da filosofia é chamado de Período Antropológico e tem como marco o filósofo Sócrates (469 a.C.-399 a. C.). Ele é compreendido como o "pai da filosofia". Mesmo não sendo o primeiro filósofo, Sócrates foi responsável por desenvolver a chamada "atitude filosófica".
Sócrates e, seu discípulo, Platão (c. 428 a. C.-348 a. C.) foram responsáveis por construir as bases da busca pelo conhecimento que influenciou todo o pensamento ocidental até os dias de hoje.
Em seguida, Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, desenvolveu um vasto trabalho filosófico. Foi professor do Imperador Alexandre, o Grande e responsável pela popularização do pensamento grego, concretizando o legado da filosofia grega.

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