Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ATIVIDADE ESTRUTURADA – ANÁLISE DE MINICONTO Aluno: Filipe Simões da Silva Matrícula: 202001549285 Disciplina: Oficina Literária (CEL0239) Curso: Letras Português/Inglês 1. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo analisar e discutir o miniconto “De Tanto Perder” escrito por Sandra N. Flanzer, uma autora brasileira. 2. Introdução Teórica 2.1 – O que é um conto? Contos são narrativas essencialmente curtas que giram em torno de apenas uma situação-problema, que tem um clímax e uma resolução. Pela restrição do número de problemas no enredo, contos têm poucos personagens, além de operarem em espaço e tempo de recorte reduzido. 2.2 – O que define um miniconto? Minicontos têm como objetivo tornar a narrativa extremamente curta, muitas vezes restringindo o número de palavras ou caracteres utilizáveis. Alguns minicontos possuem apenas uma ou duas frases. 3. Conto “De Tanto Perder”, de Sandra N. Flanzer Quando os moventes chagaram, encontraram-na estirada. Na maca, sem roupas, o peso fora das medidas. As mãos gastas feito pele de bicho, do corpo a superfície descamada, unhas sujas e por fazer sem ter pra quem. Já havia alcançado a sala sem forças, despreparada. Os badulaques, outrora úteis nos bailes onde se sentia convidada, já lhe haviam sido arrancados. De saída eram puídas as vestes datadas com que se escondia, e os acessórios, gastos nas infames entradas, há tempos não reluziam mais. De modo que já era sem pertences e em frangalhos quando adentrou a sala indigente, pra nunca mais sair. As tripas à mostra provavam a batalha; o cheiro do sangue impregnava a ponto de imprimir o gosto na boca. De tão vermelho – último resquício de vida que ainda decorria – a arrancar-lhe os últimos prognósticos. Quando os agentes intervieram, já não encontraram sob a luz fria nem mesmo a mulher que ela havia sido estirada na maca aguardando sem fé os últimos cuidados; nem mesmo a beleza desgastada da viúva em perdição que ela havia podido ser com fulgor. “Fraca sou” – ouviu-se ainda na sala o fiapo de voz que ninguém mais reconhecia. “Fracassou”. 4. Análise do conto 4.1 – Narrador É evidente a presença do narrador-observador no conto, dado que em nenhum momento nossa personagem principal (a indigente) narra os fatos e que em nenhum momento o narrador interage com alguém na história. 4.2 – Tempo O tempo no miniconto é excessivamente curto, apenas o tempo necessário para a indigente ser encontrada, já ferida, e ser levada até a sala (não se sabe se uma sala de estar ou de hospital, já que isso é ambíguo no conto) para então falecer. 4.3 – Espaço O espaço do conto também é extremamente reduzido. Temos o ponto onde a mulher é encontrada e a sala para onde ela é levada. Apenas dois lugares. 4.4 – Personagens Podemos considerar que o único personagem real e bem definido da trama é a mulher (ou a indigente), pois os moventes não são bem definidos, assim como os agentes. É possível deduzir a existência de um marido, baseando-se no trecho “[...]nem mesmo a beleza desgastada da viúva em perdição que ela havia podido ser com fulgor. ”, possivelmente o responsável por feri-la (deduz- se que houve uma briga e a mulher se feriu gravemente). 4.5 – Conflito O único conflito da história é o risco de morte da mulher, que se resolve ao fim de forma trágica. A existência de apenas um conflito é essencial para a caracterização do texto como um conto. 5. Conclusão O texto possui todas as características necessárias para ser considerado um conto, mesmo assim, mantém sua forma enxuta e breve. A autora apresentou personagens, cenário, tempo e enredo sem precisar de mais do que 6 parágrafos. Por sua brevidade, o conto deixa muitas questões subentendidas ou em aberto. Por exemplo: por que a mulher estava tão ferida? Sofreu um acidente? Brigou com alguém? Como disse em 4.4, podemos apenas supor que ela brigou com o marido por meio de uma frase sutil, mas nada disso fica explícito no texto. Ela morreu na sala de hospital ou na sala de casa? Sabemos da existência de uma maca e de que lhe tiraram todos os adornos, mas essa é mais uma questão ambígua na narrativa. Mesmo sem explicitar todos os pontos, a narrativa consegue ser cativante e emocionante, usando um trocadilho no último parágrafo para simbolizar a morte e a fraqueza da personagem principal. 6. Bibliografia FLANZER, Sandra Niskier. De Tanto Perder. Letrama: Poemas e Minicontos, 2014. Disponível em < http://letrama.com.br/?p=427>. Acesso em: 20 de out. de 2020.
Compartilhar