CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CONCORDÂNIA VERBAL Fatores determinantes para concordância ou não Michel Ribeiro, Carine Ribeiro e Jussara Almeida Resumo Esse trabalho tenta mostrar com mais clareza que não é somente o fato de baixa escolaridade que levam as pessoas a não concordarem o verbo com o sujeito, isso vai muito mais além, como fatores linguísticos, por exemplo, o sujeito posposto, a animalidade do sujeito, e fatores extralinguísticos como, comunidade linguística, faixa etária, o grau de formalidade entre os falantes, entre outros. Palavras-chave: Concordância verbal, fatores, variação linguística, falante volta-redondense. Abstract This work tries to show more clearly that it is not only the fact that low education lead people to the verb does not agree with the subject, it goes much further, as linguistic factors, eg, the subject postponed, the animacy of the subject and extra linguistic factors as linguistic community, age, degree of formality between speakers, among others. Keywords: Verb agreement, factors, linguistic variation, speaker-back Redondense. INTRODUÇÃO A concordância verbal é um dos temas mais valorizados nas aulas de Língua Portuguesa, tanto na produção textual dos alunos quanto na fala. O relevo que se dá ao fenômeno está intimamente relacionado à sua caracterização sociolinguística. A ausência de marcas de concordância verbal, no português brasileiro, indubitavelmente, constitui traços de discriminação social, no qual é mais notável no ambiente escolar, mas também é notada no dia-a-dia, em vista que a GT não considera as variações que existe na língua, e algumas dessas variações são estigmatizadas pelos usuários da língua, sendo motivo de chacota, e preconceito. A abordagem da Gramática Tradicional preocupa-se em estabelecer as normas da “arte de falar e de escrever corretamente”, a abordagem tradicional, no caso da concordância verbal, estabelece, para as construções com um só núcleo, a regra geral, que propõe que o verbo deve concordar ao número e à pessoa do sujeito. Essa regra geral de concordância verbal se une, ainda, a diversas outras que são focalizadas como “regras particulares, particularidades, exceções”, por exemplo, as expressões “um dos que”, “mais de um”, os casos de sujeitos unidos por “ou” entre outros casos que são considerados particularidades, e que nem sempre se dá a concordância com entre o sujeito e o verbo. Pesquisas de cunho descritivo propõem que os estudos sociolinguísticos revelam que a concordância verbal constitui um fato variável, ou seja, a concordância pode ser concretizada ou não pelo usuário da língua em função de fatores diversos de natureza linguística ou extralingüística. Em se tratando, especificamente, do Rio de Janeiro, os resultados de estudos de diferentes autores comprovam a produtividade da não-concordância nas chamadas variedades populares do estado do Rio de Janeiro, em comparação à realização da concordância nas variedades de falantes com alto grau de escolaridade. Levando em consideração a distribuição dos dados nos trabalhos de Vieira (1995) – produzidos por falantes analfabetos ou semi-analfabetos – e de Graciosa (1991) – produzidos por falantes com curso superior completo –, fica nítido o contraste na realização da regra consoante o grau de escolaridade do individuo. Na variedade “culta” carioca, verifica-se um alto grau de realização da regra de concordância verbal, mais que o dobro se comparado ao encontrado nos dialetos “populares” do estado do Rio de Janeiro. O estudo de Vieira (1995) investiga o fenômeno com base na fala de comunidades do norte do estado do Rio de Janeiro, a partir de formas verbais de 3° pessoa do plural coletadas em entrevistas com informantes naturais de 12 localidades do norte fluminense, todos do sexo masculino, analfabetos ou pouco escolarizados (até a quarta série) e distribuídos por três faixas etárias – A (18 a 35 anos), B ( 36 a 55 anos)e C (56 a 70 anos). Para investigar a opção do falante em relação ao fenômeno da concordância verbal, controla-se a influência de diversos elementos possivelmente condicionadores, as chamadas variáveis linguísticas, tais como: a posição do sujeito em relação ao verbo; a distância entre o núcleo do sintagma nominal sujeito e o verbo; o paralelismo no nível oracional; a animacidade do sujeito; o paralelismo no nível discursivo; a saliência fônica; os casos de sujeito posposto; o tempo verbal e o tipo de estrutura morfossintático. Como variáveis extralinguísticas, levam-se em conta a localidade e a faixa etária a que pertencem os informantes da pesquisa e, com caráter auxiliar, a escolaridade. Embora a não- concordância seja favorecida, predominantemente, por fatores de natureza linguística, variáveis extralinguísticas também exercem influência na aplicação da regra, como, por exemplo, a faixa etária. A tendência à não-concordância intensifica-se à proporção que aumenta a idade dos informantes, ou seja, quanto mais velho o informante, maior a falta de concordância. No estudo de Graciosa (1991), que aborda o fenômeno em dados produzidos por falantes escolarizados, a concordância verbal é altamente produtiva e extremamente controlada. A autora também faz estudos sobre a influência de variáveis lingüísticas e extralinguística, tais como: (i) ao sintagma nominal sujeito – como, por exemplo, animacidade, posição do sujeito em relação ao verbo, distância entre o núcleo do sintagma nominal e o verbo – e (ii) ao sintagma verbal – como a saliência fônica, paralelismo formal das sequências verbais no discurso, tipos de verbos, transitividade e ordenação dos argumentos do verbo. A partir do comportamento dessas variáveis, a autora apresenta as condições para o estabelecimento da regra geral. Porem o fenômeno de não concordância é o caso prototípico de variação que identifica, discrimina, (dês)valoriza o usuário da língua em termos sociais. Trata-se, portanto, de um traço estigmatizante na avaliação dos usuários da língua portuguesa, aquele que, da forma mais perversa, codifica a desigualdade das relações socioculturais de um povo. REFERENCIAL TEÓRICO Este trabalho tem como objetivo de estudo, analisar a variação linguística e suas ocorrência em nível de concordância verbal, através de recursos de áudio em forma de entrevistas para análise de fala de variante sul fluminense, a saber, especificamente, Volta- redondense. Metodologia A variante linguística de marca de plural no verbo, classificada em C ou N, a primeira quando há concordância, ou seja, quando há marca de plural no verbo, e a segunda quando não há concordância (não há marca de plural), foi analisada a partir do controle dos seguintes fatores: sexo do entrevistado (feminino ou masculino); a faixa etária, dividida em A (de 15 a 35 anos); B (de 36 a 55 anos) e C (mais de 55 anos); o nível de escolaridade, dividido em 1, Ensino Fundamental; 2, Ensino Médio e 3, Ensino Superior. Acreditamos que falantes do sexo feminino “quebram” menos as regras sociais estabelecidas, sendo, em particular, mais sensíveis às norma de prestígio, por estarem mais expostas à correção gramatical; as pessoas mais pressionadas pela idade profissionalmente produtiva usam mais as formas de prestígio Também foi observada a posição do sujeito, classificada em A, se o sujeito estava anteposto ao verbo, Q, se anteposto e P, se posposto ao verbo. Acreditamos que a posposição do sujeito seja um fator favorecedor da não concordância verbal. O traço de animalidade também foi controlado, pois acreditamos que o traço [+ animado] favoreça a concordância,