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CONCORDÂNCIA VERBAL - Fatores determinantes para a concordância ou não.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CONCORDÂNIA VERBAL
Fatores determinantes para concordância ou não
Michel Ribeiro, Carine Ribeiro e Jussara Almeida
Resumo
Esse trabalho tenta mostrar com mais clareza que não é somente o fato de baixa
escolaridade que levam as pessoas a não concordarem o verbo com o sujeito, isso vai muito
mais além, como fatores linguísticos, por exemplo, o sujeito posposto, a animalidade do
sujeito, e fatores extralinguísticos como, comunidade linguística, faixa etária, o grau de
formalidade entre os falantes, entre outros. 
Palavras-chave: Concordância verbal, fatores, variação linguística, falante volta-redondense.
Abstract
This work tries to show more clearly that it is not only the fact that low education lead
people to the verb does not agree with the subject, it goes much further, as linguistic factors,
eg, the subject postponed, the animacy of the subject and extra linguistic factors as linguistic
community, age, degree of formality between speakers, among others.
Keywords: Verb agreement, factors, linguistic variation, speaker-back Redondense.
INTRODUÇÃO
A concordância verbal é um dos temas mais valorizados nas aulas de Língua
Portuguesa, tanto na produção textual dos alunos quanto na fala. O relevo que se dá ao
fenômeno está intimamente relacionado à sua caracterização sociolinguística. A ausência de
marcas de concordância verbal, no português brasileiro, indubitavelmente, constitui traços de
discriminação social, no qual é mais notável no ambiente escolar, mas também é notada no
dia-a-dia, em vista que a GT não considera as variações que existe na língua, e algumas
dessas variações são estigmatizadas pelos usuários da língua, sendo motivo de chacota, e
preconceito.
A abordagem da Gramática Tradicional preocupa-se em estabelecer as normas da “arte
de falar e de escrever corretamente”, a abordagem tradicional, no caso da concordância
verbal, estabelece, para as construções com um só núcleo, a regra geral, que propõe que o
verbo deve concordar ao número e à pessoa do sujeito. Essa regra geral de concordância
verbal se une, ainda, a diversas outras que são focalizadas como “regras particulares,
particularidades, exceções”, por exemplo, as expressões “um dos que”, “mais de um”, os
casos de sujeitos unidos por “ou” entre outros casos que são considerados particularidades, e
que nem sempre se dá a concordância com entre o sujeito e o verbo.
Pesquisas de cunho descritivo propõem que os estudos sociolinguísticos revelam que a
concordância verbal constitui um fato variável, ou seja, a concordância pode ser concretizada
ou não pelo usuário da língua em função de fatores diversos de natureza linguística ou
extralingüística.
Em se tratando, especificamente, do Rio de Janeiro, os resultados de estudos de
diferentes autores comprovam a produtividade da não-concordância nas chamadas variedades
populares do estado do Rio de Janeiro, em comparação à realização da concordância nas
variedades de falantes com alto grau de escolaridade.
Levando em consideração a distribuição dos dados nos trabalhos de Vieira (1995) –
produzidos por falantes analfabetos ou semi-analfabetos – e de Graciosa (1991) – produzidos
por falantes com curso superior completo –, fica nítido o contraste na realização da regra
consoante o grau de escolaridade do individuo.
Na variedade “culta” carioca, verifica-se um alto grau de realização da regra de
concordância verbal, mais que o dobro se comparado ao encontrado nos dialetos “populares”
do estado do Rio de Janeiro. 
O estudo de Vieira (1995) investiga o fenômeno com base na fala de comunidades do
norte do estado do Rio de Janeiro, a partir de formas verbais de 3° pessoa do plural coletadas
em entrevistas com informantes naturais de 12 localidades do norte fluminense, todos do sexo
masculino, analfabetos ou pouco escolarizados (até a quarta série) e distribuídos por três
faixas etárias – A (18 a 35 anos), B ( 36 a 55 anos)e C (56 a 70 anos). Para investigar a opção
do falante em relação ao fenômeno da concordância verbal, controla-se a influência de
diversos elementos possivelmente condicionadores, as chamadas variáveis linguísticas, tais
como: a posição do sujeito em relação ao verbo; a distância entre o núcleo do sintagma
nominal sujeito e o verbo; o paralelismo no nível oracional; a animacidade do sujeito; o
paralelismo no nível discursivo; a saliência fônica; os casos de sujeito posposto; o tempo
verbal e o tipo de estrutura morfossintático.
Como variáveis extralinguísticas, levam-se em conta a localidade e a faixa etária a que
pertencem os informantes da pesquisa e, com caráter auxiliar, a escolaridade. Embora a não-
concordância seja favorecida, predominantemente, por fatores de natureza linguística,
variáveis extralinguísticas também exercem influência na aplicação da regra, como, por
exemplo, a faixa etária. A tendência à não-concordância intensifica-se à proporção que
aumenta a idade dos informantes, ou seja, quanto mais velho o informante, maior a falta de
concordância.
No estudo de Graciosa (1991), que aborda o fenômeno em dados produzidos por
falantes escolarizados, a concordância verbal é altamente produtiva e extremamente
controlada.
A autora também faz estudos sobre a influência de variáveis lingüísticas e
extralinguística, tais como: (i) ao sintagma nominal sujeito – como, por exemplo,
animacidade, posição do sujeito em relação ao verbo, distância entre o núcleo do sintagma
nominal e o verbo – e (ii) ao sintagma verbal – como a saliência fônica, paralelismo formal
das sequências verbais no discurso, tipos de verbos, transitividade e ordenação dos
argumentos do verbo. A partir do comportamento dessas variáveis, a autora apresenta as
condições para o estabelecimento da regra geral.
Porem o fenômeno de não concordância é o caso prototípico de variação que
identifica, discrimina, (dês)valoriza o usuário da língua em termos sociais. Trata-se, portanto,
de um traço estigmatizante na avaliação dos usuários da língua portuguesa, aquele que, da
forma mais perversa, codifica a desigualdade das relações socioculturais de um povo.
REFERENCIAL TEÓRICO
Este trabalho tem como objetivo de estudo, analisar a variação linguística e suas
ocorrência em nível de concordância verbal, através de recursos de áudio em forma de
entrevistas para análise de fala de variante sul fluminense, a saber, especificamente, Volta-
redondense.
Metodologia
A variante linguística de marca de plural no verbo, classificada em C ou N, a primeira
quando há concordância, ou seja, quando há marca de plural no verbo, e a segunda quando
não há concordância (não há marca de plural), foi analisada a partir do controle dos seguintes
fatores: sexo do entrevistado (feminino ou masculino); a faixa etária, dividida em A (de 15 a
35 anos); B (de 36 a 55 anos) e C (mais de 55 anos); o nível de escolaridade, dividido em 1,
Ensino Fundamental; 2, Ensino Médio e 3, Ensino Superior. 
Acreditamos que falantes do sexo feminino “quebram” menos as regras sociais estabelecidas,
sendo, em particular, mais sensíveis às norma de prestígio, por estarem mais expostas à
correção gramatical; as pessoas mais pressionadas pela idade profissionalmente produtiva
usam mais as formas de prestígio
Também foi observada a posição do sujeito, classificada em A, se o sujeito estava
anteposto ao verbo, Q, se anteposto e P, se posposto ao verbo. Acreditamos que a posposição
do sujeito seja um fator favorecedor da não concordância verbal. 
O traço de animalidade também foi controlado, pois acreditamos que o traço [+
animado] favoreça a concordância,e o traço [- animado], por sua vez, condicione a não
concordância. Esses traços foram classificados, respectivamente, em A e I. 
Outro fator importante é o paralelismo formal no SN, o qual também pode favorecer
ou não a concordância. Classificamos em: T, quando todas as marcas de plural estiverem
explícitas no SN; S, se o SN estiver sem todas as marcas de plural; N, caso o SN seja um
numeral; e E, SN representado pelo pronome eles ou elas.
O fator saliência fônica foi dividido em:
1- (oposição não acentuada): não envolve mudança na qualidade da vogal na forma plural;
2: envolve acréscimo de segmentos na forma plural -Nível 2 (oposição acentuada): "o
segundo nível contém aqueles pares nos quais [os segmentos fonéticos que estabelecem a
oposição] são ACENTUADOS em pelo menos um membro da oposição" (Naro, 1981, p.74).
3- envolve apenas mudança na qualidade da vogal na forma plural;
- Os filho tá0 pedindo dinheiro (LEI04FP25/0055)
- Eles tÃO bem intencionados (JOS35FP59/0962)
4- envolve acréscimo de segmentos sem mudanças vocálicas na forma plural; inclui o par
foi/foram que perde a semivogal 
- Aí bateu0 dois senhores na porta (NIL12FP45/0646)
- (eles) bateRU sete chapa da cabeça dele (LEI04FP25/0084)
5- envolve acréscimos de segmentos e mudanças diversas na forma plural: mudanças
vocálicas na desinência, mudanças na raiz, e até mudanças completas.
- Aí, veio0 aqueles cara correno atrás de (ALE55MG13/0555)
- VIERAM os ladrões, quatro, hum? (ARI30FG43/1665)
- Agora, os vizinho daqui é0 ótimo (EDP13MP62/0758)
Estudos anteriores, com amostras de fala de falantes analfabetos, têm evidenciado que
o aumento da saliência do material fônico na oposição singular/plural dos verbos analisados
aumenta as chances concordância verbal
(cf., Naro & Lemle, 1976; Lemle & Naro, 1977; Naro, 1981;), ou seja, aumenta as chances da
variante explícita de plural. 
Coerentemente com os resultados de outras pesquisas, os da tabela 5 indicam que
sujeito anteposto ao verbo ou imediatamente a ele mais próximo favorece a variante explícita
e sujeito anteposto distante ou posposto ao verbo a desfavorece. Este efeito é sempre
uniforme, independendo do grau de escolarização dos falantes.
O traço [humano] desempenha um papel importante na concordância verbal. Na língua
falada, sujeito [+humano] controla a concordância explícita plural de forma mais acentuada
do que sujeito com traço [-humano], como se observa nos resultados apresentados na tabela 1.
Portanto, no português falado do Brasil, um verbo com sujeito [+humano] plural
apresenta maior probabilidade de concordar com seu sujeito (0,53) do que um verbo com um
sujeito [-humano] plural (0,29),
O paralelismo formal se refere ao verbo analisado estar precedido por um verbo com
marca de plural, o que favoreceria a concordância, ou antecedido por verbo sem marca de
plural, o que favoreceria a não concordância. Classificamos como C ou S, respectivamente.
Por fim, o fator presença do sujeito, sendo P se ele estiver presente, e N se não presente.
Resultados
Os resultados finais não estão aqui apresentados, por se tratar de um trabalho de
conclusão de curso. Deste modo, as considerações finais estão vinculadas a essa fase
conclusiva.
Desenvolvimento
Com base em 15 entrevistas da Amostra VR (3 ainda não foram analisadas),
localizamos um total de 445 dados em que um sintagma nominal na terceira pessoa do plural
(os cachorros, as meninas, aquelas coisas, etc) estabelecia relações de concordância com
formas verbais, podendo haver a concordância com desinências de plural (os cachorros
latiriam, as meninas saíram, aquelas coisas vingarão) ou a concordância com o morfema Ø
(os cachorros latiria, as meninas saiu, aquelas coisas vingará). A tabela 1 fornece um
panorama geral da distribuição dos dados:
Tabela 1: Distribuição dos dados
Estratégia Percentual
Concordância com 
morfema de plural
337/445
76%
Concordância com 
morfema Ø
108/445
24%
Tabela 1: Distribuição dos dados na Amostra VR.
De acordo com os resultados, a estratégia de concordância com morfema plural é mais
produtiva entre informantes de Volta Redonda. Em um total de 445 dados, localizaram-se 337
ocorrências desse tipo de combinação, ou seja, 76%. Por outro lado, a ocorrência da
concordância com morfema Ø (que chamaremos de não concordância) não é desprezível, uma
vez que foi registrada a frequência de 24% para tal estratégia. Em 445 dados, foram
encontrados 108 dados de não concordância, como ilustrado nos exemplos abaixo:
(nfc1ais4sp 4)- ensino...técnico...faculdade...ensino...superior... né...a gente... percebe.. .que...
cresceu...; 
(nfc4aae1sp 23) - eles...tem...um...jeito...de...se..expressar.
Tais dados, coletados nas entrevistas feitas com informantes da cidade de Volta
Redonda, foram submetidos ao programa computacional de regras variáveis denominado
GoldVarb X. Como resultado, obtivemos a seleção dos fatores que influenciam o fenômeno,
apresentados por ordem de relevância – dos que mais impulsionam os falantes a fazerem a
não-concordância verbal aos que impulsionam em menor grau a não-concordância –, como
apresentado a seguir: 
 QUADRO 1: FATORES SELECIONADOS EM VR
1º SEXO DO INFORMANTE
2º ANIMACIDADE DO SUJEITO
3º ESCOLARIDADE DO INFORMANTE
4º POSIÇÃO DO SUJEITO
5º TIPO DE SN
6º FAIXA ETÁRIA
7º SALIÊNCIA FÔNICA
Quadro 1: Grupos de fatores selecionados na Amostra VR.
Buscando maior clareza na apresentação dos resultados, começaremos pelos fatores
sociais e, depois, passaremos aos fatores linguísticos selecionados. O primeiro fator
selecionado pelo programa foi o sexo do informante, como se vê na tabela 1:
TABELA 2: SEXO DO INFORMANTE
Sexo Frequência PR
Mulher 45/339
13%
0.42
Homem 63/146
43%
0.66
Fator de aplicação: não-concordância
Com relação ao sexo do falante, aparentemente são os homens que lideram o processo
de mudança em direção à não concordância. É possível observar que, entre informantes do
sexo feminino, em 339 dados totais, apenas 45 deles caracterizavam-se pela não-
concordância. Esse resultado, em dados percentuais, tem a produtividade de 13%, registrando
o peso relativo para de 0.42 – o que quer dizer que o sexo feminino não impulsiona a
estratégia inovadora, sendo um obstáculo para esse tipo de implementação. Já o falante do
sexo masculino tem comportamento inverso. Em um total de 146 dados coletados, observou-
se que 63 deles caracterizavam-se pela não concordância, o que equivale a 43% do número
total de dados. O peso relativo para tal fator é de 0.66, o que deixa claro que os homens de
Volta Redonda impulsionam a estratégia inovadora (a não concordância com marcas de
plural). 
Uma explicação para esse resultado pode estar relacionada ao fato de que o sexo
feminino tem uma maior sensibilidade para perceber o que é mais prestigiado pela sociedade
(LABOV, 1968). É sabido que a mulher, por razões históricas, foram discriminadas por
séculos, sempre colocada como um ser incapaz. Em vista desse fato, a sexo feminino vem
buscando seus direitos e mostrando que é capaz, sua sensibilidade faz com que cada vez mais
vem se destacando na sociedade atual, e isto não se mostra diferente na forma de falar, na qual
é mais requintada e se enquadra mais na forma conservadora do que na forma inovadora, em
vista que, a forma conservadora é a forma prestigiada pelos falantes letrados.
O segundo fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi o fator
linguístico animacidade do sujeito. De acordo com esse fator, controlou-se a referência
semântica do SN sujeito, que poderia ser um ser animado (cachorros, crianças, professores,
etc) ou um ser inanimado (livros, pedras, mesas, etc). A tabela 2 ilustra os resultados aferidos:
TABLEA 3: ANIMACIDADE DO SUJEITOTraço de 
animacidade
Frequência PR
Animado 64/390
16%
0.43
Inanimado 44/95
46%
0.75
Fator de aplicação: não-concordância
Quanto ao fator de animacidade do sujeito, percebe-se que o sujeito com traço
animado há um total de 390 dados coletados, no qual 64 dados mostram a não-concordância,
sendo 16% do total, com um peso relativo de 0.43. Já o traço inanimado, num total de 95
dados coletados foram encontrados 44 dados de não-concordância, sendo 46% do total,
fazendo com que seu peso relativo seja de 0.75. 
Sendo assim, nota-se que o traço animado desfavorece variável de não-concordância,
em vista que esse fator conduz à concordância entre sintagma nominal na terceira pessoa do
plural e verbos com marcas de plural. Já o traço inanimado percebe-se que, o peso dele para a
não-concordância é relevante, pois ele incentiva a não-concordância. Fazendo com que os
falantes não expressem marcas de plural no verbo em suas falas, isso também acontece
quando o sujeito é formado com numeral, por exemplo, ao invés de “os dois carros estavam
em alta velocidade.”, fala-se “os dois carro estava em alta velocidade.”
Estudos anteriores confirmam essas estatísticas, conforme Vieira postula “a
animacidade do sujeito: sujeito de referência animada (peixe, homem), que funcionam em
geral como agentes da oração, favoreceriam a realização da marca de plural no verbo,
enquanto os de natureza inanimada (barco) não a favoreceriam;” (VIEIRA, 1995, pág.88). 
O terceiro fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi o fator
lingüístico Escolaridade. Conforme esse fator controlou-se a fala dos informantes de acordo
com seu grau de escolaridade, no qual são divididos em Ensino fundamental, Médio e
Superior.
TABELA 4: ESCOLARIDADE
Escolaridade Frequência PR
E. Fundamental 46/113
40%
0.68
E. Médio 38/129
29%
0.60
Superior 24/243
9%
0.35
Fator de aplicação: não-concordância
No fator escolaridade obtivemos nos dados das entrevistas que no Ensino Fundamental
de 113 dados coletados encontramos 46 dados de não-concordância, sendo 40% do total, e seu
peso relativo de 0.68. No Ensino Médio de um total de 129 dados recolhidos encontramos 38
dados de não-concordância, sendo 29% do total, e com o peso relativo de 0.60. Já no Ensino
Superior de um total de 243 dados obtivemos 24 dados de não-concordância, e seu peso
relativo é de 0.35. 
Sendo assim, nota-se que o Ensino médio e Superior não é predominante para o
fenômeno de não-concordância. E o ensino fundamental mostra-se relevante no caso de
variante de não concordância, mostrando mais incidências. Podemos dizer então que a pouca
formação escolar impulsiona no fenômeno de não-concordância.
Em estudos feitos na cidade do Rio de Janeiro já nos mostram que o fator Escolaridade
influencia na variante de não concordância, segundo Vieira, nos diz que:
Em se tratando, especificamente, do Rio de Janeiro, os resultados de estudos
de diferentes autores comprovam a produtividade da não-concordância nas
chamadas variedades populares do estado do Rio de janeiro, em
comparação à realização da concordância nas variedades de falantes com
alto grau de escolaridade. (VIEIRA, 1995)
O fato de o falante ter apenas o ensino fundamental o leva a não realizar a
concordância, primeiramente por não conhecer as regras de concordância impostas pelas
normas da Gramática Tradicional, conhecendo apenas as normas populares de sua
comunidade de fala, muitas das vezes os falantes que têm pouca escolaridade se deve ao fato
de sua classe econômica ser desfavorecida, e de não circular por outras comunidades de fala,
se restringindo apenas a conversar na maioria das vezes com falantes que tenham o mesmo
conhecimento de língua. O jovem que tem contato com falantes que falam “os menino foi
brincar”, conseqüentemente reproduzirá da mesma forma. Somente entrano em contato com
outros falantes que possuem mais de uma variante de língua conseguirá absorver uma outra
norma.
O quarto fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi o fator
Paralelismo Formal, no qual controlou-se as marcas de plural nos verbos em sequência na
sentença.
TABELA 5: PARALELISMO VERBAL
Frequência PR
Presença de marcas de plural 
no verbo imediatamente anterior
7/87
8%
0.39
Ausência de marcas de plural 
no verbo imediatamente anterior
18/23
78%
0.84
Fator de aplicação: não-concordância
Há dois tipos de paralelismo verbal, o no nível oracional e no nível discursivo. No
nível oracional é quando o verbo não traz ou apresenta marcas de plural, ocasionando a
redundância de ausência ou de presença de marcas de plural nos outros termos da oração (os
atleta corre velozmente.). Já no nível discursivo, se dá pelo fato de verbos em série na oração,
no qual a ausência ou presença de marcas de plural ocasiona a redundância de presença ou
ausência das marcas de plural (os atleta corre, nada, pula e caminha em busca da vitória.). 
O fator de paralelismo do verbo há dois fatores a serem analisados, um é a presença de
marcas de plural em verbos paralelos na oração, que de 87 dados coletados apenas 7
mostraram não-concordância, somando um total de 8% e seu peso relativo total é 0.39,
mostrando que esse fator não fomenta a não-concordância, e o outro, é a ausência de marca de
plural nos verbos que se encontram em sequência na oração. Os coletados foram os seguintes,
de 23 dados totais coletados, 18 apresentam não terem as marcas de plural no verbo, somando
78% e tendo um peso relativo 0.84.
Esse quadro nos mostra que os verbos que apresentam presença de marca de plural não
incita a não concordância, pois seu peso relativo salienta que esse fator impulsiona a
concordância dos verbos. Por outro lado, a ausência de marca de plural no verbo estimula a
não-concordância, não havendo marca de plural no primeiro verbo os verbos seguintes
também não apresentarão marcas, como no exemplo, “os atleta anda, corre, pula e nada.” Em
nível oracional, que é o escopo dessa pesquisa, mostra que, possuindo marca de plural apenas
no artigo definido “os” que é o determinante do sintagma nominal “atleta”, já é o suficiente
para dar a noção de plural para o interlocutor. Ao comparar os estudos de Vieira (1995) com
Graciosa (1991) nota-se um grande contraste na produtividade da não-concordância, Sendo
que Vieira nos mostra estudos com a variedade de falantes populares, que apresentam em
maior frequência a não-concordância, e Graciosa, nos mostra a variedade com falantes cultos,
que apresenta a não-concordância com menor frequência. Isso comprova que não é só a
escolaridade que influência na não concretização da regra de concordância verbal, e isso
ocorre por que também há fatores estruturais da língua que influencia o falante a não realizar
a regra, independente do seu grau de escolaridade.
O quinto fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi a posição
do sujeito em relação ao verbo. De acordo com esse fator controlou-se a ocorrência da não-
concordância quando o sujeito se encontra anteposto ao verbo, ou seja, na sua posição mais
preferida pelos falantes e o mais comum para a gramática (o aluno chegou a tempo na sala.).
Quando o sujeito é retomado pelo pronome que, no qual é usado para evitar a redundância do
mesmo termo no discurso (Os alunos que chegaram, foram os que fizeram a prova.). E
quando o sujeito é posposto ao verbo, no qual se encontra depois do verbo (Chegaram os
alunos que faltavam.)
TABELA 6: POSIÇÃO SUJEITO
Posição sujeito Frequência PR
Sujeito anteposto 72/384 0.44
18%
Sujeito “que” 21/76
27%
0.61
Sujeito posposto 15/25
60%
0.87
Fator de aplicação: não-concordância
O quadro acima apresenta os seguintes dados com relação à posição do sujeito em
relação ao verbo. Sujeito anteposto,de 384 dados coletados encontra-se 72 casos de não
concordância, sendo um total de 18% de ocorrências, e seu peso relativo é de 0.44. Quando o
sujeito é o “que” de 76 dados recolhidos, 21 obtiveram ocorrências de não concordância, em
números percentuais esse fator representa 27%, e seu peso relativo é de 0.61. O sujeito
posposto apresentou 15 dados de não-concordância de um total de 25, em números
percentuais esse elemento representa 60% e seu peso relativo é de 0.87.
Quando o sujeito é anteposto ao verbo as ocorrências de não-concordância é menor,
por ser a ordem canônica do português brasileiro, ou seja, uma ordem natural. E essa ordem
não impulsiona a não concordância. Agora quando o sujeito é o pronome relativo que, por ser
um pronome sem marcas de pluralidade, a ocorrência de não-concordância ocorre com mais
frequência, induzindo o falante ao cancelamento das marcas de plural. Já o sujeito posposto o
cancelamento das marcas de plural também ocorre com mais freqüência, segundo Marcos
Bagno, quando o sujeito é posposto ao verbo, os falantes da língua portuguesa no Brasil
tratam o verbo como se ele fosse impessoal, ou seja, oração sem sujeito do mesmo tpo que o
verbo chover (“choveu muito ontem”).
Estudos de Graciosa (1991) nos mostra que a posição do sujeito anteposto ao verbo é a
forma preferida pelos falantes escolarizados, por isso há menos ocorrência do cancelamento
das marcas de plural quando o sujeito se encontra anteposto ao verbo. 
O sexto fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi fator idade.
Com esse fator controlou-se a fala dos informantes de acordo com sua faixa etária, que foram
divididas em três, de 18 a 35 anos, de 36 a 55 anos.
TABELA 7: FATOR IDADE
Faixa Etária frequência Peso relativo
De 18 a 35 anos 9/146
6%
0.30
De 36 a 55 anos 36/116
68%
0.67
Mais de 55 anos 63/223 0.53
71%
Fator de aplicação: não-concordância
O quadro de fator idade apresenta os seguintes dados, a primeira faixa etária apresenta
uma freqüência de não-concordância de 9 dados de um total de 146 dados, em dados
percentuais, representa o total de 6% de frequência, e seu peso relativo é de 0.30. A segunda
faixa etária revela os seguintes dados, de em total de 146 dados coletados, encontra-se 36
ocorrências da forma inovadora, sendo 68% do total, seu peso relativo é de 0.67. A terceira
faixa etária, mostra os segundo dados, um total de 223 dados recolhidos, 63 ocorrências de
não-concordância, e isto equivale a 71% de ocorrência de não-concordância, e seu peso
relativo é de 0.53.
Falantes de 18 a 35 anos revelam que preferem usar a forma conservadora, a
concordância verbal, o que quer dizer que eles não incitam a forma inovadora. Resultado
similar ao resultado da pesquisa de Vieira (1995) sobre o assunto, no qual explica da seguinte
forma:
Os menores índices de cancelamento na fala dos indivíduos mais jovens se
devem, certamente, a um complexo de fatores que abrange todas as injunções
sociocomportamentais que envolve esses indivíduos, como, por exemplo, o contato
com o turismo e o acesso a meios culturais. (VIEIRA, 1995, Pág. 91).
A segunda e terceira faixa etária são as que apresentam os maiores índices de não-
concordância. Segundo Vieira, os falantes vão elevando as ocorrências de não-concordância
de acordo que aumentam sua idade, ou seja, quanto mais idade, mais ocorrências da forma
inovadora. Entretanto, resultados dessa pesquisa revelam que os falantes de Volta Redonda da
segunda faixa etária, de 35 a 55 anos, são os que mais impulsionam a forma inovadora, e os
falantes da terceira faixa etária, de 56 anos em diante realizam menos a forma inovadora,
diferentemente dos resultados da pesquisa de Vieira.
O oitavo fator selecionado pelo programa estatístico de regras variáveis foi a saliência
fônica, assim, controlou-se as formas verbais da primeira pessoa do singular, da menor
semelhança fônica ao maior, em comparação com a primeira pessoa do plural, conforme a
seguinte tabela apresenta.
FATOR SALIÊNCIA FÔNICA
Níveis de 
saliência
frequência Peso relativo
Nível 1 65/275
23%
0.55
Nível 2 11/46
23%
0.66
Nível 3 6/56
10%
0.21
Nível 4 12/44
27%
0.54
Nível 5 14/58
24%
0.38
Fator de aplicação: não-concordância
No primeiro nível de um total de 275 dados coletados, há 65 ocorrências de não-
concordância, sendo um total de 23% e seu peso relativo de 0.55. No segundo nível há 11
ocorrências de não-concordância de um total de 46 dados coletados, sua porcentagem é de
23% e seu peso relativo é de 0.66. No nível 3 de um total 56 dados coletados 6 dados são de
não-concordância, sendo seu percentual de10%, e peso relativo de 0.21. No nível 4 há 12
ocorrências de não-concordância em um total de 44 dados coletados, sendo um total de 27% e
seu peso relativo é de 0.54. No nível 5 de 58 dados coletados, 14 apresentam a não-
concordância, sendo um total de 24% e seu peso relativo é de 0.38.
A saliência fônica é um fator lingüístico que também influência na escolha da variável
ou da forma tradicional, os níveis foram selecionados em escala de acordo com a diferença
fônica entre a primeira pessoa do singular, e do plural, como, por exemplo, come/comem e
fala/falam, faz/fazem, dá/dão, comeu/comeram, é/são, veio/vieram. Dessa forma avaliada, os
níveis que mais impulsionam a forma inovadora são os níveis 2, 1 e 4. Os níveis 3 e 5 não
impulsionam a forma inovadora. Segundo estudos de Vieira, que revela que quanto maior a
saliência fônica menor é a ocorrência da forma inovadora, entretanto, em Volta Redonda os
resultados se mostram um pouco alterados, em vista que, o nível 4 que tem a saliência fônica
diferente encontra-se um alto índice de não-concordância, e o nível 2 apresenta mais dados da
forma inovadora do que o nível 1.
Considerações finais
O presente trabalho nos mostra que ao contrário do que muitos pensam as variações
lingüísticas não dependem apenas do grau de escolaridade, há vários outros fatores que
impulsionam essas variações, tanto variações internas da língua e externas, no caso da
concordância verbal, os fatores por ordem de relevância selecionado pelo programa estatístico
de regras variáveis são; sexo do informante, animacidade do falante, escolaridade, paralelismo
verbal, posição do sujeito, fator idade e saliência fônica. 
O que se vê é uma pressão dos falantes escolarizados que detêm o poder político em
impor uma língua homogênea, desconsiderando e estigmatizando essas variáveis que são mais
comuns entre falantes de classe baixa e pouca escolaridade, gerando um preconceito.
Ao comparar estes resultados aqui apresentados com os de Graciosa e Vieira, nota-se que
há pontos semelhantes e diferentes, o que não é de causar nenhuma surpresa, em vista que as
comunidades de fala apesar de serem de uma mesma região, são comunidades de fala
diferentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo, Publifolha, 2010
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001. 
LABOV, W. The study of language in its social context. In: Sociolinguistics patterns. Oxford,
Blackwell, 1972.
_____. Principles of Linguistic Change: Internal Factors. Oxford, Blackwell, 1994.
GRACIOSA, D. M. Concordância verbal na fala culta carioca. Rio de Janeiro, Faculdade de
Letras. Dissertação de mestrado. 1991.
VIEIRA, S. R. Concordância verbal: variação nos dialetos populares do norte fluminense.
Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Dissertação de Mestrado. 1995.
____ , S. & BRANDÃO, S. Ensino de gramática – descrição e uso. São Paulo: Contexto,
2011.
	Resumo

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