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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. ICHF – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Aluna: Mylena De Souza Correia – Matrícula: 118098021. Sociologia Contemporânea II: 2019.2 – GSO00159. AVALIAÇÃO EXTRA DE SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA II. 1. Como a Sociologia pode “combater” o neoliberalismo? Neoliberalismo é o conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. Dito isso, a ideia principal é a de que deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), dado que este princípio garantiria o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Os críticos ao liberalismo afirmam que a economia liberal só traria benefícios para as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais. Com isso, os países pobres ou em processo de desenvolvimento seriam afetados de forma extremamente negativa com essa política liberal. Nestes países, algumas causas apontadas como ocorrências do neoliberalismo são: desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional. Jean Ziegler mostra um pouco disso em seu texto, ao apresentar estatísticas desastrosas dos níveis de acesso a cuidados médicos e combate a epidemias bem como os níveis de fome em países nos quais a miséria aumenta mais rapidamente, como o Extremo Oriente e África. De acordo com o autor: Em resumo, a partir da perspectiva da pretensa luta contra as epidemias, a fome, a pobreza extrema, a discriminação das mulheres ou a falta de escolaridade, nenhum progresso substancial foi feito desde 2000. É que as políticas desastrosas que conduzem ao subdesenvolvimento crescente dos países mais pobres, como as praticadas pelas potências ocidentais e retransmitidas pelos seus mercenários da OMC e do FMI, ainda persistem. (ZIEGLER, 2011) Considerando que a Sociologia que uma ciência que fundamentalmente engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estruturas (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através de relações sociais. Poderia-se dizer que a Sociologia seria essencial para combater o neoliberalismo no sentido de que poderia fazer várias formas de análise sobre esse tema em questão para então mostrar um ponto de vista relacionando como esse conjunto de ideias traria um impacto ruim para a sociedade e tentar elaborar práticas, para facilitar o cumprimento que fosse feito talvez em conjunto com a ONU, que de fato ajudem a erradicar os problemas que afligem o planeta. 2. Quais as consequências da “globalização” para Bourdieu e Gonçalvez? Para que se possa entender quais as consequências da Globalização, precisa-se entender o que de fato é a globalização. Gonçalvez explica que seria necessário resumir a discussão sobre o tema para uma questão econômica. Segundo o autor: A globalização econômica pode ser entendida como a ocorrência simultânea de três processos: crescimento extraordinário dos fluxos internacionais de produtos e capital, acirramento da concorrência internacional e maior interdependência entre empresas e economias nacionais. (GONÇALVEZ, 2002) Bourdieu fala da globalização como se fosse apenas um mito, diz ele: Falei da “globalização”: é um mito no sentido forte do termo, um discurso poderoso, uma “ideia-força”, uma ideia que tem força social, que realiza a crença. É a arma principal das lutas contra as conquistas do welfare state. (GONÇALVEZ, 2002) Acerca das consequências da globalização, Gonçalvez mostra que esta tem um efeito pró-competitivo. De acordo com ele, seria então, a provocação da concorrência internacional e consequentemente, isso tende a estimular uma pressão sobre os preços de matérias primas, produtos agrícolas e intermediários. Ele apresenta então o que chama de fenômeno da deterioração dos termos de troca, que resultaria em uma enorme transferência de recursos dos países em desenvolvimentos para países desenvolvidos, pois os países desenvolvidos teriam que exportar quantidades cada vez maiores para comprar as quantidades de bens manufaturados exportadas anteriormente. Esse fenômeno causa o aumento da desigualdade internacional. Ele apresenta como outra consequência da globalização o aumento da vulnerabilidade externa dos países em desenvolvimento. De acordo com o autor: A vulnerabilidade externa reduz a capacidade desses países implementarem estratégias e políticas nacionais de desenvolvimento. Na verdade, a globalização neoliberal, ao exigir a maior abertura de economias, provoca vulnerabilidade externa e, portanto, crises cambiais recorrentes. As políticas ortodoxas (de forte cunho liberal) provocam sérios problemas econômicos (recessão, desemprego, etc) e têm graves consequências sociais (deterioração da saúde e da educação, aumento do tráfico de drogas, violência, etc). As tensões políticas derivadas desses problemas econômicos e sociais podem desembocar em crises institucionais como tem ocorrido na América Latina nos últimos anos. (GONÇALVEZ, 2002) Bourdieu diz que a globalização têm por função instaurar uma restauração, uma volta a um capitalismo selvagem, mas racionalizado e cínico. E que isso traria um efeito negativo constituído pelo conflito interna dos países europeus, resultado de uma concorrência intra-européia que os trabalhadores europeus sofrem, e o que ele chama de social dumping, que segundo ele seria: os países europeus de frágil proteção social, com salários baixos, podem tirar partido de suas vantagens na competição, mas puxando para baixo os outros países, assim obrigados a abandonarem as Conquistas sociais para resistir. (BOURDIEU, 1996) Além disso, traz a tona que a globalização também resulta na precarização e flexibilização do trabalho, esta causa uma multiplicação dos empregos precários e sub-remunerados (que dão uma falsa ideia da baixa da taxa de desemprego). Além disso, mostra como esses acontecimentos acarretam na perda das vantagens insignificantes que poderiam compensar os salários baixos, como o emprego duradouro, as garantias de saúde e de aposentadoria. Por fim, ele diz que a globalização não é uma homogeneização e sim, uma extensão do domínio de um pequeno número de nações dominantes sobre o conjunto das praças financeiras nacionais. Ainda de acordo com o autor: Consequências atingem os trabalhadores europeus, por exemplo ao transferir capitais e indústrias para os países de mão-de-obra barata. Esse mercado do capital internacional tende a reduzir a autonomia dos mercados do capital nacional, e particularmente, a proibir a manipulação, pelos Estados nacionais, das taxas de câmbio, das taxas de juros, que são cada vez mais determinadas por um poder concentrado nas mãos de um pequeno número de países. (BOURDIEU, 1996) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ZIEGLER, J. Ódio ao Ocidente. São Paulo: Editora Cortez, 2011. BOURDIEU, P. Contrafogos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. GONÇALVEZ, R. Globalização Econômica. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002. NEOLIBERALISMO. Sua Pesquisa. Disponívelem: <https://www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm>. Acesso em: 02 nov. 2019. https://www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm
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