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Livro - Homem, Cultura e Sociedade

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Homem, Cultura e Sociedade 
1 
 
Homem, Cultura e 
Sociedade 
Luara Carvalho Ribeiro da Motta 
1
ª 
e
d
iç
ã
o
 
Homem, Cultura e Sociedade 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Luara Carvalho Ribeiro da Motta 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus 
Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de 
nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de 
Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Homem, Cultura e Sociedade 
3 
 Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do 
gênero bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu 
próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, 
tornando-se responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a 
todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet 
através de nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade 
são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação 
a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o 
bem-sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante 
processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de 
atualização, graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e 
compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu 
alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a 
distância proporciona. 
Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Homem, Cultura e Sociedade 
4 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
5 
 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ....................................................................................................... 6 
Plano da disciplina ........................................................................................................................ 7 
Objeto de Aprendizagem – Etapa 1 ...................................................................................... 9 
Objeto de Aprendizagem – Etapa 2 ...................................................................................... 46 
Objeto de Aprendizagem – Etapa 3 ...................................................................................... 69 
Conhecendo o autor .................................................................................................................... 94 
Homem, Cultura e Sociedade 
6 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Olá, estudante! Essa disciplina é nomeada como Homem, Cultura e 
Sociedade e tem como objetivo instrumentalizar vocês a respeito desse 
assunto. Cabe apontar que discutir questões sobre cultura e sociedade é de 
grande importância em diversos cursos de graduação. Isso pode ser afirmado 
devido às grandes mudanças que temos vivido no nosso país e no mundo, no 
que diz respeito aos aspectos culturais e comportamentais da sociedade. Ao 
longo da disciplina, iremos então, conversar sobre essas questões, sobretudo 
em alguns pontos fundamentais, tais como: (1) A antropologia cultural 
aplicada ao estudo das sociedades complexas, bem como alguns dos seus 
objetos de análise; (2) A construção das identidades sociais e da memória 
coletiva; (3) A sociedade capitalista contemporânea; (4) A antropologia 
cultural e a mudança de paradigma; (5) As relações entre indivíduo e 
sociedade, além de entre processo de individualização e socialização; (6) 
Aspectos políticos na contemporaneidade; (7) Caracterização da sociedade 
humana; (8) Cultura e diversidade: uma temática antropológica e 
contemporânea; (9) Identidade, temperamento, personalidade e caráter; (10) 
Indivíduo e autoconhecimento; (11) Introdução às três áreas das ciências 
sociais: antropologia, sociologia e psicologia (12) O evolucionismo social e a 
abordagem da diversidade cultural: história, evolução e progresso; (13) 
Processo grupal; (14) Processos psicológicos; (15) Psicopatologias; (16) 
Relação entre psicologia, sociologia e antropologia; (17) Relações entre o 
significado de cultura, de diversidade cultural e da desigualdade social no 
mundo contemporâneo; (18) Ser humano como produtor de conhecimento, 
significados sociais e simbólicos; (19) Sociologia clássica; e, por fim, (20) 
Subjetividade humana. Todos os 20 tópicos aqui apresentados serão 3 etapas 
da disciplina. Cabe salientar, também, que todos os conteúdos terão 
indicações de referências bibliográficas para que vocês possam acompanhar 
de maneira didática e científica os estudos que estão sendo desenvolvidos 
sobre tais temáticas. 
Bons estudos! 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
7 
 
 
Plano da Disciplina 
 
O Plano da disciplina Homem, Cultura e Sociedade é composto de 6 
unidades divindades em 3 etapas, que juntas, buscam englobar o objetivo 
geral de toda disciplina. Assim, cabe ressaltar que as unidades estão em 
separado, no entanto, possuem uma interligação entre elas, ao passo que é 
necessário ir evoluindo o estudo do conteúdo para que se alcance o objetivo 
final. 
A primeira unidade faz parte da primeira etapa, que é a inicial e composta 
dos quatros primeiros pontos da disciplina: (1) A antropologia cultural 
aplicada ao estudo das sociedades complexas, bem como alguns dos seus 
objetos de análise; (2) A construçãodas identidades sociais e da memória 
coletiva; (3) A sociedade capitalista contemporânea; e (4) A antropologia 
cultural e a mudança de paradigma. Essa composição tem como objetivo 
principal instrumentalizar vocês acerca dos estudos da antropologia cultural e 
da sociedade atual. Esse conceito é importante para que se entenda o campo 
contemporâneo e como os processos identitários dos indivíduos são 
construídos mediante a isso. 
A segunda unidade, também faz parte da primeira etapa, que 
complementa a unidade anterior. É composta de mais quatro pontos da 
disciplina: (5) As relações entre indivíduo e sociedade e o processo de 
individualização e socialização; (6) Aspectos políticos na contemporaneidade; 
(7) Caracterização da sociedade humana; e (8) Cultura e diversidade: uma 
temática antropológica e contemporânea. O principal objetivo dessa unidade 
é complementar a primeira parte da disciplina caracterizando as relação 
indivíduo-sociedade no contexto cultural da atual realidade nacional. 
Já a terceira unidade, faz parte da segunda etapa, e apresenta três 
principais pontos: (9) Identidade, temperamento, personalidade e caráter; (10) 
Indivíduo e autoconhecimento; e (11) Introdução às três áreas das ciências 
sociais: antropologia, sociologia e psicologia O objetivo dessa unidade é 
Homem, Cultura e Sociedade 
8 
agora avançar um pouco mais nos conceitos teóricos-científicos acerca das 
variáveis até então estudadas, e entender em maiores detalhes as três grandes 
áreas das ciências sociais. 
A quarta unidade, também faz parte da segunda etapa, e é composta por 
mais dois pontos relevantes da disciplina: (12) O evolucionismo social e a 
abordagem da diversidade cultural: história, evolução e progresso; e (13) 
Processo grupal. O objetivo dessa unidade é o de evoluir o estudo para os 
conceitos grupais que tanto caracterizam a sociedade brasileira, sendo um dos 
fenômenos que merecem maior atenção dos pesquisadores e estudiosos da 
área. 
A quinta e penúltima unidade, portanto, faz parte da terceira etapa da 
disciplina. É composta por mais quatro tópicos da disciplina, respectivamente: 
(14) Processos psicológicos; (15) Psicopatologias; (16) Relação entre 
psicologia, sociologia e antropologia; e (17) Relações entre o significado de 
cultura, de diversidade cultural e da desigualdade social no mundo 
contemporâneo. O objetivo dessa unidade, em que já vamos caminhando 
para o final da disciplina, é então trazer alguns conceitos-chave dos processos 
psicológicos, bem como apresentar a sua relação com a sociologia e com a 
antropologia que já foram bem difundidas nas primeiras unidades. 
Por último, a sexta unidade é responsável por fechar a terceira etapa, e é 
composta dos três últimos pontos de aprendizagem, nomeadamente: (18) Ser 
humano como produtor de conhecimento, significados sociais e simbólicos; 
(19) Sociologia clássica; e (20) Subjetividade humana. O objetivo dessa última 
unidade é coroar o aprendizado de vocês sobre o assunto, com uma 
abordagem sistemática em que o homem é produtor de conhecimento e 
significados e enfatizar os aspectos da subjetividade nesse contexto. 
Assim, encerramos a disciplina Homem, Cultura e Sociedade abordando 
todos os tópicos relevantes e deixando clara a importância de estudar esses 
conceitos em diferentes áreas de atuação profissional, sobretudo de nível 
superior. Nesse sentido, a disciplina alcança o seu objetivo com as três etapas 
aqui propostas. 
Seja bem-vindo e aproveite os novos conhecimentos! 
Homem, Cultura e Sociedade 
9 
Objeto de Aprendizagem 
Etapa 1 1 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
10 
 
Bem, pessoal. Nessa primeira etapa nós vamos abordar as duas unidades 
iniciais da disciplina, em busca de entender melhor a antropologia cultural 
aplicada ao estudo das sociedades atuais, para que então, possamos entender 
um pouco mais sobre a construção de identidades sociais e memória coletiva. 
Além disso, faremos uma reflexão sobre as relações entre indivíduo e 
sociedade, bem como acerca dos aspectos políticos na contemporaneidade. 
Fecharemos essas duas primeiras unidades, portanto, com a apresentação de 
uma mudança de paradigma. 
Objetivos 
 Analisar a antropologia cultural e seus estudos no campo da sociedade; 
Entender os processos construtivos identitários e memória coletiva; 
Compreender o conceito de sociedade capitalista; 
Avaliar as mutações paradigmáticas da antropologia cultural. 
Refletir sobre as relações sobre o processo de individualização e socialização; 
Compreender os aspectos políticos e antropológicos na contemporaneidade; 
Planejamento 
Seção 1: A antropologia cultural aplicada às sociedades complexas 
Seção 2: A construção das identidades sociais e da memória coletiva 
Seção 3: A sociedade capitalista contemporânea 
Seção 4: A antropologia cultural e a mudança de paradigma 
Seção 5: O processo de individualização e socialização 
Seção 6: Aspectos políticos na contemporaneidade 
Seção 7: Caracterização da sociedade humana 
Seção 8: Cultura e diversidade: uma temática antropológica e contemporânea. 
 
Bons estudos! 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
11 
 
 Seção 1: A antropologia cultural aplicada ao estudo 
 das sociedades complexas 
 
Diante do exposto no plano dessa unidade, temos alguns objetivos 
propostos para serem esclarecidos ao fim da leitura. Para atingir tal objetivo, 
os conteúdos serão divididos assim como apresentados no plano de aula. Essa 
estratégia será adotada para que vocês, estudantes, consigam apreender os 
conteúdos de uma maneira mais didática. Assim, ao final dessa unidade 
teremos alguns exercícios que serão à nossa maneira de mensurar o quanto o 
conteúdo proposto foi apreendido por vocês. Tudo bem até aqui? Então 
vamos lá, seguiremos ao primeiro tópico da nossa primeira etapa. Espero que 
façam um bom proveito! 
Para começar, deixo a seguinte questão para vocês, afinal o que é 
antropologia? Se formos seguir à risca o que é descrito no nosso dicionário 
cotidiano, podemos entender a antropologia como a ciência do homem no 
sentido mais lato, que engloba origens, evolução, desenvolvimento físico, 
material e cultural, além também da fisiologia, psicologia, características 
raciais, costumes sociais, crenças, e não paramos por aí. A antropologia é sim 
uma ciência que engloba todos esses aspectos, no entanto é preciso ir um 
pouco mais além do que o nosso querido amigo dicionário nos informa. 
Para uma contextualização mais etimológica, cabe ressaltar que a palavra 
advinda de origem grega, tem como o seu prefixo “anthropos” que significa 
homem, e o seu sufixo logos ou logia que significa razão, pensamento, ou 
estudo. Eu, particularmente, gosto de pensar sempre o estudo, porque o 
estudo está para além da razão ou do pensamento. Sempre que virem o 
sufixo “logia”, vocês podem associar ao estudo e se perguntarem: estudo 
sobre o quê?. Esse questionamento os levará para o entendimento mais 
etimológico do nome da ciência, e consequentemente, ao entendimento mais 
profundo da proposição de estudo. Vamos a um exemplo: ao pensarmos 
sobre a psicologia, já sabemos que o sufixo quer dizer estudo, certo? Mas 
então, é o estudo de quê? Psico no grego quer dizer mental, logo, podemos 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
12 
inferir que é o estudo da mente ou dos processos mentais. Essa mesma 
articulação pode ser utilizada para o entendimento de qualquer outra ciência 
que segue esses mesmos padrões. 
Agora voltando a falar exclusivamente da antropologia, que é a ciência 
que tem como objeto o estudo sobre o homem e a humanidade de maneira 
totalizante, bem como abrangendo todas as suas dimensões,é possível 
pensar algumas subdivisões para melhor compreensão. A divisão clássica da 
antropologia distingue a antropologia cultural da antropologia física ou 
biológica). No entanto, a divisão norte-americana, conhecida como Four Fields 
(quatro campos), divide a antropologia em arqueologia, linguística, 
antropologia física e antropologia cultural. Cada uma destas, em sua 
construção, abrigou diversas correntes de pensamento. Cabe destacar em 
maiores detalhes, a área de maior interesse dessa unidade, que é a 
antropologia cultural. A Antropologia Cultural estuda a diversidade 
cultural humana, tanto de grupos contemporâneos, como extintos. 
Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu 
lugar entre as ciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural 
e física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por 
um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por 
outro restringia o seu campo de estudo às características físicas do homem. 
Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo, 
privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações das 
propriedades físicas do ser humano. 
Segundo o Museu de Antropologia Cultural da Universidade de 
Minnesota localizada na região norte dos Estados Unidos, a antropologia 
cultural abrange três tópicos gerais, que se constituem como especialidades. 
O primeiro é a etnografia ou etnologia, o segundo é a linguística aplicada à 
antropologia, e o terceiro ponto é a arqueologia. 
Para pensar as sociedades humanas, a antropologia preocupa-se em 
detalhar os seres humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja 
nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza, seja na sua 
especificidade cultural. Para o saber antropológico o conceito de cultura 
abarca diversas dimensões: universo psíquico, os mitos, os costumes e rituais, 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
13 
suas histórias peculiares, a linguagem, valores, crenças, leis, relações de 
parentesco, política, economia, arte, entre outros tópicos. 
Como não é objetivo da disciplina, não vamos entrar em todo o aparato 
histórico da antropologia, mas nesse tópico conseguimos entender o que é a 
antropologia, por que tem esse nome, quais são os seus principais objetos de 
estudo, e as perspectivas referente a antropologia cultural, certo? 
Um dos maiores nomes da antropologia, quer seja no Brasil, quer seja no 
mundo inteiro é Claude Lévi-Strauss que foi um antropólogo, professor e 
filósofo belga. Lévi-Strauss é até hoje considerado o fundador da antropologia 
estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais 
do século XX. Não podemos falar de antropologia nessa unidade, sem ao 
menos explicar um pouco quem foi esse importante nome para essa ciência. 
As ideias de Lévi-Strauss são muito diferentes do pensamento da época 
em que viveu, porque rompem com a ideia de que índios são somente índios, 
pois não concordava com a divisão em civilizados e selvagens ou a divisão em 
superiores e inferiores, além de possuir uma visão ambientalista radical. 
Embora as obras de Lévi-Strauss em certo ponto descrevam os índios do 
Cerrado brasileiro de forma colonialista, ideias assim só apareceram a partir 
do final da década de 1960 com o surgimento da contracultura marxista 
cultural e ambientalista radical. 
Os estudos mais aprofundamos de Lévi-Strauss podem ser encontrados 
nos livros do próprio autor ou em trabalhos acadêmicos de outros grandes 
pesquisadores do assunto. Um exemplo são os estudos de outros autores 
brasileiros publicados em diversas revistas científicas no país. Deixo para vocês 
como um exemplo mais prático um artigo publicado por Francisco Salzano em 
2016 que disserta sobre a antropologia no brasil e faz o seguinte 
questionamento: é a interdisciplinaridade possível? Lembro que tudo que 
referenciarmos aqui constará na nossa lista de referências bibliográficas finais 
que estará anexada ao final de cada unidade. 
Salzano (2016) aponta que a história da antropologia no Brasil foi dividida 
em três fases: 1. Os pioneiros; 2. Período formativo; e 3. Fase contemporânea. 
Os principais eventos e exemplos de figuras paradigmáticas foram 
apresentados com relação aos dois primeiros períodos, enquanto para o 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
14 
terceiro foi fornecida uma lista de todos os presidentes da Associação 
Brasileira de Antropologia. A seguir desenvolveu-se abordagem similar para as 
quatro subáreas em que a Antropologia é tradicionalmente subdividida: 
Antropologia Social/Cultural; Arqueologia; Linguística; e Antropologia 
Física/Biológica. A pergunta feita no final do artigo de Salzano (2016) é se a 
interação entre essas subáreas é possível. A resposta é de que uma 
abordagem verdadeiramente interdisciplinar é difícil, mas parece ser o melhor 
caminho para pesquisas de ponta. Sugere-se, portanto, uma abertura maior 
dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia brasileiros à contratação 
de especialistas nas quatro subáreas, através de montagens de projetos de 
cunho nitidamente interdisciplinares. 
Assim, atingimos o nosso primeiro objetivo que foi analisar a 
antropologia, sobretudo a antropologia cultural, bem como seus estudos 
no campo da sociedade atual. Nesse sentido, cabe destacarmos que tal 
fenômeno corresponde ao desejo do homem de conhecer a sua origem, assim 
como produz um modo de autoconhecimento que é a identidade, 
diferenciando os grupos em função de suas idiossincrasias e adaptação em 
ambientes distintos. É nesse ponto que destacamos o próximo tópico dessa 
unidade, tal como apresentado no plano anterior. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
15 
 
 Seção 2: A construção das identidades sociais 
 e da memória coletiva 
Nessa seção buscaremos entender os processos construtivos identitários 
dos sujeitos e a memória coletiva. Mas antes, pergunto: o que é identidade?. 
No nosso amigo dicionário, a identidade é o conjunto de características 
próprias e exclusivas com os quais podemos diferenciar pessoas, animais, 
plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das 
diversidades, quer ante seus semelhantes. 
Assim, sua conceituação interessa a vários ramos do conhecimento, tais 
como a antropologia, a psicologia, a sociologia, e outras áreas da ciência. 
Cada área em particular, possui definições, conforme o foco, podendo ainda 
haver uma identidade individual ou coletiva, falsa ou verdadeira, presumida 
ou ideal, perdida ou resgatada. Para a sociologia, por exemplo, a identidade é 
o compartilhar de várias ideias e ideais de um determinado grupo. Alguns 
autores, como Karl Mannheim, elaboram um conceito em que o indivíduo 
forma sua personalidade, mas também a recebe do meio onde realiza sua 
interação social, como podemos verificar nos estudos mais recentes de Weller 
(2010). 
Já para o nosso contexto específico dessa unidade, que é a antropologia, 
a identidade consiste na soma nunca concluída de um aglomerado de 
signos, referências e influências que definem o entendimento relacional 
de determinada entidade, humana ou não humana, percebida por 
contraste, ou seja, pela diferença ante as outras, por si ou por outrem. 
Portanto, a identidade está sempre relacionada à ideia de alteridade, ou seja, 
é necessário existir o outro e seus caracteres para se definir então por 
comparação e diferença. É nesse sentido que destacamos o aspecto social, e 
assim conseguimos pensar na construção da identidade social. Além desse 
aspecto a identidade cultural também merece destaque, uma vez que é 
um conceito da antropologia, que indica a cultura em queo indivíduo 
está inserido. É assim que determinados fatores de identidade são decisivos 
para que um grupo faça parte de tal cultura, por exemplo, a história, o local, a 
raça, a etnia, o idioma e a crença religiosa. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
16 
Nesse mesmo contexto, podemos esclarecer também a definição da 
memória coletiva. Tal memória coletiva é a memória de um grupo de pessoas, 
tipicamente passadas de uma geração para a seguinte, ou ainda a memória 
compartilhada de um grupo, família, grupo religioso, étnico, classe social ou 
nação. Segundo Lavabre (1998), o sociólogo francês Maurice Halbwachs 
cunhou o termo memória coletiva para designar o fenômeno que surge da 
interação social. O autor concordou com a sociologia tradicional de Durkheim 
que observou como as representações coletivas do mundo, incluindo as do 
passado. Assim, tinham suas origens na interação de entidades coletivas 
desde o início e não poderiam ser reduzidas a contribuições de indivíduos à 
parte de outros ou de seu grupo social. 
Assim, caminhamos para o terceiro tópico, que só é possível ser 
compreendido após as presentes considerações apontados nos dois tópicos 
anteriores. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
17 
 
 Seção 3: A sociedade capitalista contemporânea 
 
Nessa terceira seção vamos compreender o conceito de sociedade 
capitalista à luz do que já vimos e aprendemos nos tópicos anteriores. O 
estágio de desenvolvimento contemporâneo do capitalismo caracteriza-se 
pelo fortalecimento, sem precedentes, de ser contra a tendência fundamental 
de expansão da produção de mercadorias, o próprio coração do 
desenvolvimento capitalista. Em seu primeiro estágio de desenvolvimento, o 
assalariamento da força de trabalho, primeiro incipiente, foi se estendendo, 
mediante a eliminação das terras comunais e sua transformação em 
propriedade. Por isso esse estágio é denominado estágio extensivo. 
Quando o estágio de desenvolvimento extensivo se esgotou, não 
havendo mais espaço para a extensão da produção de mercadorias, o 
capitalismo entrou em seu estágio intensivo. No estágio intensivo, 
portanto, a expansão da produção de mercadorias se restringiu ao aumento 
da produtividade do trabalho, que por sua vez dependeu do progresso das 
técnicas de produção e da elevação do nível de subsistência da força de 
trabalho, necessária para permitir a operação das técnicas de produção 
crescentemente complexas. 
Assim, cabe destacar que o processo de globalização proporcionou 
mudanças no mundo do consumo mediante estratégias que reorganizam as 
formas de acesso a uma diversidade crescente de produtos através da 
extensão do crédito e da materialização de equipamentos urbanos. Todo esse 
aporte se dá de forma articulada através de redes constituídas em torno de 
centros de interesse que unem forças específicas de mercado. 
Essas metamorfoses socioeconômicas e culturais que vão para além de 
sua aparência funcional e objetiva, contribuem para a identificação de um 
novo período que chamamos de capitalismo contemporâneo. A consagração 
deste período é abordada por Costa e Godoy (2008) a partir de um viés 
interpretativo que ressalta um aspecto que se julga pertinente para a 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
18 
compreensão das mudanças nas relações de consumo: (i) a apropriação e 
controle da subjetividade. 
Os principais dilemas do trabalho no capitalismo contemporâneo são 
salientados pelas autoras Navarro e Padilha (2007) em seu estudo publicado 
na Revista Psicologia & Sociedade. As autoras, partindo da concepção 
marxiana de trabalho que compreende a atividade laboral como uma 
atividade vital, autodeterminada, dotada de sentido – o que não ocorre sob a 
lógica do capital –, buscaram apontar algumas das principais mudanças 
ocorridas no universo do trabalho no século XX e suas consequências para a 
classe trabalhadora. O que as autoras destacam é que ao longo do 
desenvolvimento do processo de trabalho – do taylorismo ao toyotismo – as 
transformações não significaram ruptura com o caráter capitalista do modo de 
produção e com seu complexo plano ideológico de controle da subjetividade 
do trabalhador. Exemplos disso são a apologia do individualismo, o aumento 
do desemprego, da intensificação e da precarização do trabalho, que marcam 
o mundo do trabalho na sociedade contemporânea. 
Assim, em uma perspectiva ainda mais atual da articulação dos conceitos 
identitários e da sociedade capitalista contemporânea, é válido destacar o 
estudo de Lara-Junior e Lara (2017) sobre a identidade, seguindo uma lógica 
de colonização do mundo da vida e os desafios para a emancipação. O 
objetivo dos autores ao abordar esse tema foi apresentar toda uma 
apresentação teórica do conceito de identidade na obra de Antonio da Costa 
Ciampa e demonstrar como a colonização do mundo da vida causa entraves 
para que ocorra o sintagma (identidade, o processo de metamorfose, e a 
emancipação) para, então, propor um debate contemporâneo sobre o mundo 
da vida e sua colonização, processo no qual as dificuldades criadas podem 
constituir identidades fetichizadas. 
Por fim, para fecharmos esse tópico e sua articulação com os anteriores 
não podemos deixar de apresentar o papel da teoria Marxista ao capitalismo 
contemporâneo, como bem aponta os estudos de La Grassa (1991), que foram 
traduzidos e revisados por Aguiar e Frederico (2010). Karl Marx representa, 
sem dúvida, o ponto culminante da maior crítica da sociedade burguesa e do 
modo de produção capitalista. Marx se interessou pelo estudo do 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
19 
funcionamento do modo de produção capitalista e concebeu uma maneira de 
superá-lo a fim de estabelecer as bases de uma futura sociedade comunista. 
Os principais argumentos é o de que trabalhadores sofrem a progressiva 
exclusão dos benefícios da enorme riqueza material que é produzida por eles 
mesmos, mas que fica concentrada nas mãos de uma minoria. 
Marx, ainda ressaltava que o desenvolvimento cada vez maior das 
forças produtivas capitalistas geraria infindáveis crises econômicas e, 
consequentemente, conflitos sociais cada vez mais intensos, que levariam 
à derrocada da ordem social burguesa. No capitalismo, portanto, o 
proletariado é considerado por Marx a classe revolucionária. Ela deve 
desempenhar seu papel histórico de supressão da classe burguesa e a 
construção de uma ordem social igualitária, baseada no comunismo, isto é, 
uma sociedade em que inexista a propriedade privada e onde cada indivíduo 
trabalhe segundo suas capacidades e receba segundo suas necessidades. 
Nesse sentido, encerramos esse tópico com a apresentação de tais ideias, 
que podem ser encontradas facilmente em uma busca rápida no maior 
indexador de trabalhos formais e informais do mundo. Fica então, salientado 
que tais ideias servem para que os estudantes reflitam sobre tais questões, e 
de forma alguma, expresse algum tipo de melhor ou pior forma ideal de 
sociedade. Por fim, partiremos para a próxima seção dessa primeira etapa. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
20 
 
 Seção 4: A antropologia cultural e a mudança 
 de paradigma 
 
Essa seção tem como objetivo central avaliar as mutações paradigmáticas 
da antropologia cultural. Para isso, utilizo como suporte teórico o livro do 
Roque Laraia (disponível na nossa lista de referências que estão no final de 
cada unidade), chamado “Cultura: um conceito antropológico”. Laraia 
apresenta o conceito antropológico de cultura através da articulação dos 
principais antropólogos. Para a nossa unidade, vamos dar prioridade por 
evidenciar alguns desses pesquisadores. 
Assim, cabevoltar um pouco para explicitar que a primeira definição de 
cultura formulada do ponto de vista antropológico pertence a Edward Tylor. O 
autor publicou diversas obras sobre tal questão, sobretudo seu livro chamado 
“Primitive Culture” que em 1871. Edward Tylor demonstrou que cultura pode 
ser objeto de um estudo sistemático, pois trata-se de um fenômeno natural 
que possui causas e regularidades, o que permite um estudo objetivo e uma 
análise capaz de proporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e 
a evolução. 
Para entender Taylor, é necessário compreender a época em que viveu. O 
seu livro foi produzido nos anos em que a Europa sofria o impacto da Teoria 
da origem das espécies, de Charles Darwin, e que a nascente antropologia foi 
dominada pela estreita perspectiva do evolucionismo unilinear. A década de 
60 do século XIX foi rica em trabalhos desta orientação. Estudiosos analisaram 
o desenvolvimento das instituições sociais, buscando no passado as 
explicações para os procedimentos sociais da atualidade. 
A principal reação ao evolucionismo, então denominado método 
comparativo, inicia-se com Franz Boas, que provocou uma ruptura nos 
Estados Unidos, onde foi responsável pela formação de toda uma geração de 
antropólogos. O autor atribuiu a antropologia a execução de duas tarefas: (1) 
a reconstrução da história de povos ou regiões particulares; (2) a comparação 
da vida social de diferentes povos, cujo desenvolvimento segue as mesmas 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
21 
leis. Além disso, Franz Boas propôs em lugar do método comparativo puro 
e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos 
históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das 
condições psicológicas e dos meios ambientes. A partir daí a explicação 
evolucionista da cultura só tem sentido quando ocorre em termos de uma 
abordagem multilinear. 
Já segundo o antropólogo Felix Keesing (1961) não existe correlação 
significativa entre a distribuição das características genéticas e a distribuição 
dos comportamentos culturais. O autor aponta que qualquer criança humana 
pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em 
situação conveniente de aprendizado. Assim, um exemplo é: imaginemos 
que um bebê brasileiro, logo após seu nascimento seja adotado por uma 
família americana, ele crescerá como um americano e em nada será 
diferente mentalmente dos seus irmãos de criação. É dessa maneira que o 
meio era evidenciado por Keesing. 
Outro antropólogo americano Alfred Kroeber (1960) enfatizava que é por 
meio da cultura a humanidade se distância do mundo animal, considerando o 
homem como um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Kroeber é 
um dos grandes contribuintes para a ampliação do conceito de cultura, pois 
ressaltava que a cultura é mais do que a herança genética, é ela que 
determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações. 
Assim, foi por meio da cultura, que o homem passou a depender muito mais 
do aprendizado do que a agir através de atitudes apenas geneticamente 
determinadas. 
Nesse sentido, o autor salientava que as pessoas ditas superdotadas ou 
gênios, são pessoas altamente inteligentes que têm a oportunidade de utilizar 
o conhecimento existente ao seu dispor, construído pelos participantes de seu 
sistema cultural e criar diferentes e novos objetos ou técnicas profissionais. 
Assim é que estão classificadas as pessoas que fizeram as primeiras 
invenções, tais como o primeiro homem que produziu o fogo através do 
atrito da madeira seca ou o homem que fabricou a primeira máquina 
capaz de ampliar a força muscular, o arco e a flecha, o avião e outras 
tantas invenções ou descobertas, que impactam o mundo até hoje. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
22 
Outros antropólogos também foram de grande importância para os 
avanços dos estudos teóricos e metodológico da área. Mas no que tange ao 
objetivo de nossa unidade vamos agora destacar apenas mais alguns nomes. 
No entanto, os estudantes que tiverem o interesse em se aprofundar nos 
estudos particulares das contribuições para a área podem ter acesso ao livro 
do Laraia, no qual está referenciado na nossa lista de referências ao final da 
unidade. 
Em suma, os antropólogos concordam que a tecnologia, a economia de 
subsistência e os elementos da organização social diretamente ligada à 
produção constituem o domínio mais adaptativo da cultura. É neste domínio 
que usualmente começam as mudanças adaptativas que depois se ramificam. 
Existem, entretanto, divergências sobre como opera este processo., que 
podem ser referenciadas nas teorias idealistas de cultura, que subdivide em 
três diferentes abordagens. Dentre essas, a que merece maior destaque para a 
nossa unidade é aquela que considera cultura como sistemas estruturais, que 
é a perspectiva desenvolvida por Claude Lévi-Strauss. O autor define cultura 
como um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente 
humana. 
O seu trabalho tem sido o de descobrir na estruturação dos domínios 
culturais, tais como mito, arte, parentesco e linguagem e os princípios da 
mente que geram essas elaborações culturais. Lévi-Strauss, a seu modo, 
formula uma nova teoria da unidade psíquica da humanidade. Assim, os 
paralelismos culturais são por ele explicados pelo fato de que o pensamento 
humano está submetido a regras inconscientes que controlam as 
manifestações empíricas de um dado grupo. 
Por fim, cabe apontar que David Schneider, por outro lado, define que a 
cultura é um sistema de símbolos e significados, em que compreende 
categorias ou unidades e regras sobre relações e modos de comportamento. 
O status epistemológico das unidades ou coisas culturais não depende da 
observação, uma vez que mesmo imaginação, “fantasmas” ou pessoas que já 
faleceram podem ser categorias culturais. Assim, um exemplo é: no Brasil 
todo dia 2 de novembro milhares de pessoas vão ao cemitério para 
celebrar o Dia de finados, e já os americanos celebram o Halloween. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
23 
 
Seção 5: O processo de individualização 
e socialização 
 
Nessa seção, iremos abordar um pouco sobre o processo de 
individualização e de socialização. Caros estudantes, se tem um aspecto que 
trabalha fortemente nesse contexto, é o aspecto laboral. Em outras palavras, o 
aspecto do trabalho humano e o significado do mesmo, sobretudo na 
contemporaneidade. 
Em uma perspectiva mais histórica, Borges e Yamamoto (2014) destacam 
o mito de Homero e a interpretação dada por Albert Camus (2000). Homero 
conta que por ter desafiado os deuses, Sísifo foi condenado a empurrar 
eternamente montanha acima uma rocha que, por seu próprio peso, rolava de 
volta tão logo atingisse o cume. Para Camus (2000), o auge do desespero de 
Sísifo não está na subida, uma vez que o imenso esforço despendido não 
deixa lugar para outros pensamentos. 
Já a descida, ao contrário, não exigindo esforço, é o momento em que 
Sísifo é confrontado com seu destino, em que o aspecto trágico é conferido 
pela consciência de sua condição. Não sem razão, o mito de Sísifo tem sido 
considerado o epítome do trabalho inútil e da desesperança. Uma curiosidade 
é que termos como “tripalium”, “trabicula”, que são termos latinos associados 
à tortura, estão na origem da palavra “trabalho”. Mas então, estudantes, eu 
questiono: trabalho deve ser necessariamente associado a sofrimento? 
Vocês que estão cursando a graduação muito possivelmente já trabalham 
ou pensam em trabalhar futuramente. Se assim não fosse, não “perderiam” o 
seu útil tempo estudando para ser um profissional, e consequentemente 
trabalhar na áreada formação atual. Muitas vezes no dia a dia ouvimos frases 
como “primeiro o trabalho, depois o prazer”. Essa frase, ao mesmo tempo 
que exalta a importância do trabalho, tomando-o como uma prioridade de 
vida no processo de socialização, supõe-no oposto ao prazer. Assim, ressalta 
que o prazer só existe fora do âmbito laboral ou do ambiente de trabalho. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
24 
Do mesmo modo ouvimos pessoas que contam o que fazem em seus 
empregos com muito orgulho. Há situações em que as pessoas falam tanto de 
suas próprias atividades que às vezes até nos aborrecemos. Há também 
aqueles que vivem se queixando das condições de trabalho. Uns sonham com 
um mundo no qual não precisem trabalhar, outros se aposentam e 
reinventam um trabalho para si mesmos, porque não conseguem viver sem 
uma ocupação. 
Reclamamos dos nossos empregos e das condições de trabalho, mas 
continuamos exercendo nossas atividades. Portanto, e possível entendermos 
que trabalho é objeto de múltipla e ambígua atribuição de significados e 
sentidos. Existe uma linha de pesquisas no campo da psicologia estudando a 
variedade de significados e sentidos que as pessoas atribuem ao trabalho. 
Embora haja um dinamismo dessa área de estudo, porém, o caráter múltiplo e 
ambíguo das atribuições de significados tende a ser consensual. Assim é que 
o trabalho passa a ser um agente do processo de socialização. 
Borges e Yamamoto (2014) apontar que o processo complica ainda mais 
quando substituímos a atribuição de significados por outros aspectos que 
sirvam de critérios para diferenciar os âmbitos do trabalho. Assim, se 
considerarmos as relações de poder dentro das empresas, podemos distinguir 
o trabalho subordinado das chefias intermediárias, dos gerentes, dos 
diretores, dos proprietários, entre outros. 
 Portanto, quando utilizamos a palavra “trabalho” para dar ênfase ao 
processo de socialização do indivíduo, não estamos necessariamente 
falando do mesmo objeto. Na psicologia do trabalho e das organizações, 
por exemplo, falamos em construtos como motivação para o trabalho, 
comprometimento no trabalho, envolvimento no trabalho, aprendizagem no 
trabalho, socialização no trabalho, satisfação no trabalho, treinamento em 
trabalho, aconselhamento no trabalho, estresse no trabalho, qualidade de vida 
no trabalho, e assim por diante. A repetição da palavra “trabalho” foi 
proposital, para ajudar a ilustrar a frequência com que a empregamos. Mas 
então, de que trabalho estamos falando? 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
25 
Quando o leitor se debruça sobre as diversas teorias referentes a algum 
fenômeno (p. ex., satisfação, motivação, estresse), se é capaz de se dar conta 
do conceito de trabalho implícito nelas, terá sua capacidade crítica ampliada. 
Algumas fronteiras precisam ser delineadas, por exemplo, pensar o processo 
de socialização da pessoa por meio do trabalho, já podemos pensar que 
pesquisas nesse campo não lidam com o trabalho dos animais, mas com o 
trabalho humano. Mas, então, e o que diferencia esses dois tipos de 
trabalho? 
Embora não seja simples distinguir as atividades de primatas não 
humanos das de nossos ancestrais nas suas tarefas de caça e coleta, ou 
mesmo de algumas que os humanos até hoje fazem, existe um elemento 
distintivo fundamental: a intermediação da cultura (ARGYLE, 1990; BORGES; 
YAMAMOTO, 2014). E, de forma mais pontual, o critério frequentemente 
utilizado é o da intencionalidade, que foi explicitado pela primeira vez por 
Marx (1983), ao distinguir o “pior arquiteto” da “melhor aranha”. 
No fim do processo de trabalho, obtém-se um resultado 
que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, 
e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma 
transformação da forma da matéria natural; realiza, ao 
mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele 
sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua 
atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. (Marx, 
1983, p. 149-150). 
Assim, a reflexão de Lívia Borges e de Oswaldo Yamamoto (2014) 
salientam que uma forma de exercer o trabalho tenta eliminar a necessidade 
da intencionalidade humana ou suas capacidades cognitivas, tenta 
descaracterizar o próprio trabalho na sua condição humana. E essa 
compreensão está por trás de muitas críticas e análises que se fazem sobre a 
forma de planejar e organizar o trabalho. A maior parte dos indivíduos hoje 
no Brasil e no mundo lidam com o trabalho de forma remunerada. Por isso, os 
aspectos socioeconômicos são aqui considerados importantes e delimitadores 
do mundo do trabalho. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
26 
Brief e Nord (1990), por exemplo, destacam a sua opção em adotar a 
definição econômica do trabalho, que consiste em dizer que ele é o que se faz 
para ganhar a vida ou o que se é pago para fazer. Isso não significa reduzir o 
trabalho à sua dimensão econômica, mas que ele é objeto de seus estudos, se 
essa dimensão é incluída. 
Outra fronteira comum na literatura do campo é aquela posta pelo 
contrato de trabalho, que diferencia trabalho de emprego. Alguns autores, 
como Jahoda (1987), têm-se preocupado com tal diferenciação. Para a autora 
Jahoda, o emprego é uma forma específica de trabalho econômico (que 
pressupõe a remuneração), regulado por um acordo contratual (de caráter 
jurídico). Blanch (1996) acentuou que o emprego implica a redução do 
trabalho a um valor de troca, portanto, a uma mercadoria, salientando a 
evolução e os problemas do mundo do trabalho a partir do surgimento do 
capitalismo. 
Assim, tais diferenciações têm implicações diretas na forma de analisar os 
problemas do processo de socialização no mundo do trabalho na 
contemporaneidade. Atualmente, o uso dos termos “trabalho” e “emprego”, 
como sinônimos, está enraizado em nossos hábitos linguísticos, o que 
contribui para continuarmos desatentos a tal engano. 
Agora pensamento um pouco mais sobre essas questões do papel do 
trabalho no processo de individualização e socialização, podemos partir para a 
próxima seção com o objetivo de entender os aspectos políticos na 
contemporaneidade. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
27 
 
 
Seção 6: Aspectos políticos na contemporaneidade 
 
Para compreender os aspectos políticos atuais é preciso, mesmo que em 
síntese, compreender a construção histórica do conceito de trabalho, bem 
como identificar as principais mudanças, tendências e desafios no mundo do 
trabalho, considerando as nuances e especificidades do Brasil. Além disso, 
falar da história do trabalho nos permite segmentar a partir do surgimento do 
capitalismo. Portanto, a curta passagem do conteúdo aos tempos que 
antecedem o capitalismo tem como finalidade contrastar as especificidades 
do mundo capitalista. 
Segundo Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2014), o conceito do trabalho 
passou a ocupar um lugar privilegiado no espaço da reflexão teórica nos dois 
últimos séculos. Embora o trabalho humano já ser existente desde os 
primórdios da humanidade, sendo exemplos, as comunidades de caçadores e 
coletores 8.000 anos a.C., a incipiente agricultura no Oriente Médio, na China, 
na Índia e no norte da África, o trabalho escravo nas civilizações antigas e a 
relação servil na Idade Média. 
As ideias sobre o trabalho na antiguidade, de acordo com o pensamento 
de Platão e de Aristóteles, a exaltação estava na ociosidade. O cidadão, para 
Platão, deveria ser poupado do trabalho. Aristóteles valorizava a 
atividade política e referia-se ao trabalho como atividade inferior que 
impedia as pessoas de terem virtude. Todo cidadão deveria abster-se de 
profissões mecânicas e da especulação mercantil: a primeiralimita 
intelectualmente, e a segunda degrada eticamente. 
A filosofia clássica caracterizava o trabalho como degradante, inferior e 
desgastante e competia aos escravos. Era realizado sob um poder baseado na 
força, de modo que o senhor dos escravos detinha o direito sobre a vida 
deles. Essa organização de valores era possível em razão da extrema 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
28 
concentração de riquezas, da submissão dos povos dos territórios 
conquistados e da legitimação da escravidão. 
A política, atividade superior e dos cidadãos, não era considerada 
trabalho. Aristóteles entendia a escravidão como um fenômeno natural, pois 
sustentava que havia pessoas destinadas a fazer uso exclusivo da força 
corporal e que deveriam satisfazer suas necessidades no âmbito restrito das 
atividades manuais. Para Aristóteles, o escravo jamais estaria apto para as 
descobertas e para os inventos, e seria essa condição que determinaria a 
perda da liberdade. 
Mudanças foram acontecendo paulatinamente durante a Idade Média no 
que se refere à economia e à estrutura das sociedades, de forma que as ideias 
mais influentes na antiguidade foram se tornando inadequadas. É com o 
surgimento do capitalismo que se constrói e se consolida uma mudança 
mais visível na reflexão sobre o trabalho. Assim, podemos questionar: por 
quê? 
Para Marx (1983), as novidades na concepção do trabalho refletem as 
mudanças concretas na organização do trabalho e na sociedade. Para ele, dois 
fatos principais demarcaram o surgimento da produção capitalista: a 
ocupação pelo mesmo capital individual de um grande número de operários, 
estendendo seu campo de ação e fornecendo produtos em grande 
quantidade, e a eliminação (dentro de certos limites) das diferenças 
individuais, passando o capitalista a lidar com o operário médio ou abstrato. 
Esses fenômenos ocorreram com o surgimento da manufatura, que, por 
sua vez, pressupõe um adiantado processo de acumulação do capital. Quem 
detém os meios de produção é o capitalista. O indivíduo desprovido desses 
meios não tem como reproduzir sua existência. Essa situação, que põe de 
um lado o dono do capital e, de outro, os detentores da força de 
trabalho, não é um fato natural, mas resultado de um processo histórico. 
É essa condição “livre” e desprovida dos meios de produção do trabalhador 
que proporciona a venda da força de trabalho como uma mercadoria – a 
única que o trabalhador detém. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
29 
Ser mercadoria significa representar um valor de uso e um valor de 
troca. Em outras palavras, a situação socioeconômica tornou necessário ao 
indivíduo, desprovido de tudo, vender seu trabalho, e, ao capitalista, adquiri-
lo, como meio de dar prosseguimento à produção de outras mercadorias, o 
que, sendo valor de troca, permite crescer seu capital. Nessa realidade, 
fundou-se a noção de contrato de trabalho, recriando-o na forma de 
emprego assalariado. 
Se nos abstraímos do valor de uso de cada mercadoria, percebemos que 
permanece uma propriedade: a de produto do trabalho humano. Portanto, 
um bem tem valor em virtude do trabalho humano nele materializado. Os 
meios de produção pertencem ao capitalista, logo, o produto é sua 
propriedade. O trabalhador, que vende sua força de trabalho como 
qualquer mercadoria, realiza no ato de venda o valor de troca, alienando 
o valor de uso no que produziu. O capitalista prolonga o uso da força de 
trabalho em seu benefício, obtendo o lucro da diferença do que pagou e a 
quantidade de trabalho recebida do trabalhador. Assim, a mais-valia é o 
prolongamento do processo de formação de valor, ou seja, resulta de um 
excedente quantitativo de trabalho na duração prolongada do processo de 
produção. 
Ao capitalista interessa, pois, ampliar a mais-valia. De início, assim o faz 
por meio do prolongamento da jornada de trabalho, ou seja, exploração 
extensiva. Esse prolongamento, porém, é limitado concretamente pelo tempo 
que um indivíduo pode trabalhar e pelas reações sociais. Por isso, o capitalista 
busca modos de aumentar a produção de mercadorias, exigindo menor 
quantidade de trabalho. 
Além da transformação do trabalho em mercadoria, estabelecida pelo 
capitalismo emergente, surgiu uma concepção de instrumentalidade 
econômica do trabalho, em que o trabalho valia tanto mais quanto 
aumentavam os rendimentos do detentor do capital (ANTHONY, 1977). O 
novo modo de produção afetou vários aspectos da organização da vida e da 
sociedade, por exemplo: 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
30 
 separou os ambientes doméstico e de trabalho; 
 reuniu um número imenso de pessoas em um mesmo lugar ( 
fábricas) em torno de uma única atividade econômica; 
 intensificou o crescimento das cidades e sua separação do 
campo. 
No contexto da fábrica, a “cooperação” introduziu novidades no 
planejamento, na organização e na execução do próprio trabalho, como a 
necessidade de padronizar a qualidade dos produtos e dos procedimentos, 
bem como de adotar uma disciplina. Essas novidades justificaram o 
surgimento das funções de direção e supervisão (gerência), para fiscalizar 
e controlar o trabalho. A adaptação do trabalhador a tal realidade não 
ocorreu de forma simples, sendo um desafio submetê-lo a tais condições. 
Assim, Borges e Yamamoto (2014) salientam que a situação era 
contraditória, em razão do fato de se almejar mais produtividade e, pelo 
modo de produção adotado, provocar um esvaziamento do conteúdo do 
trabalho, bem como, por consequência, o desgosto com as tarefas por parte 
do trabalhador, de quem se exigia mais produtividade. A sobrevivência da 
noção do “livre contrato” do modelo capitalista, por consequência, 
demandou uma concepção do trabalho, valorizando-o em oposição ao 
ócio. 
É nesse sentido, depois de vocês, caros, estudantes, compreenderem de 
uma forma histórica esses aspectos que cabe apontar o conceito de trabalho 
hoje no Brasil. 
Borges-Andrade e Pagotto (2010) atribuíram que pensar o trabalho, por 
exemplo, em um campo de saber específicos para se pensar sobre ele se 
tornou emergente. Assim, a própria Psicologia se subdividiu em uma subárea 
de pesquisa e atuação chamada de Psicologia Organizacional e do Trabalho 
(PO&T) ou Psicologia do Trabalho e das Organizações (PT&O). Esse é um 
campo de aplicação de conhecimentos ou de intervenção, justamente na área 
do trabalho, ou melhor, do trabalhador. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
31 
Como subárea do conhecimento, tem o fazer humano enquanto objeto 
de estudo e os contextos do trabalho e das organizações como locais desse 
estudo. Como campo de aplicação ou intervenção, precisa dar respostas a 
questões práticas concernentes a interações entre o comportamento 
humano, o trabalho e as organizações onde este comportamento pode 
ocorrer. 
Assim é que precisamos periodicamente estabelecer contatos que 
permitam que produção e utilização do conhecimento caminhem mais ou 
menos juntas e que mútuos benefícios possam emergir. A pesquisa brasileira 
raramente ocorre no campo profissional e na pós-graduação lato sensu. 
Portanto, o lócus para que os mencionados contatos ocorram é a pós-
graduação stricto sensu e sua produção está disponível em periódicos 
científicos. 
O campo de aplicação ou de intervenção em PT&O deve utilizar o 
conhecimento gerado pela pesquisa, para solucionar problemas relacionados 
ao comportamento humano no trabalho, à interação entre esse 
comportamento e a organização onde ocorre, e às práticas utilizadas para 
organizar a ação individual e a coletiva, visando atingir determinados 
objetivos. Portanto, é por essa razão que atualmente se encontrem uma amplagama de pesquisas no que diz respeito às variáveis psicológicas na ciência 
organizacional contemporânea, tais como satisfação no trabalho, performance, 
turnover, comprometimento organizacional e resiliência. 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
32 
 
Seção 7: Caracterização da sociedade humana 
 
Caminhando para a nossa penúltima seção, cabe apontar que o fato de 
haver toda uma construção ideológica não eliminou, entretanto, as reais 
contradições nem as insatisfações e a capacidade de reação dos trabalhadores 
(BORGES & YAMAMOTO, 2014). Antes contribuiu à exploração radical da 
classe trabalhadora, registrada por Marx. 
Por isso, a história do desenvolvimento capitalista é, também, a 
história da resistência dos trabalhadores, que caracteriza a sociedade 
humana. Os embates em torno da regulamentação da jornada de trabalho 
nas leis fabris da segunda metade do século XIX são exemplos da luta do 
proletariado para impor um limite à exploração capitalista. 
O sistema de “cooperação”, ao mesmo tempo que engendrou todas as 
novidades já assinaladas, também reuniu as pessoas em grandes massas 
trabalhadoras, criando as condições necessárias à construção da consciência 
de classe dos próprios trabalhadores, estimulando o desenvolvimento da 
organização trabalhista. Nos países desenvolvidos, o fim do século XVIII e o 
século XIX foram marcados pelo desenvolvimento do movimento sindical, e as 
principais ideias que abasteceram as críticas ao regime capitalista foram 
reflexões marxistas e anarquistas sobre esse sistema. 
A transformação do modo de produção manufatureira para o modo de 
produção capitalista da “cooperação” exige um parcelamento progressivo do 
trabalho em suas operações, simplificando a atuação de cada um (BORGES & 
YAMAMOTO, 2014). Um conjunto de trabalhadores atua lado a lado, sob um 
plano geral em um mesmo processo de produção. Tal tipo de organização do 
trabalho possibilita a massificação da produção. Introduz a noção de operário 
coletivo. O trabalhador não detém os meios de produção, não tem controle 
sobre o produto nem sobre o processo de trabalho, e, portanto, são 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
33 
suprimidos seu saber fazer e suas possibilidades de identificação com a tarefa 
e com o produto. 
A exploração é um dos pontos centrais na teoria marxiana porque, 
segundo Marx, o regime capitalista caracteriza-se por tomar “[...] a produção 
da mais-valia como finalidade direta e móvel determinante da produção [...]” 
(Marx, 1980, p. 78). Assim, a exploração, antes de ser uma distorção do 
capitalismo, é uma característica inerente a ele. Em síntese, concluímos 
que, para Marx, o trabalho, que deveria ser humanizador, sob o capitalismo, é 
o contrário, pois na forma de mercadoria é: 
1. alienante, porque o trabalhador desconhece o próprio processo 
produtivo e o valor que agrega ao produto, além de não se 
identificar com os produtos de seu trabalho; 
2. explorador, devido aos objetivos de produção da mais-valia vinculada 
ao processo de acumulação do capital; 
3. humilhante, porque afeta negativamente a autoestima; 
4. monótono em sua organização e conteúdo da tarefa; 
5. discriminante, porque classifica os homens, na medida em que 
classifica os trabalhos; 
6. embrutecedor, porque, longe de desenvolver as potencialidades, 
inibe ou nega sua existência por meio do conteúdo pobre, repetitivo 
e mecânico das tarefas; 
7. submisso, pela aceitação “passiva” das características do trabalho e 
do emprego, pela imposição da organização interna do processo de 
trabalho, pelas relações sociais mais amplas e, especialmente, pela 
força do exército industrial de reserva. 
Portanto, observamos que a obra marxiana não se constitui em uma 
mera crítica ao trabalho sob o capitalismo, mas cria valores e novas 
expectativas em torno do trabalho. O trabalho deve ser humanizador, não 
alienado. Deve ser digno, que garanta ao ser humano a satisfação de suas 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
34 
necessidades, racional (com uma divisão baseada em critério de igualdade 
entre os homens), e que se constitui na principal força na vida dos indivíduos. 
A ética do trabalho, associada à primeira Revolução Industrial, e o 
marxismo exaltam o trabalho. No entanto, tal importância se funda em 
valores sociais distintos, na caracterização da sociedade humana. Entre 
outras diferenças, a defesa do tratamento do trabalho como mercadoria 
desvaloriza a identificação do trabalhador com o produto e o processo de seu 
trabalho, ou seja, dignifica ganhar a vida trabalhando, mas não interessa em 
quê. A defesa da superação da alienação no trabalho permite compreendê-lo 
como uma categoria que contribui na construção da própria identidade do 
sujeito. O trabalho é, ao mesmo tempo, estruturante para a caracterização 
da sociedade e para o indivíduo. 
Em síntese, com a história contada até aqui, expusemos de maneira breve 
e sucinta formas distintas de conceber o trabalho. Na Tabela 1, foi resumido 
ainda mais o que discutimos até aqui à luz da revisão realizada por Borges e 
Yamamoto (2014) para que de uma maneira mais didática, vocês, caros 
estudantes, possam assimilar as diferenças nas maneiras de caracterização da 
sociedade humana por meio do trabalho. Assim, fechamos com as três 
principais concepções. 
Concepções Influências Contexto Papel do trabalho 
Clássica Filosofia clássica Antiguidade: trabalho 
escravo 
Conceito restrito: trabalho 
braçal e exaltação do ócio 
Capitalista 
tradicional 
Economia 
clássica (liberal) 
Surgimento do 
capitalismo e do 
contrato de trabalho 
(emprego) 
Glorificação do trabalho como 
o único meio digno de ganhar a 
vida 
Marxista Marxismo Oposição entre: 
interesses do capital e 
dos trabalhadores 
Estruturante da vida das 
pessoas e das sociedades 
 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
35 
 
Seção 8: Cultura e diversidade: 
uma temática antropológica e contemporânea 
 
Tudo bem até aqui, caros estudantes? Partiremos agora para o último 
tópica da nossa etapa 1. Agora iremos fechar tudo que estudamos 
conversando um pouco sobre a cultura e diversidade existente no mundo. 
Chamamos de uma temática antropológica e contemporânea exatamente por 
na caracterização da sociedade atual essas questões serem cada vez mais 
presentes. 
Podemos falar de uma cultura universal? Ou é melhor falarmos de uma 
cultura diversa? Se por um breve momento pensarmos nos diferentes estilos 
de roupas e diferentes alimentos (no almoço por exemplo) consumidos no 
mundo, já é possível ter uma dimensão do quão diversa a sociedade é, não é 
mesmo? 
Ao pensar no trabalho também é possível identificar suas diversidades 
culturais. Enquanto em algumas culturas, na execução, o trabalhador deve ser 
poupado de pensar para que possa repetir os movimentos ininterruptamente, 
ganhando em rapidez e exatidão; Em outras, por sua vez, é por meio do 
pensamento e reflexão que o trabalho é realizado de modo satisfatório. 
Assim é que as pesquisas cada vez mais têm como elementos centrais a 
formulação de hipóteses ou suposições, em busca de explicar relações entre 
desempenhos das pessoas no trabalho (por ser uma característica 
fundamental da sociedade contemporânea) e atributos individuais, das 
equipes, da organização ou da sociedade. Além disso, também como 
elemento central é a identificação das variáveis de pesquisa, quer seja aquelas 
que se quer explicar (por exemplo, desempenho, bem-estar, satisfação no 
trabalho etc.), quer seja as que são as explicações plausíveis para as questões 
que queremos explicar (ZANELLI et al., 2014). 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
36Agora eu pergunto: Quem precisa da pesquisa acerca das 
características dos trabalhadores sobre tais diversidades culturais na 
sociedade contemporânea? 
Inicialmente se beneficiam os profissionais ou estudantes que necessitem 
conhecer os fundamentos e as suposições inerentes ao processo de 
conhecimento científico na área. Assim, os interessados não estão dispostos a 
confiar na especulação ou em evidência baseada em histórias, contos ou 
ficção, para tomar decisões. Mas em evidências científicas de pesquisas 
realizadas, sendo essa a principal base da sociedade contemporânea. 
Se há algumas décadas para se buscar um número de telefone a pessoa 
demorava horas, até dias. Ou então para buscar uma referência da literatura 
passava-se semanas dentro das bibliotecas... Na sociedade contemporânea é 
possível ter todas essas e outras informações em minutos. Assim é que as 
características culturais e diversas também estão inseridas, ao passo que tudo 
se torna possível e rápido ao alcance das mãos. 
Assim, é que se o trabalho é uma das características principais das 
sociedades contemporâneas é preciso que as áreas da Psicologia, Sociologia e 
Antropologia, privilegiam esse campo com os estudos dos principais 
fenômenos nesse sentido, tais como: 
• Comportamentos; 
• Relações entre pessoas e grupos; 
• Disposições; 
• Motivos; 
• Percepções; 
• Crenças; 
• Reações; 
• Atitudes; 
• Significados; 
• Valores; 
• Sentimentos 
Portanto, o que torna o estudo nesse segmento único é o seu foco de 
interesse estar nos contextos de trabalho, trabalhadores e organizações. 
Assim, não estamos apenas interessados em mensurar e descrever estes 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
37 
fenômenos. O interesse não é apenas no como essas coisas acontecem, mas, 
de fato, o interesse é no porquê. 
Nesse sentido, estamos interessados em conhecer os antecedentes e 
consequentes desses fenômenos, ou como eles dependem de 
características: (1) do indivíduo; (2) da sua equipe; (3) da sua 
organização; e (5) da sociedade. 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
38 
 
Referências Bibliográficas 
 
ANTHONY, P. D. The ideology of work. London: Tavistock, 1977. 
ARGYLE, M. The social psychology of work. 2nd ed. London: Penguin, 1990. 
BLANCH, J. M. Psicología social del trabajo. In: ALVARO, J. L.; GARRIDO, A.; 
TORREGROSA, J. R. (Org.). Psicología social aplicada. Madrid: McGraw-Hill, 
1996. 
BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; DO PRADO PAGOTTO, Cecília. O estado 
da arte da pesquisa brasileira em psicologia do trabalho e organizacional. 
Psicologia: teoria e pesquisa, p. 37-50, 2010. 
BRIEF, A. P.; NORD, W. R. Meaning of occupational work: a collection of 
essays. Massachusetts: Lexington Books, 1990. 
BORGES, L. D. O.; YAMAMOTO, O. H. (2014). Mundo do trabalho: construção 
histórica e desafios contemporâneos. In: José Carlos Zanelli; Jairo Eduardo 
Borges-Andrade; Antonio Virgílio Bastos. Psicologia, organizações e 
trabalho no Brasil. (pp. 25-72). AMGH Editora. 
COSTA, P. H. F.; GODOY, P. R. T. O capitalismo contemporâneo e as 
mudanças no mundo do consumo. XI Coloquio Internacional de Geocrítica: 
La Planificación Territorial y el Urbanismo desde el Diálogo y la Participación. 
Universidade de Barcelona, v. 30, 2008. 
JAHODA, M. Empleo y desempleo: un análisis socio-psicológico. Madrid: 
Morata, 1987. 
LA GRASSA, Gianfranco. O capitalismo contemporâneo e o papel da teoria 
marxista. Publicado originalmente na revista italiana Critica Marxista, n 1, 1991. 
Traduzido e revisado por Carlos Roberto Aguiar e Enid Frederico, 2010. 
Disponívelhttps://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/arti
go267Artigo6.pdf 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico — 14.ed. — 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
39 
LAVABRE, Marie-Claire. Maurice Halbwachs et la sociologie de la mémoire. 
Raison présente, v. 128, n. 1, p. 47-56, 1998. 
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Ubu Editora LTDA-ME, 2018. 
MARX, K. O capital. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 
MARX, K. Sociologia. São Paulo: Ática, 1980. (Grandes Cientistas Sociais, n. 
10). 
NAVARRO, Vera Lucia; PADILHA, Valquíria. Dilemas do trabalho no 
capitalismo contemporâneo. Psicologia & Sociedade, v. 19, n. 1, p. 14-20, 
2007. 
SALZANO, Francisco M. A antropologia no Brasil: é a interdisciplinaridade 
possível?. Amazônica-Revista de Antropologia, v. 1, n. 1, 2016. 
WELLER, Wivian. A atualidade do conceito de gerações de Karl Mannheim. 
Sociedade e Estado, v. 25, n. 2, p. 205-224, 2010. 
ZANELLI, José Carlos; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; BASTOS, Antonio 
Virgílio Bittencourt. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. AMGH 
Editora, 2014. 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
40 
 
Leitura Complementar 
 
Como leitura complementar para essa unidade cabe apontar, sobretudo as 
obras elaboradas pelos antropólogos e grandes pesquisadores aqui 
evidenciados. Nesse espaço de leitura complementar não será citado 
nenhuma das referências utilizadas para a construção da unidade. Mas lembro 
que todas referências utilizadas, inclusive o livro do Laraia, em que estão 
especificados os principais trabalho dos principais antropólogos estão na lista 
de referências finais. Além disso, abaixo deixo algumas referências como 
leituras complementar do assunto abordado. 
FRÚGOLI Jr, H. (2005). O urbano em questão na antropologia: interfaces com a 
sociologia. Revista de Antropologia, 48(1), 133-165. 
LUKÁCS, G. História e consciência de classe. Londres: Merlin, 1967. 
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo, 2012. 
MALVEZZI, S. O psicólogo organizacional, peregrinação na sociedade e a 
formação do agente econômico reflexivo [Resumo]. In: SOCIEDADE 
Brasileira de Psicologia (Org.). XXX Reunião Anual de Psicologia: resumos. 
Brasília: [s.n.], 2000. p. 33-34. 
MANDEL, E. O capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985. 
MARGLIN, S. A. Origens e funções do parcelamento das tarefas. In: GORZ, A. 
(Org.). Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980. p. 38-
80. 
VELHO, G. (1987). Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da 
sociedade contemporânea. Zahar. 
VELHO, G. (1994). Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades 
complexas. Zahar. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
41 
 
 Finalizando a Etapa 1 
 
Caros estudantes, 
Teste seus conhecimentos realizando algumas atividades de 
autoavaliação disponíveis no seu ambiente virtual de aprendizagem. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo 
de ensino-aprendizagem. 
Diante do exposto, podemos destacar que os principais objetivos 
propostos para essa primeira etapa foram alcançados. Como uma etapa 
introdutória, entendemos que é um pouco mais exaustiva por se tratar de 
tantos conteúdos novos que suscitam profundas reflexões. Assim, 
especificadamente, foi possível analisar a antropologia cultural, bem como 
seus estudos no campo da sociedade; além de entender os processos 
construtivos identitários dos sujeitos e a memória coletiva; compreender o 
conceito de sociedade capitalista; e ainda, avaliar as mutações paradigmáticas 
da antropologia cultural em uma perspectiva histórica. 
Além disso, vimos as relações entre indivíduo e sociedade e o processo de 
individualização e socialização; os aspectos políticos na contemporaneidade; a 
caracterização da sociedade humana; e encerraremos o tema cultura e 
diversidade: uma temática antropológica e contemporânea. 
É nesse contexto, caro estudante, que encerramos a nossa primeira etapae convidamos os estudantes para embarcar em mais uma jornada rumo ao 
próximo Objeto de Aprendizagem. 
Na próxima etapa (Etapa 2) iremos complementar o estudo com o 
objetivo de avançar um pouco mais nos conceitos teóricos-científicos acerca 
das variáveis até então estudadas, e entender em maiores detalhes as três 
grandes áreas das ciências sociais. Além disso, enfatizar os conceitos grupais 
que tanto caracterizam a nossa sociedade nacional. 
 
 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
42 
 
Exercícios – Etapa 1 
 
1) A antropologia pode ser definida como: 
a) Estudo das ciências humanas por se tratar de perspectivas genéticas 
b) Estudo sobre o homem e a humanidade em todas as suas dimensões 
c) Estudo filosófico e sociológico dos mais diferentes grupos brasileiros 
d) Estudo dos singulares comportamentos dos índios, como aponta Lévi-
Strauss 
e) Campo interdisciplinar que articula a “psico” com o “anthropos” 
2) A divisão clássica da antropologia distingue: 
a) A antropologia cultural da antropologia física ou biológica 
b) A antropologia grupal da antropologia individual 
c) A antropologia cultural com a evolução das espécies 
d) A antropologia física do ser humano e a antropologia do campo 
psicológico 
e) Apenas em antropologia cultural 
3) Quem é um dos maiores nomes da antropologia estruturalista no 
mundo? 
a) Claude Lévi-Strauss 
b) Francisco Salzano 
c) Maurice Halbwachs 
d) Karl Marx 
e) Edward Taylor 
4) De acordo com a antropologia, a identidade pode ser definida como: 
a) Uma soma concluída e independente das relações sociais 
b) Um conglomerado de pessoas com a mesma cultura e comportamentos 
sociais 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
43 
c) Uma soma concluída de signos e influências nunca relacionada à alteridade 
d) Uma soma nunca concluída de signos e referências sempre relacionada 
com a ideia de alteridade 
e) Um documento que registra individualmente todas as pessoas no mundo 
5) Qual o conceito de memória coletiva? 
a) Uma memória que não é passada de uma geração para a seguinte 
b) Memória individual caracterizada por aspectos pessoais como a idade 
da pessoa 
c) É a memória de um grupo de pessoas que surge da interação social 
d) Memória simples que não é compartilhada com todos os membros do 
grupo 
e) Nenhuma das anteriores 
6) A maior crítica ao modo de produção capitalista é realizada por: 
a) Claude Lévi-Strauss 
b) Francisco Salzano 
c) Maurice Halbwachs 
d) Karl Marx 
e) Edward Taylor 
7) Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso: 
a) A cultura é um conceito antropológico ( ) 
b) A antropologia é o estudo da mente e do comportamento ( ) 
c) Edward Tylor foi o primeiro antropólogo a definir o conceito de cultura ( ) 
d) A antropologia nunca refutou a teoria da evolução e Charles Darwin ( ) 
e) A maior preocupação da antropologia está no componente genético 
que afeta as relações sociais ( ) 
8) Qual a principal característica da sociedade humana contemporânea? 
a) A observação das coisas culturais 
b) O trabalho e o seu papel 
c) A quantidade de filhos que é maior 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
44 
d) A inclusão dos animais como integrantes da sociedade humana 
e) Nenhuma das opções anteriores 
9) A partir dos conceitos estudados, defina antropologia? 
10) Diante do conteúdo, como podemos explicar o conceito de 
identidade social? 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
45 
GABARITO 
1. B 
2. A 
3. A 
4. D 
5. C 
6. D 
7. V, F, V, F, F 
8. B 
9. O estudante deverá dissertar sobre o conceito de antropologia com base na 
definição de que a antropologia é a ciência que tem como objeto o estudo 
sobre o homem e a humanidade de maneira totalizante, bem como 
abrangendo todas as suas dimensões. Pode também apontar sobre as 
divisões da antropologia e salientar que antropologia cultural estuda a 
diversidade cultural humana, tanto de grupos contemporâneos, como 
extintos. 
10. O estudante deve abarcar o conceito de identidade no que tange à 
antropologia, que conceituam a identidade como uma soma nunca concluída 
de um aglomerado de signos, referências e influências que definem o 
entendimento relacional de determinada entidade, humana ou não humana, 
percebida por contraste, ou seja, pela diferença ante as outras, por si ou por 
outrem. Assim, a identidade está sempre relacionada à ideia de alteridade, 
porque é necessário existir o outro e seus caracteres para se definir então por 
comparação e diferença. É nesse sentido que destacamos o aspecto social. 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
46 
2 Objeto de Aprendizagem Etapa 2 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
47 
 
Olá, estudantes! Agora, vamos para a nossa segunda etapa de estudos. 
Animados? 
Bem, nessa segunda etapa, iremos dar continuidade ao nosso tema 
central, mas o foco agora é avançar um pouco mais nos conceitos teóricos-
científicos das três grandes áreas das ciências sociais, que se enquadra no 
Colégio de Humanidades estabelecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento 
de Pessoal de Nível Superior – Capes. Assim, poderemos evoluir o estudo para 
os conceitos grupais que tanto caracterizam a sociedade brasileira, sendo um 
dos fenômenos que merecem maior atenção dos estudantes da área. 
Objetivos 
Analisar os aspectos de identidade, temperamento, personalidade e caráter; 
Entender os processos do indivíduo e o seu autoconhecimento; 
Compreender as três áreas das ciências sociais: antropologia, sociologia e 
psicologia. 
Refletir sobre o evolucionismo social e a abordagem da diversidade cultural: 
história, evolução e progresso. 
Enfatizar o processo grupal, principalmente ligado ao trabalho. 
Planejamento 
Seção 9: Identidade, temperamento, personalidade e caráter. 
Seção 10: Indivíduo e o seu autoconhecimento. 
Seção 11: Antropologia, sociologia e psicologia. 
Seção 12: Evolucionismo social e a abordagem da diversidade cultural: 
história, evolução e progresso. 
Seção 13: Processo grupal. 
 
Bons estudos! 
Homem, Cultura e Sociedade 
 
48 
 
Seção 9 - Identidade, temperamento, 
Personalidade e caráter 
 
O nosso primeiro fenômeno a ser apresentado é a identidade. A 
identidade do sujeito é um fenômeno relacional, e é possível afirmar que as 
identidades são continuamente reafirmadas e redefinidas ao longo da vida 
(Ciampa, 1996). 
Antonio Ciampa já salientava que o indivíduo está sempre inserido na 
tensão entre a afirmação a um determinado grupo no qual compartilha 
crenças, valores e significados, e a oposição, que é caracterizada pelo 
distanciamento de um determinado grupo. Assim, a identidade se subdivide 
em identidade pessoal e identidade social. 
A identidade pessoal é influenciada pelas experiências subjetivas 
incorporadas ao autoconceito (quem sou eu?). Já a identidade social é 
implicada no exercício de papéis e pertencimento a grupos sociais. Assim, 
Sônia Gondim e outros pesquisadores em 2016 afirmam que não se nasce 
com uma identidade, mas que cada pessoa tem um papel ativo e reflexivo no 
processo de construção de sua identidade e que tal processo se dá por meio 
da interação social durante a trajetória de vida. 
Dessa maneira a depender do meio em que o sujeito está inserido e as 
trocas que estabelece, fazem com que as identidades se atualizem 
continuamente. É nesse contexto que tendo em vista os inúmeros papéis 
sociais e grupos de pertencimento, Stryker e Serpe (1994) salientaram que as 
identidades se organizam em uma hierarquia que passa por mudanças a 
depender das fases da trajetória de cada um. 
O nosso segundo fenômeno a ser apresentado é o temperamento.

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