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obra. Diversos serviços recomendam o uso de placa de hidrocoloide sob o curativo do cateter umbilical, que funciona como “segunda pele”, para proteger a pele do RN da ação abrasiva das soluções antissépticas e da própria fita adesiva.12 • O curativo do PICC e da flebotomia deve ser feito com gaze no momento de sua inserção e, depois, preferencialmente com curativo transparente. A troca do curativo transparente deve ser realizada caso haja presença de sangue, umidade, ou descolamento do filme transpa- rente. Atualmente não há recomendação de troca de curativo preestabelecido. Guideline CDC 2011. Na impossibilidade do uso de curativo transparente, recomenda-se o uso de gaze estéril para cobertura do curativo, com troca a cada 48h, ou antes, se necessário.3 • A cultura da ponta do cateter está indicada somente nos casos de suspeita de infecção relacionada aos cateteres vasculares. Nesses casos, sugere-se coleta concomitante de he- moculturas, idealmente duas. • Realizar desinfecção da conexão (Hub) do cateter vascular central ou periférico com álcool a 70% antes da administração de drogas e por ocasião da troca de equipos. • O equipo utilizado para nutrição parenteral total deve ser trocado a cada 24 horas. • Os equipos utilizados para passagem de hemoderivados devem ser removidos imedia- tamente após o uso. 5.5.3.4 Prevenção de infecções respiratórias • Técnica de intubação traqueal. Deve ser a menos traumática possível, com o profissional utilizando óculos de proteção, máscara e luvas estéreis (ver detalhes da técnica no capí- tulo 10 – volume 2 desta obra). • Evitar extubação acidental. É necessária a fixação adequada do tubo e exame clínico e radiológico para verificação do posicionamento da cânula endotraqueal. • Cuidados com o equipamento de ventilação mecânica e acessórios O reservatório do umidificador deve ser preenchido com água estéril. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 107 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo Atenção • A água condensada nos circuitos costuma estar colonizada por bactérias patogênicas e deve ser desprezada em saco plástico, fechado e depositado em lixo hospitalar com tampa ou no expurgo. Higienizar as mãos após manipulação do circuito e condensado. • Nunca retornar a água condensada para o reservatório do umidificador, nem mesmo desprezar em panos próximo ao RN ou no chão. A troca dos reservatórios do umidificador deve ser feita no momento da troca dos circuitos do respirador ou mais vezes, seguindo a orientação do fabricante. A troca dos circuitos do ventilador não deve ser realizada com intervalo inferior a 48 horas, uma vez que essa prática não tem impacto na redução das pneumonias hospitalares. Não existe recomendação de tempo máximo para a troca. Em adultos, a troca com intervalos de até sete dias não demonstrou aumento da incidência de pneumonias hospitalares. No entanto, para o período neonatal, essa prática não está bem estabelecida, devendo ser melhor avaliada. Alguns serviços de Neonatologia vêm aumentando progressivamente o intervalo de troca entre cinco e sete dias, sem observar aumento da incidência de pneu- monias associadas à ventilação mecânica.13 • Cuidados na manipulação de secreções Devem ser seguidos os princípios de “precauções padrão” e os cuidados para evitar dis- seminação das secreções no ambiente hospitalar. A aspiração do tubo traqueal deve ser realizada somente quando necessária, com técnica asséptica, de preferência com a participação de dois profissionais, utilizando luvas e cateter de aspiração estéreis e descartando-os após o uso. Deve-se proteger os olhos do RN duran- te esse procedimento, evitando assim a contaminação por secreção pulmonar, que pode levar à ocorrência de conjuntivite. O conteúdo dos frascos do aspirador deve ser desprezado no expurgo, sempre que pos- sível, de acordo com a quantidade de secreção depositada. O frasco de aspiração deve ser trocado, assim como a extensão de látex, a cada 24 horas, ou menos, se necessário. • Cuidados com sonda gástrica A sonda gástrica deve ser trocada a cada 48 a 72 horas, segundo rotina do serviço, introdu- zida da maneira menos traumática possível e fixada adequadamente. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 108 Ministério da saúde Manter os RNs alimentados por sonda gástrica em decúbito elevado a 30º, evitando aspira- ção de conteúdo gástrico para os brônquios. • Uso de antiácido ou antagonista dos receptores para histamina tipo 2 O uso dessas drogas leva à neutralização da acidez gástrica. O aumento do pH favorece a colonização gástrica por bacilos Gram-negativos, aumentando o risco de pneumonia, especialmente nos pacientes em ventilação mecânica. 5.5.3.5 Cuidados com o coto umbilical A limpeza do coto umbilical ainda é uma questão polêmica na literatura. Diferentes produ- tos apresentam vantagens e desvantagens. O cuidado de mantê-lo limpo e seco é o mais aceito, devendo ser realizado uma vez ao dia ou mais, se necessário. Quanto ao produto a ser utilizado, o uso de antissépticos ou antimicrobianos parece ser de pouco valor na ausência de surto infeccioso na unidade de internação. Clorexidina mostrou ser eficaz na redução da colonização e infecção do coto, porém retarda a mumificação. Álcool a 70% acelera a mumificação, mas não interfere na colonização. Qualquer que seja o produto escolhido, este deve ser armazenado em frasco de uso individual. 5.6 Uso racional de antibióticos na UTI neonatal A indicação precisa do uso de antibióticos é fundamental para se evitar a indução de resis- tência bacteriana: • Sempre que possível, deve-se optar por monoterapia a partir dos resultados de cultura e antibiograma. • O antibiótico deve ser suspenso imediatamente quando o diagnóstico de infecção for descartado. • O uso de antibioticoprofilaxia cirúrgica deve objetivar concentração tecidual adequada no momento do procedimento. Assim, uma única dose administrada durante a indução anestésica é suficiente, exceto em atos cirúrgicos de longa duração ou quando ocorrem sangramentos abundantes, em que há necessidade de nova dose de antibiótico com o objetivo de manter níveis sanguíneos adequados. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 109 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo • O esquema empírico de tratamento das IHs depende do momento do aparecimento das manifestações clínicas (infecção precoce ou tardia), realização prévia de procedimentos invasivos, conhecimento da flora e padrão de resistência de cada hospital. Com base nesses princípios, sugere-se: Infecções precoces – ≤48h (provável origem materna) Penicilina ou ampicilina associada a um aminoglicosídeo (em geral a gentamicina) Infecções tardias – >48h (provável origem na unidade neonatal) Oxacilina associada à amicacina. O uso empírico de cefalosporinas de terceira e quarta gerações deve ser evitado, sendo recomendadas no tratamento de meningite, infecções em RN com insuficiência renal e infecções por bactérias resistentes aos aminoglicosídeos. Outros esquemas de tratamento empírico para infecções precoces e tardias podem ser definidos de acordo com a orientação CCIH de cada hospital. A ação mais importante com relação à antibioticoterapia na UTI neonatal é a suspensão imediata do antimicrobiano quando o diagnóstico de infecção for afastado ou quando do término do tratamento. Se o RN tem dificuldade de acesso vascular, está clinicamente estável e faltam um ou dois dias ou mesmo horas para o término da antibioticoterapia, avaliar a possibilidade de suspender a droga antes do tempo previsto. Essa medida irá prevenir novas complicações infecciosas. 5.7 Controle de bactérias multirresistentes A pesquisa de colonização ou infecção por bactérias