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Escatologia 5

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Prévia do material em texto

EA
D
Escatologia Cósmica da 
Pessoa e do Universo
5
1. OBJETIVOS
•	 Identificar	a	dimensão	cósmica	da	pessoa	e	do	Universo	
como	questão	escatológica.
•	 Compreender	os	fundamentos	da	Escatologia	cósmica	no	
AT	e	NT.
•	 Analisar	o	Reino	de	Deus	em	seu	significado	escatológico.
•	 Conhecer	a	plenitude	escatológica	do	Cosmo	e	do	Univer-
so	como	realização	em	Deus.
2. CONTEÚDOS
•	 Princípios	para	uma	Escatologia	cósmica	da	pessoa	e	do	
universo.
•	 A	Escatologia	do	Antigo	Testamento.
•	 Escatologia	do	Novo	Testamento:	grandes	linhas.
© Escatologia110
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
•	 O	Reino	de	Deus:	uma	processualidade.
•	 Tensões	escatológicas.
•	 Novos	termos	de	Escatologia.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Ao	começar	a	estudar	a	unidade,	 leia	os	 títulos	e	sub-
títulos,	 procurando	 compreender	 e	 refletir	 sobre	 cada	
conteúdo.
2)	 Ao	 ler	os	 textos,	não	 se	esqueça	de	anotar,	os	 termos	
novos	e	desconhecidos.
3)	 Sublinhe	os	novos	conceitos,	no	seu	texto.	E	procure	re-
sumir	o	conteúdo	dos	diversos	itens.
4)	 Tenha	sempre	presente	os	Conceitos-chave	da	disciplina	
(gráfico),	para	situar-se	no	estudo	da	unidade.	
5)	 Não	 esqueça	 de	 aprofundar	 a	 temática	 por	 meio	 das	
referências	 bibliográficas	 indicadas.	 Escreva	 um	 texto	
sobre	o	que	você	entende	sobre	o	"Reino	de	Deus",	e	
compare,	ao	final,	com	as	ideias	que	serão	apresentadas	
nesta	unidade.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
As	quatro	unidades	anteriores	propuseram	a	abordagem	dos	
grandes	e	 tradicionais	 temas	da	Escatologia	que,	especialmente,	
se	impuseram	na	reflexão	teológica,	na	doutrina	da	Igreja	e	na	tra-
dição	popular.	Dessa	maneira,	 como	 ficou	evidente,	 todos	esses	
grandes	 termos	 (Céu,	 Inferno,	 Juízo)	 são,	em	geral,	mantidos	na	
reflexão	 ampla	da	 Escatologia	 e,	 como	é	natural,	 com	maior	 ou	
menor	profundidade.	Em	geral,	porém,	são	vistos,	principalmente,	
em	um	contexto	de	Escatologia	pessoal	e/ou	individualizante.
111© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
Nesta	unidade	e	na	unidade	seguinte,	queremos	fazer	uma	
abordagem	mais	ampla,	enfocando	as	dimensões	coletivas	e	cós-
micas	da	questão	escatológica.	Para	tanto,	convidamos	você	a	re-
tomar	alguns	dos	grandes	princípios	prévios	da	Escatologia	a	fim	
de	fundamentar	as	novas	concepções.	Ao	mesmo	tempo,	preste	
atenção	ao	esquema	conceitual	a	seguir,	como	um	roteiro	de	es-
tudos.
Bom	estudo!
5. PRINCÍPIOS PARA UMA ESCATOLOGIA CÓSMICA 
DA PESSOA E DO UNIVERSO
Veja	a	seguir	os	princípios	para	uma	Escatologia	cósmica	da	
pessoa	e	do	Universo:
1)	 É	óbvia	a	distinção	entre	a	salvação	(o	ato	de	Deus	sal-
var)	e	a	história	da	salvação	(como	Deus	vai	salvando	na	
história).
2)	 A	salvação	é	um	projeto	que	Deus	vem	executando	des-
de	o	início	do	mundo	(da	criação)	e	que	ele	só	terminará	
na	pátria	celeste,	quando	a	humanidade	e	o	Cosmo	fo-
rem	apresentados	de	modo	definitivo	por	Cristo	ao	Pai	
(a	Parúsia).
3)	 Deus	quer	a	salvação	de	todos	por	meio	de	Jesus,	a	quem	
foi	delegado	esse	processo	(cf.	Af	1,3-13).
4)	 A	salvação,	que	consiste	no	aspecto	positivo,	na	consu-
mação	do	projeto	divino,	implica	na	realização	plena	dos	
seres	humanos	e	do	Cosmo	todo.
5)	 Ela	é	uma	ação	escatológica,	pois	ultrapassa	toda	a	his-
tória	terrena	e	humana	mesmo	que	comece	a	acontecer	
nessa	história.
6)	 A	ressurreição	de	Jesus	é	a	concentração	humana-esca-
tológica	máxima,	 cuja	 revelação	 já	nos	 foi	dada	e	 cuja	
promessa	 vai	 em	 curso	 na	 tensão	 do	 "já-mas-ainda-
-não".	A	realização	da	promessa	já	aconteceu	em	Cristo	
ressuscitado	 como	antecipação;	mas	nós,	os	herdeiros	
© Escatologia112
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
dessa	promessa,	ainda	não	participamos	dela	por	ainda	
estarmos	na	história.
7)	 O	definitivo,	em	termos	escatológicos,	é	a	completude	
de	todo	o	projeto	divino.	Quer	dizer:	homens	e	mulheres	
novos,	novos	céus	e	nova	terra	(o	Cosmo	todo),	por	meio	
de	Jesus,	o	Verbo	de	Deus,	participarão,	de	modo	defi-
nitivo	e	irreversível,	da	glória	de	Deus.	Essa	realidade,	a	
glória	de	Deus	à	qual	tudo	e	todos	são	chamados,	trans-
cende	à	história	 e	 concretiza	o	 anseio	posto	por	Deus	
no	coração	de	toda	criatura	em	poder	ver	a	Deus	e	viver	
face	a	face	com	ele,	participando	de	sua	glória,	porque	
assemelhados	a	ele.
8)	 A	grande	realidade	escatológica	é	a	definitiva	implanta-
ção	do	Reino	de	Deus	sobre	tudo	e	todos.	Por	consequ-
ência,	a questão do Reino de Deus voltou a ser central 
na reflexão escatológica de hoje.
Viver	em	Deus	em	sua	glória	e	de	sua	glória:	 isto	é	o	céu.	
Quer	dizer:	o	céu	é	a	plenitude	de	realização	do	projeto	salvífico	de	
Deus	para	os	homens	e	para	todas	as	criaturas	visíveis	e	invisíveis.	
A	perda	dessa	realidade	é	possível,	mas	não	necessária,	e	nessa	
consistirá	o	inferno	–	a	absoluta	frustração	da	criatura.
Portanto,	é	importante	recordar	que	a	encarnação	do	Verbo	
e	a	sua	pregação	tornam-se,	para	os	cristãos,	os	pressupostos	fun-
dantes	de	sua	fé	e	pressupõem,	como	compromisso,	a	vigilante	es-
perança	e	a	positiva	participação	na	construção	do	Reino	de	Deus	
aqui	e	agora	segundo	o	ensino	de	Jesus,	quer	em	suas	parábolas,	
quer	em	sua	mensagem	direta:	"Cumpriu-se	o	tempo.	O	reino	de	
Deus	já	está	próximo"	(cf.	Mc.	1,15).
Isto	posto,	você	deverá	voltar	os	seus	estudos	para	as	ques-
tões	mais	 amplas	 da	 Escatologia	 comunitária	 e	 cósmica	 sem	 ig-
norar	os	temas	 indicados	nas	quatro	unidades	anteriores,	pois	é	
somente	no	enquadramento	amplo	que	aquelas	questões	escato-
lógicas	terão	guarida	e	unidade.
113© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
6. A ESCATOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO
Retomemos	alguns	elementos	bíblicos	da	história	da	salvação.
E	o	Senhor	disse	desde	a	sarça	ardente	a	Moisés:	"Vi	a	aflição	
de	meu	povo	e	desci	para	salvá-los	das	mãos	dos	egípcios"	(Ex	3,7).
Esta	é	uma	das	mais	radicais	revelações	de	Deus	e	que,	por	
primeiro,	os	hebreus	vão	conhecer:	o	Deus	deles	é	o	Deus	que	sal-
va.	Essa	concepção	precede	a	de	que	Deus	é	criador.	Deus	salvador	
é	o	mesmo	Deus	das	alianças	que	mais	processa,	acompanha,	sus-
tenta	e	salva	seu	povo.	O	hebreu,	sempre	que	reconta	sua	história,	
realça	a	presença	divina	como	salvadora.
Você	deve	recordar	que,	em	geral,	no	AT,	o	ser	humano	sal-
vo	é	a	pessoa	feliz.	A	Escatologia	veterotestamentária	tinha	como	
grande	centro	de	salvação	questões	bem	terrenas	e	sem	maiores	
preocupações	com	o	além.
Assim,	um	homem	feliz	era	aquele	que	se	sentia	abençoado	
por	Deus,	podendo:
1)	 ter	 terra,	pátria	 (desgraça	e	perdição	era	morrer	e	 ser	
sepultado	longe	dos	seus);
2)	 ter	filhos,	e	de	preferência,	muitos	filhos	(por	quem	se	
prolongaria	 sua	 existência).	 Lembre-se	 do	 contexto	 da	
família	 patriarcal;	 ela	 que	 dava	 identidade	 pessoal	 a	
cada	membro	da	família;
3)	 ter	bens	e	propriedades	(campo	para	plantar,	gado	para	
criar);
4)	 ter	longevidade	(é	poder	ter	vida	longa	mesmo	que,	na	
evolução	da	história,	já	por	influencia	de	outros	povos,	
se	fala	do	sem	sentido	da	vida);
5)	 poder	louvar	a	Deus	em	paz	(Shalom)	e,	se	possível,	ir	ao	
templo	de	Jerusalém	(a	morada	do	Senhor);
6)	 por	fim,	a	questão	da	morte	(dada	as	condições	anterio-
res)	era	até	aceitável,	pois	recebera-se	tantos	benefícios	
de	Deus,	e	ela	era	inexorável	mesmo	que	se	fosse	viver	
no	sheol.
© Escatologia114
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
No	passar	do	tempo	e	no	contato	com	outros	povos	e,	prin-
cipalmente,	pelas	experiências	de	vida	(seja	como	livre	ou	como	
escravo),	o	povo	do	AT	fez	evoluir	seu	modo	de	vida	e	sua	compre-
ensão	diante	da	vida	e	do	além.
Nas	 questões	 de	 Escatologia,	 mesmo	 sem	 uma	 evolução	
crescente	e	uniforme,	surgem	preocupações	com	a	 imortalidade	
da	alma,	a	ressurreição,	a	retribuição,	o	julgamento,	o	sentido	da	
morte,	a	volta	do	Senhor	como	juiz	etc.
7. ESCATOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO: GRANDES 
LINHAS
As	ideias	escatológicas	do	AT	eram	correntes no tempo de 
Jesus e dos apóstolos.	Contudo,	elas	não	eram,especificamente,	
as	maiores	preocupações	de	Jesus,	mesmo	que	as	reafirme.
A centralidade da pregação de Jesus foi o amor incondicional de 
Deus por sua criatura e pelo Reino de Deus, que estava chegando 
e que ele também o esperava até o tempo de sua morte.
Em	torno	das	duas questões (o amor incondicional de Deus 
pelos seres humanos e o Reino de Deus),	Jesus	reorganiza	e	reo-
rienta	as	questões	pertinentes	à	Escatologia.	Por	um	lado,	ele	rea-
firma	a	divina	vontade	do	Pai	sobre	a	felicidade	do	ser	humano	na	
Terra.	Por	outro,	indica	sua	plenitude	na	vida	do	Além.
8. O REINO DE DEUS (UMA PROCESSUALIDADE)
O Reino de Deus
A	boa	notícia	que	Jesus	anunciou	está	centrada	no	dinâmico	
Senhorio	de	Deus	ou	no	Reino	de	Deus.	Mais	que	um	reino,	dever-
-se-ia	compreender	essa	expressão	como	o	reinado	de	Deus	ou	o	
ato	de	Deus	reinar.
115© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
Há	várias	referências	de	Jesus	sobre	a	presença	e	o	signifi-
cado	do	Reino,	mesmo	que	ele	não	faça	uma	abordagem	acadê-
mica	ou	que	descreva	para	nossa	mentalidade	aquilo	que	ensinou	
no	contexto	semita	e	que	todos	entendiam	o	que	ele	queria	dizer.	
Ele	foi	claro	ao	afirmar	que	seu	Reino	não	era	deste	mundo;	en-
tretanto,	foi	para	isto	que	ele	viera	ao	mundo:	para	anunciá-lo	e	
implantá-lo	aqui,	 inclusive	por	meio	de	sua	morte,	se	necessário	
fosse	(cf.	5,15;	Mt	4,17,	6,1;	13,43;26,29).
O	Reino	de	Deus	não	é	deste	mundo	nem	para	este	mun-
do,	mas	antecipa-se	neste	mundo.	Ele	é	sempre	uma	realidade	de	
Deus	e	em	Deus.	Nele,	estará	realizado	todo	o	projeto,	o	plano	de	
Deus,	em	que,	sem	as	tensões	da	história,	estarão	de	modo	defi-
nitivo:
1)	 A	glória	de	Deus,	como	no	grande	banquete	escatológi-
co	indicado	por	Jesus	e	apresentado	no	Apocalipse.
2)	 A	evidência	de	que	Deus	é	o	único	Senhor	de	tudo	quan-
to	existe	não	para	marcar	uma	autocracia,	mas	para	res-
saltar	que	todo	o	criado	é	fruto	do	amor	divino	feito	para	
participar	desse	amor,	pois	"Deus	é	amor	e	quem	per-
manece	no	amor,	permanece	em	Deus"	(1Jo	4,16).
3)	 No	Senhorio	de	Deus,	todas	as	coisas	criadas,	as	visíveis	
e	 as	 invisíveis,	 estarão	 juntas	 na	 liturgia	 celeste.	 Cada	
uma	delas	participará	em	sua	própria	perfeição	e	com-
pletude,	e	todas	juntas,	vendo	a	Deus	e	participando	de	
sua	glória,	louvarão	ao	Senhor,	o	único	Deus.
4)	 A	realeza	de	Deus	é	libertadora	de	todos	os	males	e	de	
todas	as	opressões.	Ela	é	a	garantia	de	justiça	aos	opri-
midos	e	excluídos.	No	reinado	de	Deus,	não	poderá	ha-
ver	oprimidos	nem	opressores.	Isaías,	em	suas	parábolas	
assertivas,	afirma	que	até	os	inimigos,	incluídos	os	ani-
mais,	haverão	de	viver	em	paz	e	em	harmonia:	o	lobo	e	
o	cordeiro;	a	criança	e	a	serpente	etc.	São	Paulo	prevê	
que,	em	Cristo,	no	Reino,	não	haverá	mais	oposição	en-
tre	judeus	e	gregos,	entre	homem	e	mulher,	entre	livre	
ou	escravo	etc.
© Escatologia116
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
5)	 A	realeza	de	Deus	é	criadora	da	 fraternidade	universal	
graças	à	filiação	adotiva	por	meio	de	Cristo,	de	quem	so-
mos	herdeiros.
6)	 As	 curas	e	os	 sinais	 (milagres)	de	 Jesus	 são	uma	ante-
cipação	(localizada	e	provisória)	da	perfeição	do	Reino.	
Os	indicativos	de	sua	atividade	curadora	apontam	para	a	
saúde	plena	e	para	a	saciedade,	para	a	dignidade	auferi-
da	e	para	a	restituição	da	sociabilidade,	bem	como	para	
a	justiça	e	para	a	paz	(shalom)	entre	todos.
Jesus,	o	anunciador	e	o	antecipador	desse	Senhorio	dinâmi-
co	de	Deus,	indica	algumas	situações	que	devem	já	ir	acontecendo	
neste	mundo	para	a	plenificação	do	Reino:
•	 fazer	sempre	a	vontade	de	Deus	 (amar-nos	uns	aos	ou-
tros,	inclusive	aos	inimigos,	e	amar	ao	próprio	Deus	acima	
de	tudo,	pois	o	mais	será	dado	de	acréscimo);
•	 já	é	necessária	uma	renovação	da	obra	criada	(incluindo	
os	seres	humanos),	pois,	por	si	só,	sem	Deus,	ela	se	torna	
velha.	A	insistência	na	conversão	(renovação)	e	na	centra-
lidade	de	Deus	são	constantes	no	discurso	de	Jesus,	que	
colabora	com	o	Pai	nessa	construção	do	Reino	por	meio	
de	curas	e	sinais	(milagres),	da	indicação	do	amor	ao	Pai	
e	de	seu	pessoalmente	pelos	pobres,	pecadores	e	exclu-
ídos,	da	exigência	e	da	efetivação	do	perdão,	da	garantia	
de	justiça	para	todos;
•	 a	esperança	do	futuro	em	que	se	manifestará	a	realeza	de	
Deus,	que	plenificará	seus	filhos,	suas	filhas	e	o	Universo	
criado.	A	esperança,	que	olha	pelo	futuro,	não	está	isenta	
já	neste	mundo	da	luta	pelo	pão	de	cada	dia,	pela	justiça	
e	pela	dignidade.
O	Reino	de	Deus	é	uma	questão	holística,	não	uma	situação	
a	mais	entre	outros	fatos,	quer	terrenos,	quer	celestes.	Por	 isso,	
ele	se	torna	único	e	o	mesmo	desde	a	história	dos	homens	e	de	
Deus.
117© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
Assim,	o	Reino	tem,	ao	mesmo	tempo,	um	caráter	histórico	e	
transcendente.	É	um	acontecimento	que	"se	aproxima"	(Mc	1,15),	
que	está	próximo	(Lc	21,31),	que	surpreende,	conforme	é	narra-
do	em	 inúmeras	parábolas	 (cf.	Mc	4,26;	 4,36;	Mt.	 13,	 24.45.47;	
18,	23;	20,1;	22,2;	25,1).	Ele	enche	de	esperança	na	libertação	(cf.	
Mt	5,10)	e	dá	plenitude	de	 vida,	 simbolizado,	por	exemplo,	nos	
banquetes	 messiânicos,	 especialmente	 (cf.	 Mc	 14,25;	 Lc	 14,15;	
22,16;	Mt	13,43).	Ele	é	anunciado	como	salvação	(cf.	Mc	1,14-15;	
Mt	4,23;	9,35;	24,	14).
No	entanto,	o	Reino	que	Jesus	chegou	a	pensar	que	seria	im-
plantado	durante	sua	vida	implica	na	paradoxidade	de	sua	morte,	
antecipada	na	ceia,	com	o	pão	partido	e	o	vinho	(sangue)	derrama-
do.	Surpreendentemente,	implica	no	paradoxo	da	ressurreição	do	
crucificado,	que	será	entronizado,	efetivamente,	à	direita	do	Pai,	
como	soberano	messiânico,	senhor	e	juiz	nosso	sem	deixar	de	ser	
um	dos	nossos	(enquanto	permanece	um	da	Trindade).
O	 Reino	 já	 está	 presente	 em	 Jesus,	 em	 sua	 vida,	 em	 suas	
obras,	em	sua	morte	e	em	sua	ressurreição.	Nele,	o	Reino	com-
pleta,	antecipadamente,	todo	o	seu	caminho.	Contudo,	nós	só	o	
veremos	quando	estivermos	já	participando	da	vida	de	Deus.	En-
quanto	isso,	nós	o	aguardamos	em	esperança	e	suplicando:	"Vem,	
Senhor	Jesus"	e	ele	responde,	"sim,	venho	muito	em	breve!"	(cf.	
Ap	22,20).
Enquanto	 isso,	o	Reino	anunciado	por	 Jesus	 vai	 crescendo	
entre	nós	como	é	contado	por	meio	de	parábolas	que,	descreven-
do	o	 cotidiano	de	 ser	 povo,	 remetem	à	 compreensão	para	 algo	
sempre	maior.	Veja,	por	exemplo:	o	Reino	de	Deus	é	como	a	se-
mente	que	produz	frutos,	como	a	rede	de	pesca	atirada	ao	lago,	
como	um	banquete,	como	o	grão	de	mostarda,	como	um	pai	que	
junta	tesouro	antigos	e	novos.
Mesmo	que	Jesus	não	tenha	detalhado	discursivamente	em	
que	consiste	o	Reino,	seus	ouvintes	sabiam	bem	entender	que	a	
situação	ideal	não	era	a	real,	a	histórica.	Era	preciso,	então,	supe-
© Escatologia118
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
rar	e	transformar	o	presente,	a	história.	Era	necessária,	porém,	a	
superação	plena,	para	que	pudessem	imperar,	definitivamente,	a	
igualdade	entre	 todos,	a	 fraternidade	comum,	a	alegria	de	viver	
em	Deus	para	sempre.	Dessa	maneira,	Jesus	estava	convicto	sobre	
a	 expansão	 do	 Reino	 na	 história	 até	 sua	 definitiva	 implantação.	
Esse	legado	nos	deixou.	Segui-lo	é	crer	e	colaborar	na	implantação	
desse	reino.
O amor incondicional de Deus
Em	diversas	disciplinas	de	seu	curso,	você	se	defrontou	com	
o	tema	do	amor	de	Deus.	Não	vamos	retomá-lo	aqui,	a	não	ser	sob	
o	viés	escatológico.
Você	deve	recordar-se	sempre	de	que	Deus	nos	criou	por	li-
vre	e	espontânea	vontade.	Não	tinha	necessidade	de	nada	do	que	
existe.	Bastava-lhe	sua	felicidade	como	Pai,	Filho	e	Espírito.	Em	sua	
decisão	de	repartir	seu	amor	infinito,	criou	o	Universo	cósmico	e,	
nele,	o	ser	humano,	para	partilhar,	ainda	que	limitadamente,	seu	
amor.	O	ser	humano	tornou-se	o	especial	herdeiro	desse	amor	por	
ser	sua	imagem,	que,	um	dia,	teria	a	possibilidade	de	ser	sua	se-
melhança	na	Parúsia.
O	Pai	amou-nos	tanto	que	tudo	fez	por	meio	de	seu	Filho;	
nele,	fomos	criados	para	ser	santos	e	perfeitos.	Para	confirmar,	na	
história,	esse	amor	divino	nos	deu	seu	próprio	e	único	Filho.	O	Fi-
lho	que,	sem	levar	em	conta	suadivindade,	se	fez,	em	tudo,	igual	
a	nós,	nascendo	da	carne	humana.	Passou	pelo	mundo	fazendo	o	
bem.	Entretanto,	como	insiste	São	João	Evangelista,	deu	a	vida	por	
nós,	em	amor.	Por	amor	a	ele,	o	Pai	o	ressuscitou;	na	ressurreição	
do	Filho,	o	Pai	antecipou,	de	modo	escatológico,	 todo	seu	amor	
por	nós,	a	quem	nos	haverá	de	ressuscitar.
Só	pela	 ressurreição,	 haveremos	de	 tornar-nos	 "autentica-
mente	humanos",	capazes	de	ver	a	Deus	e	de	viver	com	ele	"face	
a	 face".	Esse	amor	 incondicional	de	Deus	é	extensivo	a	todo	ser	
humano,	sem	exceção.	Conforme	ensina	a	Igreja,	Deus	é	tão	oni-
119© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
potente	que	é	capaz	de	aceitar	a	frustrante	recusa	de	alguém	que	
quis	construir	sua	perdição.
Detalhes na pregação de Jesus sobre questões do Reino
A	pregação	de	Jesus,	no	quadro	do	Reino	de	Deus,	aprofun-
da	certas	particularidades	escatológicas.
A	partir	dos	sinóticos,	pode-se	constatar:
1)	 A	 frequência	e	a	visibilidade	que	 Jesus	dá	às	questões	
da	vida	bem-aventurada	ao	utilizar	parábolas	e	imagens	
que	falam	de	realidades	experimentadas,	mas	que	car-
regam	um	significado	muito	maior,	como,	por	exemplo,	
a	do	banquete	messiânico	ou	a	do	convite	para	as	festas	
de	núpcias,	a	vida	na	Nova	Jerusalém,	a	rede	cheia	de	
peixes,	a	colheita	abundante,	a	semeadura	do	trigo	e	do	
joio	etc.
2)	 Enfatiza	as	exigências	para	se	ver	(e	viver)	em	Deus:	as	
bem-aventuranças,	a	vigilância,	a	simplicidade	da	crian-
ça	etc.
3)	 Os	milagres	e	as	curas	que	antecipam	a	vontade	de	Deus	
para	um	mundo	que	chegue	à	sua	perfeição,	sem	cegos,	
coxos,	aleijados,	surdos,	mudos,	pecadores,	pobres,	es-
trangeiros	etc.
4)	 utiliza	a	linguagem	apocalíptica	falando,	especialmente,	
da	vinda	do	Filho	do	homem,	do	Juízo	Final,	das	coisas	
que	acontecerão	antes	do	fim.
5)	 Indica	a	vida	eterna	e	feliz	acima	de	certos	objetivos	bem	
terrenos.	Por	exemplo:	"É	melhor	para	ti	entrar	na	vida	
eterna	tendo	um	só	olho..."	(cf.	Mc	9,43-45).	O	conselho	
dado	ao	jovem	rico	indica	a	vida	eterna	como	o	conheci-
mento	do	verdadeiro	Deus	e	de	seu	enviado	(cf.	Jo	17,3)	
–	o	que	as	epístolas	joaninas	vão	explicitar,	como	o	viver	
em	Deus,	o	estar	em	comunhão	com	ele,	o	permanecer	
nele	etc.
6)	 Da	absoluta	frustração	de	vida	dos	condenados	ao	fogo	
do	inferno,	onde	haverá	choro	e	ranger	de	dentes,	onde	
moram	o	demônio	e	seus	anjos.
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7)	 Renova	a	interpretação	da	retribuição	e	de	sua	presen-
ça,	como	na	parábola	do	rico	e	do	pobre	Lázaro,	do	julga-
mento	final,	dos	convidados	aos	banquetes,	das	virgens	
loucas	e	prudentes,	do	"bom	ladrão"	na	cruz	etc.
8)	 A	grande	preocupação	escatológica	de	Jesus	com	a	im-
plantação	 do	 Reino	 indica	 o	 gratuito	 e	misericordioso	
senhorio	de	Deus,	que	tudo	criou	para	participar	de	sua	
glória.
Ao	indicar	esses	vários	elementos	escatológicos	transmitidos	
por	Jesus,	reafirmando	a	essência	doutrinária	 já	do	AT,	é	preciso	
recordar:	Jesus não transfere a salvação para o Além.	Antes,	ele	
a	 indica	em	sua concretude passando pela história.	Por	 isso,	os	
cegos	são	curados,	os	coxos	andam,	os	surdos	ouvem,	os	excluídos	
são	reintegrados;	ele	come	com	pecadores,	põe-se	junto	às	crian-
ças	e	às	mulheres,	chama	discípulos	e	discípulas,	propõe	um	modo	
de	vida	fraterna	no	qual	só	o	Senhor	é	mestre	e	todos	são	iguais,	
recupera	a	dignidade	do	ofendido	e/ou	do	perdido	etc.	Jesus,	em	
atitudes	concretas,	faz	ver	que	o	Reino	já	começa	aqui,	mas	sem	
aqui	se	esgotar.
Essa	 tensão	 se	 revela	bem	em	seus	milagres,	 suas	 curas	e	
seus	ensinamentos.	Veja,	por	exemplo,	a	oração	do	Pai-Nosso	sob	
esse	prisma.
9. TENSÕES ESCATOLÓGICAS
Da	pregação	de	 Jesus,	há	outro elemento fundamental:	 a	
tensão	escatológica	entre	o	presente	(o	já)	e	o	futuro	(o	ainda	não)	
que	se	aproxima	por	meio	de	sua	pessoa.	Daí	decorre	seu	perma-
nente	alerta	"Estar	vigilantes".
Já	se	afirmou,	muitas	vezes,	que	a	mensagem	de	Jesus	e	do	
Cristianismo,	sem	perder	sua	incidência	histórica,	tem	um	funda-
mento	escatológico.
121© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Essa realidade é percebida no plano de Deus, revelado na história como uma 
história de salvação, cuja fonte máxima da revelação está na encarnação do 
Verbo e cuja realização máxima já aconteceu, antecipadamente, na ressurreição 
do Verbo. No final dos tempos, todos participarão da vida nova como homens e 
como transformados, definitivamente, em homens novos, em novo Céu e nova 
Terra.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assim,	a	 chamada	Escatologia	 coletiva	e	 cósmica	está	 fun-
dida	na	vontade	salvífica	de	Jesus,	cuja	realização	acontece	como	
missão	do	Verbo,	assistida	pela	"outra	mão"	de	Deus:	o	Espírito	
Divino.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você pode recorrer ao texto de Ef 13-14 e perceber não apenas as seis bênçãos 
realçadas pelas diversas notas respectivas da Bíblia de Jerusalém, mas, espe-
cialmente, aprofundar os três estágios do plano de Deus:
• O primeiro você encontrará entre os versículos 3-6.
• O segundo, entre os versículos 7 e 10.
• O terceiro, entre os versículos 11 e 14.
O primeiro refere-se à criação; o segundo, ao papel histórico-cósmico de Cristo; 
e o terceiro, a consumação do plano. Note que há uma unidade, não momen-
tos estanques que se iniciam com a criação até a consumação. Tanto a criação 
quanto a revelação de Cristo são contínuas até à conclusão do projeto divino.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Lembre-se	de	que	toda	a	criação,	desde	o	início	até	sua	con-
sumação,	 faz	 parte	 do	 plano	 salvífico	 de	Deus.	 Deus	 tudo	 criou	
para	que	todo	o	criado	participe	de	modo	definitivo	(na	vida	eter-
na)	de	sua	glória.
Toda	 a	 criação	 vive,	 na	 história,	 uma	 real	 provisoriedade.	
Não	temos	aqui	morada	permanente	rumo	ao	definitivo	no	Além.	
Viver	em	provisoriedade	é,	em	si,	um	modo	de	viver	real,	objetivo.
O	ser	humano,	na	condição	de	individualidade	e	coletivida-
de,	influi	e	modifica	positiva	e	negativamente,	a	história,	por	causa	
de	sua	liberdade,	sob	a	graça	ou	a	recusa	da	graça	de	Deus.
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A vida eterna, dom de Deus, será da competência não do ser hu-
mano, mas de Deus. Nela, Deus fará que tudo e todos atinjam a 
plenitude sonhada e querida por ele, desde toda a eternidade e 
para toda a eternidade.
A	presença	do	Reino	de	Deus	não	só	é	anunciada,	mas	tam-
bém	é	acionada	por	Jesus	para	a	história,	pois	Ele	é	o	"fermento"	
que	vai	levedando	o	mundo	definitivamente.	A	obra	criação	já	vai	
vivendo	sua	páscoa	(passagem)	para	o	definitivo,	que	transcende.	
O	surgimento	do	"novo"	implica	na	morte	do	"velho	mundo".	Essa	
morte	(tanto	de	cada	um	como	de	todos	os	seres	humanos	e	do	
Cosmo	todo)	é,	na	 realidade,	a	passagem	(páscoa).	Sem	a	graça	
benfazeja	da	morte,	não	surge	o	mundo	novo.
A	morte	 não	 tem	 sentido	 quando	 olhada	 para	 dentro	 de	 nosso	
mundo.	Porém,	seu	significado	está	em	ser	a	ocasião	crítica	de	pas-
sagem	para	o	mundo	(escatológico,	porque	definitivo)	de	Deus.	Ela	
implica	na	 transformação	radical.	Ou	como	disse	 Jesus:	"se	a	se-
mente	não	morre,	não	produz	fruto".	S.	Paulo	afirma	o	mesmo	com	
outras	palavras:	é	de	dentro	do	corpo	mortal	que	surge	por	ocasião	
da	morte	–	a	vida	incorruptível,	ressuscitada	(cf.	1	Cor.	15).
A	utopia	cristã	(o	mundo	novo,	com	tudo	o	que	ele	implica)	
torna-se	"topia"	em	Deus.	Lembre-se	de	que	utopia significa	o	que	
não	existe	em	lugar	nenhum	e	topia	o	que	existe	em	algum	lugar.
Sugerimos que você lei a belíssima página sobre a relevância 
da ressurreição de Jesus como realização da utopia humana em 
BOFF (1972), p. 134ss; capítulo VI, nas edições mais recentes.
A	esperança	sobre	a	promessa	de	Deus	acerca	do	futuro	é	
nossa	utopia.	Entretanto,	Deus	já	demonstra	seu	cumprimento	por	
meio	da	ressurreição	de	Jesus.	Pela	ressurreição,	Jesus	já	é	o	ser	
humano	novo	e	definitivo.	Nele,	a	utopia	já	se	tornou	topia;	Jesus	
éo	novo	e	definitivo	ser	humano	porque	concretiza	a	realidade	es-
catológica	que	nós	vivemos	em	esperança,	pois	é	o	que	Deus	nos	
prometeu	ao	estabelecer	seu	plano	salvífico.
123© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
Todas	as	coisas,	especialmente	nós,	os	humanos,	não	foram	
feitas	prontas	e	acabadas.	Todo	o	Universo	é	processual,	desenvol-
ve-se	até	sua	plenitude,	seu	acabamento	ou	sua	consumação.
10. NOVOS TERMOS DE ESCATOLOGIA
Aqui,	 introduzimos	 os	 termos novos da Escatologia:	 "ple-
nitude",	"acabamento"	e	"consumação".	Poder-se-ia	acrescentar,	
também,	"fim	do	mundo".	Tais	termos	têm	um	significado teoló-
gico	para	além	da	linguagem	cotidiana	e	comum.	Nesta,	normal-
mente,	 tais	 termos	 indicam	que	as	 coisas	 chegaram	ao	 seu	 fim.	
Fim,	no	sentido	de	acabado	e	pronto.	Deixariam	de	existir.	Deram	
o	que	deviam	dar.	Na	Teologia,	eles	significam	que	aquilo	que	esta-
va	sendo,	existindo,	ia	caminhando	para	sua	perfeição.	Algo	como	
se	 fosse	 uma	 semente	 que	 deve	 germinar	 até	 seu	 acabamento	
(fim)	de	semente,	para,	então,	tornar-se	uma	planta.	Ou	como	um	
ovo	no	choco,	que	se	acaba	enquanto	ovo	para	dar	origem	a	uma	
nova	vida:	a	da	ave.
"Fim", "acabamento", "plenitude" e "consumação" são termos que 
têm o significado escatológico de que todo o criado chegou ao 
final do processo provisório e agora está pronto para ser o que se 
queria desde o início.
Em	outros	exemplos:
1)	 um	namoro	acaba	ou	porque	se	descobriu	que	um	não	é	
feito	para	o	outro	ou	porque,	após	a	caminhada	dos	dois,	
eles	 "acabaram"	 casando;	 deixam	 de	 ser	 namorados,	
porque	se	transformaram	em	casados.	Eles	namoraram	
para	 casar	e,	no	casamento,	atingiram	seu	 fim;	 consu-
mou-se	o	namoro,	 acabou-se	 e	não	é	mais	 necessário	
esse	período	prévio	para	viver	felizes	como	casados;
2)	 ninguém	estuda	só	para	ser	estudante;	quando	o	estudo	
acaba,	tem-se	o	profissional	que	sempre	se	quis	ser;
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3)	 na	tradição	cristã	e	mesmo	na	tradição	bíblica,	frequen-
temente,	 o	 fim	 foi	 dado	 como	algo	 catastrófico,	 como	
uma	destruição	da	realidade;
4)	 aqui,	 o	 conceito	 deve	 ser	 visto	 em	 sentido	 contrário:	
esgotou-se	a	fase	provisória	de	passagem,	pois	se	passa	
ao	definitivo.	A	morte	 (em	sua	dimensão	escatológica)	
é,	pois,	a	passagem	bendita	para	Deus	em	que	continua	
a	vida	daquela	mesma	pessoa	que	agora	viverá	ressus-
citada.
Nesse aspecto, morte não é o contrário de vida nem significa que 
tudo (catastrófica ou placidamente) acabou para sempre. Ela é a 
passagem de uma vida provisória, cheia de contradições, para 
uma vida definitiva e feliz, a ser vivida eternamente em Deus.
O que vem, pois, a ser o mundo consumado e acabado? O que 
vem a ser o ser humano em plenitude?
O	ser	humano	em	plenitude	é	quem	deverá	estar	habilitado	
a	viver	diante	de	Deus	de	modo	definitivo,	podendo	participar	da	
vida	divina	de	modo	irreversível.	O	ser	humano	que	atingiu	o	fim	
do	projeto	de	Deus	é	ser	verdadeiro	e	completamente	humano,	
sem	 sombras	 nem	provisoriedade.	 Ele	 passará	 a	 ser	 "autentica-
mente	humano",	como	o	é	Jesus.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na história das ideias da Teologia, muitos deram como sinônimo a esta expres-
são "autenticamente humano" as expressões "ser santo", "ser divinizado", ser 
"deificado" ou até "justificado". 
Nós sabemos: Deus nos fez humanos para atingir toda a densidade humana, 
sem nos transformar em algo que nos fizesse "divinizados" ou "deificados".
A preferência nossa e da grande maioria dos teólogos de hoje que refletem as 
questões humanas é valorizar nossa realidade humana, e, por isso, usam a ex-
pressão "autentica ou plenamente humano", como Jesus, o que, por primeiro, se 
tornou "plenamente humano" pela ressurreição.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	ser	humano,	na	plenitude	escatológica,	conserva	sua	iden-
tidade	histórica,	 agora	acrescida	de	 todos	os	 "sonhos"	de	Deus,	
125© Escatologia Cósmica da Pessoa e do Universo
quando	o	chamou	à	vida,	a	fim	de	que	ele	viva	a	vida	em	plenitu-
de,	como	glória	que	glorifica	a	Deus	e	é	por	Deus	glorificado,	por	
ter	efetivado	o	projeto	divino.	Viver	assim	é	viver	inimaginável	por	
nós,	similar	à	união	de	dois	gametas	(um	masculino	e	outro	femi-
nino)	capazes	de	gerar	um	ser	humano,	algo	que	é	tão	normal	e	
natural	pra	nós	tão	somente	porque	conhecemos	essa	realidade.	
Neles	dois	repousa	o	mistério	inaudito	da	vida.
É	assim	que	a	transformação	e	a	ressurreição	do	Cosmo	e	do	
ser	humano,	em	realidades	consumadas,	cimentarão	a	plenitude	
do	Reino	de	Deus.
11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	seu	de-
sempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Escreva	resumidamente	cinco	grandes	ideias	desta	unidade.
2)	 Como	justificar	a	esperança,	do	ponto	de	vista,	da	escatologia	cósmica?
3)	 Que	distinções	você	estabelece	entre	a	escatologia	do	Antigo	e	do	Novo	Tes-
tamentos?
4)	 É	possível	justificar	o	Reino	de	Deus	como	um	processo	escatológico?
5)	 Para	Jesus,	Escatologia	e	Apocalíptica	são	sinônimos?
6)	 Mundo	acabado,	consumado	ou	fim	do	mundo	são	expressões	escatológicas	
que	quase	se	equivalem.	O	que	você	entende	por	elas?
12. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade,	você	fez	o	percurso	dos	pressupostos	da	Es-
catologia	pessoal	 ao	 significado	do	plano	de	Deus,	que	 se	 inicia	
com	a	criação	contínua	até	sua	consumação	na	Parúsia.	O	parâ-
metro	dessa	delicada	bondade	divina	é	o	Reino	de	Deus,	que	Jesus	
anunciou	e	antecipou	na	história	de	modo	particular	ao	ser	ressus-
citado	pelo	Pai.
© Escatologia126
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O	Reino	de	Deus,	que	não	é	deste	mundo	(cf	Jo	18,36)	mas	
que	passa	por	ele,	indica	que	Deus	quer	salvar	a	todos	individual	e	
coletivamente	como	obra	de	Cristo	(seu	corpo)	sem	omitir	a	reden-
ção	cósmica.	Escatologicamente,	tudo	já	nos	é	antecipado,	como	
se	afirmou,	pela	concretude	cósmica	da	ressurreição	de	Cristo.
Na	próxima	unidade,	você	terá	a	oportunidade	de	compre-
ender	algumas	tensões	entre	a	história	e	a	Parúsia,	entremeadas	
pela	esperança	da	realização	das	promessas	divinas	 feitas	desde	
antes	da	criação	do	mundo:	sermos	santos	e	perfeitos,	em	Cristo,	
por	ele	e	para	ele	(cf.	Ef.	1,	3-14).
Até	lá!
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIAR,	J.	J.	Escatologia.	Pamplona:	Eunsa,	2004.
BOFF,	L.	Jesus Cristo libertador. Petrópolis:	Vozes,	1972.
FORTE,	B.	Teologia da história:	ensaio	sobre	a	revelação,	o	início	e	a	consumação.	São	
Paulo:	Paulus,	1995.
LADARIA,	L.	F.	O	fim	do	homem	e	o	fim	dos	tempos.	 In:	SESBOÜE,	B.	O homem e sua 
salvação II.	São	Paulo:	Loyola,	2003.
TAMOYO-ACOSTA,	J.	J.	Para comprender la escatologia Cristiana.	Estella	(Navarra):	Verbo	
divino,	2000.
TORNOS,	A.	Escatologia II.	Madrid:	Universidade	Pontificia:	Comillas,	1991.
TORRES,	Q.	A.	Recuperar a salvação:	para	uma	interpretação	libertadora	da	experiência	
cristã.	São	Paulo:	Paulus,	1999.
VIDAL,	S.	Jesus,	o Galileu.	São	Paulo:	Loyola,	2009.

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