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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DOS MODOS DE FALHAS E EFEITOS DE GERADOR A DIESEL EM COMPLEXO HOSPITALAR DE GRANDE PORTE, UTILIZANDO FMEA Bruno Carneiro da Silva Santos Rio de Janeiro JUNHO/ 2019 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DOS MODOS DE FALHAS E EFEITOS DE GERADOR A DIESEL EM COMPLEXO HOSPITALAR DE GRANDE PORTE, UTILIZANDO FMEA Bruno Carneiro da Silva Santos Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: André Luís da Silva Pinheiro Rio de Janeiro JUNHO/ 2019 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DOS MODOS DE FALHAS E EFEITOS DE GERADOR A DIESEL EM COMPLEXO HOSPITALAR DE GRANDE PORTE, UTILIZANDO FMEA Bruno Carneiro da Silva Santos APROVADO EM: _________________________ BANCA EXAMINADORA: _______________________________________ André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc. - Orientador _______________________________________ Antônio José Dias da Silva, M.Sc. _______________________________________ Júlio Guilherme Gerlach Gutterres, M.Sc. Rio de Janeiro JUNHO/ 2019 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre me motivam e dão apoio incondicional. E minha esposa, que sempre me incentiva a seguir em frente e nunca desistir. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me dar saúde, condições financeiras e o suspiro de vida de cada dia para contemplar suas maravilhas e realizar meus sonhos, mesmo sem merecer, também agradeço aos amigos e profissionais da área que contribuíram com material de pesquisa e experiência para o meu aprendizado, aos professores pela dedicação e esforço para uma formação com ensino de qualidade, ao meu orientador do TCC com suas orientações para obter um trabalho de excelência e qualidade, aos meus familiares que me apoiam em tempo integral sendo meu porto seguro com suporte psicológico, financeiro e acima de tudo com suas orações e afeto. SANTOS, Bruno Carneiro da Silva. Análise dos Modos de Falhas e Efeitos de Gerador a Diesel em Complexo Hospitalar de Grande Porte, utilizando FMEA. 2019. 74 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2019. RESUMO Em um complexo hospitalar, a energia elétrica de emergência desempenha um papel fundamental, onde uma falha pode acarretar um desastre como o óbito de um ou mais pacientes. Este trabalho apresenta uma análise visando a implementação de uma técnica denominada (FMEA), cuja aplicação permite a visualização dos modos de falhas, causas e efeitos de determinado equipamento. Com estas informações será possível tomar decisões assertivas que atuem no foco do problema, eliminando ou mitigando falhas e seus efeitos, evitando assim as paradas não planejadas do gerador a diesel quando o mesmo for solicitado. Palavras-chave: Energia elétrica de emergência, Gerador a diesel, Modos de falhas, FMEA. SANTOS, Bruno Carneiro da Silva. Analysis of failure modes and effects of diesel generator in large hospital complex, using FMEA. 2019. 74 p Monograph (Graduation in Electrical Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2019. ABSTRACT In a hospital complex, emergency electrical power plays a key role, where failure can lead to disaster as the death of one or more patients. This work presents an analysis aimed at the implementation of a technique called (FMEA), whose application allows the visualization of failure modes, causes and effects of certain equipment. With this information it will be possible to make assertive decisions that focus on the problem, eliminating or mitigating faults and their effects, thus avoiding unplanned downtime when requested. Keywords: Emergency Electrical Power, Diesel Generator, Failure Modes. .LISTA DE FIGURAS Figura 1- Complexo Americas Medical City ............................................................................. 9 Figura 2- Subestação Principal Blindada 13800V ...................................................................... 9 Figura 3- Diagrama unifilar da Subestação Principal ............................................................... 10 Figura 4- Diagrama unifilar da Subestação Principal ............................................................... 10 Figura 5- Subestação Secundária alimentadora do hospital Samaritano .................................. 12 Figura 6- Diagrama unifilar da Subestação alimentadora do hospital Samaritano .................. 13 Figura 7- Transformadores ....................................................................................................... 14 Figura 8- Subestação Secundária alimentadora do hospital Vitória ......................................... 14 Figura 9- Diagrama unifilar da Subestação alimentadora do hospital Vitória ......................... 15 Figura 10- Transformadores ..................................................................................................... 16 Figura 11- Motor de Indução .................................................................................................... 17 Figura 12- Bombas de recalque de óleo diesel para os geradores ............................................ 18 Figura 13- Bombas de 75HP, 3560RPM, Trifásicas, responsáveis pelo sistema de combate a incêndio. ........................................................................................................................... 18 Figura 14- Módulos compressores de ar comprimido medicinal ............................................. 20 Figura 15- Vista interna do módulo de ar comprimido medicinal ........................................... 20 Figura 16- Central de vácuo hospitalar..................................................................................... 21 Figura 17- UPS ......................................................................................................................... 22 Figura 18- Esquema It Médico ................................................................................................. 25 Figura 19- Transformadores de Separação ............................................................................... 26 Figura 20- painel elétrico do sistema it médico ........................................................................ 26 Figura 21- Chillers .................................................................................................................... 27 Figura 22- Bombas de água gelada acionadas por inversores de frequência ........................... 28 Figura 23- Inversores de Frequência instalados na CAG ......................................................... 29 Figura 24- Gerador que alimenta o hospital Samaritano .......................................................... 30 Figura 25- Gerador que alimenta o hospital Vitória ................................................................. 30 Figura 26 - Relacionamento entre os vários tipos de FMEAs .................................................. 35 Figura 27- Relação entre a ocorrência e a detecção com as causas e os modos de falha ......... 38 Figura 28- Posição das colunas no formulário de FMEA ........................................................ 38 Figura 29- Formulário de FMEA..............................................................................................40 Figura 36- Os benefícios do FMEA ......................................................................................... 48 Figura 37- Motor MTU............................................................................................................. 49 Figura 38- Sensores e atuadores ............................................................................................... 52 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Escala de Severidade ................................................................................................ 43 Tabela 2- Escala de avaliação da ocorrência ............................................................................ 44 Tabela 3- Escala de ocorrência com percentual ....................................................................... 45 Tabela 4- Escala de detecção .................................................................................................... 46 Tabela 5- Escala de detecção refletindo os controles e sistemas da organização ..................... 46 Tabela 6- Formulário de FMEA simplificado .......................................................................... 47 Tabela 7- Lista de componentes ............................................................................................... 50 Tabela 8- Lista de componentes de sensores e atuadores ........................................................ 52 Tabela 9- Análise estatística dos índices de ocorrência ........................................................... 60 Tabela 10- Análise estatística dos índices de detecção ............................................................ 62 Tabela 11- Análise estatística dos índices de severidade ......................................................... 63 Tabela 12- Análise do FMEA ................................................................................................... 65 Tabela 13- Classificação dos modos de falhas ......................................................................... 70 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1 1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................. 1 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................... 1 1.3. HIPÓTESE ........................................................................................................... 2 1.4. OBJETIVOS ........................................................................................................ 3 1.5. MOTIVAÇÃO ..................................................................................................... 3 1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO ....................... 4 1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ................................................................... 5 1.8. METODOLOGIA ................................................................................................ 6 1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO............................................................................ 7 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 8 2.1. AMERICAS MEDICAL CITY............................................................................ 8 2.2. TIPOS DE SUBESTAÇÃO ............................................................................... 11 2.3. RELÉS DE PROTEÇÃO ................................................................................... 11 2.4. MOTORES DE INDUÇÃO ............................................................................... 16 2.5. MÓDULOS DE AR COMPRIMIDO MEDICINAL ......................................... 19 2.6. MÓDULOS DE VÁCUO MEDICINAL ........................................................... 20 2.7. UPS (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY) ............................................. 21 2.8. SISTEMA IT MÉDICO ..................................................................................... 22 2.8.1. LOCAIS MÉDICOS DE GRUPO 2 ............................................................ 23 2.8.2. NORMAS RELACIONADAS ................................................................... 23 2.8.3. RISCOS ELÉTRICOS EM LOCAIS DE GRUPO 2 .................................. 24 2.8.4. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM LOCAIS MÉDICOS DE GRUPO 2 24 2.8.5. TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO: ISOLAMENTO ...................... 25 2.9. CAG (Central de Água Gelada) ......................................................................... 26 2.9.1. TORRES DE RESFRIAMENTO ................................................................ 26 2.9.2. UNIDADE REFRIGERADORA (CHILLER) ............................................ 27 2.9.3. FANCOIL (AR CONDICIONADO CENTRAL) ....................................... 27 2.10. INVERSOR DE FREQUÊNCIA ..................................................................... 28 2.11. GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA A DIESEL .................................. 29 3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 31 3.1. DEFINIÇÕES DO FMEA.................................................................................. 31 3.2. TIPOS DE FMEA .............................................................................................. 34 3.3. PLANEJANDO O FMEA .................................................................................. 35 3.4. O FORMULÁRIO DO FMEA........................................................................... 39 3.5. BENEFÍCIOS OBTIDOS COM O FMEA ........................................................ 47 4. ANÁLISE FMEA ..................................................................................................... 49 4.1. ANÁLISE DOS MODOS DE FALHAS E SEUS EFEITOS NO GERADOR A DIESEL ................................................................................................................................. 49 4.1.1. APRESENTAÇÃO DO EQUIPAMENTO ................................................. 49 4.1.2. CONSTRUINDO O FMEA ........................................................................ 53 4.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA DO FMEA ............................................................. 59 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 70 5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................... 72 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Segundo (COUTINHO, 2013), o sistema de energia elétrica é a principal e mais importante faciliteis em um Hospital, sendo responsável em manter em pleno funcionamento todos os sistemas e equipamentos que suportam os processos de negócios, procedimentos clínicos e assistenciais da instituição. Diversos equipamentos dependem dessa energia e são fonte de vida: centrais de ar comprimido e oxigênio medicinal, bombas de infusão, lâmpadas cirúrgicas, aparelhos de suporte ventilatório e outros diversos, sendo assim, as instalações elétricas de um Hospital são as mais complexas de se projetar, comparadas a qualquer outro tipo de empreendimento, pois tudo que se pensa em infraestrutura e tecnologia é aplicável e utilizado nas organizações hospitalares. De acordo com (CASTELLARI, 2011), uma breve falta de energia pode colocar em risco a saúde dos pacientes ou prejudicar o sucesso de uma terapia ou de um diagnóstico como: a possibilidade do paciente de reagir a possíveis riscos está reduzida ou eliminada; suporte ou substituição temporária de funções do corpo por dispositivo eletro médicos; interferências elétricas e magnéticas, como, por exemplo, do sistema de força (por meio de harmônicas), podem expor os pacientes a riscos, influenciar o funcionamento de dispositivos eletro médicos ou até causar diagnósticos e exames falsos; Cirurgias não podem serinterrompidas ou repetidas; entre outras situações. Caso haja uma interrupção do fornecimento de energia elétrica pela concessionária, é fundamental que o sistema de emergência seja acionado automaticamente para suprir toda a carga elétrica que o prédio necessita em até 15 segundos de acordo com as normas aplicáveis. Conforme o catálogo (WEG), a característica principal de um gerador elétrico é transformar energia mecânica em elétrica, funcionando a partir da movimentação de um eixo central, impulsionada pelo processo da queima do combustível. A energia mecânica resultante desse movimento é transformada em energia elétrica pela ação de um dispositivo chamado alternador. Um campo magnético é gerado pela velocidade de rotação do eixo central, que cria tensão em terminais condutores que transmitem a circulação de correntes elétricas. Sendo um equipamento que possui tanto partes elétricas quanto mecânicas, agrega uma manutenção complexa e especializada, fora a criticidade do ambiente hospitalar que já foi citada, a utilização de métodos preventivos para aperfeiçoar o bom funcionamento é fundamental. 2 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA No Brasil a norma mais utilizada para instalações elétricas é a (NBR 5410), a mesma rege as condições para o funcionamento usual e seguro das instalações em baixa tensão. Para instalações elétricas hospitalares existe a norma (NBR 13534) que trata a respeito das instalações elétricas para estabelecimentos assistenciais de saúde, visando garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde. Dentre suas diretrizes há a obrigatoriedade do estabelecimento possuir uma fonte de energia elétrica de emergência para assegurar a continuidade do funcionamento da unidade. Segundo (CASTELLARI, 2011), nos EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Saúde) existem diversos equipamentos eletroeletrônicos de vital importância na sustentação de vida dos pacientes, quer por ação terapêutica quer pelo monitoramento de parâmetros fisiológicos. Outro fato a ser considerado diz respeito à classificação da norma ABNT NBR 5410 quanto à fuga de pessoas em situações de emergência, enquadrando essas instalações como BD 4 (fuga longa e incômoda). Em razão das questões anteriormente descritas, estas instalações requerem um sistema de alimentação de emergência capaz de fornecer energia elétrica no caso de interrupções por parte da companhia de distribuição ou quedas superiores a 10% do valor nominal, por um tempo superior a 3 s. Tendo em vista a criticidade e importância que o gerador de energia elétrica a diesel do hospital sempre funcione quando necessário, a manutenção preventiva é um fator essencial. De acordo com (OLIVEIRA, 2017), a manutenção preventiva é a que realiza trabalhos periódicos com a intenção de prevenir ou inibir potenciais problemas no gerador, evitando assim falhas no sistema. Outro ponto importante é que uma manutenção efetiva aumenta a vida útil do equipamento, melhorando o custo benefício do seu investimento e consequentemente o seu lucro. 1.3. HIPÓTESE De acordo com o que já foi descrito em relação a criticidade do sistema de energia elétrica de emergência através de gerador a diesel em uma unidade hospitalar, a análise baseia-se na aplicação da ferramenta FMEA no equipamento em questão. De acordo com a ABNT (5462), FMEA é um método qualitativo da análise de confiabilidade que envolve o 3 estudo dos modos de panes que podem existir para cada subitem, componentes ou peças, e a determinação de cada um dos efeitos de cada um dos modos de panes sobre os outros componentes, subitens ou sistemas e sobre a função que se pretende de cada item. Segundo a conceituação de (GIL, 1991), podemos classificar o estudo de caso como uma pesquisa descritiva, exploratória, bibliográfica e documental. Resultando na elaboração de procedimentos, apresentação de tabelas e fluxogramas indicadores dos resultados obtidos. 1.4. OBJETIVOS Segundo (SEIXAS, 2014), o FMEA é um método que analisa sistematicamente todos os possíveis modos potenciais de falha, identificando os efeitos resultantes de tais falhas que incidem sobre o sistema. O intuito do trabalho é desenvolver uma análise dos modos de falhas e efeitos de um gerador a diesel do hospital das Américas Medical City fazendo uso deste método, visando identificar potenciais falhas e determinar seus efeitos durante a operação. Através da análise de toda documentação técnica disponível do equipamento, da experiência profissional do dia-a-dia e relatório de falhas anteriores, será levantando um conjunto de informações que serão utilizadas para sugerir melhorias nos procedimentos de manutenção preventiva atual, indicarem ações para possíveis não conformidades encontradas e proporcionar uma redução nos custos voltados para a manutenção do equipamento. De acordo com (PEREIRA, 2003), não basta assegurar a disponibilidade de um grupo gerador, a confiabilidade do sistema deve ser considerada fator preponderante no suprimento de energia para cargas de missão crítica. 1.5. MOTIVAÇÃO Segundo (FERNANDES, 2017), a rede elétrica de um ambiente hospitalar é classificado de acordo com sua proveniência. Existe a rede elétrica normal, utilizada em aplicações de baixa criticidade como iluminação e tomadas de uso geral. A rede elétrica de emergência, que alimentam as cargas críticas como tomadas de equipamentos biomédicos, iluminação de suporte, sistema de rede e outros. E também a rede elétrica ininterrupta, onde são instaladas unidades UPS (Uninterruptible Power Supply) que são sistemas que fazem uso de bancos de baterias autônomos para manter a alimentação elétrica mesmo quando ocorre a 4 interrupção pela concessionária. São utilizados em setores críticos como centro cirúrgico, salas de emergência, etc. Não é algo anormal ver uma notícia em qualquer meio de comunicação a respeito de acidentes e tragédias ocorridas em hospitais por motivo de falta de energia elétrica. De acordo com a (CORRÊA, 2004), no Hospital Municipal de Cuiabá, faleceram 3 pessoas que estavam na UTI (unidade de terapia intensiva) devido a falta de energia elétrica, a direção do hospital confirmou uma pane elétrica e falha no gerador deixando o hospital 30 minutos sem energia elétrica. Segundo (SIQUEIRA, 2013), médicos do Hospital da Mulher, de Araçatuba, tiveram de usar a luz de telefone celular para iluminar uma cirurgia de laqueadura. A energia elétrica do hospital acabou e uma falha no gerador, no início da cirurgia, impediu que o procedimento fosse realizado normalmente. Tendo em vista a criticidade da instalação, faz-se necessário possuir uma fonte de energia elétrica de emergência confiável. Segundo (BAGGINI, BURATTI e GRANZIERO), a redundância é um método útil para o aumento da disponibilidade e aperfeiçoar o equilíbrio entre a excelência operacional e eficácia financeira. Circuitos alternativos, equipamentos e componentes são instalados de forma que, no caso de uma ou mais falhas, a funcionalidade é preservada. Quando a rede primária não pode mais fornecer seu serviço, a fonte alternativa entra em operação. 1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO O Gerador Diesel faz parte do sistema elétrico de emergência da usina. Ocorrendo uma perturbação no fornecimento de energia para o sistema auxiliar, ou seja, queda na rede elétrica externa (blackout), acarretará no acionamento do sistema elétrico de emergência, onde o gerador Diesel está sempre de prontidão. Os Geradores Diesel de emergência tem a função de suprir os barramentos de segurança e os equipamentos a eles conectados para que ocorra o desligamento seguro da usina. Análise de Modos e Efeito da Falha, FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), é uma técnica de análise usada para identificar potenciais falhas, determinar seus efeitos durante a operação do sistema a ser analisado e identificarações antecipadas que solucionem essas falhas. Junto à FMEA, utiliza-se o conceito de RPN (Risk Priority Number), que quantifica essa análise, priorizando e classificando as ações a serem adotadas (JR, LAPA e SALDANHA, 2005). 5 No setor elétrico, a qualidade em seus sistemas é de extrema importância, pois este setor trabalha de forma interligada, em que a ocorrência de problemas em uma unidade geradora, interfere no sistema de transmissão e, consequentemente, no cliente final. Este trabalho tem por objetivo a utilização do FMEA (Análise dos Modos de Falha e Efeitos), como uma ferramenta para análise das ocorrências de falhas e aumento da confiabilidade de um sistema numa usina termelétrica. O sistema escolhido na usina termelétrica para execução do FMEA é o de proteção contra incêndio do turbo-gerador. A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho está na formação de uma equipe multidisciplinar para a realização de brainstormings (tempestade de ideias), mapeamento das causas e efeitos das falhas e utilização de ferramentas de construção e discussão do FMEA. Os resultados mostraram-se eficientes no dia a dia sendo importantes no aspecto cognitivo dos empresários e funcionários (FERREIRA, OLIVEIRA, et al., 2010). 1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA De acordo com o site (http://www.americasmedicalcity.com.br), o complexo é uma cidade médica cuidadosamente planejada par atender a todas as necessidades de pacientes e médicos em um só lugar. Com conceito pioneiro e inovador em vários aspectos, o complexo possui 72000m² de área construída, incorpora o hospital Samaritano e o hospital Vitória, num total de 494 leitos, 16 salas cirúrgicas e 11 leitos day hospital. Entre os destaques estão o Centro de Cirurgia Robótica e duas salas híbridas para procedimentos minimamente invasivos. O paciente também conta com um Centro de Diagnóstico para a realização de exames laboratoriais e de imagem e um Centro de Oncologia completo. Segundo (CAMPOS, 2013), em sua dissertação, com relação ao comportamento energético dos edifícios hospitalares em geral no Brasil, é considerado que 20% a 30% do consumo de energia elétrica podemos ser atribuídos à iluminação artificial e outras grandes quantidades são voltadas para atividades como aquecimento, esterilização e funcionamentos de máquinas (VIANNA e GONÇALVES, 2011). Como máquinas de climatização e controle de humidade, elevadores, compressores de ar comprimido, diversas bombas trifásicas, equipamentos biomédicos, etc. Todos eles dependendo impreterivelmente de um fornecimento de energia elétrica de maneira ininterrupta para que não ocorram danos à vida humana. 6 De acordo com (RAMOS e JÚNIOR, 2009), os hospitais e ambientes similares devem dispor de fonte de energia elétrica de segurança para o caso de falha no sistema de alimentação normal, capaz de alimentar por um período de tempo especificado, tendo como objetivo garantir a continuidade dos serviços essenciais à preservação da vida e da segurança. Sendo assim, este estudo de caso é de vital importância, pois tem o intuito de minimizar ou até mesmo eliminar a ocorrência de falhas do grupo gerador utilizando a técnica FMEA, que segundo (FILHO, 2006), é um procedimento utilizado para efetuar uma análise de como uma máquina ou sistema pode falhar, e enumera todas as possibilidades de falhas e todos os graus de reações adversas que podem resultar de tais falhas assim analisadas. 1.8. METODOLOGIA A primeira parte deste trabalho será realizar um estudo de caso adotando a metodologia descritiva e exploratória, realizando consulta ao engenheiro responsável pela Engenharia de Manutenção do hospital Alexandre de Alexandria, analisando juntos o acervo de documentação técnica e bibliografia específica do equipamento. Segundo (GIL, 1991), pesquisa é considerada o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos. Comungam também dessa ideia (MARCONI e LAKATOS, 2003), que a definem como uma atividade voltada a buscas de respostas e à solução de problemas para questões propostas, através da utilização de métodos científicos. Em seguida, será realizado o planejamento do FMEA com base na análise das informações obtidas, coleta de dados em relação ao funcionamento do equipamento funcionando em vazio e em carga. Permitindo assim obter estatísticas e resultados para alimentar os fluxogramas e as tabelas demonstrativas. Segundo o FMEA (AIAG, 2008), essa análise tem como objetivo específico conseguir um aumento de confiabilidade, de qualidade e de segurança, tanto do equipamento, quanto do processo ao qual está inserido. Por fim, serão elaboradas propostas e alternativas para melhorar o sistema de manutenção preventiva tradicional realizada no equipamento. 7 1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO Este estudo de caso esta estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo aborda o projeto, contextualiza em relação a apresentação do problema, exalta a importância do trabalho desenvolvido e esclarece os objetivos gerais e específicos. O segundo capítulo apresenta toda a fundamentação teórica na qual é baseada o projeto, cita os sistemas, máquinas e equipamentos mais importantes para o funcionamento do hospital em relação a instalação elétrica. Procedendo com a revisão sobre os tópicos fundamentais para desenvolvimento desse estudo. O terceiro capítulo será exposto o que é a técnica FMEA explicando sua importância e benefícios na engenharia e nesse caso em específico. Detalhará os tipos de implementação do método e todo o planejamento para execução do projeto. O quarto capítulo denota e aborda os resultados obtidos de todas as análises e discussão dos resultados. E finalmente, o quinto capítulo envolve as considerações finais e trabalhos posteriores. 8 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. AMERICAS MEDICAL CITY O Américas Medical City, localizado na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro é um complexo hospitalar, como mostra a Figura 1, que tem como definição uma cidade médica cuidadosamente planejada e projetada para atender a todas as necessidades de pacientes e médicos em um só lugar. Modelo de solução integrada para a saúde com atendimento de todas as demandas em prevenção, diagnóstico, tratamento clínico ou cirúrgico e reabilitação. Um conceito pioneiro e inovador em vários aspectos: no tamanho e na modernidade de suas instalações, no tratamento de excelência oferecido aos pacientes, nas tecnologias de última geração empregadas, na filosofia de como se relacionar com os médicos e no conceito de sustentabilidade que orientou todo o projeto. A seguir será mostrado, através de figuras, do ponto de vista das instalações, as principais máquinas e sistemas do hospital Samaritano e Vitória que integram o complexo e que necessitam impreterivelmente da alimentação de energia elétrica de forma ininterrupta, exaltando a importância da análise que será realizada. Em consulta ao site gerenciador dos projetos, a empresa conta com: 1 Subestação Principal de 13,8kV / 500kVA (Figura 2). 1 Subestação Secundária do hospital Samaritano (Figura 5). 1 Subestação Secundária do hospital Vitória (Figura 8). Bombas de recalque de diesel para os geradores (Figura 12). Bombas de incêndio (Figura 13). 2 Módulos integrados de compressores de ar comprimido (Figura 14 e Figura 15). 2 Módulos integrados de vácuo medicinal (Figura 16). 2 Unidades UPS (Figura 17). Sistema IT Médico nas salas cirúrgicas (Figura 18, Figura 19 e Figura 20) CAG (Figura 21 e Figura 22). Inversores de frequência (Figura 23). 5 Geradores de energia elétrica a diesel (Figura 24 e Figura 25). 9 Figura 1- Complexo Américas Medical City Fonte: Adaptado de (http://www.americasmedicalcity.com.br) acessado em 27/06/2018 Figura 2- Subestação PrincipalBlindada 13800 v De acordo com (JÚNIOR, 2007), os diagramas unifilares são a representação gráfica dos componentes elétricos e as suas relações funcionais e contêm apenas os componentes principais dos circuitos, representados por uma linha. Estes diagramas devem estar acompanhados de dados e especificações das medidas de proteção instaladas, especialmente do sistema de aterramento elétrico, elemento de fundamental importância à segurança de trabalhadores e usuários e dos demais equipamentos e dispositivos de proteção que integram a instalação elétrica, tais como fusíveis, disjuntores, chaves e outros componentes associados à proteção. A seguir serão apresentados através da Figura 3 e Figura 4 os diagramas referentes a configuração montada na subestação principal do hospital. 10 Figura 3- Diagrama unifilar da Subestação Principal Fonte: Adaptado de (AMERICAS), acessado em 29/06/2018. Figura 4- Diagrama unifilar da Subestação Principal Fonte: Adaptado de (AMERICAS), acessado em 29/06/2018. 11 2.2. TIPOS DE SUBESTAÇÃO Conforme (LIGHT, 2016), as subestações são classificadas quanto a sua função: Transformadora: são aquelas que transformam os níveis de tensão, aumentando-os ou reduzindo-os. Podem ser divididas em dois tipos Abaixadora: normalmente são localizadas próximas ao centro de carga, pois reduzem os valores de tensão para atender a distribuição; Elevadora: normalmente são localizadas próximas à geração, pois elevam os valores de tensão para serem transmitidos ao longo das linhas, visto a vantagem econômica de se realizar a transmissão em alta tensão. Secionadora ou de manobra: são aquelas que seccionam ou manobram circuitos elétricos, com a função de isolar uma parte do sistema para manutenção de linhas, evitar a propagação do defeito ou controlar o fluxo de potência. Quanto à sua tensão de operação: Baixa tensão: possuem níveis de tensão inferiores a 1 kV; Média tensão: possuem níveis de tensão entre 1 e 34,5 kV; Alta tensão: possuem níveis de tensão entre 34,5 e 230 kV; Neste contexto temos uma subestação consumidora (Recon light MT, 2016) se trata de uma instalação elétrica com a qual e efetivado a chegada de energia elétrica de media tensão, e tendo funções de manobras, medição, proteção e transformação, esta recebe 138kv e transforma 13,8 kv, conforme figura 3. Também há instalados no porto 5 subestações auxiliares e ou secundarias, estas são responsáveis pelo fornecimento de energia para os equipamentos instalados, neste tipo de configuração essas recebem 13,8kv e transforma para 0,48kv. 2.3. RELÉS DE PROTEÇÃO (FILHO, 2017) Para elaborar um esquema completo em uma instalação elétrica industrial, temos que seguir várias etapas, desde o estabelecimento de uma proteção, tendo a finalidade de selecionar os respectivos dispositivos de atuação, ate a determinação e calibrações de valores adequados para atuação. Uma das principais funções de um dispositivo de proteção e garantir a seletividade e a coordenação para retiradas das cargas. 12 A Figura 5 e Figura 6 mostram respectivamente a Subestação Secundária blindada que recebe a alta tensão e o diagrama unifilar da distribuição para os transformadores e subsequentemente para as cargas do hospital Samaritano. Figura 5- Subestação Secundária alimentadora do hospital Samaritano 13 Figura 6- Diagrama unifilar da Subestação alimentadora do hospital Samaritano Fonte: Adaptado de (AMERICAS), acessado em 29/06/2018. A Figura 7 mostra os transformadores que alimentam as cargas do hospital Samaritano. São do tipo a seco, potência 1500kva trifásicos, TP= 13,8-13,2-12,9-12,6-12kv, TS= 0,38/0,22Kv, Z=6%, IP= 00 (em baia) e fator K=8. 14 Figura 7- Transformadores A Figura 8 e Figura 9 mostram respectivamente a Subestação Secundária blindada que recebe a alta tensão e o diagrama unifilar da distribuição para os transformadores e subsequentemente para as cargas do hospital Vitória. Figura 8- Subestação Secundária alimentadora do hospital Vitória 15 Figura 9- Diagrama unifilar da Subestação alimentadora do hospital Vitória Fonte: Adaptado de (AMERICAS), acessado em 29/06/2018. A Figura 10 mostra os transformadores que alimentam as cargas do hospital Vitória. São do tipo a seco, potência 2000Kva, trifásicos, TP= 13,8-13,2-12,9-12,6-12kv, TS= 0,38/0,22Kv, Z=6%, IP= 00 (em baia) e fator K=8. 16 Figura 10- Transformadores 2.4. MOTORES DE INDUÇÃO A (WEG), define o motor elétrico como uma maquina que transforma energia elétrica em energia mecânica. Existem dois tipos de motores, o que é alimentado por corrente contínua e o que é alimentado por corrente alternada. O motor de corrente alternada é dividido em duas categorias, síncrono e de indução. (SILVEIRA e MARQUES, 2012) relatam que os motores elétricos de indução são usados em diversos equipamentos podendo ter diversas dimensões: desde os pequenos eletrodomésticos até grandes maquinários exigindo alta potência e a (WEG) afirma que o motor de indução é o mais usado dentre todos os motores devido às vantagens da utilização de energia elétrica “A invenção do primeiro motor de indução aconteceu no verão de 1883 em Estrasburgo (França) pelo cientista e inventor sérvio-americano Nikola Tesla (1856-1946). A patente do seu primeiro motor de indução aconteceu em 1888” (SILVEIRA e MARQUES, 2012). A (WEG) informa que o motor de indução tem como principal característica a velocidade constante, tendo uma pequena variação com a carga mecânica aplicada ao eixo. A outra vantagem é devido a sua simplicidade, robustez e baixo custo, se adequando á praticamente todos os tipos de máquinas acionadas. Outra aplicação é a possibilidade de se controlar a sua velocidade com o auxílio de inversores de frequência. 17 A Figura 11 representa a composição de um motor de indução trifásico. Figura 11- Motor de Indução Fonte: Adaptado de (WEG), acessado em 30/06/2018. Estator: Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto de construção robusta em ferro fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e normalmente com aletas. Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético. Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um sistema trifásico equilibrado ligado à rede trifásica de alimentação. Rotor: Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das chapas do estator. Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio injetado sob pressão numa única peça. Outras partes do motor de indução trifásico: Tampa (4) Ventilador (5) Tampa defletora (6) Caixa de ligação (9) 18 Terminais (10) Rolamentos (11) Dentre os diversos motores de indução instalada no complexo hospitalar, responsáveis pelo funcionamento de vários sistemas como recalque de água potável, recalque de água de reuso, bombas de pressurização, bombas do sistema de água quente, elevatórias de esgoto. Irei apresentar na Figura 12 e Figura 13 sistemas fundamentais como respectivamente, recalque de óleo diesel para os geradores em caso de falta de energia elétrica e as bombas do sistema de incêndio, que são acionadas caso haja um sinistro. Figura 12- Bombas de recalque de óleo diesel para os geradores Figura 13- Bombas de 75HP, 3560RPM, Trifásicas, responsáveis pelo sistema de combate a incêndio. 19 2.5. MÓDULOS DE AR COMPRIMIDO MEDICINAL Segundo (BRITO, 2018), em artigo para a revista Infra, o ar medicinal sintético é obtido pela mistura de O2 com N2 armazenados no estado líquido. O ar comprimido é produzidopelo compressor e existem diversas tecnologias para este processo. No Brasil, embora o equipamento mais difundido nos hospitais seja os compressores alternativos (pistão), encontramos outros modelos como os de parafuso, utilizados quando é necessária uma grande produção. No ambiente hospitalar, o uso do ar comprimido pode ser observado em duas aplicações básicas: • Aplicação medicinal: o ar comprimido deve ser produzido para fins de inalação de substâncias medicamentosas, suporte ventilatório a pacientes críticos e anestesia respiratória. Esse ar para fins medicinais deve apresentar características especiais em termos de pureza. Essa necessidade é justificada por seu uso direto em pacientes debilitados que necessitam de aparelhos de suporte ventilatório – Resolução da Diretoria Colegiada, RDC 50 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa. • Aplicação industrial hospitalar: a qualidade requerida para o ar produzido nesse caso é inferior e normalmente é ditada pelas características de projeto de cada equipamento como os de lavanderia, os de termo desinfecção, esterilização de materiais etc. Pode-se ressaltar que ao utilizar oxigênio como forma de substituir o ar comprimido em sistemas pneumáticos, como no movimento do fole de equipamentos de anestesia, normalmente representa um custo adicional, desnecessário para os hospitais. Os módulos de ar comprimido medicinal instalados no hospital estão representados na Figura 14, vista externa, e Figura 15, vista interna. 20 Figura 14- Módulos compressores de ar comprimido medicinal Figura 15- Vista interna do módulo de ar comprimido medicinal 2.6. MÓDULOS DE VÁCUO MEDICINAL A (VACUOLO) informa que uma central de vácuo hospitalar é um produto muito importante, por isso, deve estar de acordo com a norma da agência de vigilância sanitária. Basicamente, sua utilização inclui a absorção de elementos líquidos ou escória mole e é muito útil em setores hospitalares, em especial centros cirúrgicos. Uma central de vácuo hospitalar é um dos itens que são fundamentais para garantir a higiene do ambiente hospitalar, pois com a aplicação de uma central de vácuo hospitalar as substancias que podem contaminar são sugadas e depositadas em um reservatório, evitando 21 que a contaminação possa atingir os pacientes e todos os que circulam no ambiente. O desempenho desse equipamento depende muito de uma manutenção preventiva, por isso, é essencial que exista uma inspeção regularmente, para garantir o funcionamento de forma correta e contínua. Toda central de vácuo hospitalar como na Figura 16, precisa apresentar um painel de controle, horímetro, manômetro e vacuômetro. Pode ser monitorada pelo sistema e adaptada pela escolha de quem irá controlá-la. Algumas atividades são exercidas pela central de vácuo hospitalar como: Administrar procedimentos. Obter referência de dados para as avaliações. Monitorar os níveis de manutenção necessária, sempre posicionando a situação do estado que o equipamento de central de vácuo hospitalar está. Permite a modificação do status para a manutenção e operações. Figura 16- Central de vácuo hospitalar 2.7. UPS (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY) UPS é um sistema de alimentação secundário de energia elétrica que entra em ação, alimentando os dispositivos a ele ligados, quando há interrupção no fornecimento de energia primária. Sua alimentação é provida por uma bateria, que fica sendo carregada enquanto a rede elétrica está funcionando corretamente. O nobreak, além de proteger os aparelhos em casos de quedas energia, serve para conter: 22 - Sobtensão ou sobre tensão na rede elétrica; - Sobrecarga; - Descarga das baterias; - Curto circuito nas saídas; - Picos de tensão; - Também fornece uma energia limpa e ininterrupta. O tempo de autonomia de um nobreak pode variar de acordo com a carga conectada ao nobreak. A Figura 17 mostra o modelo de unidades UPS instaladas em ambos os blocos do complexo. Figura 17- UPS 2.8. SISTEMA IT MÉDICO A (BENDER) informa que o Sistema IT Médico é o único capaz de prever falhas elétricas antes que estas sejam capazes de danificar equipamentos eletro médicos ou de causar acidentes a pacientes e equipe médica. Para as instalações elétricas em locais médicos do Grupo 2 há exigências específicas a serem seguidas, pois são nestes ambientes que pacientes e equipe médica estão em contato direto com equipamentos eletro médicos para, por exemplo, procedimentos intracardíacos, cirúrgicos e de sustentação de vida. 23 2.8.1. Locais médicos de grupo 2 De acordo com a RDC 50/20 os locais médicos do Grupo 2 são: Urgência (alta complexidade) e Emergência: Sala de procedimentos invasivos, de emergências (poli traumatismo, parada cardíaca) Internação intensiva (UTI): Áreas e quartos de pacientes Posto de enfermagem: se tiver central de monitoração do mesmo tipo dos locais dos pacientes para evitar interferências; Imagenologia: Hemodinâmica Centro cirúrgico: Sala de indução anestésica (principalmente se forem utilizados gases anestésicos inflamáveis) Salas de cirurgia (não importando o porte) Sala de recuperação pós-anestésica (se possuir equipamento de sustentação de vida) Centro obstétrico cirúrgico: Sala de parto cirúrgico Nestes ambientes, o local onde se encontra o paciente deve ser provido de instalação elétrica diferenciada das demais e com sistema de monitoramento e sinalização que permita à equipe médica ser informada quanto às suas condições de segurança elétrica. 2.8.2. Normas relacionadas É possível verificar a exigência da instalação do Sistema IT Médico, nas seguintes normas: RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 – Dispõe acerca do regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS). RDC nº 51, de 6 de outubro de 2011 – Dispõe acerca dos requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e dá outras providências. 24 ABNT NBR 13534:2008 – Instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos específicos para instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde. 2.8.3. Riscos elétricos em locais de grupo 2 Sem a presença do Sistema IT Médico, uma corrente de fuga à terra ou à massa possa causar: Micro choque (em procedimentos intracardíacos podem ser fatais); Choque elétrico; Queimaduras; Paradas intempestivas de equipamentos eletro médicos e de sustentação da vida de pacientes, por exemplo, aqueles internados em UTIs; Desligamentos intempestivos dos disjuntores que alimentam os equipamentos eletro médicos de sustentação e monitoração de vida nos ambientes Grupo 2. Se por um lado uma sala cirúrgica ou uma UTI são os ambientes mais sofisticados em termos de equipamentos médicos, a presença de gases medicinais, soluções fisiológicas, sangue e saneantes expõe suas instalações elétricas e equipamentos a uma invisível, agressiva e progressiva degradação do isolamento elétrico de seus componentes. Adicione-se a isto o fato de que nestes locais o paciente pode estar sedado, sem controle de suas reações instintivas ou sem a pele, sua maior proteção natural contra choque elétrico. Uma falta de isolamento nestes locais, sem uma instalação correta, permite que uma corrente de fuga passeie livremente até encontrar sua vítima, que pode ser um paciente ou um membro da equipe médica, provocando a interrupção de procedimentos, lesões com graves sequelas ou até a morte. 2.8.4. Instalações elétricas em locais médicos de grupo 2 Em locais médicos classificados como Grupo 2, ambiente do paciente, a ABNT NBR 13534:2008 exige a adoção de esquema de aterramento IT. Exceçõesa essa regra são os circuitos de alimentação de mesas cirúrgicas, equipamentos de raios-X, equipamentos de grande porte (> 5kVA) ou elétricos não associados à sustentação da vida, os quais deverão ser ligados no sistema comum e protegidos por DR. 25 No esquema de aterramento IT não existe qualquer ponto da alimentação aterrado, nem mesmo o neutro, como visto na Figura 18. O aterramento tem a concepção técnica de isolar as partes vivas da terra gerando um fornecimento de energia isolado para os equipamentos eletro médicos. Esse aterramento isolado garante que uma primeira falta à terra ou à massa seja de baixa intensidade e, assim, incapaz de gerar implicações para pacientes, equipe médica ou equipamentos. A norma exige ao menos um Sistema IT Médico exclusivo para cada conjunto de locais destinados à mesma função, como visto na Figura 20. Por questões de segurança, recomenda-se um Sistema IT Médico para cada sala cirúrgica, a fim de viabilizar a localização da falha. Já em UTI, o número de leitos supervisionados por cada Sistema IT Médico dependerá o limite de potência do Transformador de Separação, que em nenhuma hipótese poderá exceder 10 kVA. Figura 18- Esquema It Médico Fonte: Adaptado de (BENDER), acessado em 28/06/2018 2.8.5. Transformador de separação: isolamento Um nível máximo de segurança é exigido em relação ao isolamento do paciente em procedimentos cirúrgicos e de sustentação de vida. O mesmo se aplica em relação à qualidade da energia dos equipamentos a este conectados. Para garantir um aterramento IT, é necessário 1 transformador de separação para alimentar, com energia isolada da terra, os equipamentos de 1 local médico, como visto na Figura 19. Isso significa que o transformador isola a alimentação desses equipamentos de 26 todos os outros circuitos do estabelecimento de saúde e de todos os outros circuitos do próprio local para os quais não é exigido um aterramento diferenciado. Figura 19- Transformadores de Separação Figura 20- painel elétrico do sistema it médico 2.9. CAG (Central de Água Gelada) Segundo (CONCEIÇÃO e GONÇALVES, 2014), a CAG é composta por basicamente três componentes: Unidade Refrigeradora, Torre de Resfriamento e Fancoils. 2.9.1. Torres de resfriamento Um aparelho que opera com contato direto entre um gás e um líquido. São usadas para produzir o contato direto entre a água quente proveniente dos sistemas de 27 resfriamento do processo com o ar, objetivando o resfriamento da água para que ela possa ser novamente usada no processo. 2.9.2. Unidade refrigeradora (chiller) É uma máquina frigorífica utilizada para remover calor da água. Esse tipo de equipamento é utilizado no resfriamento de água e ar em processos industriais. Também é utilizado em grandes estruturas de construção como Shoppings, grandes lojas, Supermercados, Centros Comerciais, Edifícios. 2.9.3. Fancoil (ar condicionado central) Trata-se de um módulo (caixa) que comporta em seu interior uma serpentina de cobre/alumínio onde circula água gelada, um ventilador provido de motor e correias que tem a função de captar o ar do ambiente, passar este ar por um sistema de filtros, e após, pela serpentina onde será refrigerado e devolver através do insuflamento ao mesmo ambiente já refrigerado e filtrado, como mostrado na Figura 21. Assemelha-se com qualquer equipamento de ar condicionado normal, porém o Fan Coil utiliza como meio de refrigeração secundária a água gelada por meio de bombas como mostrado na Figura 22, enquanto os condicionadores normais utilizam o gás refrigerante para resfriar diretamente a serpentina. Figura 21- Chillers 28 Figura 22- Bombas de água gelada acionadas por inversores de frequência 2.10. INVERSOR DE FREQUÊNCIA Segundo (JUNIOR, 2015), após a invenção dos motores elétricos, os projetistas tiveram que remodelar os tipos de controle dos mesmos, em destaque foi a técnica de variação de velocidade. Nos dias atuais, a técnica mais eficaz para controle de velocidade é através dos inversores de frequência. Atualmente, o mercado traz diversos modelos, níveis de tensão (baixa e alta), os principais fabricantes são: Siemens, Weg, Yaskawa, Allen Bradley e a ABB, entre outras. O inversor de frequência basicamente transforma a tensão de entrada (corrente alternada) podendo ser da rede ou de um barramento interno em corrente contínua, e depois transformar novamente em corrente alternada, “mas agora com um sinal modulado, onde é possível alterar tanto a amplitude como a frequência deste sinal de saída” (JUNIOR, 2015). Em descrição a (FRANCHI, 2009), é utilizado mais especificadamente para controlar a rotação de um motor de indução, isto é, através do controle de transistores de potencia que são chaveadas em alta velocidade de uma tensão de corrente continua, modificando o valor “rms” e o período e por consequência haverá a variação de frequência na saída (tensão alternada). A Figura 23 demonstra o esquema elétrico do inversor de frequência: 29 Figura 23- Inversores de Frequência instalados na CAG 2.11. GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA A DIESEL Por fim, falaremos dos equipamentos alvos do estudo de caso, os grupos motor gerador do complexo hospitalar Américas Medical City. Equipamentos que convertem a energia mecânica em energia elétrica, baseado no fenômeno da indução eletromagnética o dínamo gerador de corrente contínua, funciona convertendo a tal energia mecânica contida na rotação do eixo em intensidade de um campo magnético produzido por um imã, o girar do rotor induz uma tensão nos terminais dos enrolamentos, onde conectados a cargas levam a circulação de correntes elétricas. O hospital Samaritano, possui 2 geradores vistos na Figura 24 para suprir a carga necessária em caso de falta no fornecimento de energia elétrica, e possuem as seguintes descrições: MOTOR: CUMMINS MODELO: KTA50_G9 POTÊNCIA: 1941Kva 380V/60HZ 30 Figura 24- Gerador que alimenta o hospital Samaritano O hospital Vitória possui 3 geradores visto na Figura 25 para suprir a carga necessária em caso de falta do fornecimento de energia elétrica, e possuem as seguintes descrições: MOTOR: MTU MODELO: 16V2000G85 POTÊNCIA: 1260Kva 380V/ 60HZ/24V Figura 25- Gerador que alimenta o hospital Vitória 31 3. REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo será apresentado estudo bibliográfico sobre o FMEA, tendo como tópicos as definições do tema, o método de implantação, as etapas e aplicações, as ferramentas de apoio e o respectivo formulário. 3.1. DEFINIÇÕES DO FMEA A Associação Brasileira de Norma Técnicas (ABNT), na norma (5462) define o FMEA como um método qualitativo de análise de confiabilidade que envolve o estudo dos modos de panes que podem existir para cada subitem, componentes ou peças, e a determinação de cada um dos efeitos de cada um dos modos de pane sobre os outros componentes, subitens ou sistemas e sobre a função que se pretende de cada item. Vale ressaltar que a definição da ABNT adota a palavra pane no lugar de falha, porém, a sigla FMEA representa as iniciais de Failure Modes and Effects Analysis, que traduzindo para o português fica: Análise dos Modos de Falhas e seus Efeitos. Para a utilização da ferramenta é necessário ter conhecimento de alguns conceitos, tais como: Função – Segundo o dicionário Michaelis, também pode ser chamada de finalidade. Para complementar esta definição, (FILHO, 2006) diz que função é a finalidade para qual um dispositivo, um equipamento, um sistema ou uma instalação foi desenhada ou montada. A função é muito importante para o entendimento global do processo de FMEA e, geralmente se utiliza de verbos no infinitivo para descrever as funções, como por exemplo: Transportar, lubrificar, posicionar, reter,selar, proteger, operar, ventilar, etc.. Modo de falha – É a forma como o evento falha pode ocorrer, causada por um evento simples. Conforme (FILHO, 2006) trata-se da maneira pela qual a falha se apresenta, deixando de desempenhar a função pela qual foi projetada. Um equipamento, sistema, subsistema, conjunto, subconjunto, componente ou item pode falhar de diversas maneiras, e, a cada uma dessas maneiras chamamos de modo de falha. Para identificar um modo de falha, deve ser feita a seguinte pergunta: “Como pode falhar?”. 32 Efeito da Falha – É a consequência da falha, ou seja, o que acontece quando ocorre uma falha. (SEIXAS, 2014) Propõe duas formas de se visualizar uma falha, na primeira delas a falha é considerado um evento isolado e não afeta qualquer coisa, sendo nomeada de falha de nível local; a segunda forma, nomeada de falha de nível global, é aquela que afeta outras funções ou níveis, onde ocorre o chamado “efeito dominó”. Na identificação dos efeitos, deve-se perguntar: O que pode acontecer com o desenvolvimento deste modo de falha? O que isto causa no sistema? O que o cliente vê? Quais os danos que isso pode causar ao ambiente? Causa da falha – Pode ser chamado de origem da falha. (FILHO, 2006) Afirma que é o meio pelo qual um elemento particular de um processo ou de um projeto resulta em um modo de falha. Assim, pode-se concluir que não existe efeito sem uma causa. Severidade – (FILHO, 2006) diz que é uma graduação utilizada para classificar as consequências de um modo de falha, a partir dela consegue-se definir se um modo de falha é mais grave do que outro. Ocorrência – É uma graduação utilizada no FMEA, que define, no estudo, a frequência com que um modo de falha pode ocorrer. Definição usada por (FILHO, 2006). Detecção – Segundo (FILHO, 2006), é uma graduação utilizada no FMEA para classificar as falhas quanto à sua facilidade de ser detectada. NPR – Número de prioridade de risco ou RPN (Risk Priority Number). Trata-se do produto entre a severidade (S), a ocorrência (O) e a detecção (D), podendo ser escrita da seguinte maneira: NPR = SxOxD (FILHO, 2006) Diz que é o número atribuído a cada tipo de modo de falha, durante a análise de FMEA. Este número serve para classificar os modos de falhas, sendo que, os modos de falhas que tiverem o maior NPR serão considerados como prioridades para a avaliação e proposição das ações corretivas. 33 O FMEA trata-se de uma técnica qualitativa, que segundo (PALADY, 1997), oferece três funções distintas: - Ferramenta para prognóstico de problemas: Como ferramenta é considerada uma das técnicas de baixo risco mais eficientes para uso na prevenção de problemas e identificação das soluções mais eficazes em termos de custos, a fim de prevenir estes problemas. - Procedimento para desenvolvimento e execução de projetos, processos ou serviços, novos ou revisados: oferece uma abordagem estruturada que serve para avaliar, conduzir e atualizar o desenvolvimento dos projetos e processos em todas as disciplinas da organização. - Diário do projeto, processo ou serviço: Se inicia na concepção do projeto, processo ou serviço, e se mantém durante todo o ciclo de vida do produto, sendo que, todas as alterações feitas que acarretem na alteração da confiabilidade ou qualidade do produto deverão ser avaliadas e documentadas no FMEA. A metodologia proporciona a identificação dos modos de falhas conhecidos e potenciais, e também as causas e efeitos de cada modo de falha. Com isso, é possível priorizar qual o modo de falha possui maior risco para a instalação e para os clientes, dessa forma, pode se atuar de maneira a eliminar as falhas ou mitigar os seus efeitos, evitando que falhas e erros cheguem até o usuário final. Tratando-se de equipamento, é válido ressaltar que as informações geradas por este estudo podem fornecer maior conhecimento a respeito das falhas, facilitando na abordagem e escolha do tipo de manutenção (preditiva, preventiva e corretiva) a ser adotada, garantindo maior disponibilidade do equipamento. (PALADY, 1997) Cita alguns benefícios do desenvolvimento e manutenção do FMEA: - Economiza nos custos e no tempo de desenvolvimento. - Serve como guia para o planejamento de testes mais eficientes. - Ajuda a desenvolver sistemas eficazes de manutenção preventiva. - Fornece ideias para testes incorporados ao projeto. - Reduz eventos não previstos durante o planejamento de um processo. - Fornece uma referência rápida para resolução de problemas. - Reduz mudanças de engenharia. - Aumenta a satisfação do cliente. - Serve como chave para acompanhar o projeto e atualizá-lo em toda a organização. - Reduz controles de custo desnecessários no processo. - Identifica as preocupações de segurança a serem abordadas. 34 - Salvaguarda a repetição dos mesmos erros no futuro. - Captura e mantém o conhecimento do produto e do processo na organização 3.2. TIPOS DE FMEA A literatura apresenta vários exemplos e recomendações de aplicação de FMEA em diversos setores, porém, essas recomendações não entram em consenso. Alguns autores como (PALADY, 1997), consideram apenas dois tipos de FMEA: o de processo e o de projeto, pois, para eles, os outros tipos de FMEA apresentados por outros autores são variações destes dois tipos originais. Neste texto serão apresentados quatro tipos de FMEA, conforme classificação de Stamatis (SAKURADA, 2001) - FMEA de Projeto: Tem como foco os modos potenciais de falhas causados pelas deficiências do projeto. É utilizado para analisar os produtos antes que eles sejam liberados para a manufatura. - FMEA de Processo: Objetiva analisar os modos de falhas causados pelas deficiências do processo ou montagem. É usado para analisar os processos de manufatura e montagem. - FMEA de Sistema: É usado para analisar sistemas e subsistemas nas fases iniciais de concepção e projeto. Esse tipo de FMEA enfoca os modos potenciais de falha entre as funções do sistema, causadas por algumas deficiências do sistema. Ele inclui a interação entre os sistemas e os elementos do sistema. - FMEA de Serviço: Enfoca os modos de falhas causados pelas deficiências do sistema ou processo (tarefas, erros, enganos). É usado para analisar serviços antes que eles alcancem o cliente. As aplicações interagem entre si, na Figura 26, pode ser visto com maior clareza: 35 Figura 26 - Relacionamento entre os vários tipos de FMEAs Fonte: Adaptado de Stamatis (SAKURADA, 2001), acessado em 05/03/2019. Fazendo uma análise da Figura 26 é possível entender que as causas geradas pelo FMEA de sistema tornam-se os modos de falha no projeto, que geram suas próprias causas, e finalmente se tornam em modos de falhas do FMEA de processo e serviço. O fato dos efeitos permanecerem os mesmos em cada tipo de FMEA leva a concluir que a análise está sendo feita com foco no mesmo usuário, ou seja, o cliente final. 3.3. PLANEJANDO O FMEA A falta de planejamento é um dos erros mais comuns no processo da implantação de um FMEA. É muito comum a equipe começar a elaborar o formulário de FMEA pelas funções mais óbvias e pelos modos de falhas já conhecidos, listando suas causas e efeitos e tentando passar diretamente para as ações recomendadas, no entanto, agir dessa maneira, sem uma análise mais apurada pode limitar a utilidade dessa ferramenta, adicionando custos desnecessários e podendo gerar confusões. 36 (PALADY, 1997) lista em forma de perguntas alguns problemas relacionados ao desenvolvimento do FMEA sem um planejamento adequado: 1- Quem deve participar? 2- Quem deve ser o responsável pelo FMEA? 3- Devemos avaliar o sistema, o subsistema ou os componentes individuais (de cima para baixo) ou devemos começar com os componentes (de baixo para cima)? 4- Devemos considerar issocomo um modo de falha? 5- Esse é o modo de falha, defeito ou a causa? 6- Devemos classificar a ocorrência e a detecção do modo de falha ou devemos classificar a ocorrência e a detecção da causa? 7- Que classificação deve ser atribuída às escalas? 8- Devemos elaborar o FMEA avaliando cada modo de falha da esquerda para a direita ou é mais vantajoso construir inteiramente cada coluna antes de passar à coluna seguinte? O Planejamento é algo que toma tempo, e pode tornar o início um pouco mais lento, porém, irá aumentar as chances de uma conclusão bem sucedida e aumentar a eficácia do FMEA. (SEIXAS, 2014) e (PALADY, 1997) afirmam que o FMEA deve ser conduzido por uma equipe e não de forma individual. No entanto, ambos concordam que a equipe precisa de um líder, mas não uma pessoa que detenha a “palavra final”, e sim um facilitador, uma pessoa responsável pela duração, orçamento e eficácia do FMEA, além de ser o responsável por organizar e facilitar as reuniões e assegurar que a equipe tenha os recursos necessários para a conclusão do processo dentro do prazo estipulado. A equipe deve ser multidisciplinar, sendo ideal que a equipe seja formada de acordo com o tipo de trabalho a ser conduzido, tendo como membros representantes diretos das áreas que serão impactadas pelo projeto do FMEA. Como exemplo, uma equipe pode ser formada pelas seguintes áreas: operação, manutenção, engenharia, materiais, projeto, segurança e qualidade. Quanto maior a multidisciplinaridade da equipe, melhor será o resultado obtido, pois os membros menos familiarizados com determinados produtos e serviços podem fornecer ideias imparciais e objetivas com um ponto de vista diferenciado, apontando situações que na maioria dos casos os membros mais familiarizados não percebem, dessa forma, contribuindo para um melhor resultado final. Outro ponto importante a ser observado é a maneira que o FMEA deve ser desenvolvido. Existem duas maneiras: 37 - top-down (de cima para baixo): A análise se inicia no nível de sistema e depois se estende para os subsistemas e finalmente para os componentes. - bottom-up (de baixo para cima): A análise se inicia no nível dos componentes, que serve como imput para os FMEAS dos níveis de subsistema e se juntam para formar o FMEA do nível de sistema. De acordo com (PALADY, 1997) a abordagem top-down pode não ser tão prática quando se trata de sistemas grandes e complexos. No entanto, o autor sugere a consideração de três requisitos para a escolha da abordagem ideal, tais como: ração do programa, custo do programa e disponibilidade do pessoal. Até aqui foram respondidas as 3 primeiras perguntas relacionadas no início do tópico. Em resposta à quarta pergunta (PALADY, 1997) não recomenda a consideração de todos os modos de falhas, pois, o autor afirma que a observação de todos os modos de falhas aceitáveis aumentará a duração e o custo da análise, sem gerar nenhuma contribuição real. (PALADY, 1997) diz que “Se a equipe decidir que um modo de falha, embora fisicamente possível, não é prático, essa falha não deve ser incluída no formulário do FMEA”. No entanto, o autor enfatiza que se algum membro da equipe insistir muito em determinado modo de falha, o mesmo deve ser incluído no formulário do FMEA, com o intuito de preservar a dinâmica da equipe, além do mais, conforme evolução da equipe do FMEA se tornará fácil de identificar se aquele modo de falha realmente é desnecessário. Um fato muito comum na hora de listar os modos de falhas é o questionamento da equipe se esse é realmente o modo de falha, se não poderia ser o efeito, ou uma possível causa. Isso gera discussão e levanta dúvidas na equipe. Uma recomendação fornecida por (PALADY, 1997) é a de se escrever o modo de falha como uma expressão negativa da função. Essa recomendação pode ser usada em consenso pela equipe no caso de dúvida ou dificuldade para listar o modo de falha, por exemplo: função: aquecer; modo de falha: não está aquecendo. Dessa maneira fica respondida à quinta pergunta exibida no início do tópico. A sexta pergunta traz um questionamento que se não for acordado previamente entre a equipe do FMEA, durante a fase de planejamento, pode gerar discussões durante a execução da análise, e impactar na duração do projeto. Existem duas abordagens possíveis para se classificar a ocorrência e a detecção; uma delas classifica a ocorrência e a detecção do modo de falha, e na outra maneira, classifica a ocorrência e a detecção da causa. (PALADY, 1997) afirma que ambos os caminhos levam a mesma resposta, porém, ressalta que a classificação da ocorrência e detecção da causa é mais direta e que os formulários mais recentes já incluem 38 cada escala exatamente atrás da coluna correspondente. Quando a análise da ocorrência e detecção se refere ao modo de falha, as colunas aparecem juntas após o modo de falha, efeito e causa, conforme a Figura 27 e Figura 28. Figura 27- Relação entre a ocorrência e a detecção com as causas e os modos de falha Fonte: Adaptado de (PALADY, 1997), acessado em 05/03/2019. Figura 28- Posição das colunas no formulário de FMEA Fonte: Adaptado de (PALADY, 1997), acessado em 05/03/2019. 39 Como resposta à sétima questão PALADY (1997) incentiva que se faça o ajuste das escalas de classificação e a elaboração das definições de forma bem específica para cada um dos valores das escalas antes do desenvolvimento do FMEA, pois isso economizará tempo no desenvolvimento e aumentará a precisão da classificação que cada membro da equipe fará. Além disso, o autor cita o que cada escala deve refletir: - Ocorrência: A qualidade dos produtos. - Severidade: A natureza dos produtos. - Detecção: As políticas operacionais e procedimentos padrão. A oitava questão mostra uma dúvida quanto ao preenchimento do formulário do FMEA. Durante a realização do FMEA o ideal é que seja feito o desenvolvimento de cada coluna independentemente. Palady (1997, p.32) diz que “um grande problema enfrentado por todos os membros da equipe é a perda do foco na tarefa específica abordada no FMEA”. Um fato muito comum durante a tarefa de preencher dos modos de falhas é discutir rapidamente sobre outras colunas do FMEA, fazendo questionamentos que só deverão ser feitos em outra tarefa do FMEA, num momento diferente, o que gera perda de tempo e acarreta em atraso na execução da tarefa. Todos os assuntos abordados nesse tópico convergem no caminho para um bom planejamento do FMEA, que serve como bússola para orientar o líder e os membros da equipe na construção do FMEA, dessa maneira, garantindo a eficácia do processo. 3.4. O FORMULÁRIO DO FMEA Antes de iniciar a elaboração do FMEA é necessário saber como funciona o formulário do FMEA. Existem vários formatos ou versões deste formulário, porém, neste tópico serão apresentados alguns modelos de formulários e será explicado como funciona cada parte do formulário. Na Figura 29 exibida a seguir, será apresentado um modelo de formulário extraído da dissertação de mestrado de (SAKURADA, 2001), onde os campos já possuem uma numeração de referência e uma breve explicação do significado de cada campo. 41 Página e datas (3): Número da página data de início (dia/mês/ano) das reuniões para o desenvolvimento do FMEA e data atual Componente (4): Nome dos componentes do sistema. Geralmente, pode ser atribuída junto com o nome do componente alguma codificação que facilite à sua identificação. Função (5): local onde se escreve a intenção, propósito, meta ou objetivo do componente. A função deve ser escrita de forma concisa e fácil de entender, usando-se termos específicos, preferencialmente com um verbo e um substantivo. Modo potencial de falha (6): O problema, a preocupação, pode ser resumido como a perda da função, uma falha específica. Vale ressaltar que pode existir maisde um modo de falha para cada função. Efeitos potenciais de falha (7): Sãos as consequências que surgem no sistema causado pelos modos de falha. Eles devem ser identificados, avaliados e registrados para cada modo de falha. As consequências podem para o sistema, produto, cliente ou para as normas governamentais. Devem-se descrever os efeitos em termos do que o usuário pode perceber ou sentir. O usuário pode ser um cliente interno ou externo. Severidade do efeito (8): É o índice que indica o quão grave é o efeito da falha. Há uma correlação direta entre a severidade e o efeito da falha, de modo que, quanto mais grave e crítico é o efeito da falha, maior será o valor do índice de severidade. Causas potenciais da falha (9): É onde se descreve a causa geradora do modo de falha. Ocorrência (10): Trata-se do índice que indica a frequência com que a falha pode ocorrer. Neste caso, a correlação é diretamente proporcional, ou seja, quanto maior o número de ocorrências desta falha, maior será o valor do índice de ocorrência. Controles Atuais (11): Um método (procedimento), teste, revisão de projeto ou uma análise de engenharia. Eles podem ser muito simples, como por exemplo: Brainstorming, ou bastante técnicos e avançados, como por exemplo: método dos elementos finitos, simulação computacional e testes de laboratórios. O objetivo do método de detecção é identificar e eliminar as falhas antes que estas atinjam os clientes (externos ou internos). Detecção (12): É um índice que indica a probabilidade de que os sistemas de controle detectem a falha (causa ou modo de falha) antes que esta atinja os clientes (internos ou externos). A escala funciona da seguinte maneira: quanto mais fácil de ser detectado, menor será o valor atribuído ao índice de detecção. Número de prioridade de risco (NPR) ou RiskPriorityNumber (RPN) (13): Serve para definir a prioridade do modo de falha. É usado para ordenar (classificar) as deficiências do 42 sistema. Trata-se da resultante do produto dos índices de severidade, ocorrência e detecção. RPN = S x O x D Ações recomendadas (14): Nenhum FMEA deve ser feito sem nenhuma ação recomendada. A ação recomendada pode ser uma ação específica ou pode ser um estudo mais adiante. A ideia das ações recomendadas é diminuir os índices de severidade, ocorrência e detecção. Responsabilidade e data de conclusão limite (15): Devem-se eleger os responsáveis para as tomadas de ações e definir prazos para a entrega dessas ações. Ações tomadas (16): Só porque algo foi recomendado, não significa que algo foi feito. É imperativo que alguém siga as recomendações para determinar se elas foram direcionadas adequadamente, e/ou se é necessário fazer atualizações nestas ações. Note que o FMEA é um documento vivo, e como tal, alguém deve ser responsável por atualizá-lo. Depois que as ações fossem tomadas, uma breve descrição da ação deveria ser feita. Número de prioridade de risco revisado (17): Depois das ações estarem incorporadas no sistema, a equipe FMEA deveria reavaliar as consequências da severidade, ocorrência e detecção. Os resultados deveriam ser revisados pelo time de FMEA e um novo RPN calculado e as falhas serem ordenadas. Este processo é repetido até o time de FMEA decidir que todas as informações relevantes foram cobertas. Se nenhuma ação for tomada, então estas colunas permanecerão em branco. A seguir serão apresentadas as escalas de avaliação da severidade, ocorrência e detecção. Estas escalas são modelos propostos que podem servir de guia para a implantação do FMEA. Nos exemplos apresentados neste trabalho as escalas são graduadas de 1 a 10, no entanto, existem outros modelos de escalas com variações na sua graduação. O importante é que as graduações e as descrições reflitam a realidade da empresa onde está sendo implantando o FMEA, contendo informações claras e que permitam aos membros da equipe de FMEA avaliar e atribuir os valores corretos para a severidade, ocorrência e detecção. A Tabela 1 exibe a descrição da escala de severidade. (PALADY, 1997) Afirma que um valor alto na coluna de severidade sugere duas coisas: - A segurança dos clientes corre risco. - O custo da falha será extremamente alto a ponto de ameaçar o bem-estar financeiro da organização. 43 Tabela 1- Escala de Severidade DESCRIÇÃO DA ESCALA DE SEVERIDADE GRAU Efeito não percebido pelo cliente 1 Efeito bastante insignificante, percebido pelo cliente; entretanto, não faz com que o cliente procure o serviço. 2 Efeito insignificante, que perturba o cliente, mas não faz com que procure o serviço. 3 Efeito bastante insignificante, mas perturba o cliente, fazendo com que procure o serviço. 4 Efeito menor, inconveniente para o cliente; entretanto, não faz com que o cliente procure o serviço. 5 Efeito menor, inconveniente para o cliente, fazendo com que o cliente procure o serviço. 6 Efeito moderado, que prejudica o desempenho do projeto levando a uma falha grave ou uma falha que pode impedir a execução das funções do projeto. 7 Efeito significativo, resultando em falha grave; entretanto, não coloca a segurança do cliente em risco e não resulta em custo significativo da falha. 8 Efeito crítico que provoca a insatisfação do cliente, interrompe as funções do projeto, gera custo significativo da falha e impõe um leve risco de segurança (não ameaça a vida nem provoca incapacidade permanente) ao cliente. 9 Perigoso, ameaça a vida o pode provocar incapacidade permanente ou outro custo significativo de falha que coloca em risco a continuidade operacional da organização. 10 Fonte: Adaptado de (PALADY, 1997), acessado em 06/03/2019. A próxima figura apresenta a escala de avaliação da ocorrência. Vale ressaltar que existem duas abordagens para a avaliação da ocorrência, para exemplificar melhor (PALADY, 1997) faz duas perguntas: 44 1- Com que frequência o modo de falha ocorrerá? 2- Com que frequência a causa do modo de falha ocorrerá? Diante desses questionamentos é possível concluir que existem dois tipos de análise de ocorrência, onde, uma se refere ao modo de falha e outra se refere à causa. Essa distinção das duas abordagens deve ser compreendida pelos membros da equipe sendo que antes do início do FMEA a equipe deve chegar a um acordo e definir qual abordagem será adotada. No entanto a Tabela 2 apresenta uma escala extremamente genérica, que segundo (PALADY, 1997) pode representar uma limitação no desenvolvimento do FMEA, pois, é muito comum que membros da equipe ficam discutindo a diferença de um índice de ocorrência 2, 3 ou 4. Com isso, os membros da equipe têm interpretações equivocadas em algumas descrições, que acarretam em uma análise não muito eficaz. Devido a isso, (PALADY, 1997) recomenda que se desenvolva uma escala específica que se adeque a realidade da empresa onde o FMEA está sendo implantado. Como exemplo, a Tabela 3 apresenta a mesma escala com uma coluna de percentual que ajuda na hora de avaliar a ocorrência. Para montar esta escala o autor utilizou dados históricos de reclamações dos clientes, além do apoio de ferramentas estatísticas para distribuir os valores pelos graus da escala, com o intuito de facilitar a avaliação dos membros da equipe. Tabela 2- Escala de avaliação da ocorrência Escala de Avaliação de Ocorrência Grau Extremamente remoto, altamente improvável 1 Remoto, improvável 2 Pequena chance de ocorrência 3 Pequeno número de ocorrências 4 Espera-se um número ocasional de falhas 5 Ocorrência moderada 6 Ocorrência frequente 7 Ocorrência elevada 8 Ocorrência muito elevada 9 Ocorrência certa 10 Fonte: Adaptado de (PALADY, 1997), acessado em 06/03/2019 45 Tabela 3- Escala de ocorrência com percentual Escala de Ocorrência Percentual Grau Extremamente remoto, altamente improvável Menos de 0,01% 1 Remoto, improvável 0,011
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