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Direito Administrativo I AULA 1 do dia 27/08 1 - O direito é tradicionalmente dividido em dois ramos: direito público e direito privado A- Tem-se por direito público aquele que visa regular os interesses da sociedade como um todo, a relação entre esta e o Estado, a relação entre os órgãos estatais, o interesse público. No direito público temos como principal característica a desigualdade nas relações jurídicas, prevalecendo sempre o interesse público sobre o privado. A- B- O direito privado, por sua vez, aquele que protege a relação de particulares, visando preservar a relação entre as pessoas e seus bens. Nesse caso, existe uma igualdade jurídica entre os polos. Assim, pode-se afirmar que o direito administrativo é um ramo do direito público. B- 2- Conceito Segundo Marcelo Alexandrino “é o conjunto de regras infliciveis aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, as relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente as relações com os administradores e a gestão dos bens públicos, tendo em conta, a finalidade geral de bem atender ao interesse público”. Segue o critério “da administração pública” segundo o qual o direito administrativo abrange o conjunto de princípios que regem a administração pública em sentido subjetivo e objetivo. 3- Objeto do direito administrativo O direito administrativo tem como objeto: A- As relações internas (ocorridas entre os órgãos e entidades administrativas uns com os outros e entre a administração); C- B- Relações entre administração e administrado;D- C- Atividades da administração pública com sentido material exercidas por particulares sobre regime de direito público (concessão e permissão). E- Exemplo: Água, luz que são serviços essenciais, mas que são prestadas por particulares sob regime de direito público. AULA 2 do dia 03/09 4- Administração pública sentido objetivo e subjetivo F- A- Critério subjetivo/ formal/ orgânicoG- Refere-se ao conjunto de órgãos, agentes e entidades que formam a estrutura que desempenha a função administrativa em conformidade com a lei (de acordo com esse critério nenhum particular, ainda que eventualmente esteja exercendo função administrativa integra o conceito de administração pública). Página 1 de Nova Seção 1 B- Critério objetivo/ material/ funcionalA- Trata-se da própria função ou atividade administrativa que é realizada. 5- Competência para legislar sobre direito administrativo 1- A competência para legislar sobre direito administrativo é concorrente, de modo que, tratando-se de matéria de interesse local, a competência é dos municípios; tratando-se de interesse regional, a competência é do Estado e do Distrito Federal e, tratando-se de matéria de interesse nacional a competência da união. Observação: Frisa-se que algumas matérias serão reguladas privativamente pela união, nos termos da Constituição Federal. 2- 3- 6- Sistema Administrativo O sistema administrativo corresponde ao regime adotado pelo Estado para o controle dos atos administrativos ilegais praticados pelo poder público em qualquer esfera ou decorrente de qualquer poder. Existem dois sistemas: A- Sistema inglês ou unicidade de jurisdiçãoA- De acordo com esse sistema, todos os litígios (administrativos ou privados) estão sujeitos ao controle pelo poder judiciário, sendo este o único órgão que possui competência para aplicar o direito, que entende cabível de forma definitiva e com força de coisa julgada. Segundo Marcelo Alexandrino “parece sistema somente o poder judiciário tem força de jurisdição”. Salienta-se que não quer dizer que se veda a solução de litígio através da via administrativa. Esse sistema não implica em retirar da administração pública a possibilidade de controle de seus próprios atos. (autotutela administrativa), contudo tais decisões não são dotados de definitividade, estando sujeita à apreciação pelo poder judiciário. Esse é o regime adotado no Brasil, regido pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição. B- Sistema francês ou dualidade de jurisdição B- Tal sistema entende que o poder judiciário não tem competência para analisar os atos administrativos, de modo que estes se sujeitam a jurisdição especial do contencioso administrativo. Dividem a jurisdição administrativa e jurisdição comum. 7- Regime jurídico administrativo (Pedras de toque – Celso Antônio Bandeira de Melo) É o princípio aplicável aos órgãos, entidades e agentes administrativo. São prerrogativas e limitações impostas ao Estado e materializadas em dois supra princípios ou princípios centrais que norteiam a situação a atuação da administração: Página 2 de Nova Seção 1 A- Supremacia do interesse público sobre o privado: de acordo com esse princípio, sempre que houver conflito entre o interesse público e o privado, aquele vai prevalecer. A- Trata-se de uma prerrogativa conferida à administração pública para atender ao interesse público. Frisa-se que deve-se respeitar os direitos e garantias fundamentais, observando sempre o princípio da legalidade e o devido processo legal. Fala-se na verticalidade nas ações da administração – particular. B- Indisponibilidade do interesse público: nesse caso, trata-se de uma restrição/limitação sofrida pela administração pública e consiste no fato de que o agente público não pode fazer uso das prerrogativas e poderes públicos para alcançar interesse diverso daquele relacionado ao interesse da coletividade. B- Isso ocorre porque a administração não é proprietária da coisa pública, não é titular do interesse público, sendo este o “povo”. Partindo dessa premissa, sendo a disponibilidade característica da propriedade, não pode a administração dispor dos interesses como a entender necessário, devendo sua atuação limitar-se às disposições legais. Observação: O STF entendeu ser possível atenuar o princípio da indisponibilidade do interesse público em algumas situações específicas, como por exemplo em acordo ou transações, desde que observe-se se é a melhor maneira de alcançar o interesse coletivo e, se não onera o Estado. AULA 3 do dia 10/09 8- Princípios administrativos constitucionais expressos Inicialmente deve-se frisar que não há hierarquia entre os princípios administrativos, nenhum princípio prevalece frente a outro. Havendo conflito entre dois princípios haverá uma ponderação dos interesses envolvidos naquele caso concreto. A- Legalidade - a imposição de comportamentos unilaterais pelo poder público só será possível se tiver respaldo em lei; de modo que o princípio da legalidade é uma proteção para o direito dos administrados e uma limitação para o poder público. C- De acordo com esse princípio a administração pública só pode fazer aquilo que a lei expressamente permite, devendo agir apenas em conformidade com o ordenamento jurídico. Destaca-se que na legalidade para o direito privado, onde as relações são travadas por particulares que visam os seus próprios interesses, podendo fazer tudo aquilo que a lei não proibir, estabelece-se uma relação de não contradição a lei. De outro lado, para o direito público, onde o objetivo é o interesse da coletividade, somente podendo a administração fazer aquilo que a lei autoriza ou determina, há um critério de subordinação a lei. Salienta-se que a legalidade não elimina a existência de atos discriminatórios. B- Impessoalidade - O poder público tem que manter uma posição neutra em relação aos administrados, não podendo atuar com o fim de beneficiar ou prejudicar o particular. O administrador deve atuar na busca do interesse público em conformidade com a lei. Isso não quer dizer que deve conferir o mesmo tratamento a todos, mas sim tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual (princípio da isonomia/isonomia material), são oscasos de discriminações impessoais, de acordo com o objeto. D- Todos os atos praticados pelos agentes públicos assumem caráter de impessoalidade, devendo afastar-se das finalidades particulares. E- A atuação do agente público basea-se na ausência de subjetividade, para Celso Antônio “o princípio da impessoalidade traduz a ideia de que a administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo, nem perseguições são toleráveis”. Página 3 de Nova Seção 1 Destaca-se que quando agente pratica o ato, não é o servidor público que está atuando, mas sim o Estado por meio desse agente. Fala-se da teoria da imputação coletiva, segundo o qual a vontade do agente é imputada ao Estado. Diante de tudo isso, é vedado a realização de promoção pessoal/publicidade da figura do agente público nas medidas implementadas pela administração pública, vez que o ente estatal é o responsável pela medida e não agente público. Observação: O STJ reconhece a possibilidade de homenagear servidores e autoridades que não estão mais em atividade. Por fim, com base neste princípio, não se admite na administração pública a prática de nepotismo (súmula vinculante 13), ainda que cruzado, pois implicaria o uso da máquina pública para favorecimento pessoal do agente público. Enfatiza-se que o STF já entendeu que a vedação ao nepotismo não se aplica a nomeação para o exercício de cargos políticos (secretários ou Ministros do Estado) exigindo-se somente a condição técnica para exercer ao cargo. C- Moralidade – Tal princípio refere-se a modalidade jurídica, ética, lealdade, boa-fé de conduta, honestidade e probidade no trato com a coisa pública. Não se trata de uma moral subjetiva, mas sim na moralidade objetiva, da moralidade jurídica. A imoralidade surge como uma forma de ilegalidade, sujeita portanto, a apreciação pelo poder judiciário. As hipóteses o que tipificam os atos administrativos de improbidade foram impressos na lei 8429/92, que divide os atos de improbidade administrativa. Página 4 de Nova Seção 1
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