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Tecnologia da Informação e Comunicação no Ensino de História

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2015
Tecnologia da 
informação e 
comunicação no 
ensino de HisTória
Prof. Jean Carlos Morell
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Jean Carlos Morell
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
907
M841t Morell, Jean Carlos
 Tecnologia da informação e comunicação no ensino de história/ Jean 
Carlos Morell. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 211 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-930-5
 
 1. História – Estudo e Ensino. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresenTação
Caro acadêmico e futuro(a) professor(a) de História. A construção 
deste Livro Didático é um ponto de partida de uma grande caminhada. Esta 
será sua jornada pessoal e profissional no campo da docência, em especial na 
disciplina de História.
Na trajetória de nosso texto, argumentaremos sobre o que são as 
tecnologias e sua presença no processo educativo. Também apontaremos 
alguns caminhos de trabalho. Questionamos, refletimos, sugerimos. O que 
devemos refletir em nosso cotidiano é que, diante da dimensão da escola 
e das atuais tecnologias, não devemos optar por um voo cego de aceitação 
ou modismos. 
Necessitamos trabalhar para a qualificação de nosso trabalho como 
professor, é claro, mas insistimos que é de extrema importância desenvolver a 
formação e o trabalho docente para promoção da vida. Nem sempre o que hoje 
denominamos socialmente de tecnologia vai contribuir para esta causa. Seria 
ingenuidade ou negligência nossa desconsiderar essa possibilidade.
Questionar o que representa a tecnologia na aprendizagem pode dar 
uma nova perspectiva de trabalho ao professor. Porém, compreender esse 
processo como uma via em que há perdas e ganhos nos deixa um pouco mais 
atentos à complexidade das tecnologias aplicadas ao processo de ensino de 
história. Entretanto, o intuito não é excluir tecnologias novas ou já conhecidas, 
mas incluí-las ou reaproveitá-las sem que elas se tornem ferramentas de 
práticas desatentas às necessidades da atual comunidade escolar.
A tecnologia é um campo de estudo crítico e reflexivo fundamental à 
formação do professor. Através desta disciplina tentamos discutir conceitos 
e apresentar caminhos de trabalho. Não fique preso em sua primeira leitura 
do material. Refaça as leituras, mesmo que a disciplina já tenha terminado. 
Explore todas as possibilidades da Trilha de Aprendizagem. Assista aos 
vídeos e acesse todos os materiais de apoio. Guarde este livro em sua 
biblioteca pessoal, ele será um excelente e fundamental parceiro em seus 
desafios como professor de História e disciplinas afins.
A sociedade contemporânea tem uma relação muito estreita com os 
novos artefatos da tecnologia digital. Eles estão cada vez mais presentes no 
cotidiano das pessoas. Cabe a você, como professor e como cidadão, discutir 
sobre a problemática dos celulares no ambiente escolar. Como esta questão 
pode influenciar seu trabalho em sala? Discutir este tipo de tecnologia é uma 
oportunidade que não deve ser desperdiçada.
Prof. Jean Carlos Morell
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA 
COMUNICAÇÃO (TICS) ........................................................................................... 1
TÓPICO 1 – TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS .... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 DISCUTINDO SOBRE AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS .............................................. 4
3 O CONTEXTO DA INCORPORAÇÃO DAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO ................................ 8
4 UM CONTEXTO DE CONTRADIÇÕES ......................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21
TÓPICO 2 – A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO ......................................... 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 A GERAÇÃO DA CIBERCULTURA ................................................................................................. 24
3 O QUE DIZER SOBRE O VIRTUAL ................................................................................................. 29
4 A NOVA RELAÇÃO COM O SABER ............................................................................................... 30
5 O VIRTUAL E A SIMULAÇÃO ......................................................................................................... 32
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 – DISCUTINDO O CONCEITO DE TECNOLOGIA ................................................... 37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 UM POUCO DA HISTÓRIA: TÉCNICA E TECNOLOGIA ........................................................ 37
3 UM OLHAR PARA OS CONCEITOS DE TÉCNICA E TECNOLOGIA ................................... 41
4 A IDEOLOGIA DA TECNOLOGIA ................................................................................................. 46
5 A EFICIÊNCIA COMO UM MODO DE SER ................................................................................. 49
6 O TOTALITARISMO DA TECNOLOGIA ...................................................................................... 51
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................56
TÓPICO 4 – DIFERENTES TICS APLICADAS NO ENSINO DE HISTÓRIA ........................... 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
2 DISCUTINDO ALGUNS RECURSOS ............................................................................................. 57
3 JORNAL E REVISTA (MATERIAL IMPRESSO E ON-LINE) ..................................................... 59
4 A INTERNET E OUTROS RECURSOS ON-LINE ......................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
UNIDADE 2 – O USO DAS TICS NO ENSINO DE HISTÓRIA ........................................................85
TÓPICO 1 – A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM RELAÇÃO ÀS TICS ...................................87
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 CONTEXTUALIZANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................................................. 88
sumário
VIII
3 ALGUNS CAMINHOS PARA FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................ 92
4 AS TICS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................................................ 94
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................107
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................108
TÓPICO 2 – FORMANDO PROFESSORES E ESTUDANTES PESQUISADORES ...........111
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................111
2 FORMANDO PESQUISADORES (PESQUISA)...........................................................................112
3 COMPREENSÃO DOS PROCESSOS ............................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................123
TÓPICO 3 – METODOLOGIAS E TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA E 
 A PERSPECTIVA CONSTRUCIONISTA ......................................................................... 125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 UMA PERSPECTIVA CONSTRUCIONISTA ...............................................................................126
2.1 CONSTRUCIONISMO X INSTRUCIONISMO .........................................................................126
2.2 O CONSTRUTIVISMO ..................................................................................................................128
3 IMPLEMENTANDO IDEIAS ...........................................................................................................129
3.1 CONSTRUÇÃO DE UM VIDEOCLIPE “HISTÓRICO” ..........................................................131
3.2 O PROJETO DE RÁDIO NA ESCOLA .......................................................................................138
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................145
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
UNIDADE 3 – FONTES HISTÓRICAS E O ACESSO ATRAVÉS DAS TECNOLOGIAS ......149
TÓPICO 1 – PROPOSTAS DE ACESSO VIRTUAL ÀS FONTES HISTÓRICAS...............151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 AS FONTES HISTÓRICAS E O ACESSO VIRTUAL .................................................................151
3 NÚCLEO DE HISTÓRIA ORAL ......................................................................................................154
4 LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ORAL E IMAGEM .................................................................155
5 HISTÓRIA ORAL E MOVIMENTOS NA ÉPOCA DA DITADURA MILITAR 
 BRASILEIRA ........................................................................................................................................157
6 HISTÓRIA DA IMAGEM .................................................................................................................158
7 OS BLOGS COMO UMA FONTE HISTÓRICA ..........................................................................161
8 OS MUSEUS ........................................................................................................................................164
9 PINTURAS HISTÓRICAS ................................................................................................................166
10 DOCUMENTOS COMO FONTE DA HISTÓRIA .....................................................................172
11 MAPAS HISTÓRICOS ....................................................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................185
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
TÓPICO 2 – A NARRATIVA HISTÓRICA E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO .....189
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189
2 A NARRATIVA HISTÓRICA ...........................................................................................................189
3 O TEMA DOS NAUFRÁGIOS ........................................................................................................192
4 PENSANDO UM RUMO PARA AS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ...............................197
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................199
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................200
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................201
1
UNIDADE 1
O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA 
INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 
(TICS)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de compreender:
• o contexto histórico das Tecnologias da Informação e da Comunicação 
no Brasil e no mundo;
• a discussão sobre o conceito de técnica e tecnologia;
• os desafios da cibercultura na sociedade contemporânea e na educação;
• diferentes recursos e ferramentas tecnológicas no ensino da história;
• contradições sociais e econômicas das tecnologias na sociedade 
contemporânea;
• a necessidade de formação crítica dos professores frente à presença das 
TICs na educação.
A unidade está dividida em quatro tópicos e no final de cada um deles você 
encontrará atividades fundamentais ao seu aprendizado. Sua realização 
é indispensável ao desenvolvimento da disciplina e à organização de seu 
estudo.
TÓPICO 1 – TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS 
ELETRÔNICAS
TÓPICO 2 – A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS NAEDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – DISCUTINDO O CONCEITO DE TECNOLOGIA
TÓPICO 4 – DIFERENTES TICS APLICADAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS 
ELETRÔNICAS
1 INTRODUÇÃO
Questionar o que representa a tecnologia na aprendizagem pode dar uma 
nova perspectiva de trabalho ao professor. Porém, compreender esse processo 
como uma via em que há perdas e ganhos nos deixa um pouco mais atentos 
à complexidade das tecnologias aplicadas ao processo de ensino de história. 
Entretanto, o intuito não é excluir tecnologias novas ou já conhecidas, mas incluí-
las ou reaproveitá-las sem que elas se tornem ferramentas de práticas desatentas 
às necessidades da atual comunidade escolar.
Para iniciarmos o estudo desta disciplina, planejamos uma unidade através 
de um caminho predominantemente teórico. O tópico inicial está organizado para 
uma reflexão sobre a ideia de TICs, mídias eletrônicas e a presença de tecnologias 
na educação. Demonstra uma abordagem sucinta sobre a história da informática 
na educação, propõe um questionamento sobre como são representadas as 
tecnologias na escola e as supostas contradições desse contexto na educação.
 
As TICs e as mídias eletrônicas têm diferenças e pontos em comum. 
Ambos são recursos do processo de ensino que estão sempre carregados de 
características culturais de seu tempo. Entretanto, as condições socioeconômicas 
e regionais alteram a oferta de tecnologia, em especial, à escola.
É importante deixar registrado que ao discutir os conteúdos fizemos 
escolhas. Propomos uma perspectiva entre tantas existentes. Por uma questão de 
honestidade científica jamais esgotaremos o assunto ou teremos a palavra final.
Ao ler o Livro Didático faça um paralelo com os vídeos da disciplina 
disponíveis na Trilha de Aprendizagem. E aproveite ao máximo as autoatividades 
no final de cada tópico. Elas são referências indispensáveis para seu desempenho 
nas avaliações.
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
4
2 DISCUTINDO SOBRE AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
Olá acadêmico, para discutir sobre as TICs (Tecnologias da Informação 
e Comunicação) e as mídias eletrônicas, inseridas no contexto escolar, faz-
se necessário um alerta. Isto significa ficar atento(a) a algumas condições 
fundamentais.
Primeiramente, imaginemos a incorporação destas tecnologias um fato 
histórico recente, de rápida transformação, e também desigual no mundo e nas 
regiões brasileiras. Por isso, nosso tema é dinâmico, complexo e carregado de 
adjetivos triunfalistas devido aos benefícios da tecnologia.
Em segundo lugar, consideremos que TICs, mídias eletrônicas, aparelhos 
móveis, tecnologias e novas tecnologias da aprendizagem são apenas alguns 
nomes que não revelam totalmente um movimento global. Uma espécie de arranjo 
mundial que envolve criação, produção e consumo de conteúdo tecnológico, seja 
ele sustentável ou não aos limites da sociedade, das reservas minerais e biológicas 
do planeta.
De outra maneira, como você está inscrito num processo de formação 
profissional, é preciso compreender que diante do tema e das atuais condições 
tecnocientíficas, ao professor cabe o papel de um constante pesquisador. Logo, 
coloque-se à disposição do tema, não como um entusiasta, nem como pessimista 
em relação às tecnologias na educação. Prefira encontrar-se como um profissional 
atento e em busca de melhores condições de análise da sua realidade, pois “um 
enfoque equilibrado supõe não abordarmos as tecnologias do momento vendo 
apenas as maravilhas, nem tampouco assumindo posições catastróficas, como 
é comum na literatura sobre o uso de tecnologias na educação” (CYSNEIROS, 
2003, p. 90).
E ainda mais, não negligencie o fato de que este tema será um desafio em 
sua formação e atuação como professor. A maneira de compreender e se relacionar 
com as tecnologias proporcionará novas perspectivas ao seu desempenho e 
progresso pedagógico.
TICs e mídias eletrônicas são duas realidades próximas, porém têm 
suas diferenças conceituais. A explicação delas é um passo importante em 
nossa conversa. Vamos fazer algumas diferenciações, pois é perceptível um 
movimento de rápidas transformações dos artefatos tecnológicos que envolvem a 
comunicação, e por consequência, o entretenimento. É bem comum encontrarmos 
alguém usando um novo modelo de celular ou computador que nos causa 
surpresa pelas novidades e recursos antes desconhecidos.
Entendemos por TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), um 
grupo de meios de comunicação ou artefatos cujo objetivo principal é a transmissão 
de informação entre diferentes sistemas, a exemplo da televisão, computador e 
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
5
DVD. Em geral, essas tecnologias mediam, direta ou indiretamente, a comunicação 
de massa – para um grande número de pessoas. Entretanto, pensando com maior 
amplitude, cartazes, painéis, jornais escritos também são exemplos de tecnologias 
e que estão envolvidas no papel da comunicação. Logo, considerados como TICs, 
teremos muitos exemplos de artefatos tecnológicos e sistemas de comunicação.
NOTA
Antes de continuar, é indispensável reforçarmos a ideia de “comunicação de 
massa”, que se caracteriza pelo fluxo de informação, num único sentido. Ou seja, apenas 
quem emite a mensagem tem papel ativo na comunicação, restando ao receptor apenas a 
passividade de receber e consumir a informação. É um tipo de comunicação para um grande 
número de pessoas, ao mesmo tempo, com a ideia predominante de mercado em escala e 
de homogeneização da comunicação, a fim de atingir maior audiência possível. A exemplo 
do cinema, rádio, jornal e televisão. (ALVES; FONTOURA; ANTONIUTTI, 2012, p.100). Antes de 
continuar, é indispensável reforçarmos a ideia de “comunicação de massa”, que se caracteriza 
pelo fluxo de informação, num único sentido. Ou seja, apenas quem emite a mensagem 
tem papel ativo na comunicação, restando ao receptor apenas a passividade de receber e 
consumir a informação. É um tipo de comunicação para um grande número de pessoas, ao 
mesmo tempo, com a ideia predominante de mercado em escala e de homogeneização da 
comunicação, a fim de atingir maior audiência possível. A exemplo do cinema, rádio, jornal e 
televisão. (ALVES; FONTOURA; ANTONIUTTI, 2012, p.100).
Daí vem a importância de inserirmos um termo mais específico para os 
artefatos da comunicação e que ganha espaço crescente no mercado consumidor 
– as mídias eletrônicas. Elas apresentam uma dimensão cujos artefatos/aparelhos 
são essencialmente: informatizados, com telas eletrônicas e de alto poder de 
entretenimento, a exemplo dos celulares, iphones, tablets e computadores. Um 
trocadilho interessante vem a ser útil nesse momento do texto: nem todas as TICs 
são mídias eletrônicas, mas todas as mídias eletrônicas são TICs. Vejamos o que 
mais pode ser dito sobre os conceitos de TICs e mídias eletrônicas aproximados 
ao ambiente educacional.
 
Em algumas nações, a década de 70 marcou a chegada dos computadores 
na educação trazendo consigo impressoras, scanners, câmeras fotográficas e outros 
periféricos digitais. O grupo desses recursos e aparatos ficou conhecido por TI 
(Tecnologia de Informação). O termo TICs surgiu quando se incorporou a tais 
periféricos a internet, o e-mail e as ferramentas de pesquisa on-line. Dessa forma, 
o termo TICs passou a representar a diversidade de tecnologias e recursos que 
colaboram para criar, armazenar e transportar todo tipo de informação. (LEITE; 
RIBEIRO, 2012).
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
6
No contexto atual (sociedade e escola) - as TICs assumem um papel 
fundamental na dinâmica social e nos processos de manutenção ou de mudança. 
Elas ocupam espaços centrais nas sociedades,consideradas modernas pelo senso 
comum, também rotulada por ‘sociedade da informação’. Nesse ambiente, tais 
tecnologias passam a inter-relacionar três dimensões: o controle de produção, 
máquinas ou processos; o tratamento de informações com auxílio da informática 
e a comunicação em si. (PONTE, 2000).
De uma maneira mais comum e com menos critério de análise, o termo 
‘tecnologias da comunicação e da informação’ é usado como menção aos meios 
eletrônicos do rádio, televisão, sistemas multimídias, redes de computador e 
recursos de gravação de áudio e vídeo. No entanto, o conceito de TICs vai além 
e resgata meios tradicionais de comunicação, como o jornal impresso, cartazes e 
panfletos, pois se levarmos em conta o conceito de tecnologia (apresentado mais 
à frente), os meios de comunicação tradicionais não podem ser deixados de fora 
dessa discussão. (BRASIL, 2009). Essa discussão que resgata e inclui os meios 
não eletrônicos de comunicação no rol das TICs é fundamental à formação dos 
professores. Mas por que esse debate é importante ao atual e futuro professor? 
Ele nos permite um pouco mais de atenção ao recente fato histórico que elege 
o computador como “a salvação para todos os problemas e desafios” da rotina 
escolar. Confira um trecho de “as sereias do ensino eletrônico”, um artigo 
interessante que reforça nosso argumento anterior.
O segredo dos maiores escritores sempre foi um exercício de 
simplicidade: penetrar, com modéstia e determinação, naqueles 
poucos e recorrentes dilemas fundamentais da existência humana: 
amor, ódio, inveja, desejo, poder, paixão. Não é por acaso que suas 
obras continuam intactas, atuais e perturbadoras, séculos depois. 
Homero foi um desses, há mais de dois milênios atrás. Uma de suas 
mais famosas passagens vem da Odisseia, quando Ulisses pede para 
ser amarrado ao mastro de seu navio para poder ouvir os irresistíveis 
cantos das sereias, sem ser encantado e devorado por elas. Anterior às 
canetas esferográficas e aos processadores de texto, Homero tocou em 
uma dessas pulsões fundamentais, que nos aprisiona à nossa precária 
e apaixonante condição humana. A despeito de todos os avanços 
tecnológicos e sociais, elas devem permanecer intactas por mais uns 
tantos milênios. Quase como o Ulisses de Homero, muitas profissões 
foram seduzidas, nos últimos anos, pelas encantantes melodias das 
novas tecnologias da comunicação e da informação. Nos primeiros 
anos da década de 90, foram os profissionais da informática, fascinados 
pelas perspectivas de riqueza instantânea e pela indubitável aura 
de sabedoria. Depois, foi a vez do comércio eletrônico e da “nova 
economia”, que embalaram sonhos de executivos e administradores 
e prometiam a completa transformação do mundo dos negócios. 
Mais tarde, veio o tempo do jornalismo eletrônico, da eliminação do 
papel, da personalização da notícia, da entrega em tempo real. Cada 
um receberia somente as notícias de seu interesse, toda manhã, sem 
precisar procurá-las por páginas e mais páginas de papel. Informatas, 
especialistas em comércio eletrônico e web-jornalistas, cada um a 
seu tempo, tiveram seu momento de glória, de exposição, de mágica 
sabedoria (BLIKSTEIN; ZUFFO, 2015, p. 1-2).
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
7
DICAS
Acesse na íntegra o artigo: “As sereias do ensino eletrônico”. Encontre facilmente 
o material através da pesquisa on-line. Surpreenda-se e aprofunde a questão polêmica sobre 
a supervalorização do ensino eletrônico. Disponível em: 
<http://eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83219/BliksteinZuffo-MermaidsOfE-Teaching-
OnlineEducation.pdf>.
Os anos 90 foram decisivos na ampliação do uso da informática nas rotinas 
do comércio, bancos, indústrias e instituições de ensino. Sua presença ganhou 
status de controle, eficiência, segurança, modernidade e imprimiu um sentimento 
de condição indispensável para o progresso. O computador, em várias formas, 
materializou a convergência que uniu recursos e mídias (telefone, entretenimento, 
pesquisa, redes sociais, jogos, controle do fluxo de produção, textos, páginas, 
imagens, sons e vídeos). Aqui fica destacada a ideia de convergência das mídias em 
que a tecnologia digital potencializa as ações pedagógicas. (ALMEIDA, 2008).
Enfim, ao restringir o termo em “mídias eletrônicas” estamos fazendo 
um recorte intencional, no contexto da educação, que destaca artefatos (notebook, 
tablet, ipad, iphone, smartphone, celular, tv) imersos em aspectos e funções de 
entretenimento, informação, comunicação, relações sociais e um item efetivamente 
pouco realizado, a construção de conhecimento. Talvez, seja isso que torna as 
pessoas tão obsessivas e dependentes “dessas maquininhas eletrônicas”.
Contudo, além de mídias eletrônicas, outro nome surge no discurso dos 
mercados emergentes de tecnologias da aprendizagem. Veja no discurso a seguir 
como é empregado o termo ‘tecnologias móveis’ e quais as vantagens e valores 
associados ao seu uso.
A aprendizagem móvel é uma realidade. As evidências comprovam 
que os aparelhos móveis estão presentes em todos os lugares e são 
utilizados no dia a dia por alunos e professores para acessar informações, 
racionalizar e simplificar a gestão e facilitar a aprendizagem de forma 
inovadora. A imensa diversidade de aparelhos móveis disponíveis 
no mercado, tais como smartphones, tablets, leitores de livros digitais 
(e-readers), aparelhos portáteis de áudio e consoles manuais de 
videogames ajudam a ampliar e enriquecer oportunidades de 
aprendizagem entre professores e estudantes. Esses aparelhos podem 
facilitar um grande número de tarefas, particularmente aquelas 
relacionadas à comunicação (INTERDIDÁTICA, 2015).
Ao pesquisarmos o tema em livros e artigos, teremos uma abordagem 
em que o termo TICs é predominante e a imagem do computador consolida uma 
ferramenta implacável do futuro da aprendizagem e da comunicação. Porém, que 
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
8
utilidade tem essa discussão para você que pretende ser ou já é professor? Essa 
resposta terá dimensões diferentes para cada um ao final desta disciplina. Mas 
que ao menos, estejamos além da mera condição de consumidor das tecnologias 
da aprendizagem.
 
E agora, antes de seguir com sua leitura, veja se você conseguiu 
compreender a diferença entre TICs, mídias eletrônicas e os desafios dessas 
ferramentas na ação do professor.
3 O CONTEXTO DA INCORPORAÇÃO DAS MÍDIAS NA 
EDUCAÇÃO
Numa extensa nação como o Brasil não é possível negligenciar as dimensões 
continentais que o território apresenta se quisermos construir qualquer tipo de 
análise do contexto social. Além destas dimensões, apresentam-se significativas 
desigualdades regionais na alocação de recursos econômicos que impactam 
severamente sobre o desenvolvimento social. As condições de investimento das 
políticas públicas em educação não estarão livres desta sorte.
Pensar dessa forma, evita tomar por certo e homogêneo, em nossa análise, 
as condições econômicas favoráveis de consumo vivenciadas nos grandes centros 
urbanos do centro-sul do Brasil. Isto nos leva a estabelecer, como ponto de partida, 
o fato de que a incorporação das mídias eletrônicas na educação é um processo 
heterogêneo, desigual e dependente das condições de investimento público local.
Por outro lado, países de todas as partes do mundo têm sinalizado 
para o investimento em TICs nas escolas, seja através de investimentos em 
infraestrutura (equipamentos), acesso à internet, formação de profissionais ou no 
desenvolvimento de conteúdos digitais. 
Alguns eventos internacionais lançaram luz ao debate sobre as mídias 
eletrônicas na educação. São eles: o Colóquio Internacional da UNESCO de 1982 
e de 1990; a Conferência Internacional (Viena) “educando para as mídias e para a 
era digital” em 1999; o ColóquioInternacional da UNESCO em Grünwald, 1982 
(Alemanha ocidental); o Seminário euro-mediterrâneo sobre as novas implicações 
da mídia-educação no contexto das sociedades do conhecimento em 2005; e a 
Agenda de Paris em 2007 que citamos em melhores detalhes a seguir (BELLONI; 
BÉVORT, 2009).
Todavia, o encontro da UNESCO em 1982 teve um destaque especial. 
Reuniu 19 países que homologaram a Declaração de Grünwald. Consolidaram 
o termo “mídia educação”, discutindo sobre a importância e o poder das mídias 
colaborarem no aprendizado e na compreensão dos fenômenos sociais, bem como 
em seu papel na formação da cidadania. (BELLONI; BÉVORT, 2009).
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
9
Em outro momento (1990) a UNESCO promoveu um novo colóquio 
internacional sobre o tema das TICs em Toulouse, envolvendo grande número 
de países com representantes de professores e pesquisadores de diferentes áreas. 
Para representar o Brasil esteve presente no evento uma assessora da Fundação 
Roberto Marinho. E nos debates foram apresentados novos conceitos sobre o tema 
entrelaçando aspectos críticos, técnicos e sociais. (BELLONI; BÉVORT, 2009).
 
Na Conferência Internacional realizada pela UNESCO em Viena (1999) 
dois aspectos relevantes formam um novo marco internacional na trajetória 
da mídia-educação. Aparecem discussões sobre os Direitos da Criança e do 
Adolescente e sobre as influências das mídias-educação, não mais como objetos 
técnicos, mas como desdobramentos socioculturais, cognitivos e estéticos. 
(BELLONI; BÉVORT, 2009).
 
Em Paris (2007), o encontro comemorativo dos 25 anos de Grünwald 
desencadeou numa análise insatisfeita que reconhecia os precários avanços 
teóricos e práticos. A conclusão da conferência apontou para a incapacidade de 
as políticas tornarem a mídia-educação uma prioridade na escola (BELLONI; 
BÉVORT, 2009).
E no Brasil, como essa iniciativa ocorreu? Se a década de 70 deu o empurrão 
inicial para o surgimento dos computadores em ambientes escolares, foi somente 
a partir de 1996 que foram implementadas ações para o incentivo das TICs nas 
escolas brasileiras como uma política pública de Estado.
A Secretaria Especial de Informática (SEI), em 1983, formou a Comissão 
Especial de Informática na Educação para impulsionar projetos em tecnologia 
educacional. E foi assim que nasceu o primeiro programa de informática 
educacional brasileiro, o EDUCOM, implantado em cinco universidades públicas. 
Ao mesmo tempo, foram implantados centros de informática na Educação 
Fundamental (CIEd) juntamente com as Secretarias Estaduais (ALMEIDA, 2008).
Como objetivo de estimular a formação de professores em novos projetos, 
em 1987 o MEC criou o Projeto FORMAR na forma de cursos de pós-graduação. 
A ideia foi formar multiplicadores para áreas afins da informática educacional. 
Logo em seguida, em 1989, o MEC inaugurou o primeiro Programa Nacional de 
Informática Educativa (Proninfe) a fim de capacitar técnicos e professores para os 
centros de informática (ALMEIDA, 2008).
Com a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1996 
foram definidas novas responsabilidades à escola com base no mundo do trabalho, 
na prática social e no desenvolvimento econômico. E com os temas transversais 
a noção de incorporação de tecnologias passa a agregar também o currículo 
escolar. Logo em seguida, o MEC instituiu a Secretaria de Educação a Distância, o 
Programa TV Escola e Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) 
com a crença de que tais iniciativas contribuiriam para a incorporação das TICs 
nas escolas (ALMEIDA, 2008).
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
10
Em 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) já previa a 
informatização de todas as escolas públicas, principalmente através de instalação 
de laboratórios de informática e ampliação do acesso à internet até o ano de 2010. 
E o programa PROINFO destacou-se nesta inciativa em nível nacional (LEITE; 
RIBEIRO, 2012).
Mas por que precisamos conhecer tais questões históricas que parecem 
não ter sentido prático ao nosso estudo?
Veja, acadêmico, que esta menção histórica sobre a incorporação das TICs 
na escola (em especial nas iniciativas públicas e na criação de salas informatizadas) 
é um ponto de partida para compreendermos três situações:
a) Compreender a complexidade de uma tentativa de inovação em termos 
nacionais e internacionais. Que foi o caso dos eventos e iniciativas de 
incorporação das tecnologias educacionais.
b) Desvendar alguns dos valores morais e estéticos, gradativamente inseridos 
através da história, que envolvem a atual discussão sobre o ensino eletrônico 
na educação.
c) Compreender que existe uma aposta significativa nas ditas “novas tecnologias” 
para solucionar os problemas contemporâneos da educação formal.
Todavia, quais foram as crenças que motivaram o esforço das lideranças 
políticas internacionais em incluir as mídias eletrônicas nas instituições de 
ensino?
Verificando os dados históricos apresentados sobre a incorporação das 
TICs notamos a influência da revolução tecnológica das telecomunicações e 
da informática características do fim do século XX e início do século XXI. Esse 
momento de revolução que viabilizou a aproximação entre a indústria cultural, o 
rádio, cinema, televisão e a internet.
O computador agregou funções diversas ao seu uso como o trato à 
fotografia, entretenimento, jogos, redes sociais, ordenamento de dados, pesquisa 
bibliográfica e construção textual. Também foram somados estes recursos de 
computador aos novos aparelhos de alta capacidade técnica de operação como 
tablets e smartphones, cujo mercado apresentou uma dinâmica agressiva de vendas.
Por isso, em tese, qualquer pessoa tem acesso às mídias (como bem de 
consumo) e dispor desses recursos. Consequentemente as mídias eletrônicas 
estão cada vez mais atuantes na privacidade das pessoas reforçando, através do 
consumo de tais artefatos, os ideais de democratização da cultura (BELLONI; 
BÉVORT, 2009, p. 1081).
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
11
Entretanto, mesmo com as vorazes intenções de mercado e a intensa 
propaganda de consumo de artefatos das mídias eletrônicas, parece-nos 
que nenhum sistema educacional (principalmente as instituições públicas) 
internalizou realmente a mídia-educação como uma prioridade fundamental de 
suas políticas. Seja através de discussões e debates ou na execução de projetos. 
As ações que se destacam são apenas em nível superficial e complementar 
à dinâmica pedagógica. Entretanto, isto não quer dizer que o espaço e a 
organização escolar sejam escassos de tecnologias. Pelo contrário, a Figura 1 
nos apresenta uma noção de quanto os aspectos tecnológicos estão enraizados 
nas concepções de escolares. Talvez este quesito possa ficar mais evidenciado 
na discussão sobre o conceito de tecnologia.
Mas em que profundidade ou qual é o esforço em discutir as consequências 
da implantação dessas tecnologias? E na visão de Lévy (1999), seria necessário 
discutir, não os impactos, mas as consequências de uma nova cultura ou visão 
de mundo produzida em um novo contexto social.
 
Através do monopólio das mídias eletrônicas pelo sistema publicitário 
e das comunicações da massa é que diferentes tecnologias são excluídas dos 
ideais de inovação educacional. Ou ainda, nem se quer são mencionadas como 
tecnologias educacionais, como no caso de medicamentos, sistemas avaliativos 
e de registro do rendimento escolar. Embora seja pertinente chamarmos de 
tecnologia educacional um sistema informatizado de registro acadêmico, por 
exemplo, ele não entrará na contabilidade da inovação educacional das TICs.
 
Também nesse ideal de inovação, apenas eventualmente são referenciados 
espaços para tecnologiasde desenvolvimento do esporte, arte, música e pintura, 
que normalmente perdem espaço para as salas informatizadas.
 
A Figura 1 apresenta um prisma teórico sobre a inclusão das TICs no 
espaço escolar, que compreende que há uma visão predominante de mercado 
consumidor, mas que também sugere questões não tão evidentes sobre a presença 
de sistemas tecnológicos na educação. Veja a inclusão do termo “máquina” que 
compõe a rede de relações no mapa conceitual. Ele confirma a existência de uma 
visão tecnológica de ser da escola que vai além da simples utilização de artefatos 
para a atividade de ensinar e aprender.
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
12
FIGURA 1 – TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E SUAS RELAÇÕES
A própria escola como máquina educacional
Escrita SistemasCelular Tablet
Edificação Medicamentos
Linguagem
Programas
JogosMapas
Nota
Avaliação
Computador
Informática
Mídias eletrônicas
Aparelhos de áudio e vídeo em geral
O processo de ensino-aprendizagem como uma maquinaria do fazer pedagógico
Sistemas de controle tempo, desempenho, 
presença, ordem, disciplina, segurança, economia, saúde ...
FONTE: Morell (2015, p. 70)
Ao que parece, por mais interessantes que sejam as iniciativas de 
incorporação das mídias eletrônicas, as TICs continuam como um fator paralelo à 
educação, quando não são apenas facultativas ao currículo. No entanto, o quadro 
da Figura 1 chama a atenção para o fato das tecnologias estarem arraigadas na 
vivência escolar, seja através do seu modo organizacional, seu fazer pedagógico 
ou em seu controle de gestão.
Por outro lado, consideramos que o domínio específico das tecnologias da 
comunicação ainda esteja em grande parte sob controle da publicidade comercial. 
E curiosamente, tais sistemas de comunicação de massa necessitam de audiências 
(indivíduos) consumidores, acríticos, distraídos e não educados (BELLONI; 
BÉVORT, 2009).
As perspectivas delineadas no panorama atual de matrizes democráticas 
nos dois países (Brasil e Portugal) influenciam a disseminação da 
cultura tecnológica na sociedade com reflexos na cultura escolar e 
permitem experimentar o paradoxo entre a autonomia e o controle, a 
dominação e a emancipação, que se explicita nas opções assumidas de 
uso de tecnologias na educação (ALMEIDA, 2008, p. 23).
Pela comparação dos eventos históricos citados anteriormente fica 
sugerido que a prática de desenvolvimento tecnológico (em especial, para a 
condução do processo pedagógico) aparenta estar bem abaixo dos objetivos 
desejados. Entretanto, avançando no discurso sobre a presença das TICs no 
processo educativo, sugere-se que essa ocorrência esteja mais relacionada ao 
termo da incorporação que da integração. E disto se desdobram duas questões 
desafiantes:
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
13
a) Há uma inegável necessidade crescente de investimentos público/privados 
em tecnologias aplicadas ao processo de ensinar e aprender, o que remete à 
condição mais material dos recursos tecnológicos.
b) Também é um desafio tão distinto quanto o anterior, a importância de um 
entendimento político-pedagógico que faça da integração das tecnologias na 
educação algo que supere o atendimento a novas necessidades sociais ou de 
consumo. Isto remete a uma conjuntura mais teórica e filosófica do tema por 
parte dos agentes da comunidade escolar.
c) Existe diferença entre tecnologias na escola e tecnologias aplicadas na ação 
pedagógica?
A concepção tradicional de tecnologia, que elege determinados artefatos 
como necessários à inovação pedagógica e exclui outros dessa lista, constitui uma 
crença de valores predominantes na atual sociedade.
A partir da modernidade, constitui-se uma ideologia da tecnologia 
desenhada através da percepção de maravilhamento diante de um cenário 
espetacular de aparelhos e resultados tecnológicos. Tal maravilhamento fez crer 
que o atual estágio da humanidade superou qualquer outro momento da história. 
Com isso, a tecnologia se converte em um valor moral de qualidade, segurança, 
bem-estar e organização. A categoria da eficiência gerada através desses recursos 
e valores forma uma maneira de compreender o mundo como mais ideal, correta 
ou possível. Somando-se a tais valores sociais temos ainda a concepção mecanicista 
da sociedade, que se moldou e reinventou desde o início da modernidade até 
hoje. Alguns autores como Vieira Pinto e Marcuse chamam essa conjuntura de 
“paradigma da eficiência e da condição técnica” (VIEIRA PINTO, 2005; CUPANI, 
2011; MARCUSE, 1972).
Cabe então à formação dos professores contemplar e dar conta da ausência 
de preocupações sociológicas e filosóficas dessa história. Além disso, procure 
observar o campo de trabalho dos professores em seu estágio ou escola que já 
trabalha. Tente observar quais as tecnologias mais reverenciadas na escola e na 
ação pedagógica. Serão os artefatos das mídias eletrônicas como o computador e 
o celular as atuais “sereias” do ensino eletrônico?
Então, caro acadêmico, para sua melhor formação profissional, descubra 
o que puder sobre o que os autores da filosofia e da sociologia estão escrevendo 
sobre as tecnologias na educação.
Antes de iniciar o próximo tema, veja se você é capaz de estabelecer uma 
relação entre a história da inclusão da informática na escola e as demandas sociais 
do mercado.
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
14
4 UM CONTEXTO DE CONTRADIÇÕES
A tecnologia é tratada e naturalizada como um benefício, algo para o uso 
ilimitado do homem. Esse caráter ideológico e instrumental não tem a intenção 
de chamar as pessoas para um debate sobre suas consequências. A ampliação 
do uso de computadores nos mais diversos setores da vida não nos convida, por 
exemplo, a discutir sobre o lixo tecnológico gerado por esta produção.
É sem dúvida, que no ambiente escolar esse debate seja necessário, apesar 
de ainda ser pouco expressivo. Pouco ou quase nada tem se discutido sobre as 
perdas ocorridas com a implantação de tecnologias como computadores e tablets 
na escola e na metodologia de ensino. Mesmo que essa condição seja merecedora 
de muitas questões para refletir.
Nesse sentido, a incorporação das mídias eletrônicas na educação 
necessita de uma contextualização sobre as suas próprias contradições. E desse 
esforço surge uma postura menos cega aos modismos otimistas ou catastróficos.
Por isso, creditamos à incorporação das mídias eletrônicas na educação 
uma ocorrência ou fato complexo, controverso e ainda pouco discutido em sua 
amplitude filosófica – suas consequências e resultados.
Então, precisamos nos perguntar sempre:
 
- Quais tecnologias são predominantes na escola e no fazer pedagógico?
- Quem decide sobre os investimentos públicos em tecnologia na educação?
- Ao decidir sobre tais investimentos, o que se entende por tecnologia?
- Os professores são ouvidos no processo de incorporação das TICs na 
educação?
- Quais tecnologias são consideradas sinônimos de inovação educacional?
As respostas para questões como estas nunca serão simples. Mas um 
tema como o que estamos discutindo não pode ficar ao acaso ou descaso, pois 
a comunidade escolar tem muito a perder quando um processo de mudança ou 
inovação não é conduzido conscientemente por seus próprios membros. Ampliar 
o conhecimento sobre nossa própria condição (de agentes da educação) é um 
fator fundamental ao que estamos discutindo. Veja que:
Todos os indicadores apontam na direção de uma incorporação 
crescente das TIC no currículo escolar e não há razão para pensar que 
o ensino e a aprendizagem do manejo e domínio destas tecnologias 
possam apresentar maiores dificuldades que o ensino e a aprendizagem 
de outros conteúdos curriculares. A única dúvida de fundo, embora 
com certezanão seja menor, reside nas previsíveis consequências 
negativas que pode ser a incorporação de novos conteúdos curriculares 
em currículos que já estão consideravelmente sobrecarregados (COLL; 
MAURI; ONRUBIA, 2010, p. 87).
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
15
Por outro lado, na conjuntura da economia globalizada, a comunicação 
e as TICs podem ser um diferencial nas estruturas sociais como a escola. As 
mídias eletrônicas são consideradas ferramentas colaborativas no ato de ensinar 
e aprender. Assim, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) contextualiza 
o surgimento das TICs como uma revolução na relação do aprendizado com 
o mundo da informação. A informação está em todo lado e em grande oferta 
no mundo da informática. Então, um dos desafios no campo pedagógico está 
menos no acesso à informação e mais na capacidade de conduzir o processo do 
conhecimento através destas ferramentas com responsabilidade (BRASIL, 2009).
E atualmente, já não é mais imaginável ignorar o poder que as TICs têm 
sobre a sociedade, em especial, sobre nossos estudantes do Ensino Fundamental. 
Tão pouco seja possível deixar de lado o papel dessas ferramentas na construção 
de práticas educativas.
Graças à ampliação das TICs na sociedade a escola vem perdendo espaço 
e hegemonia como instituição do conhecimento. O ato de aprender e transmitir 
conhecimento deixaram de ser uma nobre função exclusiva da escola. Agora, 
ambientes de aprendizagem e fontes de informação estão presentes em diferentes 
setores da vida, sejam na internet, jogos, redes sociais, terminais bancários de 
autoatendimento e dispositivos móveis de comunicação.
A transformação dos cenários educacionais tradicionais, a incorporação 
das TICs na educação formal e escolar é frequentemente justificada, 
exigida ou promovida, dependendo do caso, pelo argumento de sua 
potencial contribuição para o aperfeiçoamento da aprendizagem e da 
qualidade do ensino (COLL; MAURI; ONRUBIA, 2010, p. 66).
Até os veículos (carros) estão servindo de espaço para entretenimento 
através das mídias eletrônicas e acesso à informação. Veja que a ideia de 
conectividade tem sido largamente explorada pelo projeto e marketing de vendas 
dos novos automóveis. E já é muito comum na propaganda, frases como: “entre 
no carro e sinta-se conectado”; “você mais conectado com tal veículo”.
 
Logo, ficam em evidência as variações dos recursos tecnológicos de 
comunicação que competem com a atividade escolar. Quem já é professor sente 
bem essa inquietação no trabalho. Como atrair a atenção dos estudantes para a 
concentração, dedicação e estudo frente às maravilhas e novos hábitos criados 
através das mídias eletrônicas? Da mesma forma que a tecnologia propõe 
intensas novidades, ela também traz consigo os maiores desafios ao professor e 
ao gestor escolar.
[...] a penetração das TICs nas escolas e nas salas de aula ainda é 
limitada. Além disso, em geral, essa incorporação está encontrando 
mais dificuldades do que estava previsto inicialmente e, embora com 
exceções, a capacidade efetiva dessas tecnologias para transformar 
as dinâmicas de trabalho, em escolas e processos de ensino e 
aprendizagem nas salas de aula, geralmente fica muito abaixo do 
potencial transformador e inovador que normalmente lhes é atribuído 
(COLL; MAURI; ONRUBIA, 2010, p. 66).
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
16
Recentes estudos sobre as TICs e a educação demonstram não haver 
significativas revoluções nos métodos de ensino. Parece que estudantes e 
professores colocam-se mais como consumidores que produtores frente à 
tecnologia. A mesma lógica é percebida no viés da alfabetização digital, que por 
mais entusiasta que pareça ser, acaba por reproduzir a lógica da inclusão na 
sociedade de consumo. O ser humano é mais que um consumidor e a alfabetização 
é uma dimensão muito além do uso instrumental de ferramentas ou computador. 
(COLL; MAURI; ONRUBIA, 2010).
 
Entretanto, como consequência, as mídias eletrônicas superam sua 
condição inicial de instrumento. Na prática, ela é mais que um periférico, pois 
tem alterado substancialmente as relações pessoais, o conhecimento, a maneira 
de aprender (não linear) das novas gerações, e sobretudo, a maneira de conceber 
o tratamento com o outro.
 
Em outra dimensão, a inclusão das TICs na escola, em concordância com 
a noção tradicional de inovação, tem representado o mesmo entendimento da 
sociologia positivista. Mas do que se trata esse entendimento?
 
Trata-se de acreditar na equalização (diminuição) das desigualdades 
sociais através do investimento em educação pública em escala nacional. E isso 
nos faz lembrar quantas vezes ouvimos, que como no caso do Japão, para um país 
alcançar seu melhor desenvolvimento, precisa investir maciçamente na educação.
 
Agora, um questionamento torna-se inevitável: com a inclusão de mais 
e mais computadores, qual será a finalidade da educação: as humanidades, o 
trabalho, a ciência, o pensamento ecológico, o senso crítico ou o consumo?
Existem indícios perturbadores de que os novos recursos de informação 
poderiam forçar ainda mais o tecido social americano. Isso se revela 
na crescente divisão entre aqueles que têm acesso fácil à informação 
e aqueles que são privados de informação mais ampla. A continuar 
a atual tendência, os primeiros dominarão totalmente os recursos de 
informação de que todos necessitamos para sobreviver e prosperar, 
e os segundos se tornarão um lumpem proletariado pós-industrial, 
relegados ao entretenimento irracional e outras trivialidades. A 
garantia de acesso equitativo aos recursos de informação de última 
geração parece ser a questão mais urgente que enfrentamos à 
medida que penetramos no padrão da nova mídia (DIZARD apud 
BLATTMANN, 2000).
O acesso à informação e à tecnologia, por si só, não aparenta resolver 
as desigualdades sociais no atual estágio da sociedade industrial. Poderíamos 
nos perguntar se a simples questão da acessibilidade ou de transferência de 
tecnologia traria nova luz às contradições sociais que se perpetuam há séculos. 
Além disso, o acesso maciço às TICs carece de questionamentos éticos que 
orientem os atores sociais na condição de indivíduos, instituições e Estado. 
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
17
Nesse processo estão envolvidos aspectos morais, políticos e legais que estão 
longe de serem superados apenas através de regulamentos. (MARÇAL apud 
BLATTMANN, 2000).
Contudo, esse vai e vem de impasses não acaba por aqui. Desejamos 
supor conjuntamente que toda inovação, a exemplo das TICs na educação, tem 
seu efeito multilateral. A tecnologia (e a condição tecnológica da sociedade) 
serve-se de ambos os lados: bom e mau. Os déficits e benefícios de uma 
inovação tecnológica nunca serão distribuídos por igual. Nessa lógica, diante de 
indivíduos e tradições, sempre haverá vencedores e vencidos (POSTMAN, 1994). 
Presumindo a incorporação das mídias eletrônicas na escola, quem vence e quem 
é vencido? Qual substância material ou imaterial é perdida com a inclusão das 
mídias eletrônicas no fazer pedagógico e na gestão escolar?
 
O computador adquiriu status central no discurso da publicidade, 
atraiu defensores de todas as áreas profissionais (inclusive nas licenciaturas), 
estabeleceu-se como um vírus no mundo simbólico das pessoas e centralizou 
grande parte do fluxo da informação mundial. E agora, com um gigante poder 
magnético, move para si forças sociais que ameaçam tradições e culturas. Por outro 
lado, há quem defenda inquestionavelmente as amplas aplicações da tecnologia 
como o comando de máquinas, pessoas e até estruturas orgânicas. A natureza 
da tecnologia contemporânea tornou-se sinônimo de inovação e rompimento de 
fronteiras (POSTMAN, 1994). 
Nosso cotidianoe linguagem foram alterados significativamente pela 
lógica do computador e da tecnologia eletrônica. Lembre-se de que ouvimos 
diariamente expressões como: “temos que nos programar”; “deleta o que eu 
disse”; “o corpo humano funciona como uma máquina”; “você precisa se desligar 
da tomada”; “é necessário recarregar as suas energias”.
Máquinas, técnicas, sistemas, organismo e pessoas mesclam significados 
e explicações sobre seu funcionamento. A toda hora, constituímos metáforas 
explicativas capazes de nos fazer crer na autonomia de decisão das tecnologias. 
Uma vez que tecnologias adquirem autonomia, as pessoas transferem a 
responsabilidade de pensar, agir ou decidir. Agora, o sistema ou o computador 
faz isso por elas. Postman (1994) chamou isso de tecnopólio – o poder de decisão 
transferido às máquinas ou sistemas.
“Eu sei que esse procedimento é injusto, mas o sistema não permite”. Esse 
tipo de frase é comum em questões que ferem alguma situação ética, entretanto, 
pouco se consegue fazer quando a responsabilidade ou problema é transmitido 
para a autonomia de máquinas ou sistemas.
Ao afirmar que a máquina calcula, arquiva ou imita o cérebro humano 
com maior capacidade estamos legitimando a autonomia e livre arbítrio dos 
artefatos tecnológicos. Como se eles tivessem capacidade de escolha e decisão. 
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
18
Nesse meio tempo, ofuscamos a noção de que programas ou computadores são 
controlados por pessoas e não por si mesmos. Essa falsa autonomia desencadeia 
um efeito social desfavorável: isentar senso de responsabilidade do homem sobre 
algum fato (POSTMAN, 1994).
Frequentemente, imagino como isso acontece na escola, envolvida 
em sistemas avaliativos, programas curriculares, limitações de espaço físico, 
obrigações legais, cumprimento de calendário e diversos outros anseios sociais.
Você já deve ter ouvido expressões no setor público ou privado: “baseamos 
nossa decisão em laudos técnicos”; “precisamos chamar um técnico para resolver o 
problema”. O autor Vieira Pinto (2005) utiliza o termo tecnoestrutura para apresentar 
um contexto paralelo ao mecanismo de transferência de responsabilidade. Nesse 
modelo acredita-se que as decisões que envolvem responsabilidades éticas são 
melhor amparadas pelo caráter técnico ou da tecnologia.
O que está claro é que, até esta data, a tecnologia do computador 
serviu para fortalecer o domínio do tecnopólio, para fazer as pessoas 
acreditarem que a inovação tecnológica é sinônimo de progresso 
humano. [...] Como o computador “pensa” em vez de trabalhar, seu 
poder para ativar metáforas mecanicistas não tem paralelo e é de 
enorme valor para o tecnopólio que depende de que acreditemos que 
estamos em nossa melhor situação quando agimos como máquinas e 
que, de modo significativo, podemos confiar nas máquinas para agirem 
como nossas substitutas. Entre as ilações dessas crenças está a perda de 
confiança o julgamento e subjetividade do ser humano. Desvalorizamos 
a capacidade humana singular de ver as coisas como um todo, em todas 
as suas dimensões psíquicas, emocionais e morais, e a substituímos pela 
fé nos poderes do cálculo técnico (POSTMAN, 1994, p.123-124).
Numa perspectiva complementar, ficando atentos às concepções 
pedagógicas na história da educação brasileira, a incorporação das TICs esteve 
ligada ao pensamento educacional tecnicista. Junto com as reformas das 
últimas quatro décadas, o ensino brasileiro mostrou um tecnicismo resistente 
às tendências críticas da educação, alimentado com as novidades da sociedade 
do conhecimento, da informática e de novas demandas do mercado de trabalho. 
Salvo exceções, os planos educacionais ainda mantêm uma direção produtivista 
(SAVIANI, 2005).
 
O ensino, que visa preparar pessoas para o mercado de trabalho em 
expansão, mantém-se atual. O paradigma do capital e do tecnocentrismo age 
na educação, através das concepções reformadoras (neoconstrutivismo, pós-
estruturalismo, neo-escolanovismo, neotecnicismo, pós-construtivismo) e 
implementam novas expressões como a “pedagogia da qualidade total”, “teoria 
do professor reflexivo” e “pedagogia das competências” (SAVIANI, 2005).
TÓPICO 1 | TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, AS TICS E AS MÍDIAS ELETRÔNICAS
19
Veja, caro acadêmico, que conhecer estas contradições comentadas 
anteriormente pode nos tornar mais conscientes diante dos movimentos e 
pressões sociais sobre nossa atuação profissional, enquanto professores de 
história. O que lhe dará melhores condições de ser melhor condutor de sua 
própria história profissional. Acompanhe outras questões desta discussão nos 
próximos tópicos, quando apresentamos uma conceituação sobre a tecnologia e 
também na Unidade 3, no debate sobre a filosofia da tecnologia.
Antes de prosseguir a leitura, volte alguns parágrafos e confira se você 
compreendeu como a tecnologia, em forma de sistemas, influencia o cotidiano 
escolar. Pense a respeito.
20
Neste tópico destacamos:
• A discussão sobre o entendimento dos termos TICs e Mídias Eletrônicas. As 
semelhanças e diferenças desses recursos do processo de ensino.
• Uma compreensão sobre as tecnologias na educação que não se restringem 
apenas aos aparelhos eletrônicos presentes em sala de aula.
• Os congressos internacionais e a história da informática nas instituições de 
ensino (Brasil e mundo) sugerem uma compreensão a partir de um contexto 
social e econômico. 
• As contradições socioeconômicas e regionais presentes na oferta de tecnologia, 
em especial, à escola.
• Debater a questão das TICs na ação do professor também é um espaço de 
questionar as tecnologias e formar estudantes e professores pesquisadores.
• O tema das TICs traz uma curiosidade interessante, pois poucos profissionais, 
além dos professores, dispõem-se a perceber as tecnologias também em seus 
limites éticos.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
1 Caro acadêmico, aproveite para reforçar e aprofundar os principais conceitos 
discutidos neste tópico. A partir do conteúdo do primeiro tópico, complete o 
quadro a seguir segundo o seu entendimento dos conceitos.
AUTOATIVIDADE
Conceito/ideia Seu entendimento sobre o conceito/ideia
TICs:
Tecnologias da informação e da comunicação.
Mídias eletrônicas na educação.
Diferentes tecnologias que podem ser 
aplicadas no contexto de ensino.
Desafios enfrentados pelos professores no 
trabalho com as TICs.
Além de aproveitar os benefícios, o que 
seria questionar as TICs na educação?
2 As TICs exercem um papel cada vez mais importante na forma de nos 
comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é equipar essas 
tecnologias efetivamente de forma a atender aos interesses dos aprendizes e 
da grande comunidade de ensino e aprendizagem. A UNESCO acredita que 
as TICs podem contribuir com o acesso universal da educação, a equidade 
na educação, a qualidade de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento 
profissional de professores, bem como melhorar a gestão, a governança e 
a administração educacional ao fornecer a mistura certa e organizada de 
políticas, tecnologias e capacidades (UNESCO, 2015).
O Brasil precisa melhorar a competência dos professores em utilizar 
as tecnologias de comunicação e informação na educação. A forma como 
o sistema educacional incorpora as TICs afetam diretamente a diminuição 
da exclusão digital existente no país. Como pode a educação preparar os 
indivíduos e a sociedade de forma a que eles dominem as tecnologias que 
permeiam crescentemente todos os setores da vida e possam tirar proveito 
delas? (UNESCO, 2015).
22
As TICs são apenas uma parte de um contínuo desenvolvimento de 
tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer 
a aprendizagem. Logo, várias questões éticas e legais, como as vinculadas à 
propriedade do conhecimento, ao crescentetratamento da educação como uma 
mercadoria, à globalização da educação face à diversidade cultural, interferem 
no amplo uso das TICs na educação. (UNESCO, 2015).
Leia e compare as três ideias selecionadas da UNESCO sobre as 
TICs na educação. Elas transmitem uma maneira de visualizar a dinâmica da 
incorporação destas ferramentas no contexto da comunidade escolar. Nesse 
contexto, analise as afirmativas:
I – A UNESCO sugere que as tecnologias são capazes de trazer qualidade, 
capacitação e melhor acesso das pessoas à educação formal.
II – Segundo a UNESCO, o Brasil precisa ampliar a capacidade e formação 
dos professores em relação às tecnologias aplicadas na educação.
III – O texto sugere que as TICs não são as únicas tecnologias que precisam de 
desenvolvimento contínuo.
IV – A UNESCO desconsidera a necessidade de reflexão sobre as questões 
éticas ligadas à presença de tecnologias na educação.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
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TÓPICO 2
A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Pensar sobre as tecnologias que interferem no cotidiano escolar será 
um exercício diferente para cada pessoa que ler nosso texto. Sua vivência local 
é importante para compreender como essa realidade traz contradições, tanto 
práticas quanto teóricas. A leitura do texto mais a sua percepção específica da 
realidade vai ajudar a perceber as desigualdades e incoerências das condições 
escolares. E depois de aprender a superar algumas angústias, você estará mais 
preparado para seguir em frente na sua jornada pessoal e profissional.
A primeira proposta do tópico é destacar autores como Paul Virilio, Jean 
Baudrillard, Neil Postman, Pierre Lévy e como eles definem as tecnologias da 
sociedade contemporânea, no contexto que mais nos interessa.
 
Depois dessa contextualização faz-se necessário discutir os desafios da 
cibercultura e do virtual no caminho da comunidade escolar. Há uma necessidade 
vital de os professores construírem uma visão crítica, e não ingênua, sobre as 
relações entre virtualidade, cibercultura, aprendizado, saberes e ação pedagógica.
 
Acompanhe como são classificadas as gerações de estudantes, conforme 
seu tempo. Entenda como Pierre Lévy descreve a cibercultura e nos instiga a 
questionar a substituição do real pelo virtual. Conheça o que significa a metáfora 
do “segundo dilúvio”, a relação entre o virtual, a simulação e novas formas da 
construção de conhecimento.
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
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2 A GERAÇÃO DA CIBERCULTURA
Como lance de partida para este tópico, escolhemos fazer uma 
problematização. Ao perguntarmos como seria possível o ensino de história 
através do viés tradicional do fim do século XX, se nossa realidade social, mesmo 
heterogênea nas regiões brasileiras, caminha para novos paradigmas (modos de ser): 
com velocidade de comunicação acelerada; afirmação de relações sociais através 
de redes virtuais; acesso à informação por caminhos não lineares; globalização do 
consumo e da economia. Como ser professor diante de mudanças tão complexas?
 
Não vamos ter uma resposta pronta para este momento. Acreditamos que 
você ajudará a construir novas respostas a partir das ideias levantadas em nosso 
debate. Pensar as tecnologias educacionais é exercício de superar contradições 
práticas e teóricas. É perceber as inconsistências, angústias, desigualdades da 
realidade, e mesmo assim, seguir em frente.
 
Depois de acompanhar nossa discussão até agora, precisamos pensar 
caminhos para seguir em frente e fazer uma aproximação entre o ensino da história 
e as TICs. Essa aproximação consegue lhe apresentar novas possibilidades que 
antes sequer seriam pensadas em sua prática pedagógica.
 
Em primeiro lugar, autores como Paul Virilio, Jean Baudrillard, Neil 
Postman e Pierre Lévy, ao definirem a sociedade contemporânea, utilizam 
termos como: sociedade da informação, do conhecimento ou pós-industrial. 
Em segundo, a aproximação das TICs na decorrência da disciplina de história 
poderá contribuir para uma concepção mais dinâmica, viva e contemporânea 
da história. (LEIVAS, 2004).
De outra maneira, a incorporação de tecnologias na ação pedagógica traz 
possibilidades de mudança, entretanto, trazem sérios problemas que desafiam 
a sociedade contemporânea. Tanto Virilio quanto Baudrillard apontam para a 
destruição causada pela cibercultura, aceleração e simulação do real. Os autores 
levantam questões problemáticas e nocivas à sociedade ligadas ao grande acesso 
às redes virtuais e ao modo de vida imerso na cibercultura (LEIVAS, 2004).
Lévy (1999) traz uma abordagem que surpreende já no início de seu livro 
Cibercultura. Argumenta ser insuficiente ou inadequado o termo “impacto” das 
tecnologias na sociedade para análise desse fenômeno. Esse termo, como uma 
metáfora do impacto, reforça uma noção de autonomia da tecnologia sobre a 
sociedade. Logo, para tal esforço é necessário mais que uma análise “balística” de 
um objeto independente (tecnologia) sobre a realidade. Temos melhor coerência 
quando pensamos no tema como uma condição social, cultural e de produção 
construída por pessoas. São os atores humanos responsáveis pelo resultado 
tecnológico que altera a sociedade, educação, nossas salas de aula e o modo de 
ser de nossos estudantes.
TÓPICO 2 | A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
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Ao tentar definir o surgimento e a sofisticação da cibercultura no mundo 
contemporâneo Lévy se utiliza da “metáfora do veículo automotivo” que nos 
motivou a transcrevê-la. Além disso, há uma boa evidência do conceito de 
inteligência coletiva (comparada ao desejo), enquanto a cibercultura é comparada 
à estrutura física e social. Observe:
Mesmo antes da noção de movimento social, podemos – à guisa de 
preliminar – reconhecer a existência de relações algumas vezes muito 
estreitas entre determinados desenvolvimentos tecnoindustriais e fortes 
correntes culturais ou fenômenos da mentalidade coletiva. O caso do 
automóvel é especialmente significativo quanto a isso. Não é possível 
atribuir unicamente à indústria automotiva e às multinacionais do 
petróleo o impressionante desenvolvimento do automóvel individual 
neste século, com todas as suas consequências sobre a estruturação 
do território, a cidade, a demografia, a poluição sonora e atmosférica 
etc. O automóvel responde a uma imensa necessidade de autonomia 
e de potência individual. Foi investido de fantasmas, emoções, gozos 
e frustrações. A densa rede de garagens e de postos de gasolina, as 
indústrias associadas, os clubes, as revistas, as competições esportivas, 
a mitologia da estrada, constituem um universo prático e mental 
fortemente investido por milhões de pessoas. Se não tivesse encontrado 
desejos que lhe respondem e a fazem viver, a indústria automobilística 
não poderia, com suas próprias forças, ter feito surgir esse universo. 
O desejo é o motor. As formas econômicas e institucionais dão forma 
ao desejo, o canalizam, o refinam e, inevitavelmente, o desviam ou 
transformam (LÉVY, 1999, p. 123).
Isso mostra que, para os professores, lidar com a incorporação das mídias 
eletrônicas e ampliação das TICs no fazer pedagógico, significa entrar numa 
realidade complexa, muito além do significado singular e isolado de tecnologia, 
aprendizado ou comunicação.
Embora a preocupação sobre a cibercultura contemporânea aponte para 
caminhos perigosos, hoje parece ser possível pensar o tema, mesmo sem cair em 
ingenuidade, como uma possibilidade de tecnologias construtivas ao processo 
educativo. Essas tecnologias fazem parte do contexto real do cotidiano dos 
alunos. Dessemodo, na escola, esses alunos podem ter acesso a tais recursos 
com uma orientação menos reprodutora da lógica do consumo, e de fato, mais 
problematizadora (LEIVAS, 2004).
Os alunos que atualmente estão em idade escolar regular no ensino básico 
constituem, diferentemente das gerações anteriores, uma geração que naturalizou 
a relação com a tecnologia, bem como, o acesso à informação através das mídias 
eletrônicas. Tais mídias são meios de comunicação, objetos de consumo, veículo 
de publicidade, tudo numa progressão, velocidade e volume quase ilimitados 
(SOSA; TAVARES, 2013).
Uma ideia inicial de “geração” até pode ser definida como um período 
correspondente a determinados valores, modos de ser, comportamentos e 
UNIDADE 1 | O UNIVERSO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TICS)
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vivências, mas isto não é suficiente para dar conta dos problemas que surgirão 
em sua carreira como professor. Certamente, você terá em seu campo de trabalho 
didático ou administrativo escolar, todos os conflitos que uma geração tem direito. 
Logo, por descuido ou falta de compreensão, os conflitos mal administrados entre 
as gerações (professor-estudante; pais-filhos) têm proporcionado incompreensões, 
perdas profissionais, fracasso escolar, problemas familiares e frustrações.
E conversando sobre a ideia de gerações e sua relação com as tecnologias 
da comunicação, vale a pena conferir uma rápida explicação:
As grandes transformações ocorridas na maneira como se cria, 
produz e acontece a transmissão da comunicação, por meio dos meios 
interativos, repercutem no público. Numa linha do tempo, podemos 
observar que o comportamento das gerações é reflexo da evolução das 
sociedades. Após os Seniores (antes de 1925), Builders (1926 a 1945), 
os Baby Boomers (1946 a 1964), a Geração X (1965 a 1978) e a Geração 
Y (1979 a 2000), deparamo-nos com a novíssima Geração Z (nascidos 
após o ano 2000), que traz com ela uma familiaridade intrínseca com 
a tecnologia e uma relação com o tempo completamente relativizada. 
Sendo assim, a comunicação – propaganda e meios – reflete cada 
época, ao mesmo tempo em que precisa antecipar tendências por meio 
de formatos inovadores. (ALVES; FONTOURA; ANTONIUTTI, 2012, 
p.137-138).
As gerações atuais já convivem com a convergência da comunicação 
digital de sons, imagens e textos permitindo a integração cibernética cada vez 
mais intensa entre telefone, computador, rádio e televisão. Desde a década de 
1980, quando a internet iniciou nas universidades, as inovações têm convergido 
tecnologias digitais com recursos multimídia e realidade virtual. Nas épocas mais 
recentes, como o caso da Geração Y e Z, o tempo e o espaço cotidiano tornam-
se elementos relativos e mergulhados no mundo virtual (ALVES; FONTOURA; 
ANTONIUTTI, 2012).
Apesar de acharmos insuficiente a distinção de gerações através de tempos 
homogêneos, inserimos uma tabela, logo a seguir, que demonstra uma breve 
contextualização para cada geração. Nem sempre é condizente com a realidade 
uma classificação dessa natureza, que não leva em conta as diferenças entre regiões, 
classes sociais, países e culturas. Transmite-se assim uma noção de uma hegemonia 
social e de uma sociedade isenta de contradições ou conflitos.
Um bom exemplo para você compreender a dimensão disso, seria dialogar 
sobre as expectativas e anseios do cotidiano entre jovens de diferentes regiões 
brasileiras. Teríamos opiniões muito distintas nas metrópoles, nas comunidades 
ribeirinhas, no sertão, na região serrana ou de fronteira. Ainda mais absurda seria 
a diferença ao pensarmos a expectativa, em relação à tecnologia entre adolescentes 
de Tóquio (Japão) e da região desértica do Kalahari (Namíbia, Botsuana, África do 
Sul). Entretanto, mesmo com ressalvas, a tabela contribui com uma noção sobre 
como autores contemporâneos classificam e constantemente citam as gerações da 
sociedade da informação.
TÓPICO 2 | A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
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QUADRO 1 – AS GERAÇÕES
Seniores
Geração mais antiga inserida no início do século XX. Acompanhou 
a crise mundial do capitalismo nos anos 1920.
Builders
Chamados de “construtores” viveram entre 1926 e 1945. 
Presenciaram a Segunda Guerra Mundial, a revolução armamentista 
e a ascensão americana.
Baby Boomers
Entre 1946 e 1964 vivenciaram a reconstrução do pós-guerra, a 
reestruturação da burocracia dos Estados/superpotências e as 
revoluções profissionais. Conhecidos também como excluídos 
digitais.
Geração X
De 1965 a 1980 aprenderam a contestar as gerações anteriores, 
a conviver com a comunicação de massa, a publicidade e sérias 
mudanças tecnológicas. Vivenciaram mudanças no modo familiar 
com maior inserção da mulher no mercado de trabalho. Às vezes 
conhecidos como imigrantes digitais, pois aderiram às tecnologias 
da informação após a inserção no mercado de trabalho.
Geração Y
Surgiu a partir de 1980, essa geração vivenciou os conceitos de 
sociedade da informação, interatividade, integração, conhecimento 
não linear e virtualidade. São considerados nativos digitais.
Geração Z
Ainda pouco conhecida, surge a partir dos anos 2000. Naturalizou a 
intensa presença do consumo e das mídias eletrônicas no cotidiano. 
Tanto na geração Y quanto Z, os indivíduos estão mergulhados no 
cotidiano da internet, conectividade, redes sociais e da realidade 
virtual.
FONTE: Adaptado de: Alves, Fontoura, Antoniutti (2012)
Ao pensar sobre “cibercultura”, dois autores se destacam: Pierre Lévy e 
Manuel Castells. Para se aprofundar sobre essa discussão, aproveite e conheça as 
obras: Cibercultura (Lévy) e A era da informação (Castells) ou ainda pesquise 
demais obras destes autores. Tal esforço terá bons resultados em sua formação 
pessoal e profissional.
 
A cibercultura, ou também sociedade em rede, altera impressionantemente 
o pensamento humano (razão, conhecimento, emoção, memórias, tradições) e 
gera uma nova cultura. Pierre Lévy ao tratar da cibercultura expõe de maneira 
a evidenciar as potencialidades, contradições e inconsistências de um modo de 
existir antropológico e socialmente.
O contexto alterado pela cibercultura e as novas condições exigidas pelas 
tecnologias na sociedade são analisados através da narrativa de termos e questões 
como: inteligência coletiva, veneno e remédio da cibercultura, técnica do digital, 
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infraestrutura do virtual, o conhecimento desmaterializado, a multimídia, 
hiperdocumentos, questões planetárias, arte no espaço virtual, o saber e da 
educação através do prisma da economia, a simulação do real, a democracia 
eletrônica, crítica à comunicação de massa, o pensamento crítico e a diversidade 
cultural ameaçada pela cibercultura (LÉVY, 1999).
DICAS
Conheça também a obra de Lévy - As tecnologias da inteligência: o futuro do 
pensamento na era da informática. Sua biblioteca não pode ficar sem este livro.
Lévy organizou o livro Cibercultura em três momentos: definições, 
proposições e problemas. Na primeira parte (definições) discutiu conceitos sobre 
a metáfora do impacto das tecnologias virtuais na construção da sociedade da 
informação. A partir de uma visão analítica, propõe a noção de que a sociedade se 
constrói historicamente pela técnica, mas não é determinada pela técnica. E deste 
argumento desdobram questões éticas relevantes. Também ampliou o conceito 
de virtual para além dos aspectos filosóficos com a ideia de infraestrutura técnica 
do virtual. Uma noção interessante afirma que virtual é qualquer “entidade 
desterritorializada” independente das categorias de tempo e espaço específicos 
que podem sofrer interferência do homem (SEBASTIÃO; PESCE, 2010).
Na segunda parte (proposições) faz suas considerações com olhar 
especial à educação. As consequências da cibercultura no contexto

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