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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Miopatia é um diagnóstico sindrômico que significa afecção primária ou secundaria de músculos esqueléticos. Geralmente sem associam a cardiomiopatias. O movimento voluntario, automático e reflexo estão alterados (repercutem no exame neurológico). Miopatia primárias: geneticamente definidas com fenótipo clinico, laboratorial e anatomopatológico. Um fenótipo pode estar associado a vários genótipos. Ex. DM Duchenne/Becker são classificadas como distrofinopatias. Miopatias secundarias (adquiridas): podem ser idiopáticas ou de causas conhecidas. As miopatias secundárias idiopáticas tem fisiopatogenia autoimune, como por ex dermatomiosites, polimiosite. As miopatias secundárias de causas conhecidas podem ser infecciosas (miosites virais) ou tóxicas (estatinas, álcool). Quando pensar em miopatia? Fraqueza! A regra geral é a fraqueza proximal, fixa – diferente da miastenia. Ocorre hipotonia e hipotrofia muscular no mesmo território, bem como diminuição dos reflexos de estiramento muscular. Sinais e sintomas associados a miopatia – que devemos pensar nessa hipótese: Retrações fibrotendíneas Deformidades ou rigidez da coluna vertebral Hiperlordose lombar; andar com apoio no antepé Marcha anserina Pseudo-hipertrofia de grupos musculares (ex. panturrilhas) Déficit motor: face, m. ocular extrínseca Fenômeno miotônico (descontração lenta da musculatura) Intolerância ao exercício Cardiomiopatia Insuficiência ventilatória restritiva HiperCKemia isolada O diagnóstico é realizado pela anamnese, história pessoal e familial (genealogia), exame físico (semiologia neuromuscular – topografia do déficit motor). Anamnese: início da doença (idade, localização e progressão), associação com outros eventos mórbidos, aguda/subaguda ou crônica. As miopatias que ocorrem antes dos 2 anos de idade são congênitas, podem ocorrer mesmo intraútero (poucos movimentos fetais). Pensamos em subgrupos, como: estruturais, distrofias musculares, distrofia miotonica, mioencefalopatias. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As miopatias depois dos dois anos até adolescência, pensamos em distrofia de Duchenne e Becker, distrofias cintura-membros, distrofia miotônica de Steinert, metabólicas, inflamatórias e tóxicas. As miopatias que surgem no adulto geralmente são as mesmas que as anteriores além da distrofia óculofaríngea (a partir de 40ª). As miopatias dos idosos (>50anos) pensamos em miosite com corpos de inclusão, dermatomiosites associadas a neoplasias. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Semiologia neuromuscular: avaliação da força muscular (manobras de oposição de força e escalas funcionais); A topografia da fraqueza é muito importante para diferenciar as miopatias. A miopatia distal pode lembrar polineuropatia, mas a sensibilidade está totalmente normal (diagnóstico diferencial), o problema é apenas motor. Na miosite de corpos de inclusão há queixa de dificuldade de preensão dos objetos (geralmente em idosos). Sinal de Gowers: modo de se levantar quando há miopatia. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Exame neuromuscular também deve conter avaliação da coluna vertebral. Algumas miopatias estão associadas a espinha rígida. A marcha também é importantíssima, geralmente é marcha bamboleante (anserina). Também é importante a palpação e percussão de músculos. Escalas utilizadas em miopatias: escala Vignos, Spencer e Archibald. Quantifica a deficiência motora. O déficit motor nas miopatias é proximal. Pode haver pouco comprometimento da força muscular ou muito comprometimento (normal – grau 5). Se associa a atrofia, atonia, reflexos abolidos quando há força muito comprometida. Há relação entre a força e essas outras características. A sensibilidade é sempre normal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Distrofia Muscular de Duchenne: muito comum na faixa pediátrica (2-5 anos), manejo multidisciplinar. Ligada ao X, ou seja, mais frequente em homens. As mulheres podem ter cardiomiopatias ou formas mais suaves. O déficit motor começa na cintura pélvica e depois escapular, aumento do volume das panturrilhas (pseudohipertrofia – aumento do volume muscular), aumento progressivo do conjuntivo nos músculos paralisados, cardiomiopatia associada e distúrbios comportamentais e cognitivos. - Distrofia Muscular tipo Becker: mutação no gene da distrofina também, de início mais tardio, progressão lenta (mais benigna). Cardiomiopatia é muito frequente, geralmente dominando o quadro clínico (a queixa). CK elevado, biópsia com anticorpo anti-distrofina. É um espectro clínico desde a hiperCKemia isolada até fenótipos de Duchenne. A perda da capacidade de andar é após 16 anos, enquanto o Duchenne é muito mais precoce (máx. 14 anos). - Miopatia cintura-membros: muitas proteínas associadas a essa miopatia. - Distrofia miotônica: muito comum em adultos, múltiplos sistemas, queixas variadas. Neuromuscular há fraqueza e atrofia da musculatura da face, região cervical e região distal dos membros (mãos com dificuldade de preensão e pés caídos). Dificuldade em fazer relaxamento muscular (abertura difícil da mão). O fenômeno miotonico pode ser explicitado pela eletroneuromiografia. Outras queixas: calvície precoce, catarata precoce (<40ª), alteração da motilidade gastrointestinal, arritmia, etc. - Distrofia face-escápulo-umeral: envolve a face (dificuldade para assobiar, fazer bico, dorme de olhos abertos), escápula e região umeral. Pode ter envolvimento peroneal, com pés caídos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Distrofia muscular de Emery-Dreifuss: se associa a cardiomiopatias e arritmias cardíacas. Ligada ao X. Contraturas muito precoces: anda na ponta dos pés, flexo de cotovelo, rigidez da coluna cervical. Miopatia na região escapular e umeral, lordose evidente. - Distrofia óculofaríngea: queixa principal é ptose palpebral lenta e progressiva, se associa com paralisia da musculatura ocular extrínseca. Pode se associar a disfagia alta. Ocorre após 40 anos. O tempo todo o indivíduo segura a pálpebra com as mãos para manter os olhos abertos. - Miopatia mitocondrial: a característica anatomopatológica é a ragged red fibers, são fibras vermelhas rasgadas. Podem ter miopatia pura ou associada a outras situações (ex. ataxia cerebelar, oftalmoparesia externa progrsssiva, baixa estatura, arrimita cardíaca por bloqueio de ramo). http://anatpat.unicamp.br/musmiopmitoc.html Em crianças, a miopatia pode ser expressa predominantemente por hipotonia. Nesse caso chamamos de síndrome do bebê hipotônico. Evidenciamos isso por algumas manobras, como a suspensão pelos braços (hipotonia cervical), incapacidade de se equilibrar sentada, boca triangulada. O bebê hipotonia pode ter miopatias estruturais. As mais frequentes são a miopatia miotubular (centronuclear – na biópsia apresenta aspecto com núcleos centrais, grandes e blogosos. Fibras musculares lembram fibras fetais) e miopatia nemalínica (presença de bastões subsarcolemais na biópsia muscular). Ambas são congênitas. http://anatpat.unicamp.br/musmiopmitoc.html Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Distrofia muscular congênita tipo Ullrich: muita hipotonia, acroatonia (hipotonia distal), contraturas proximais, palato ogival, calcâneo proeminente, reflexos hipoativos, inteligência normal ou superior, respirador bucal, não capaz de andar. Associada a mutações do gene do colágeno 6 (colagenopatia). Depois do diagnóstico clínico das miopatias realizamos diagnóstico laboratorial básico. O principal é o exame da enzima creatino-quinase (CK). Em miopatias ativas com degeneração muscular importante, o CK é muito elevado (Duchenne e Becker). Em miopatias leves o CK pode ser levementeaumentado ou normal. A eletroneuromiografia é útil em casos com fenótipos menos evidentes, para fazer diagnóstico diferencial de neuropatias, miopatias etc. Na de Steiner a eletroneuromiografia é muito importante. Todo miopatia deve ter avaliação cardíaca e pulmonar. Se a miopatia envolver esses sistemas tem que ter avaliação frequente. Atualmente avaliamos a agressão ao musculo esquelético pela RM muscular. Ajuda no direcionamento de painéis genéticos pelo padrão de acometimento muscular. Quando o músculo fica esbranquiçado é sinal de agressão/degeneração com substituição fibroadiposa. O fenótipo típico distrófico das biópsias de miopatias é a variação no diâmetro das fibras musculares (muito pequenas e outras maiores), presença de adipócitos, muita fibrose (perimísio, endomisio), fibras necróticas. Genericamente chamamos essas alterações de distrofia muscular. Para refinamento podemos realizar imunoistoquimica. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp A confirmação do diagnóstico das miopatias é pelo exame de genética molecular. Tratamentos: imunossupressão nas miopatias inflamatórias; corticoesteróides na DM de Duchenne e Becker; reposição enzimática na doença de Pompe. Tratamento multiprofissional, reabilitação, fisioterapia, monitoramento cardiorrespiratório, aconselhamento genético, apoio psíquico e social ao paciente e família. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp São síndromes, conjunto de doenças que afetam o sistema nervoso periférico (SNP). Macroscopicamente, são várias estruturas fora do neuro-eixo, como gânglios da raíz dorsal, razíes anterior e dorsal, nervos raquídeos, plexos e troncos nervosos, receptores sensitivos e musculares, nervos cranianos e seus gânglios, gânglios autonômicos, fibras pré e pós-ganglionares. Temos o SNP somático, constituído de fibras sensitivas (finas ou grossas) e motoras. O autônomo é dividido em parassimpático e simpático. As neuropatias periferias podem comprometer o SNP somático ou autonômico (um deles ou ambos). Microscopicamente, o SNP é um conjunto de gânglios e fibras nervosas associadas as células de Schwann (células satélites – bainha de mielina). Nas fibras amielínicas elas não formam a bainha de mielina, mas se associam ao axônio. Temos vários tipos de fibras nervosas: tipo IV são amielínicas. Quanto mais largo o axônio maior número de camadas de mielina e maior velocidade de condução. Nas neuropatias periféricas pode ter comprometimento exclusivo de fibras finas ou grossas, ou mesmo associação de ambos os tipos de fibras. O diagnóstico das neuropatias periféricas envolve a anamnese e exame físico. Anamnese: queixa principal, HPMA (início agudo ou subagudo – geralmente neuropatias adquiridas; início crônico – neuropatias hereditárias), distribuição anatômica das queixas, curso evolutivo. Importante saber da história medica passada, história profissional, hábitos, costumes, medicamentos, história familial (genealogia). Devemos realizar minuciosamente a revisão dos diversos órgãos e sistemas, pois podem estar relacionadas com a causa da neuropatia periférica. Anemia: deficiência de B12, ácido fólico, intoxicação por chumbo. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Câncer: paraneoplasia, déficit nutricional, uso de drogas anticâncer. Coração: amiloidose Endócrino: diabetes melitos, hipotireoidismo. Na semiologia é importante investigar a sensibilidade (hiperestesia, hipoestesia, anestesia) e diferenciar qual modalidade sensitiva está afetada (só dor, pressão, vibração etc); investigar o trofismo também (pele e fâneros). Importante saber a distribuição das alterações no corpo do paciente. Em relação à motricidade avaliamos a força muscular, tônus, trofismo, reflexo de estiramento muscular e distribuição dessas alterações. Importantíssimo a palpação dos nervos periféricos (troncos nervosos e ramos superficiais). Num indivíduo normal geralmente não palpamos ou só filetes tênues. Nos indivíduos com neuropatia periférica pode haver aumento do volume dos nervos, bem marcados (Espessos). Sinal de Tinel: ao percutirmos o nervo periférico. O nervo lesado, quando percutido, pode gerar sensação de choque no território dele. Revela neuropatia periférica. Distribuição anatômica das neuropatias periféricas (Classificação Topográfica): Ganglionopatia sensitiva Radiculopatia Plexopatia Mononeuropatia Multineuropatia Polineuropatia Polirradiculoneuropatia Após o diagnóstico sindrômico de neuropatia periférica precisamos tipificar a neuropatia e depois refiná-la. - GANGLIONOPATIA Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp NP sensitiva (dermatomérico – distúrbio sensitivo na topografia do dermátomo daquele gânglio afetado). Em geral, há erupção cutânea semelhante a varicela (forma mais comum de ganglionopatia). Se associa a dor neurálgica. Pode anteceder, concomitante ou posterior à erupção cutânea (neuralgia herpética ou pós-herpética). Ex. ganglionopatia causada por Varicela-Zoster. Pode haver vários gânglios afetados quando a causa não é tratada. - NEUROPATIA SENSITIVA Início com parestesias e disestesias em território associado a gânglios. Assimétricas, distais ou proximais (face, tórax, abdome). Curso lento > 6 meses. O início pode ser agudo, subagudo (raros). Pode haver poliganglionopatias causando ataxia sensitiva: não consegue localizar seus membros, pseudoatetose (em relação à mão). Hipotonia, sensibilidades diminuídas ou abolidas, força normal. Causas: autoimunes, Hipervitaminose B6, déficit de B12, infecções virais. - RADICULOPATIA Dor na coluna vertebral que se irradia para o membro. Pode ser cervicobraquialgia, ciatalgia, etc. Piora com a manobra de Valsalva, melhora relativa com repouso e com posturas antálgicas. Sinal de Lasègue. Diminuição de força (miótomo), diminuição do tônus e trofismo muscular, redução ou abolição dos reflexos. Pode haver distúrbios sensitivos (se radiculopatia é sensitiva se expressa num dermátomo). Com o quadro clinico podemos dizer qual raiz está afetada. Ex, comprometimento da raiz C6 causa déficit nos extensores do punho, extensor radial do carpo, diminuição da força do bíceps, alteração do reflexo braquirradial, alteração sensitiva do dermatomo C6. A causa mais frequente de radiculopatias é a compressão da raíz pelo núcleo pulposo do disco intervertebral (muito associadas a discopatias). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - PLEXOPATIA Fazemos diagnóstico através da clínica para saber qual plexo afetado (cervical, braquial, lombossacro). Verificamos a topografia e a gravidade da lesão intraplexo. O mecanismo fisiopatogênico geralmente é o estiramento do plexo, como em acidentes automobilísticos e lesão do plexo braquial no parto. - MONONEUROPATIAS, POLINEUROPATIAS, POLIRRADICULOPATIAS Pesquisar qual nervo afetado, topografia da lesão intratronco, gravidade, mecanismo fisiopatogênico e causal de cada mononeuropatia. As mononeuropatias, em geral, estão associadas a traumas (por arma branca, fraturas, arma de fogo, tumores), causas próximas ao nervo afetado. Normalmente é secção do axônio e dos envoltórios. Mononeuropatia Ulnar: garra ulnar, atrofia dos interósseos, atrofia da eminencia hipotênar (tenar preservada). Ex. lesão ulnar na região do olecrano. Um subtipo da mononeuropatia é a mononeuropatia múltipla (multineuropatia). É a afecção de vários troncos nervosos que ocorre em momentos diversos da evolução, expressando-se em topografia aleatória. A gravidade é variável em cada tronco afetado, não é uniforme. Somatória de mononeuropatias que ocorrem de modo assíncronos e assimétricas. Polineuropatia (diferenciar das multineuropatias): afecção simétrica de vários nervos, comprometimento simultâneo e mais distal.Padrão botas e luvas (comprimento dependente – depende do tamanho do axônio). A polirradiculopatia é uma associação de comprometimento de raiz e tronco nervoso. É simétrica (poli – simetria). Há paralisia flácida com arreflexia, déficits motores predominante ou sensitivo-motor. Simétrico proximal e distal. Evidencias clinicas e laboratoriais (líquor) de raízes afetadas. Mecanismos fisiopatogênicos possíveis: degeneração segmentar ou axonal de mediação autoimune. Em 2/3 dos casos encontramos infecção prévias. Os 4 mecanismos patogênicos das NEUROPATIAS são: degeneração axonal, degeneração segmentar, degeneração waleriana, degeneração neuronal primária. Degeneração Axonal: é o mecanismo mais comum nas POLINEUROPATIAS. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Afecção metabólica no neurônio que causa redução do fluxo axonoplasmático. O axônio mais distal sofre mais (alteração comprimento dependente). Manifesta-se por “dying back”, ou seja, morte das porções mais distais do neurônio seguindo para o corpo deles – morte retrógrada. Há desmielinização secundária e concomitante ao dano axonal. Os músculos ficam desinervados, receptores sensitivos lesionados. Há cromatólise nas axonopatias graves. É possível a regeneração nervosa na axonopatia caso retiremos a causa da neuropatia (atuação precoce). Desmielinização Segmentar: afecção primária da mielina, o axônio está intacto. Inicia no nodo de Ranvier e há desmielinização na região internodal. O musculo não fica desinervado pois o axônio é preservado (não há atrofia precoce, mas depois surge atrofia de desuso com o tempo). Não há cromatólise neuronal. Há lentificação da velocidade de condução ou bloqueios de condução nervosa. A proliferação de células de Schwann permite a remielinização e recuperação funcional. Ex.: desmielinização focal de um nervo periférico – Síndrome do túnel do carpo. O nervo mediano pode ser comprimido pelo ligamento transverso do carpo. Isso causa alteração sensitiva do território, dor neurálgica, atrofia do músculo adutor curto do polegar. Quando a compressão ainda é suave há neurapraxia apenas. Com o tempo terá alterações microscópicas da mielina (intuscepção da mielina – formação anormal nos internodos). Depois há desmielinização focal nesse segmento do nervo abaixo do ligamento transverso do carpo. Se a compressão é grave há lesão axonal. Degeneração Waleriana: decorre da transecção do axônio (por ex, fraturas, armas brancas). Há degeneração do axônio e da mielina distal à lesão. Inexcitabilidade nervosa abaixo da lesão. Os musculso ficam paralisados e atrofiados. Pode haver cromatólise (mais precoce e intensa quanto mais proximal o dano axonal). É possível a regeneração, muitas vezes por neurocirurgia. Nas neuronopatias sensitivas há degeneração do corpo neuronal, com perda do axônio, mielina e do receptor sensitivo. Há degeneração centrífuga (distal) e centrípeta da fibra nervosa. Isso é visível na RM da medula como hiperssinal da região dos fascículos grácil e cuneiforme por ex. Neuropatias com disfunção autonômica muito graves: Ocorre nas polineuropatias diabética, amiloidótica, aguda, alcoólica, neuropatia autonômica paraneoplásica, neuropatias tóxicas (tálio, arsênico, mercúrio, acrilamida, solventes orgânicos). As multineuropatias podem ter degeneração axonal e segmentar. As degenerações axonais podem ser por vasculites (sistêmicas ou primárias do SNP), DM, lepra, sarcoidose, HIV. As degenerações segmentares podem ocorrer por neuropatia compressiva (hipotireoidismo), neuropatia motora multifocal, neuropatia hereditária tomaculosa. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As polineuropatias estão associadas a distúrbios metabólicos, nutricionais ou hereditários. Metabólicas: uremia, hiperglicemia, hipoglicemia, hipotireoidismo, porfirias. Nutricionais: déficit B1, B6, B12; mal absorção, pós-gastrectomia. Hereditárias: vários genes. Tóxicas: drogas (isoniazida, vincristina, amiodarona, disulfiram, talidomida, amitriptilina), metais (chumbo, arsênico, talio, ouro) e compostos orgânicos (organofosforados, aldrin, álcool). >> Eletroneuromiografia: importante exame complementar para embasar o diagnostico clinico, refinar a localização da lesão, diferenciar a NP axonal/mielínica/mista, se é aguda ou crônica. Analisa condução das fibras sensitivas, motoras e músculo esquelético. Ela define a modalidade da NP: motora pura/predominante, sensitiva pura/predominante, ou sensitiva-motora. Diferencia doenças do motoneuronio alfa, da junção neuromuscular ou miopatias. Não serve para diagnóstico de neuropatia de fibras finas. O exame do líquor ajuda também pelo aumento de proteínas e celularidade, linfócitos, imunoglobulinas. Os exames de imagem auxiliam muito nas radiculopatias (compressão pelo disco intervertebral). Os exames de anticorpos são uteis para algumas miopatias, como no Guillain-Barre, Miller-Fischer, neuropatia motora multifocal etc. A biópsia de nervo periférico e de pele é importante nas vasculites, amiloidose, sarcoidose e lepra. Atualmente não se faz biópsia do nervo nas neuropatias hereditárias hipertróficas, pois investigamos isso pela análise de DNA (painéis de genes). 10 passos para caracterizar as neuropatias periféricas – decálogo das NPs 1. Caracterize o padrão de distribuição anatômica de comprometimento do SNP; 2. Confirme o passo 1 através de testes eletroneuromiográficos; 3. Pense sobre o mecanismo patológico da NP; 4. Considere o início e o curso evolutivo da NP; 5. Decida se a doença tem maior probabilidade de ser adquirida ou hereditária; 6. Busque associações com doenças passadas ou presentes; 7. Indique testes bioquímicos, hematológicos, sorológicos em busca de doença de base; 8. Avalie os familiares para completar genealogia; 9. Indique biópsia de nervo cutâneo (critérios); 10. Faça uma proposição terapêutica, execute-a e avalie os resultados.
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