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TCOE - Resumo

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TCOE 
• A perspetiva inferencial da comunicação: 
1. Comunicação não-literal: O processo comunicativo não termina com o processar de 
propriedades estruturais e o descodificar do significado. O sentido é a reelaboração do significado em que 
intervém sobretudo o fator ‘contextos’. O sentido é mais amplo do que o significado. Comunicamos 
geralmente mais do que dizemos. Como é que os falantes captam tão eficazmente o sentido não-literal? 
Através do Princípio de cooperação (Grice) e das Máximas conversacionais (Locutor): nem mais nem menos 
informação, nunca afirma aquilo que crê ser falso, participação pertinente e evita ser ambíguo, prolixo ou 
obscuro. O interlocutor parte sempre do princípio de que o seu parceiro respeita estas máximas e mesmo 
quando a elocução não é ordenada faz um esforço de atribuição de sentido. 
2. Abordagem inferencial da comunicação: O papel do Alocutário. Só há comunicação bem-
sucedida quando o Alocutário reconhece a intenção comunicativa do Locutor. Quando o ‘intendido’ é 
‘entendido’. Sistema de estratégias partilhado. Incorpora a noção de intenção comunicativa. Não faz 
depender essa intenção só do significado. Dá conta do sentido literal, não-literal, direto, indireto, etc. 
3. Polifonia: Um discurso entra em diálogo com outros discursos ou vozes, até de outros tempos 
e lugares. Há outros enunciados convocados, outras vozes. Interpretar o texto é dar conta de como outras 
vozes nele soam. 
4. Construção do sentido: A língua é também cultura e história. É preciso considerar a língua em 
uso, para além do sistema abstrato de regras. O significado é dado pelo dicionário e pela gramática, mas o 
sentido é criado a partir do conhecimento do que já foi dito e do que se diz numa comunidade de falantes. 
 
• Aspetos da argumentação no discurso 
1. O discurso argumentativo desenvolve-se geralmente segundo um esquema de apertado 
encadeamento de tipo causal e conclusivo. A organização discursiva das sequências justificativas agrega 
diversas razões que suportam o discurso e são forte argumento de legitimação. 
2. O Locutor desenvolve estratégias de construção de um estatuto de autoridade visando 
sustentar a legitimidade do seu discurso. 
3. Eixos de justificação que se desenham na argumentação: (a) a construção do Locutor como 
figura de autoridade e (b) a apresentação sistemática de garantias que o Locutor convoca como específico 
apoio ou reforço do seu discurso. 
4. Estes dois eixos concorrem para o delinear de uma imagem do Locutor – do seu ethos – 
ajustada a, ou consistente com, a importante tarefa que lhe incumbe. Trata-se, na verdade, de constituir o 
Locutor numa fonte autorizada. 
5. O Locutor envolve no seu discurso a voz de outros enunciadores. O seu estatuto sai reforçado 
e oferece mais garantias. Tendo o suporte de outras vozes, de inquestionável autoridade, o Locutor constrói 
a sua própria autoridade sobre o ‘já dito’ e também supostamente ‘já aceite’. 
6. Institui uma co-responsabilidade discursiva. 
7. A voz do Locutor incorpora outras vozes, com projeção de polifonia concordante – efetiva 
introdução de um discurso relatado em citação (cede a voz a outras vozes que vêm apoiar a sua convicção 
assertiva e funcionam como garantia da sua legitimidade) 
8. Todas estas vozes e os conteúdos informativos que veiculam são integrados ou reativados no 
conjunto de saberes do Alocutário. 
9. Com o objetivo de suportar adequadamente as suas posições, o Locutor convoca ainda a ‘voz’ 
de Princípios, Normas ou Verdades Gerais, previsivelmente partilhados e aceites pelo Alocutário. Estas 
vozes estão presentes de modo implícito no discurso (heterogeneidade enunciativa). 
10. Diversos tipos de ‘verdade’ convocados como argumentos. 
11. Princípios aceites, ou o suscitar de Normas genéricas supostamente partilhadas pelo 
Alocutário, disponíveis no conhecimento comum e, em princípio, estabilizados numa dada comunidade. 
12. A argumentação parte de um discurso do Outro numa marcada polifonia, mesmo quando 
discordante, como é o caso dos enunciados com contrastivos. O uso das causais e comparativas convoca ou 
induz raciocínios facilitados pela disponibilidade de certas normas constantes da enciclopédia comum ao 
Locutor e ao Alocutário. 
13. O recurso a um conjunto de tópicos ou imagens prefigurados no público e que estão à partida 
consolidados garante a adesão do Alocutário e o seu posterior empenhamento na ação – o êxito do 
argumento assim construído é muito provável. Completa-se, portanto, o processo de persuasão. 
14. Este convocar de “outras vozes” reveste-se de diversos aspetos, mas tem sempre como 
objetivo seduzir o interlocutor, assegurar a sua adesão, evitar o contradiscurso. E o processo de sedução 
consiste sempre em fazer depender as Verdades Novas agora apresentadas de Verdades já conhecidas, 
aceites, estabelecidas. 
15. A demonstração pode por exemplo estar assente numa construção, feita a partir do que o 
Locutor sabe que os destinatários do seu discurso avaliam positivamente – o Locutor ‘promete’ A. Por outro 
lado, o Locutor sabe igualmente que os destinatários avaliam negativamente B, presume que não desejam B 
– o Locutor condena B. 
16. Em qualquer discurso, este tópico visa induzir movimentos emocionais a despertar no 
Alocutário, trazendo ao discurso um pathos estrategicamente activado. Por um princípio de bom senso e 
razoabilidade, o Alocutário prefere o Bem ao Mal, sendo este negativamente avaliado. Há certas normas 
sociais e representações ideológicas que o Locutor envolve nos seus enunciados, fazendo passar uma dada 
visão do mundo; e admite que o Alocutário é sensível a essas normas, porque partilha a estruturação 
cognitiva proposta. 
17. Os discursos têm momentos argumentativos em que prepondera a manifestação de um pathos 
de amplos efeitos mobilizadores, convocado ao serviço da emoção e, também por esse meio, ao serviço da 
persuasão e do acolhimento favorável dos discursos. 
18. Finalmente é também caraterística a utilização pelo Locutor, na ordem argumentativa, de 
elementos de caráter racional, objetivados na convocação e ativação de dimensões da ordenação cognitiva 
do mundo – o logos –, que suportam uma argumentação-justificação fundada na razão, na consideração de 
raciocínios apoiados predominantemente em nexos de causalidade, mas também de proximidade e analogia. 
19. Uma argumentação eficaz tem que prever mais do que uma receção. Tem que ter em conta a 
diversidade dos destinatários e ponderar os argumentos utilizados. Os argumentos disponíveis não são 
necessariamente universais e podem ter um rendimento variável conforme o público a que são dirigidos. 
Assim, para uns será mais sugestivo e sobretudo mais eficaz o argumento do Bem, para outros o do interesse 
pessoal, para outros ainda o do rendimento coletivo, etc… E os argumentos serão provavelmente avaliados 
de variadas formas. 
 
• Aspetos linguísticos da estruturação textual – Textualidade e Coesão, conexão, coerência: 
O que é o discurso /texto? 
1. É uma sequência mais ou menos linear de elementos linguísticos – linear no tempo e no 
espaço gráfico. O Texto/discurso é uma combinação ajustada e sequencial de elementos linguísticos, 
produzida por um locutor e pressupondo um alocutário. 
2. Textualidade – Para que uma manifestação da linguagem seja um texto /discurso tem que 
apresentar um determinado número de propriedades - a esse conjunto de propriedades dá-se o nome de 
textualidade. 
3. Elementos da textualidade: Situacionalidade, Informatividade, Intertextualidade, 
Intencionalidade, Aceitabilidade, Conetividade, Sequencial (coesão) e Concetual (coerência). 
 
4. Conetividade: Ligação sequencial e concetual entre os diversos constituintes do 
discurso/texto de forma a assegurar a interdependência semântica entre os seus diversos constituintes - Há 
ainda uma tipologia das relações entre os atos em sequência. 
5. Consideração de movimentos organizativosdiversificados e complexos que percorrem o 
discurso. Ex: a relação de justificação/explicação; expansão/elaboração (generalização ou especialização); 
adição e repetição; exemplificação/ilustração; planificação e anúncio; concordância/discordância; 
objeção/refutação. 
6. A Conetividade pode ser: 
a. Sequencial – coesão textual 
b. Concetual – coerência textual 
7. A Conetividade sequencial – coesão textual: Princípio de homogeneidade sequencial de um 
texto. Noção semântica com interface sintática. As relações que as unidades mantêm entre si no plano 
sintático – na frase e interfrásicas. Ou entre parte de frase e frases seguintes (frase na perspetiva textual). 
Relações semânticas no plano textual desenham-se em linhas de estruturação semântica. As isotopias são 
linhas semânticas que articulam elementos sendo parte da construção do sentido. 
8. Coesão gramatical frásica: Ligação entre os constituintes do sintagma e da frase: Ordem das 
palavras no sintagma; Concordâncias no SN – género, número, caso; Regência (o uso de preposições) Ex: O 
gato da Ana (*O gato em...), As camélias (¨* O camélias), No (= em + o); O verbo desenha, estrutura um 
esquema sintático e semântico geral de um enunciado: DAR : alguém alguma coisa a alguém. 
9. Coesão gramatical interfrásica (junção – conexão): Assegurada por processos de 
sequencialização que determinam vários tipos de interdependência semântica entre as frases (por conetores 
ou pausas). Há dois grandes processos que asseguram a coesão interfrásica: a parataxe (colocar ao lado de) e 
a hipotaxe (colocar sob). 
10. Tipos de junção: Conjunção, Disjunção, Contrajunção (conexão que exprime argumentos 
opostos) e Subordinação semântica. Estas conexões estruturam unidades superiores ao período. São 
estabelecidas por conectores (conjunções coordenação/subordinação); advérbios (ainda, já); preposições 
(para, de); articuladores textuais (com efeito, nesta perspetiva). Estabelecem relações de índole temporal, 
argumentativa, lógica, explicativa, expositiva, entre segmentos do discurso concatenados em cadeia. 
11. Junção – Conjunção (conteúdos proposicionais compatíveis): 
 - O Zé foi à praia e tomou banho. 
 - O Zé entrou e sentou-se. 
 - A Ana foi às aulas e ao cinema. 
 - ? O Zé tomou banho e foi à praia. 
 - * O Zé sentou-se e entrou. 
12. Junção – Disjunção (Conteúdos proposicionais alternativos): 
 - Às 9 da manhã, o Zé está na Faculdade ou no trabalho (disjunção exclusiva). 
 - O Zé come pudim ou gelado à sobremesa (disjunção inclusiva) 
13. Junção – Contrajunção (junção contrastiva): 
 - Embora tenha ido à faculdade, o Zé faltou às aulas. 
 - O Zé é gordo, mas é um excelente atleta. 
 - Ainda que tenha feito anos, a Ana não teve uma festa. 
 - Apesar de ter ido à praia, o Zé não tomou banho. 
14. Junção – Subordinação semântica (condicionais): 
• Condição factual (real): 
- O Zé faltou às aulas e foi ao futebol. 
- O Zé faltou às aulas porque foi ao futebol. 
- O Zé foi ao futebol; por isso faltou às aulas. 
- Foi por ter ido ao futebol que o Zé faltou às aulas. 
• Condição não-factual (hipotética): 
- Se o Zé for ao futebol, falta às aulas. 
- O Zé vai ao futebol e falta às aulas, não é? 
• Condição contra-factual: 
- Se a televisão tivesse os direitos de transmissão, o Zé não ia (tinha ido) ao futebol. 
(Pressuposição: a televisão não transmite o jogo) 
- Se o Zé fosse esperto, não faltava às aulas. (Pressuposição: o Zé não é esperto) 
15. Coesão gramatical temporal: Compatibilidade dos tempos verbais e dos deíticos temporais. 
- Já conhecíamos o Zé e ficamos a conhecer a Ana. 
- Quando chegámos ao estádio já tinha terminado o jogo. 
- Ontem nasceu o Tiago. Em 23 de março de 1980 tinha nascido o Zé. 
- Quando o Zé chegou eu fui almoçar. 
- Ontem fomos ao cinema. 
- O Zé chegou e sentou-se. 
- * Quando o Zé chegou eu vou almoçar. 
- * Ontem vamos ao cinema. 
- * O Zé sentou-se e chegou. 
16. Coesão gramatical por paralelismo estrutural: Processo de assegurar a coesão textual pela 
presença de traços gramaticais comuns, a mesma ordem de palavras, a mesma estrutura frásica. Utilização 
de segmentos textuais paralelos estruturalmente. (Repetições) 
- O Zé gosta de futebol, gosta de cinema, gosta de chocolate. A Ana gosta de ler, gosta de 
passear, gosta de ir à praia. 
17. Coesão gramatical referencial: 
Referência - Coesão referencial exofórica - A introdução de uma nova entidade/objeto no 
discurso, no espaço físico percetível pelo Locutor e Alocutário. 
- O Zé acaba de chegar. 
- A Ponte da Arrábida foi inaugurada em 1963. 
- A Torre dos Clérigos foi projetada por Nicolau Nazzoni. 
- A Mónica/Aquela (designando alguém) chegou atrasada. 
Co-referência - Coesão referencial endofórica - A possibilidade de um objeto ser referido 
repetidamente no discurso. 
- O Zé acaba de chegar. Já lhe disse que o diretor quer falar com ele, mas ele não ligou e 
sentou-se tranquilamente. (Anáfora) 
- Ela chegou apressada: primeiro viram-lhe o cabelo ruivo e só depois é que viram que era a 
Ana. (Catáfora) 
18. Coesão lexical: Seleciona elementos – itens lexicais – relacionados em certa medida com 
outros anteriores e cria cadeias referenciais concretas que conferem coesão ao texto. 
19. Reiteração (repetição): O elemento repetido é a mesma palavra ou uma sua derivação 
- Os miúdos não paravam quietos e a mãe desatou a ralhar. Mas toda a gente sabe que os 
miúdos são mesmo assim, não é? 
20. Substituição: 
→ Sinonímia: Os miúdos não paravam quietos e a mãe desatou a ralhar. Mas toda agente 
sabe que as crianças são mesmo assim, não é? / Os miúdos faziam muito barulho. O bebé acordou com tanto 
ruído. 
→ Antonímia: Os filhos da Ana e do Zé são miúdos? Se calhar já são crescidos. / O bebé 
adormeceu cedo, dormiu duas horas e acordou com o barulho dos miúdos. 
→ Hiperonímia/hiponímia: A Ana tem um gato tigrado, porque adora animais. / O Zé e a Ana 
passearam pelo bosque e sentaram-se debaixo de uma árvore. 
→ Holonímia/meronímia: Do pinheiro soltou-se uma pinha que caiu na cabeça do Zé. / A 
rolha saltou com tanta força que a garrafa de champanhe ficou quase vazia. / O carro teve um furo e levaram 
o pneu à garagem. 
21. Conectividade concetual – coerência textual: A coerência concerne ao conteúdo designativo-
comunicativo do texto, ao ‘mundo’ nele recriado, ao designado. A coerência do Texto reside na “não rutura 
do mundo recriado nos produtos verbais com o mundo cognitivamente ordenado para que remetem”. A 
coerência é um princípio de homogeneidade que dá sentido global ao texto. Ligada à interpretação, está em 
interação com os elementos cognitivos, com o conhecimento do mundo, com os saberes partilhados, com a 
enciclopédia do falante, conforme ao ‘estado de coisas’. 
22. O mundo textual será coerente, se os factos, os acontecimentos, as situações, recriados no 
Texto se interligam à imagem e semelhança do que ocorre no mundo ‘real’, cognitivamente ordenado pelos 
falantes enquanto seres inteligentes, ou num mundo ‘possível’, imediatamente ou derivadamente acessível 
na base dos mesmos princípios da construção do conhecimento e do exercício do pensamento. Logo: 1. Não 
é uma dimensão exclusiva do Texto. 2. Não é uma dimensão idiomática. Uma mensagem revela-se coerente 
ou incoerente qualquer que seja a língua em que se manifesta. 3. Conforme aos princípios gerais que 
presidem ao conhecimento do mundo e ao exercício do pensamento. 
23. Condições da coerência textual: Repetição (procedimentos de retoma e anáfora), Progressão 
(Informatividade; sem tautologias, sem contradição), Relevância (linhas de estruturação textual - isotopias, 
feixes lexicais), Inferência (permite deduzir os sentidos implícitos a partir da partilha de saberes). 
24. O Zé comprou um automóvel novo. Os travões são ABS. - Ainda que na frase inicial não se 
fale em travão, pelo nosso conhecimento do mundo sabemos que os automóveis têm travões, o que nos 
permite fazer de‘automóvel’ o antecedente de ‘travões’. (Anáfora associativa) / A Ana comprou uma 
bicicleta nova. Os travões são ABS. - Esta segunda frase não é coerente com o discurso inicial. Num ‘mundo 
normal’ as bicicletas não têm travões ABS. 
25. Ana: Vais ao cinema hoje? Zé: O professor mandou-me fazer um relatório de leitura. - 
Aparentemente, a resposta do Zé não faz sentido. Do ponto de vista coesivo há, claramente, uma ausência de 
elementos conectores. No entanto, o diálogo é coerente. Através de um raciocínio inferencial o alocutário 
‘Ana’ tem de interpretar a resposta do locutor ‘Zé’. 
26. Há no discurso/texto uma continuada interdependência e interação texto-situação 
enciclopédia ou conhecimento do mundo partilhado pelos falantes. É um complexo cognitivo e avaliativo. 
27. Estrutura informacional e temática dos discursos: Num discurso/texto o Loc. vai 
introduzindo uma sequência de assuntos (Tópicos) que devem pertencer ao conhecimento comum e, acerca 
deles, vai introduzindo informações (Comentários) novas. 
28. Tópico – instrução para ativação de um objeto pertencente ao conhecimento comum. 
29. Comentário – adição de elementos cognitivos novos ao saber comum. 
30. Em geral o Tópico corresponde ao sujeito da frase e o Comentário ao predicado. 
31. Mudança de tópico: Coerente ou não-coerente – estratégia discursiva para alterar o tópico, a 
direção do diálogo, ou mesmo acabar com ele: 
- Disseste ao teu pai que tiraste uma negativa? 
- Estou com uma fome danada, queres vir almoçar? 
 
• Enunciado – Frase: Centralidade do verbo: 
1. Discurso – Sequência de enunciados. 
2. Enunciado – Parte de discurso. Articulação de dois blocos. 
3. Um, obrigatório, constitui uma unidade de predicação estruturada em dois termos correlativos 
– Base de predicação e Predicado. O segundo, facultativo, Adjunto circunstancial, determina globalmente a 
unidade de predicação sobre que incide. 
4. Enunciado: A base de predicação realiza-se como um grupo nominal, o predicado surge 
atualizado em grupo verbal, ou SN/SA introduzido por um auxiliar de predicado. 
5. Enunciado simples e composto: A designação oração aplica-se a estas unidades sintáticas que 
têm por núcleo uma predicação; a frase, que estabelece relações entre elementos, pode apresentar uma 
oração – frase simples (oração independente) ou mais orações – frase complexa (distinção entre oração 
principal e oração coordenada/subordinada). A reunião, por coordenação, de dois ou mais enunciados 
simples conduz a um enunciado (EN) composto. 
 
• Orações: 
1. A oração principal é aquela de que depende(m) uma ou várias orações subordinadas: 
- Ontem o Zé disse ao amigo que no próximo Verão ofereceria um ramo de flores à Ana. 
2. A oração subordinada é uma estrutura sintática dependente; sub-ordenada, desempenha uma 
função de um complemento da principal. Apresenta mobilidade: São subordinadas as relativas, as 
conjuntivas (circunstanciais ou completivas), as interrogativas, as infinitivas e participiais. 
3. Relativas: As completivas funcionam como complemento direto (introduzidas por «que» ou 
«se»): Quando o Zé chegou, abriu a janela. / Desde que veio, a Ana está a trabalhar. / Enquanto lemos, 
vamos tomando notas. / O Zé engordou, porque comeu tanto chocolate. / A Ana não tirou o casaco, porque 
estava frio. / Vamos fazer dieta, para não engordarmos. / A Ana vai estudar para que tenha boa nota. / Se 
comes muito, engordas. / Se queres aquele livro, eu dou-to. 
4. Concessivas (circunstância de oposição): (subordinação, mobilidade): “Ainda que o resultado 
fosse mau, o Zé estudou.”; “Embora o tempo estivesse terrível, eles saíram.”; “Ainda que seja tarde, vou ao 
cinema”; “Se bem que muito feio o Zé é muito bom rapaz”. 
5. Adversativas: (coordenação, ausência de mobilidade) - O resultado foi mau, mas o Zé 
estudou. / É tarde, mas vou ao cinema. / O tempo estava terrível, mas eles saíram. / O Zé é feio, mas é muito 
bom rapaz. 
 
• A centralidade do verbo no enunciado: 
1. Não há lugar para ENs sem predicado – o próprio objeto do ato comunicativo que está vazado 
no EN. Quando opera um auxiliar de predicado, o predicado reside no SNominal, SAdjetival ou predicativos 
do sujeito. Ex: O Zé comprou um carro – ação predicado comprar;/ O Zé é bonito – predicado é bonito; 
2. Papel do verbo no EN: 
- Função verbal – Apreende linguisticamente um estado de coisas como um processo. O 
dinamismo inerente ao verbo traduz-se nas significações de modo, tempo, aspeto, pessoa-número e voz e é 
indispensável à constituição do EN. Esta função é independente do conteúdo estritamente lexemático de V. 
O verbo ser: função verbal em estado puro. Este auxiliar de predicado surge no EN como índice verbal 
suporte das categorias modo temporais-aspetuais e de pessoa-número e voz. Viabiliza o EN confere-lhe o 
dinamismo específico indispensável à sua configuração. Essas categorias afetam todo o EN. 
 - Função coesiva – Organiza numa estrutura completa os elementos do EN. O verbo convoca 
e inter-relaciona um complexo de elementos e integra-os numa unidade semântico-funcional e formal – o 
Enunciado. Logo, o verbo viabiliza a afetação dos SNs presentes no enunciado, os elementos da construção 
sintática a certos papéis semântico-sintáticos – funções sintáticas (sujeito, complemento direto, indireto...) e 
a papéis semântico-funcionais – casos. Determina o acordo ou determinação de tempo e a relação com 
adverbiais. Determina o aspeto e a relação com circunstanciais pontuais, durativos e frequenciais. Determina 
a relação com os adjuntos circunstanciais em geral. 
3. Indicações semântico-sintáticas: o número e a natureza dos elementos nominais. [Estrutura 
argumental de V]. Estão memorizados em competência, modelo construcional virtual. 
4. Estrutura argumental de Verbos: Verbos com 0 argumentos: Chove! Troveja! Neva! Está 
frio/calor! Faz frio/calor! Amanheceu às 6h e 45m. / Verbos com 1 argumento: O Zé trabalhou ontem. / 
Verbos com 2 argumentos: O Zé comeu um peixe grelhado ao almoço. / Verbos com 3 argumentos: o Zé 
deu um ramo de flores à Ana. 
5. A noção de transitividade: 
- Verbos transitivos: O Zé escreveu um romance. / L.A. publicou vários romances. / Os alunos 
votaram a proposta. / O Zé matou o gato. 
- Verbos transitivos-predicativos: O diretor nomeou o Sr. João porteiro. / O Zé acha a Ana 
simpática. / O Zé tem os livros arrumados (Trans. Pred.). / O João pintou a sua primeira tela muito escura. / 
O Zé compôs a sua primeira sinfonia muito excêntrica. / O António L.A. escreveu a sua primeira crónica 
muito dramática. / O António L.A. escreveu o seu primeiro romance muito complexo. 
6. Indicações semânticas de caso e de voz. Relações lógico-concetuais entre o V e os 
complementos. Estas relações assinalam funções ou papéis específicos: Agente, Fonte (Origem, Causa), 
Experienciador, Locativo, Beneficiário (Alvo, Meta), Objeto (Paciente). 
7. Agente (intencionalmente, propositadamente...): O Zé escreveu um romance. / A Ana 
telefonou. / L.A. publicou vários romances. / Os alunos votaram a proposta. / O Zé matou o gato. 
8. Fonte (origina sem controlar): A chuva inundou a cave. / O vento arrancou a árvore. / A 
tempestade assustou-nos. 
9. Experienciador (sede física ou psicológica): O Zé gosta da Ana. / Os miúdos temem o avô. / 
Nós vimos o filme. / O Zé caiu. 
10. Locativo: (localização espacial): O Zé mora no Porto. / A aula decorre na sala 208. / A água 
ferve na panela. 
11. Beneficiário: (entidade que recebe algo que foi transferido): O Zé deu o ramo de flores à 
namorada./ O Sr. Soares vendeu o livro à minha colega. / O Zé guardou o dinheiro no cofre. 
12. Objeto: (entidade que muda de lugar, de posse ou de estado): O Zé tem muitos livros. / O 
João pintou uma tela. / O Zé compôs uma sinfonia. / O António L.A. escreveu esta crónica. 
13. Tipos de verbos: 
• Verbos absolutos: A grande maioria das lexias verbais. O verbo é o centro responsável 
pela composiçãoe natureza de um bloco sintagmático – o SV – que realiza o predicado do EN. 
• Verbos auxiliares: Alguns verbos não funcionam como centro do sintagma que 
assegura a função predicativa. Auxiliares de predicado. 
• Há alguns verbos com reduzido valor predicativo. Revelam-se incapazes de 
constituírem por si mesmos predicado de um EN. Projetam-se como um elemento articulador e suporte das 
categorias específicas que marcam a função predicativa (modo, tempo, aspeto, pessoa-número). São 
auxiliares de predicado, realizado por SNominal/SAdjetival, designados por predicativos do sujeito. 
14. Auxiliares de predicado: O Zé é bonito/ desembaraçado; O Zé parece bonito/ 
desembaraçado; O Zé tornou-se bonito/desembaraçado; O Zé parecia com fome / sem frio/ em pânico; O Zé 
está com fome / sem frio/ em pânico; O Zé está triste/ em silêncio/ uma simpatia.; O Porto é a capital do 
Entre Douro e Minho; Aquela casa parece um barco; O espetáculo foi assim. - Atualizados como auxiliares 
de predicado: estar, ficar, permanecer, continuar, andar, vir, ir. 
15. Auxiliares de desenvolvimento: Verbos como ter, haver, continuar, ir, acabar, ficar... 
especificam diferentes momentos no desenrolar do processo enunciado no verbo auxiliado: Antes -Vou 
corrigir testes. / Início - Começo a corrigir os testes. / Realização - estou a; ando a; tenho corrigido; tenho 
estado a corrigir. / Fim - acabei de; deixei de. / Depois - estão corrigidos os testes; ficaram corrigidos; tenho 
os testes corrigidos. 
16. O momento de evolução do processo (o depois) apresenta variantes do particípio. Ex: 
(prender, acender, entregar) Tenho acendido a lareira. (Depois: A lareira está/ficou acesa.) / A polícia tem 
prendido muitos malfeitores. (Depois: O traficante está preso.) A livraria tem entregado os volumes esta 
semana. (Depois: Os livros estão entregues.) 
17. Auxiliares de modalidade: Verbos como querer, poder, dever, desejar, recear, saber... ligam 
o verbo auxiliado à subjetividade do locutor, ao seu juízo de valor, à sua avaliação, à sua vontade [ 
confrontar com os verbos de modalidade: apreciar, detestar, acusar, criticar, censurar...]. 
18. Verbos simétricos: Rimar, condizer, casar, dialogar, escrever-se, parecer(-se). 
 
• Como funciona a comunicação bem-sucedida? O processo comunicativo não termina com o 
processar de propriedades estruturais e o descodificar do significado. 
Modelo Explicativo do “Código-Mensagem” 
Comunicação: Sequência de atos verbais. Em cada ato verbal (ato de fala): Dois sujeitos (no 
mínimo). Um sujeito 1 e um sujeito 2 que partilham entre si as suas visões do mundo através de produtos 
verbais, textos, com um determinado valor significativo: uma Mensagem. 
Ato de comunicação – Elementos essenciais: 
1. O sujeito emissor/locutor: que emite ou transmite um enunciado significativo a outro sujeito. 
2. O texto, o objeto significativo produzido pelo Emissor. 
3. O sujeito recetor/alocutário: que recebe o que é emitido/transmitido pelo E/L e procura 
interpretá-lo. 
 
• Problemas do modelo explicativo código – mensagem: Seis problemas típicos: 
a. Ambiguidade linguística – o enunciado é apropriado contextualmente. 
b. Referência a vários assuntos/sujeitos. 
c. Intenção comunicativa. 
d. O sentido não é sempre literal. 
e. A indireção. 
f. Os atos ilocutórios. 
• Abordagem inferencial da comunicação: 
a. O papel do Alocutário. 
b. Só há comunicação bem-sucedida quando o Alocutário reconhece a intenção comunicativa do 
Locutor. 
c. Quando o ‘intendido’ é ‘entendido’. 
• Sistema de estratégias partilhado: 
a. Incorpora a noção de intenção comunicativa. 
b. Não faz depender essa intenção só do significado. 
c. Dá conta do sentido literal, não-literal, direto, indireto… 
• Comunicação direta e literal: 
a. Corresponde a uma situação altamente idealizada. 
b. A mais simples comunicação verbal é complexa. Ex: Ambiguidade: A casa que o meu pai 
construiu há um ano foi demolida. Ex: Referência: Fulano é um liberal. Ex: Intenção comunicativa: Vou lá 
estar logo à noite! 
• Comunicação não-literal: 
a. Ex: Compatibilidade contextual (Ai que maravilha! / Agora é que vai ser bom! / Ai que lindo 
serviço!) Ex: Exagero (Não acerto uma! / Ninguém gosta de mim!) Ex: Ironia (Hás de ir longe! / Ai que 
beleza! 
b. Metonímia: Ex: Já li o Eça. / Compraram um Picasso. 
c. Metáfora (Comparação/ semelhança): Ex: Esta rapariga é uma pérola. 
d. Atos indiretos: Desfasamento entre o que é dito e o que é comunicado. Adequação contextual. 
Ex: Está aqui muita corrente de ar!/ Pode-me passar o sal?/ Dói-me um dente! 
e. O sentido é a reelaboração do significado em que intervém sobretudo o fator ‘contextos’. 
f. O sentido é mais amplo do que o significado. 
g. Comunicamos geralmente mais do que dizemos. 
• Estrutura da conversação: A comunicação tem uma estrutura. Abre e fecha com rituais próprios. A 
interação verbal tem ‘aberturas’ típicas (corrente, familiar, formal). A interação verbal tem técnicas de 
‘tomada de vez’. A interação verbal tem pontos de acabamento/fecho. 
 
• Comunicação oral típica – Características: 
1. Locutor e Alocutário situam-se no mesmo local, em presença um do outro, partilham de um 
aqui (Ex. a sala 208 da Flup). O local da emissão é o mesmo da receção. O tempo também é comum. O 
momento da emissão é o momento da receção. Os dois participam num agora (Ex. 8h 50m). 
2. O Alocutário pode tornar-se Locutor, o que determina que o Locutor passe a Alocutário. 
3. Além da comunicação se fazer nos dois sentidos, a informação é de dois tipos: 
a. A – Informação primária – aquilo que o Locutor quer comunicar. (Ex: Amanhã há aulas) 
b. B – Informação secundária – dada pelo Alocutário, constituída pelos sinais que indicam 
que a informação primária foi captada, que a mensagem foi entendida, que o sentido foi atingido (Ex: 
sim…pois... pois…claro…). 
4. A comunicação oral típica é imediata: as realizações da comunicação oral são únicas e são 
irrepetíveis. São também efémeras. Dependem dos limites da memória dos falantes. Por vezes há 
comunicação/ informação oral que se reproduz lentamente e atinge um auditório vasto, circula de umas 
pessoas para outras, mas sofrendo certas alterações, como o apagamento de algumas informações e o reforço 
de outras (Ex: As lendas, o boato.) 
 
• Comunicação Escrita Típica – Características: 
1. Autonomização do espaço e do tempo. 
2. Deixa de haver interação imediata Locutor ↔Alocutário. 
3. Deixam de estar presentes, um em face do outro. Muitos elementos que na comunicação oral 
não precisam de ser explicitados, têm agora de ser formalizados (Ex: A comunicação escrita tem de ser 
datada, assinada…). No que se refere à dissociação no tempo e no espaço assemelha-se à fala registada 
(gravação). 
4. O espaço e tempo do Locutor e do Alocutário não coincidem. São autónomos. 
5. A possibilidade de fixação e de repetição é ilimitada. O visível torna-se absoluto e a 
comunicação é permanente. 
6. A capacidade de resposta do Alocutário apresenta-se condicionada. No caso da comunicação 
escrita dirigida a um só indivíduo, carta ou e-mail, a possibilidade de resposta é maior; no caso de uma 
circular com múltiplos recetores, um livro, ou ainda o caso da informação com recetor global, dirigida pelas 
agências noticiosas, quase não há resposta. 
7. A mediação é mais complexa sempre que se trata da difusão múltipla da palavra escrita. 
8. Há mediadores e redes de mediação, com fins mais ou menos lucrativos, que asseguram a 
expansão e divulgação da comunicação escrita. 
9. No plano de elaboração da mensagem: o emissor torna-se recetor crítico; atividade de 
planificação, de textualização e de revisão; máxima possibilidade de autocorreção. 
10. No plano da receção da mensagem: possibilidade de a recriar, de multiplicar as leituras, de 
diversificar os níveis de abordagem – o texto torna-se objeto de estudo (científico, literário, etc.). 
11. Projeção no tempo: o texto tem posterioridadeimediata e distante. Constitui um documento, 
prova, garantia, define responsabilidades, direitos/ deveres (Ata, recibo, diploma, a Constituição). 
12. Receção, potencialmente permanente, de toda a produção escrita anterior. 
13. Caraterísticas do escrito: Planeamento, Complexidade na textualização, reformulação, 
versão definitiva, Subordinação, Estrutura sujeito-predicado e Rigor lógico. 
Características do oral: Espontâneo, Simplicidade, Repetições, Coordenação, Estrutura 
tópico-comentário, Visibilidade de dificuldade de escolha e Expressões expletivas. 
 
• Comunicação Oral e Escrita: 
Comunicação oral – In praesentia: Proximidade, Visibilidade das dificuldades de escolha, Recurso ao 
paralinguístico, Gestos, olhares, expressão facial, Utilização dos suprasegmentais (Entoação, ritmo, etc.), 
Capacidade máxima de deixis. 
Estrutura tópico-comentário: É o diretor da faculdade que está no gabinete./ É aos problemas da 
linguagem que devemos dar atenção. / Foi o Pedro que teve o melhor resultado no exame. / O Pedro, foi ele 
que teve o melhor resultado no exame. / O Pedro, (foi ele que) teve o melhor resultado no exame. 
 
Comunicação escrita - In absentia: Distanciamento, Possibilidade de reformulação, Indisponibilidade 
do paralinguístico, Reforço dos elementos descritivos, Indisponibilidade dos supra-segmentais, Recurso à 
pontuação, Necessidade de recriar a ‘situação’ no texto. 
Estrutura sujeito-predicado: O diretor da faculdade está no gabinete. Devemos dar atenção aos 
problemas da linguagem. / O Pedro teve o melhor resultado no exame. 
Sistemas orais e sistemas escritos 
Sistemas orais Sistemas escritos 
Primários – capacidade de todos os povos, biológica. Secundários – nem todas as sociedades têm escrita. 
Dinâmicos – movimento de evolução natural, não 
determinado pelos falantes. 
Estáticos – permanecem até serem mudados pelas 
instituições. 
Não-regulamentáveis – não podem ser alterados por 
decreto. 
Reguláveis – a legislação fixa a grafia; acordos 
ortográficos, reformas por decreto. 
 
• Os conectores ou articuladores de discurso 
Os conectores ou articuladores de discurso que seguidamente apresentamos (em quadro) são um 
auxiliar excelente na construção do discurso, quer se trate de um resumo, de uma síntese, de um comentário 
ou de outro tipo de técnica. Eles são um contributo importante para uma escrita correcta; no entanto, é 
necessário saber em que momentos do nosso discurso os devemos usar e como usar. Como tal, não podemos 
esquecer as ideias que pretendemos transmitir, porque a escolha far-se-á em função delas. 
Adição E, pois, além disso, e ainda, não só…mas também, por um lado… 
por outro (lado) 
Causa Pois, pois que, porque, por causa de, dado que, já que, uma vez 
que, porquanto 
Certeza É evidente que, certamente, decerto, com toda a certeza, 
naturalmente, evidentemente 
Consequência Por tudo isto, de modo que, tanto… que, de tal forma que 
Conclusão Portanto, logo, enfim, em conclusão, concluindo, em suma 
Chamar a atenção Note-se que, atente-se em, repare-se, veja-se, constate-se 
Dúvida Talvez, é provável, é possível, provavelmente, possivelmente, 
porventura 
Enfatizar Efectivamente, com efeito, na verdade, como vimos 
Esclarecer (não) significa isto que, quer isto dizer, não se pense que, com isto 
não pretendemos 
Exemplificar Por exemplo, isto é, como se pode ver, é o caso de, é o que se 
passa com 
Fim Para, para que, com o intuito de, a fim de, com o objectivo de 
Hipótese, condição Se, a menos que, supondo que, (mesmo) admitindo que, salvo se, 
excepto se 
Ligação espacial Ao lado, sobre, à esquerda, no meio, naquele lugar, o lugar onde 
Ligação temporal Após, antes, depois, em seguida, seguidamente, até que, quando 
Opinião A meu ver, estou em crer que, em nosso entender, parece-me que 
Oposição, restrição Mas, apesar de, no entanto, porém, contudo, todavia, por outro 
lado 
Reafirmação, 
resumo 
Por outras palavras, ou melhor, ou seja, em resumo, em suma 
Semelhança Do mesmo modo, tal como, assim como, pela mesma razão 
 
• TIPOLOGIAS TEXTUAIS: HETEROGENEIDADE COMPOSICIONAL DOS TEXTOS 
Tipos de texto: 
A questão dos tipos de texto é um desafio para a tipologia linguística. Deve ter-se em atenção que 
nenhuma concretização textual representa o ideal na sua perfeição. Há sempre uma discrepância entre os 
tipos ideais da linguagem e as ocorrências actuais. 
Uma tipologia de texto tem que estar correlacionada com tipologias de ações do discurso e de 
situações. Os interatantes (produtor e receptor) devem avaliar a adequabilidade de um tipo de texto ao 
seu contexto de ocorrência. Por exemplo, as exigências de coesão e de coerência são menos rigorosas na 
comunicação oral em situação descontraída do que em textos científicos. 
 
Características de diferentes tipos de textos: Alguns tipos de texto tradicionais foram definidos de 
acordo com as suas funções, ou seja com a sua contribuição para a interação humana. 
1. Textos descritivos – utilizados para enriquecer o conhecimento cujos centros de controle são 
objectos ou situações. Predominância de relações conceptuais para atributos, estados, instâncias e 
especificações; Texto de superfície - alguma densidade de modificadores (advérbios e adjetivos). Padrão 
global típico: frame (moldura). 
a. 4 operações fundamentais: 
1. Ancoragem: orienta o recetor para a relação com um tema. É o ponto de partida da 
descrição. Quando a ancoragem não aparece logo de início, mas apenas no fim de 1 sequência descritiva, 
estamos perante 1 mecanismo de afetação, que visa 1 efeito determinado (ancoragem afetada). 
2. Aspetualização: enumeração das partes constituintes do objeto (estático ou móvel) ou 
das suas propriedades. No caso do retrato, a aspetualização engendra um léxico anatómico ou psicológico, 
para identificar a personagem do ponto de vista físico e moral 
3. Relação do objeto com o mundo exterior e com outros objetos desse mundo exterior: 
marcas de situação (tempo, lugar e relação com outros objetos) e associação (com objetos diferentes). 
4. Tematização. A descrição pressupõe 1 organização hierárquica a partir de 1 palavra-
chave ou núcleo a que se aplicam 1 ou mais predicados; e pressupõe 1 progressão, conseguida pela seleção 
de palavras que por sua vez se convertem em núcleos sucessivos de novos predicados. A tematização é a 
operação que assegura a progressão sempre indefinida e ilimitada da descrição. 
b. Na descrição, os mecanismos de coesão e coerência textuais são sobretudo assegurados por 
anáforas (pronomes pessoais e possessivos não deícticos, demonstrativos e relativos). 
c. Objetivo da descrição: dar imagem agradável, depreciativa, prestigiante, etc. do objeto. 
 
 
SEQUÊNCIAS TEXTUAIS 
• Sequência narrativa 
• Sequência descritiva 
• Sequência argumentativa 
• Sequência expositiva 
• Sequência explicativa 
• Sequência dialógico-conversacional. 
 
2. Textos narrativos: 
a. Utilizados para dispor ações e eventos concordantes numa determinada ordem sequencial. 
b. Predominam relações sequenciais de causa, razão, finalidade, possibilidade e proximidade de 
tempo. 
c. Texto de superfície - forte densidade de relações de subordinação entre frases. 
d. Onde não há sucessão, não há relato. 
e. 3 fases incontornáveis: situação inicial, transformação ou nó, resolução final. 
 
3. Textos argumentativos – utilizados para conseguir a aceitação ou avaliação de certas crenças 
ou ideias como verdadeiras vs. falsas ou positivas vs. negativas. 
a. As relações conceptuais de razão, significativas, volitivas, de valor e oposição são frequentes. 
b. Texto de superfície - dispositivos coesivos de ênfase e insistência (recorrência, paralelismo, 
paráfrase). 
c. A atribuição de um texto a um determinado tipo depende também da função do texto na 
comunicação, não só do aspecto formal. 
 
• Funções dos textos 
1. Literária – Os textos literários contêm várias constelações de descrição,narração e 
argumentação. 
a. mundo textual numa relação de alternativa com a versão aceite do mundo real. Essa relação 
motiva uma visão do mundo real, não como algo objetivamente dado, mas como algo que evoluiu por meio 
de atividades cognitivas, interativas e de negociação. 
b. Existem muitas vezes discrepâncias entre o mundo textual e o modelo do mundo real 
geralmente aceite. 
2. Poética - Uma subclasse dos textos literários em que a relação de alternativa se expande para 
reorganizar as estratégias de projeção de planos e conteúdo sobre a superfície do texto. 
a. A coesão mantém-se em oposição à coesão de outros tipos de texto; está só parcialmente 
conforme convenções específicas do tipo de texto. 
b. A função poética - motiva a compreensão da organização da expressão como uma atividade 
interativa e negociável. 
3. Textos científicos – Textos expressamente construídos para aumentar e distribuir conhecimento 
sobre o mundo real atualmente aceite. 
a. Servem este objetivo na sua tentativa de explorar, ampliar ou esclarecer o conhecimento por 
parte da sociedade sobre um determinado domínio de factos 
b. Para isso, apresentam factos evidentes e examinam questões com base noutros documentos ou 
em observações empíricas. 
4. No entanto, os conjuntos de textos e as suas características continuam um pouco difusos. 
5. A questão do tipo de textos situa-se para além dos métodos linguísticos convencionais – nas 
condições de uso na interação humana. 
6. Um tipo de texto é uma heurística para a produção, predição e processamento de ocorrências 
textuais; por isso tem uma função reguladora importante, na determinação da eficiência, efetividade e 
adequabilidade. 
7. No entanto, por estar sujeita a condições de comunicação muito variáveis, uma tipologia de 
textos não pode estabelecer limites absolutos. 
 
• Língua – linguagem – sistema de significação 
1. A ‘Linguagem verbal’ é o objeto real. Mas também é um objeto formal, de conhecimento. 
2. Linguagem é sistema um de sinais, organizados numa rede de relações = estrutura. 
3. O mundo é uma interação de sistemas semióticos, de significação; a língua é o mais importante 
destes sistemas semióticos. 
4. Estático – inventário de sinais e estrutura de relações. 
5. Dinâmico – atividade; os falantes falam, comunicam, produzem significados e sentidos. 
Os sistemas semióticos (de significação) em interação constroem o conhecimento do mundo. Há 
muitos criados pelo homem – trânsito, moda, meteorologia, literatura, música, arte em geral. A apreensão 
cognitiva é verbalizada – a língua é um sistema modelizante primário. 
Base do conhecimento do mundo; a própria construção /criação do real ( sente, intui, possível, 
pensável [lobisomem]) Dimensão cognitiva. Daí falarmos do valor formativo-cognitivo da língua materna. 
Mas este sistema semiótico que é a nossa língua também tem uma dimensão manifestativa – a 
comunicação, que é simultaneamente interativa – põe em relação... 
A língua tem omnipresença e omniformação dos outros sistemas semióticos – omnipotência 
semiótica – a ‘linguagem’ por excelência. Os sujeitos estão inseridos numa pluralidade de sistemas 
semióticos em interação. 
Modelos do mundo. Modelização. Sistemas modelizantes. 
A língua tem omnipotência semiótica – significa o mundo real, o mundo pensável, mundos possíveis. 
Só a linguagem verbal verbaliza os restantes sistemas, só a língua natural se torna metalinguagem. 
Cognitiva e manifestativa – orientada para a função comunicação. 
Suj.1________ Sinal_________ Suj.2 
Intersubjetividade e alteridade – diálogo fundamentalmente. A intencionalidade mais ou menos clara: 
“Comunicação” Numa comunidade – concordar, disputar, discutir, argumentar – processa-se na linguagem 
verbal. 
Sinal – aquilo que, num ato de conhecimento, manifesta ou representa à potência cognoscitiva algo 
diverso de si (dele) mesmo. O sinal relaciona-se com outros sinais (relações paradigmáticas –eixo das 
simultaneidades – classes de unidades linguísticas, e relações sintagmáticas – eixo das sucessividades). Há 
regras (sintaxe) nesta relação de sucessividades – de coocorrência. 
A relação entre o sinal linguístico e o referente é convencional. Mas depois de estabelecida a 
convenção há laços extremamente fortes; outros sinais convencionais (verde = passagem livre, ninguém 
reflete no carácter não-necessário desta relação) há uma relação de solidariedade. É arbitrária, convencional, 
relação não-intrínseca. Mas estável e forte, aparece como motivada para os falantes de uma determinada 
língua. Por hábito, tradição, consuetudinários. Não se discute a relação porque a tradição cultural a impõe; 
motivação secundária (diz-se que “o hábito é uma 2ª natureza”). Ao nível do observador desprevenido 
parecem naturais (Anedota do vinho-vin..., pão-pain...).Há nas línguas sinais naturais? Onomatopeias e 
palavras derivadas das expressões onomatopaicas. Próximas da realidade sonora por imitação. Mas línguas 
diferentes apresentam onomatopeias diferentes, o que revela uma certa convencionalidade. De acordo com o 
sistema fonológico daquela língua. Au au; bau bau; Vau vau. 
• Níveis do processo semiósico: 
1. Sintaxe – Boa formação. Relação linear sintagmática dos sinais, uns em relação aos outros – 
coocorrência. 
2. Semântica – Relação dos sinais com o referente significado; aquilo para que os sinais apontam. 
Mundo real, possível, pensável. 
3. Pragmática – relação dos signos com os utilizadores e com as circunstâncias de utilização sociais, 
históricas – boa adequação às circunstâncias. 
O sentido é mais amplo do que o significado. Sempre que falamos comunicamos mais do que 
efetivamente significamos e por vezes diferente. Ex: És de Braga? Podes passar o sal? 
As perguntas retóricas são sempre uma afirmação e não uma pergunta; e uma afirmação forte. Há 
desfasamento entre o que é dito e o que é comunicado. O sentido é a reelaboração do significado em que 
intervém sobretudo o fator contextos. 
Tipo (type) valor constante, está disponível para a significação, em potência, virtual, saber linguístico. 
Sintaxe; semântica; indicações independentes da realidade concreta. 
Ocorrência concreta (token) - pragmática, sinal em relação com os utilizadores e as circunstâncias de 
utilização. Quando recebo um discurso os sinais estão projetados numa situação concreta – Situação 
histórica e os dados do locutor e dos interlocutores. 
• Variação/Variedades 
Dependendo de razões geográficas, sociais e situacionais, a forma como utilizamos a língua varia dentro 
de determinados parâmetros. Estas variações podem ocorrer a nível fonético, fonológico, morfológico, 
sintáctico, semântico e lexical. 
Existem diversos tipos de variação: 
1 - Variação diacrónica: variação de uma língua através do tempo. 
2 - Variação sincrónica: variações de uma língua num mesmo período de tempo; dentro da variação 
sincrónica podemos falar noutras três variantes. 
3- Variação diatópica: variação relacionada com factores geográficos – as diferentes pronúncias, 
uso de palavras distintas para designar as mesmas realidades ou conceitos (“cimbalino”/”café” no Porto tem 
o correspondente “bica” em Lisboa, morcão, trengo só se usam no norte...). 
4 - Variação diastrática: modos de falar que correspondem a códigos de comportamento de 
determinados grupos sociais, variando de grupo para grupo. O sociolecto, por exemplo, é uma variedade 
linguística partilhada por um grupo social que o demarca em relação a outros. 
5- Variação diafásica : variação relacionada com factores de natureza pragmática e discursiva: em 
função do contexto, um falante varia o seu registo de língua (por exemplo, o discurso utilizado por um 
falante entre os seus amigos será diferente do utilizado perante os seus pais). 
 
Registo designa a variedade da língua definida de acordo com o seu uso em situações de comunicação 
diversas. Relativamente aos registos de língua a posição tradicional tendea valorizar o registo seleccionado 
e a desvalorizar os outros tanto mais quanto mais eles se afastam do registo seleccionado. 
Registo seleccionado>Registo corrente>Registo familiar>Calão 
Ora o único critério valorativo deve ser o da adequação e pertinência entre o registo e a situação de 
comunicação. 
• Diversos registos de língua: 
1. Língua corrente: No plano de registo de língua a língua corrente tem um valor evocativo nulo. 
Tem a marca 0. 
-Vieste hoje mais cedo. 
- Vim. Acabámos de jantar e viemos logo embora. 
2. Língua científica e técnica: Usualmente designado por metalinguagem científica, distingue-se dos 
restantes registos a nível lexical ou de terminologia. Possui um vocabulário específico que inclui só 
substantivos, verbos e adjectivos. Todos os elementos não-lexicais são os da língua corrente. Paralelamente 
a esse vocabulário técnico e científico os restantes elementos pertencem ao registo seleccionado. Palavras 
como neurologia ou estilística, pertencendo ao domínio, respectivamente, da Medicina e da Linguística, 
fazem parte do campo lexical da metalinguagem científica. O texto teórico apresenta uma densidade de 
construções em que se observa o apagamento do ‘eu’: ”Vê-se que…; observam-se semelhanças entre…; já 
foi dito que…” (passiva reflexiva, passiva propriamente dita) – refere o processo não o agente do processo. 
O eu-autor apresenta os factos, não a visão dos factos. Esta impessoalidade alarga o sujeito a um ‘nós’ que 
inclui o receptor. A aprendizagem deste código faz2 se através da escola ou de outras instituições. Uma boa 
parte desta aquisição faz-se por meio de textos escritos. De todos os registos será aquele em que os 
enunciados orais são mais próximos dos enunciados escritos. 
Linguagem seleccionada: 
Os traços pertinentes da situação são: distante, público, formal, tenso. É usado em situações sociais 
diversas: escolas, relações profissionais, reuniões formais, relações mundanas não-familiares – distantes. De 
uma maneira geral a expressão emotiva é restringida ou orientada em certas direcções. Ex: o código de 
cortesia utiliza em geral a língua seleccionada e nela está bem presente a expressão emotiva, mas incide 
sobre a captação da simpatia do receptor: meu caro amigo... Caracteriza-se por uma articulação tensa. Na 
morfo-sintaxe: emprego do condicional e do futuro: Não gostaria de visitar o museu? Farei tudo o que 
puder... Vocabulário culto. Eufemismos: Uma senhora forte (gorda). Tamanhos grandes. O eufemismo só 
desempenha a sua função atenuadora quando é suficientemente discreto para não chamar a atenção. Há 
eufemismos que só aparentemente atenuam e por isso têm um efeito irónico Ex: distraído (estúpido). 
Observa-se uma regra de decência que leva a substituições de termos, ou ao evitar mencionar certos temas 
para não ferir sensibilidades. 
Linguagem familiar: 
Como traços pertinentes de situação tem: próximo, privado, informal, distenso. Numa situação de 
estatuto igualitário acentuam-se os traços típicos da linguagem familiar; o sentido hierárquico superior 
atenua esses traços. A articulação é menos tensa: “Tá doente! Pcebes; tfona; tevisão; xitado; Acentuada 
variabilidade de formas conforme o tema da conversa e conforme a maior ou menor reacção emotiva do 
falante em relação a esse tema. Na morfo-sintaxe: É a da língua comum, mas as marcas de oralidade são 
mais nítidas. Isso determina certas estruturas de frase mais frequentes no registo familiar, porque é um 
registo não tenso. Observam-se frequentemente suspensões de frases, frases inacabadas, em consequência de 
um conhecimento comum ao locutor e alocutário. Grande número de exclamações. Na estrutura da frase há 
frequência de justaposição; coordenação e subordinação implícitas; frequência da subordinação infinitiva.; 
As subordinadas mais frequentes são as integrantes, as relativas de que, as causais e são raros os períodos 
com várias subordinadas. O léxico da língua familiar apresenta uma grande riqueza. Os termos usados são 
de alusão directa. Na prolongamento da redução do eufemismo encontramos mesmo o disfemismo, que 
consiste em acentuar o carácter desagradável ou chocante ou comunicá-lo ao que não o tem forçosamente: 
Ex: Estás um nabo; é uma baleia; é um saco de batatas; tem uma pança! 
Com recurso a realidades do mundo animal: jogar as cristas = defrontar-se; arrastar a asa; farejar; dar 
um coice; esticar o pernil; entalar o rabo; sair de orelha murcha; arrebitar as orelhas; grão na asa; estar 
depenado. Recurso a hipérboles = exageros expressivos: Estou a morrer por saber... Adorar o futebo... 
Delirar com... Sufixos valorativos e desvalorativos: 
-ão intensificador: trabalhão, espertalhão. 
-aço: ricaço; 
 -aça: mulheraça 
-inho/inhas: afectivo/ depreciativo: choninhas, lingrinhas. 
No plano lexical e semântico a língua familiar distingue-se dos outros registos por uma conotação, pela 
proporção diversa dos termos neutros e dos que implicam juízos apreciativos e depreciativos relacionados 
com a ausência de constrangimentos no meio familiar e de redes afectivas que marcam a comunicação. 
A função de apelo atinge um acentuado grau relacionado com o condicionamento recíproco dos 
comportamentos em meio familiar. Há mesmo um uso afectivo de termos depreciativos que ocorre em certas 
circunstâncias em meio familiar. Ex: maroto, garoto, patife... 
Registo Técnico 
O registo técnico é constituído por um léxico próprio, sendo que está associado a grupos ligados a uma 
mesma profissão. Por exemplo, os mecânicos conhecem todas as peças que constituem um automóvel, 
nomes específicos de eventos causadores de avarias, algo que não sucede a uma grande parte dos falantes. 
Registo Cuidado 
Esta linguagem caracteriza-se por um vocabulário mais seleccionado, menos usual e por construções 
sintácticas de influências clássicas. Encontramos este tipo de registo nos discursos parlamentares 
(usualmente), em ensaios, artigos de crítica literária, no diálogo encetado por um aluno quando se dirige a 
um professor (usualmente), etc. 
Registo Literário 
O registo literário assume desvios das normas mais habituais, sendo utilizadas determinadas construções, 
escolhas vocabulares e combinatórias que não são muito usuais noutros registos. Destacam-se as figuras de 
estilo e as palavras deliberadamente procuradas para criar ambientes específicos, conotações, uma 
importância acentuada das funções emotiva e poética da linguagem. 
Registo Padrão/Norma 
O registo padrão/norma é constituída por um sistema de signos e regras próprias de uma comunidade 
linguística, permitindo a todos os falantes comunicarem entre si, independentemente, por exemplo, do seu 
estrato social, nível cultural... Aproximam-se da língua padrão os textos dos manuais escolares, textos 
expositivos em que se vise a clareza e a compreensão fácil. 
Registo Familiar 
É uma língua simples, quer a nível do léxico utilizado, quer a nível de construção sintáctica, sendo que 
não se distancia em demasia do registo padrão/norma. O tom coloquial da língua familiar dá-nos a 
impressão de que o emissor é nosso conhecido, aproximando-se da linguagem oral. Exemplos deste tipo de 
registo são algumas crónicas jornalísticas, quando demonstram um tom de conversa despreocupada, as 
cartas informais, pela sua simplicidade e tom coloquial... 
Registo ‘Popular’ 
Regionalismos ou provincianismos 
São registos de língua próprios da população que habita as aldeias mais afastadas dos centros urbanos, 
distinguindo-se da língua da cidade pelo léxico, pronúncia, sintaxe e até pela semântica (certas palavras têm 
significado diferente do que o das populações citadinas). 
 
Gírias - Linguagem própria de certos grupos sociais, de certas profissões (pedreiros, peixeiras, 
pescadores, militares, estudantes, etc.) que usam um vocabulário próprio. O seu uso está associado a uma 
variedade de factores: a proximidade emocional entre os falantes, a pertença a um grupo socialespecífico, a 
necessidade de não serem compreendidos por elementos exteriores a um grupo... 
 
Calão - O calão é um linguajar considerado mal-educado. Ainda hoje é considerado como próprio de 
grupos marginais, sendo tal afirmação nos tempos modernos como controversa. É usual detectar o uso do 
calão nos grupos sociais mais diversos. De salientar que, frequentemente, certas palavras entram na 
linguagem familiar, sobretudo entre os jovens. São frequentes palavras ou expressões como gajo, chatear, 
pifo, teso, etc. 
 
• Padrões de Textualidade: 
Os padrões de textualidade têm todos um carácter relacional; 
Prendem-se com o modo como as ocorrências se ligam umas às outras: através de dependências 
gramaticais de superfície (coesão), de dependências conceptuais no mundo textual (coerência), de atitudes 
dos participantes relativamente ao texto (intencionalidade e aceitabilidade) e da incorporação do novo e do 
inesperado (Informatividade), do contexto (Situacionalidade) e da relevância mútua de textos separados 
(intertextualidade). 
Um texto que está em inteira conformidade com o saber (conhecimento) estabelecido terá um grau 
baixo de informatividade. A estabilidade total, o saber (conhecimento) completo, é desinteressante para a 
disposição cognitiva humana. Por isso, a comunicação age como uma renovação constante e um restauro da 
estabilidade através do distúrbio e da retoma da continuidade de ocorrências. 
 
• Coesão: 
Diz respeito aos modos como os componentes de superfície textual (palavras, sons, imagens…) se 
combinam entre si, de acordo com convenções gramaticais, formando uma sequência. A coesão apoia-se em 
relações de dependência gramatical. 
EX: Em vez de lebre, deram-lhe gato. > Em gato deram-lhe vez de lebre. 
A coesão está também em relação com os outros critérios de textualidade de modo a tornar a 
comunicação eficiente. 
Situacionalidade: contexto + conhecimento do mundo >> interpretação sem problemas pelos 
receptores: 
DEVAGAR DEVAGAR CRIANÇAS 
 CRIANÇAS NA ESCOLA NA ESCOLA 
 
• Verbo haver 
a) Verbo impessoal: “Houveram muitas mudanças depois da revolução. 
b) Verbo impessoal: “Um dos maiores problemas da Pragmática Histórica é o facto de não haverem 
registos orais da língua falada antigamente…”. 
c) Verbo impessoal: “por consequência, vão também haver alterações na estrutura da língua” . 
d) Incorporação da preposição de: “Há-dem conseguir mais subsídios”; há-des saber…”. 
 
• Pronominalização: 
a) “Vi ele”; “dei a ele” 
b) “faze-o”; “traz-la” 
c) “ Tu levaste ela” 
 
• Os clíticos e sua colocação: 
a) “que eu ajude-o”; 
b) “não levaste-os”;” nunca levaste-os”. 
c) “só fizeste-os”; “também arrumaste-os” 
d) “Ele já foi-se embora” 
e) “Não chama-se nada assim” 
f) “Porque não apercebem-se que… 
g) “Porque não estragou-se sozinho!” 
h) “Telefonarei-te logo” 
i) “Poderá-se fazer uma exceção” 
j) Tem o efeito de lembrá-los de desligarem os telemóveis. 
k) Venho, por este meio, informar-lhe que tenciono realizar exame de melhoria 
 
• Relativos: 
a) “O livro no qual eu li…” 
b) “É um país, cujo endividamento das suas gentes só tem aumentado”. 
c) “A casa que a Joana mora está a ser renovada” 
d) “O rapaz que te falei ontem é o namorado da Luísa” 
e) “Não são muitas as colegas que eu tenho confiança” 
f) “O vestido que eu gosto…” 
g) “Temos os dialetos setentrionais onde as suas caraterísticas são: conservação do ditongo /ow/ e 
existência de b=v.” 
h) “…reúnem um conjunto de parâmetros cujo seu objetivo principal é fazer uma uniformização nas 
regras da sociedade.” 
i) “textos jurídicos onde descreve a estruturação discursiva dos mesmos” 
 
• Concordância: 
a) ”Os meios de comunicação também tem as suas vantagens” 
b) ”As desvantagens é que nós somos uma espécie de brinquedo nas mãos deles”; 
c) “contudo existe as vantagens que é o facto de termos fácil acesso”; 
d) “Multimedia é as formas de informação…”; 
e) “Tomamos perspetivas que nem sempre é o nosso ponto de vista”; 
f) “As desvantagens é que fomos nós a pedirem”; 
g) “Os idiomas e as línguas faladas na UE”; 
h) “A maioria dos países membros lucraram com a entrada na EU” 
 
• Questões ortográficas: 
Ausência de ‘h’: ouver, omem, úmido. 
Supressão: “Eu acho que Portugal ganha mais em tar com a União Europeia do que tar fora” ch = x: 
“axo”; “caicha”; ss = ç: fasso; K= qu/c: “kero”; “klaro” 
Há anos, há muito, há pouco; há três dias [tempo] 
Deu as flores à prima [deu a + a prima] [contração] 
Chegaram às aulas muito cedo [chegar a + as aulas] [contração] 
 
 
 
• Ortografia de certos elementos morfemáticos: 
→ Os morfemas -mos; -te; -se 
1.- Já é tempo de nós nos *equiparar-mos ao resto da Europa. 
2.- Não vejo porque *falas-te disso agora. 
3.- Se o aluno *utiliza-se todos os seus direitos. 
 
Exemplos dos ‘media’: 
1.- «Paul Krugman (…) vê no plano algumas melhorias face às anteriores medidas para admoestar a crise 
(…)» (Público) 
2.- « “Acredito mesmo que vou fazer uma marca excepcional”, profetiza [Obikwelu], enquanto desvaloriza 
o facto de não ter corrido, este ano (…)» (Público). 
3.- «Para o deputado bloquista [João Semedo] esta é uma medida que se justifica perante “uma situação de 
crise que se vai prolongar mais do que o previsto e do que o desejável”.» (Lusa) 
4.- «Talvez tenhamos chegado ao fundo do poço e então acredito que o pior já passou». 
6.- «Choveram 16 milímetros numa hora» (Antena 1) 
7.- «Embora eu não sei o que se passa» (Antena 1) 
8.- «Há sempre quem consiga dramatizar a situação» (Antena 1) 
9.- «Verificou-se uma pioria das condições de vida dos portugueses» (Antena 1) 
10- «Diversas taxas que queriam ser aplicadas sobre o vinho e o azeite português» 
• Multiplicidade dos géneros discursivos: Dificuldade em estabelecer fronteiras entre tipos de 
discurso. Existe uma tipologia dos discursos: Discurso oral /discurso escrito; Discurso técnico /discurso 
literário; Discurso utilitário/discurso literário; Discurso literário/discurso popular; Discurso argumentativo; 
Discurso explicativo; Discurso descritivo; Discurso narrativo. 
 
• Competência discursiva e competência textual: 
Competência discursiva: Permite avaliar e emitir juízos sobre – Correcção, Coesão, Coerência e 
Adequação. 
Competência textual: Permite identificar a Natureza textual – Narração, Descrição/retrato, 
Argumentação, Publicidade, Humor e Texto literário (Poesia, Drama, Prosa). 
 
Critérios classificatórios? 
 As classificações tipológicas tendem a ter em conta factores de índole diversa: 
a. Grau de espontaneidade. 
b. (Com)presença dos participantes/ausência do alocutário 
c. Carácter oral/escrito. 
d. Especificidade dos participantes. 
e. Forma de apresentação do tema ( Explicação, argumentação, descrição) 
 
Oral / Escrito 
 Alguns traços definitórios: [+/-falado]; [+/-espontâneo];[+/-monológico]. 
Texto/discurso oral: 
1. Com presença dos participantes; 
2. Contextualização; 
3. [+ falado, + espontâneo, - monológico]. 
Texto/discurso escrito: 
1. Não integração dos participantes; 
2. [+monológico, - falado, - espontâneo] 
 
• Traços discursivos: Se não permitem estabelecer uma tipologia, permitem uma caracterização: 
1. Polémica epistolar: [- monológico, - falado, - espontâneo] 
2. Artigo científico:[- falado, + monológico, - espontâneo] 
3. Conversa de café:[- monológico, + falado, + espontâneo] 
 
• Heterogeneidade composicional dos textos: 
Uma narrativa pode ser um momento numa explicação, conversa ou numa argumentação. 
Um poema pode ser uma narração. 
Uma crónica pode ser uma argumentação. 
Uma descrição pode constituir um momento de um romance ou de um texto explicativo. 
Um texto de humor tem de ser coerentemente de um género? 
O texto constitui uma realidade demasiado heterogénea para se poder encerrar numa definição 
estrita.• Sequências textuais: 
A unidade textual ‘sequência’ pode ser definida como uma estrutura: 
 - Uma rede de relações hierárquicas, que se decompõe em partes ligadas entre si e ligadas ao todo. 
 - Uma unidade relativamente autónoma, dotada de uma organização própria e em relação de 
dependência/independência com o conjunto mais vasto de que faz parte. 
- Um texto, enquanto estrutura sequencial, compreende um número determinado de sequências - 
completas ou elípticas – do mesmo tipo ou de tipos diferentes. 
- Sequências textuais elementares: Cinco tipos de estruturas sequenciais elementares > Narrativo, 
Descritivo, Argumentativo, Explicativo e Dialogal. 
 
• Sequência Narrativa: 
1. Sucessão de acontecimentos, de acções. 
2. Unidade temática (pelo menos um Actor –sujeito S). 
3. Predicados que definem o actor a cada momento. 
4. Sucessão temporal mínima/: Antes → Depois / Um processo de Transformação: Início → 
Desenvolvimento → Fim. 
5. Lógica singular – por causa de...ou depois de...(entendido como causado por). 
6. Finalidade, avaliação final – (a moral da história) explícita ou a derivar. 
 Estruturas: Tempos do passado (Pretérito perfeito. Pretérito mais-que-perfeito, Imperfeito). Conectores 
argumentativos. 
Sequência Narrativa: 
1. Situação inicial (orientação).. 
2. Complicação (elemento despoletador) 
3. (Re)acções ou avaliação. 
4. Resolução (elemento despoletador). 
5. Situação final 
6. M Avaliação final – a “moral”~ 
 
• Sequência Descritiva: 
1. Tema- título. 
2. Domina hierarquicamente a sequência. 
3. Ancoragem numa classe mais ou menos disponível no conhecimento do alocutário. 
4. Processo de expansão – aspetualização. 
5. Pôr em evidência, enumerando partes e propriedades de um objecto ou predicados funcionais 
(comportamentais). 
6. Pode apresentar adjectivos valorativos – juízos de valor. 
7. Possibilidade de reformulação. 
8. (Estruturas gramaticais: Verbos de estado, tempo presente, adjectivos, expressões adjectivais). 
 
• Sequência Argumentativa: 
1. Um discurso argumentativo visa intervir sobre as opiniões, atitudes ou comportamentos de um 
interlocutor ou de uma audiência, tornando credível ou aceitável um enunciado (conclusão) apoiado segundo 
modalidades diversas sobre um outro (argumento, dado, razão, premissa). 
2. Argumentar é tentar, mediante o discurso, que o alocutário tenha um determinado 
comportamento. 
3. É convencer/ persuadir o alocutário da correcção ou de verdade de uma asserção. 
4. É conseguir que o alocutário creia o que lhe dizemos, mude as suas convicções ou opiniões. A 
argumentação induz, refuta ou estabiliza as crenças e os comportamentos dos alocutários. 
5. Estrutura: 
a. Tese – Argumentos – Conclusão 
b. Raciocínios causa → consequência 
c. Argumentos baseados em doxas e topoi; verdades do ‘diz-se’/senso comum. 
6. Estrutura gramatical básica: 
a. N0 + ser (presente) + SN 
b. Verbo ser 
c. Verbos de causalidade/consequência: causar, fazer, originar, gerar, activar, ocasionar, 
produzir/ resultar, concluir, supor, reduzir, inferir, etc. 
d. Verbos declarativos (dicendi):dizer, afirmar, declarar, descrever, alegar, admitir, assegurar, 
etc. 
e. Conectores argumentativos: 
- Introdutores de argumentos (porque, dado que, já que); 
- Introdutores de conclusões (portanto, pois, então). 
 
• Sequência explicativa-expositiva: 
1. Apresentação informativa de um objecto, assunto, facto. 
2. O locutor faz saber ou faz compreender ao seu interlocutor o que é um certo objecto, 
descrevendo-o, analisando-o, seleccionando, expondo e explicando elementos ou aspectos desse mesmo 
objecto. 
3. Típico do discurso científico/didáctico (expor, explicar, mostrar) – termos técnicos, 
reformulações, títulos, subtítulos, alíneas. 
4. Tempos do presente, termos genéricos (hiperónimos), nominalizações. 
5. Progressão temática: 
a. Progressão derivada – hipertema e sub-temas; 
b. Progressão linear. 
 
• Linguagem e comunicação: Para que serve a linguagem? 
Que fazemos quando usamos a linguagem? 
- Produzimos frases, discursos, textos… 
- Sequências linguísticas que os falantes produzem para comunicar alguma informação acerca do 
mundo. 
 Comunicação: Função manifestativa, interativa. Função primária da linguagem. 
1. Ato comunicativo: Ato de fala. Atribuir propriedades a objetos do mundo e estabelecer relações 
entre objetos. Falar é construir objetos verbais. Construir Frases, textos, discursos,… a partir de elementos 
mais simples, utilizando palavras, morfemas, etc. 
 
• Atos de fala são ações. Falar é agir: 
- Os atos de fala consistem numa escolha pragmática – o locutor seleciona o tipo de ação que quer 
realizar; 
- Os atos de fala são afirmações, são negações, são pedidos, são ordens, são perguntas, etc. 
- O que é que eu quero fazer? (com este ato de fala). 
De acordo com as circunstâncias de utilização (boa adequação às circunstâncias) 
 
Os atos de fala consistem numa escolha do material semântico a utilizar em relação com o referente 
significado (mundo real, possível, pensável): 
- seleção dos conceitos ou das suas representações, necessários e adequados ao conteúdo informativo 
pretendido (intendido); 
- De que é que eu quero falar?; 
- O que é que quero dizer? 
 
Os atos de fala são ainda escolhas lexicais seleção das palavras a utilizar seleção das unidades 
lexicais necessárias e adequadas à construção do sentido. Os atos de fala constituem escolhas sintáticas 
seleção da combinatória das palavras e dos sintagmas adequados, tendo em conta as regras de coocorrência 
próprias da língua (e portanto a boa formação). 
Os atos de fala constituem escolhas fonéticas/fonológicas: 
- Seleção do tom, da intensidade da voz, e até da ‘pronúncia’ a utilizar na enunciação da combinação 
selecionada. 
- Como posso/devo dizer o que pretendo dizer? Unidades lexicais, Lexemas ou unidades lexicais, 
Matéria prima dos atos de comunicação, Conjunto finito de formas fónicas, (gráficas) associadas a 
informação: 
- Semântica: Ligação aos objetos do real (físico ou concetual, dinâmico ou estático, real ou 
hipotético) 
- Sintática: Informação acerca das regras de coocorrência, de subcategorização, restrições 
combinatórias, etc. 
Dicionários: São uma tentativa de reprodução do léxico. Incluem informação acerca de: 
- Forma fónica (gráfica) das palavras; 
- Informação morfológica – Categoria gramatical (N, V, Adj., Adv., Prep., etc); 
- Possibilidades combinatórias (sintáticas e semânticas); 
- Significado. 
• Comunicação: Sequência de atos verbais parciais. Em cada ato verbal (ato de fala): Dois sujeitos (no 
mínimo) que partilham entre si as suas visões do mundo através de produtos verbais, textos, com um 
determinado valor significativo: 
- Uma MENSAGEM 
SU 1 _____ MENSAGEM _____ SU 2 
 
• Atos de comunicação: 
Elementos essenciais de um ato verbal: 
1. O sujeito EMISSOR/LOCUTOR que emite ou transmite um enunciado significativo a outro 
sujeito. 
2. O TEXTO, o objeto significativo produzido pelo Emissor. 
3. O sujeito RECETOR/ALOCUTÁRIO: que recebe o que é emitido/transmitido pelo E/L e procura 
interpretá-lo. 
4. A alternância de papéis: Durante a interação verbal, alternância de papéis: 
-ALOCUTÁRIO (Recetor) passa a LOCUTOR (Emissor). 
-LOCUTOR (Emissor) passa a ALOCUTÁRIO (Recetor). 
5. Alternância do EU e do TU 
6. As duas faces do texto - Duas perspetivas: 
a. O produto linguístico em si mesmo: o texto percetível pela audição, na fala, ou pela visão, 
na sua representação escrita, que é um produto material. 
b. A realidade extralinguística que o texto refere: o significado do texto, a mensagem, que é 
externa ao Emissor e ao Recetor. 
c. Para o Emissor: 
- Primeiro: a apreensão da realidade extralinguística - as escolhas semânticas e 
pragmáticas. 
- Depois a sua tradução em produtos linguísticos: as escolhas lexicais, sintáticas, 
fonéticas. 
d. Para o Recetor: 
- Primeiro: o produto linguístico – o resultado das escolhasléxicosintático-fonológicas 
do Emissor. 
- Só depois o significado do produto linguístico: as escolhas semânticas do Emissor. 
 
• O processo interpretativo - O papel do Recetor/Alocutário 
 O ato de comunicação só termina quando o Recetor identifica os elementos linguísticos produzidos, 
conhece os seus significados, consegue apreender o significado do texto e entender claramente o que o 
Locutor quis dizer ao dizer o que disse da forma como o disse. O entendido pelo Alocutário deve 
corresponder ao intendido pelo Locutor 
Importância das intenções comunicativas do Locutor e do Alocutário 
O papel do Recetor/Alocutário 
 O Alocutário precisa de (re)conhecer: 
- O corpus fonético da sua língua – os sons; 
- As palavras; 
- As regras de combinação das palavras; 
- O significado das palavras e das combinações de palavras; 
- O sentido da mensagem. 
 
Constrangimentos ao processo comunicativo: 
• (In)competência linguística do Locutor ou do Alocutário; 
• Dificuldades do Locutor para dizer o que quer dizer; 
• Dificuldade nas escolhas léxico-sintáticas necessárias para traduzir as escolhas semântico-
pragmáticas; 
• Insuficiente conhecimento do léxico, das regras (sintáticas) de combinação das palavras...; 
• Dificuldade do Aloc. em perceber o que o Locutor disse; 
• Dificuldade em perceber as escolhas léxico-sintáticas; 
• Desconhecimento das palavras; 
• Desconhecimento do significado das palavras; 
• Desconhecimento do idioma. 
 
Componentes do ato de comunicação 
1. Componentes linguísticas - Forma e materialidade da língua: 
a. Sistema de sons e elementos prosódicos; 
b. Processos morfológicos; 
c. Léxico; 
d. Sintaxe; 
e. Processos de construção da referência; 
f. Expressão da localização espácio-temporal; 
g. Mecanismos de construção discursiva; 
h. Co-texto; 
i. Inter-discurso; 
j. Discurso anterior; 
k. Discurso “paralelo” (apartes, interrupções,...) 
 
2. Componentes não linguísticas: O ato de comunicação realiza-se sempre numa situação concreta. Não 
depende apenas dos seus elementos essenciais: E, R, Texto. 
3. Outras componentes: 
a. Contexto: 
 - Fatores situacionais; 
 - O conjunto dos objetos extralinguísticos que rodeiam o ato de fala; 
 - O ato de fala em si mesmo, que vai alterando permanentemente o contexto; 
 - O grau de formalidade – objetiva ou subjetiva – da interação verbal; 
 - Lugar que o Locutor ocupa na Situação (S); 
 - Lugar que o Alocutário ocupa na Situação; 
 - Relação de poder existente entre Locutor e Alocutário; 
 - Grau de formalidade da situação S; 
 - Grau de formalidade da relação existente entre L e A. 
b. Conjunto de pressuposições subjacentes: 
 - Ideias e crenças tomadas como aceites durante a interação; 
 - Imagem: 
 - Que o Locutor tem de si próprio 
 - Que o Locutor tem do Alocutário 
 - Que o Locutor tem da imagem que o Alocutário tem do L 
 - Que o Locutor tem da Situação 
 - Que o Alocutário tem de si próprio 
 - Que o Alocutário tem do Locutor 
 - Que o Alocutário tem da imagem que o Locutor tem do A 
 - Que o Alocutário tem da situação 
 - Conjunto de conhecimentos que o Locutor tem sobre o Universo (U) do discurso/diálogo (e 
sobre o assunto), que o Locutor pensa que tem sobre U., que o Locutor pensa que o Aloc. tem sobre U., que 
o Alocutário tem sobre U., que o Alocutário pensa que tem sobre U. e o que o Alocutário pensa que o Loc. 
tem sobre U. 
c. Componente cognitiva: 
 - Processos cognitivos gerais usados pela mente humana para processamento e armazenamento 
da informação. 
 - Processos cognitivos de esquematização dos estados de coisas, de um qualquer Universo. 
 - Princípios de categorização que regulam a representação mental de objetos de um certo 
Universo. 
 - Princípios cognitivos que regulam o estabelecimento de nexos entre estados de coisas/objetos 
de U. (relações de causa a efeito, de ordenação e de sequência temporal, de inclusão e exclusão, etc.). 
d. Componente psicofisiológica: Estado psicofisiológico: atenção, interesse, cansaço, tensão, etc. 
do Locutor, com influência na produção e do Alocutário, com influência no reconhecimento/interpretação. 
e. Componente fisiológica: Fisiologia do sistema nervoso central, Fisiologia do aparelho fonador e 
Fisiologia do aparelho auditivo. 
f. Componente física: Propriedades físicas do canal/local e Propriedades acústicas dos sons da fala; 
g. Objetivos comunicativos: Que quer o sujeito Locutor fazer ao produzir um determinado 
discurso, numa determinada Língua, numa determinada situação, dirigido ao sujeito a quem distribui o papel 
de Alocutário: 
 - Descrição de estados de coisas/objetos de U.; 
 - Pedidos de informação, súplicas, ordens, etc.; 
 - Promessas, propostas, juramentos, etc; 
 - Declarações (atos constitutivos).

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