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Exaustos-e-correndo-e-dopados

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O presente trabalho pretende refletir sobre como a autora do texto Exaustos-e-correndo-e-dopados, Eliane Brum, descreve o trabalhador na atualidade.
O trabalhador vive escravizado, refém de si mesmo, buscando um desempenho que aumente seus resultados, por isso permanece exausto e correndo ininterruptamente, preso numa sequência infinita de tarefas, numa dinâmica de performances cada vez mais sacrificantes para atingir metas, que são logo substituídas por outras assim que alcançada, num fluxo ininterrupto. O tempo se tornou um elemento gerador de frustração, uma vez que se torna cada vez mais escasso, e a demanda infinita de atividades leva muitas pessoas ao esgotamento físico e mental, numa espécie de servidão voluntária.
Na sociedade do desempenho o trabalhador se vê absorvido por uma incapacidade de parar, imerso num mundo cada vez mais veloz, que separa o ser existente do seu próprio fluxo, uma vez que se torna cada vez mais envolvido na lógica da produção. Ele não consegue parar por que está soterrado pelo sistema, e segue executando sem perceber os sinais de exaustão que seu corpo dá. Vivemos pressionados pela demanda do trabalho e aprisionados pelas metas a serem alcançadas.
Seguimos acumulando sintomas de ansiedade, depressão, somos diagnosticados com déficit de tenção ou com síndrome de Burnout, tomamos remédio para nos “curamos” e nos tornamos mais produtivos, mas não abandonamos a obediência a um sistema que só explora e escraviza.
Desenvolvemos a crença de que nada é impossível e que se nos dedicarmos verdadeiramente e nos esforçamos, podemos alcançar os resultados que desejamos. Esse tipo de crença é uma violência contra nós mesmos, e além disso não é uma afirmação verdadeira, pois o ser existente é limitado por seu tempo histórico e por sua corporeidade.
Nossa única saída é questionar essa forma de existir e estar no mundo, criticar as coisas da forma que nos são impostas, nos incomodarmos com o modo como as relações são construídas a fim de que seja possível percorrer novos caminhos, para que possamos ter uma existência singular. Desenvolver nossa capacidade de não ser governado, resistindo em viver uma forma de vida imposta, abandonando a obediência a um sistema que só explora, rompendo com a lógica que nos faz acreditar que precisamos correr para atingirmos aquilo que muitas vezes nem sabemos o que é, não precisamos ou nem queremos de verdade.

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