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Anotações - Curso Relações Raciais e Branquitude no Brasil (Izabel Accioly)

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Anotações sobre o curso Relações Raciais e Branquitude no Brasil, 
ministrado por Izabel Accioly em 24.10.2020 
● Raça é conceito social, depende do contexto que está sendo analisado. Por isso 
o foco desse curso é no Brasil. Ex.: No Brasil falar “negro” ou “preto” não faz 
diferença, enquanto nos EUA falar “negro” é estar sendo racista, porque a palavra 
é usada de forma pejorativa. 
● Colorismo é ​pigmentocracia​. Dividir para conquistar, estratégia de guerra - 
brancos também têm diferentes cores, mas se unem enquanto raça. Por isso 
falar em pardos, mestiços, “mulatos” é errado e reforça que as pessoas negras 
não devem se unir. 
● Linha do tempo gráfica para mostrar visualmente quanto tempo de escravização 
no Brasil e há quanto tempo passou. É muito recente. 
● Raça não é recorte, é ponto de partida​. Raça estrutura classe no nosso país - 
Sueli Carneiro.  
● Izabel diz que sente raiva ao comparar dados com recorte racial, pessoas negras 
têm vida muito mais prejudicada. Isso gera revolta. 
● A desigualdade racial é desigualdade social e se perpetua com o racismo. 
Individual (KKK), institucional (STJ) e estrutural (Brasil). 
● Pessoas brancas não só podem como devem falar sobre racismo. Racismo é 
problema de branco. Mas é necessário entender seu lugar de fala nesse assunto. 
● Lugar de fala = tem mais a ver com a sua posição e perspectiva do que se pode 
ou não falar. Branco está no lugar de fala de quem é racista. 
● Deixar escurecido: é possível ser branco e mestiço no Brasil. Ex.: ser filho de pais 
de diferentes raças e ter pele branca. 
● Expressão não-branco não é recomendada pela Izabel, porque parece que 
estamos colocando o branco no centro e tudo que sobra é resto, é o outro. 
“Grupo racializado” é uma expressão mais adequada. 
● O afeto não nos livra do racismo. Não é uma questão moral, é porque 
simplesmente somos brancos. Uma pessoa branca “no automático” é racista. É 
preciso estar atento para sairmos dessa automatização e ser antirracista. 
● Racismo algoritmo: o racismo se atualiza para se perpetuar. Sociedade racista > 
pessoas brancas dão menos likes em posts de pessoas negras > alcance de 
pessoas negras diminui > o algoritmo vai potencializando isso. Quando a 
tecnologia é feita por uma sociedade intrinsecamente racista, esse racismo vai 
se perpetuar. Qual a nossa responsabilidade nisso, enquanto pessoas brancas? 
● Do chat: ​32% das equipes de tecnologia no Brasil não possuem sequer uma 
pessoa negra. Nas equipes em que há negros, o número não passa de 10% em 
62% dos casos.​ ​https://www.pretalab.com/dados 
● Efeitos do racismo na vida das pessoas negras: Embranquecimento por 
desconforto e falta de identificação, manutenção da estrutura social desigual 
(escravizados que se tornaram pobres que se tornaram encarcerados), baixa 
auto estima (física e intelectual), perspectiva de vida. 
● Izabel se inscreveu em 3 programas de Mestrado por achar que teria mais 
chances, por conta da baixa auto estima. Se tivesse mais consciência do seu 
potencial, não teria feito 3 provas em 3 estados diferentes (investindo dinheiro e 
energia emocional). Autopercepção enviesada, achava que não tinha a menor 
chance. Passou para os 3, inclusive em 1º para um deles e ganhando bolsa. 
● O racismo não é um fenômeno espontâneo. Há um agente que se beneficia do 
racismo através da marginalização das pessoas racializadas. 
● Respeitar o processo de racialização das pessoas, não “tirar elas do armário, 
tipo ‘Ei, você é preto’”. Cada um vai tendo seu processo e ganhando consciência. 
O que Izabel faz: você conhece o termo eugenia? Já ouviu falar sobre 
embranquecimento? 
● Questão da racialização perpassa pelo colorismo: uma pessoa dita mestiça, de 
pele mais clara mas com características do fenótipo negro, tem experiências 
diferentes se for de classe alta ou de classe baixa. Izabel vê que a palavra pardo 
não deve ser descartada por abraçar essas pessoas que estão nesse “entre”. 
● Há apagamento indígena do termo pardo? Não é seu lugar de fala, mas 
recomendou uma pessoa do twitter (Geni Nunez?) que fala sobre essa questão. 
Precisamos expandir nossas escutas. 
● Izabel: tive uma vivência completamente diferente sendo uma mulher negra no 
Ceará e no interior de SP. Tudo é contexto. 
https://www.pretalab.com/dados
https://www.pretalab.com/dados
● Afroconveniência: usar bisavó negra como token, instrumentalização a própria 
ancestralidade para se livrar de acusações racistas. Ex.: fraude de cotas; Anitta. 
● Branquitude: lugar estrutural onde o sujeito branco vê os outros e a si mesmo, 
uma posição de poder, um lugar confortável do qual se pode atribuir ao outro 
aquilo que não se atribui a si mesmo. 
● Branquitude crítica: desaprova publicamente o racismo. Algumas pessoas não 
se preocupam com a reflexão que possuem identidade racial. 
● Branquitude acrítica: sustenta o argumento em prol da superioridade racial 
branca (KKK). 
● Finge que não vê pra não precisar mexer na estrutura que o favorece 
● Enquanto discutimos quem é ou não negro, racistas não têm dúvidas (vídeo de 
um racista falando com entregador de Delivery. O outro homem branco só 
filmou, não fez nada para resolver, não se posicionou contra o racismo 
escancarado). 
● Características da branquitude: 
○ Pretensa universalidade 
○ Poder de classificar outros como não-brancos (ou seja, inferiores) - 
classificação do “resto”, do que “é diferente de mim” 
○ “Uma mulher negra diz que é uma mulher negra, uma mulher branca diz 
que é uma mulher, um homem branco diz que é uma pessoa”. Grada 
Kilomba 
○ “Ser branco é não ter de pensar sobre isso, o significado de ser branco é a 
possibilidade de escolher entre revelar ou ignorar a própria branquitude” 
○ Pessoas negras não têm a chance de se identificar com a sua negritude 
em seu tempo, em seus termos, porque entram em contato com sua 
cultura e ancestralidade e se veem ali, de forma positiva. “Gritaram-me 
negra”. São apontados como pessoas negras, com racismo. 
○ É um grande privilégio não pensar sobre a questão de raça. 
○ Pacto narcísico da branquitude: Maria Aparecida Bento faz paralelo com 
mito de Narciso. A branquitude se premia, se contrata, se aplaude, se 
protege. Olha pra si como único objeto de amor. (“Brotheragem branca”) 
○ Busca pelo conforto racial e isso garante que o racismo não seja 
enfrentado. 
○ Fragilidade Branca: estado em que qualquer quantidade de stress racial 
se torna intolerável para pessoas brancas. Pessoas negras toleram 
alguns casos para continuar vivendo no mundo. Suportam racismo de 
pessoas próximas pelo afeto, de algumas pessoas (namorado, família, 
algum tipo de comentário ou piada). 
○ Comportamento integracionista > conviver com pessoas brancas e estar 
sujeito ao racismo. 
○ Resumo de Fragilidade Branca: Brancos não toleram quando negros 
apontam seu racismo. > Izabel tem questão com esse termo, pois se o 
branco é o detentor do poder, como pode ser fragilizado? Acredita que o 
ego do branco que é fragilizado. 
○ Vontade de ignorância: não querem dominar o tema das relações raciais, 
recorrem a amigos negros. Quando queremos aprender, vamos atrás do 
conhecimento, não ficamos esperando alguém que tenha conhecimento 
falar sobre. Usa pessoas negras próximas tipo Wiki ou VAR, ao invés de 
correr atrás, aprender e tentar dominar o assunto. Usa o amigo negro para 
ser absolvido. 
○ Distorção de conceitos: Lugar de fala (tirar o corpo fora dizendo que não 
pode falar sobre isso porque é branco), falta de responsabilização (“não é 
culpa minha, é culpa do racismo estrutural”, usa isso para não se 
posicionar). 
○ Lugar de fala: analogia de uma partida de futebol. Todos podem falar 
sobre o jogo, mas cada um de uma perspectiva: arquibancada, jogador, 
juiz, técnico, etc. 
○ Arrogância racial: reforço positivo da imagem de brancos e negativa de 
“outros raciais”. 
○ Do chat: “É muito difícil o branco estar no lugar de "escuta", pois 
descentraliza ele do lugar soberano de ser e falar.” 
○ Exigênciapor explicações didáticas: querem ouvir de modo educado, 
racional, sem perturbação emocional. Djamila Ribeiro é ouvida porque fala 
desse modo de controle emocional. É preciso convencer essa pessoa que 
ela foi racista da forma que ELA quer ouvir. 
○ Pesquisar Audre Lorde. 
○ Brancos escolhem e desfrutam da segregação racial (separam lugares 
bons de frequentar dos ruins pela cor das pessoas que estão lá). 
○ A qualidade do espaço branco sendo em grande parte medida pela 
ausência de pessoas não brancas (negras em particular) é uma 
mensagem profunda, que é intensamente internalizada e reforçada. > 
Racismo ambiental 
○ Pesquisar Dororidade 
○ Onipresença branca: heróis, heroínas, padrões de beleza, modelos, 
professores, livros, mídia, até a imagem do próprio deus. 
○ Auto estima delirante: senso de auto valor construído em bases falsas. 
Passa a vida inteira se achando o mais bonito, inteligente, capaz. O outro 
é o ruim, o feio. Ao menor sinal que vc não é aquilo tudo, vc desaba. 
○ Medo branco: não ser mais “superior” aos demais grupos étnicos, medo 
de não ser mais o centro. Ex. Escola em SP implementando a lei que 
estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura 
afro-brasileira, fez uma festa junina com várias representações negras. 
Teve seu muro pixado com a frase “vamos cuidar do futuro de nossas 
crianças brancas”, com duas suásticas 
○ Culpa branca: sentir-se culpado ou envergonhado ao perceber seu lugar 
de opressor, mas isso não ajuda a gerar justiça racial. ​“Leve sua culpa 
branca para terapia” > Procurar esse texto da Tatiana Nascimento 
@branquietude > “Ou vocês acham que gritar “fogo nos racistas” tira 
vocês automaticamente da fogueira?​ Faz com que a conversa seja sobre 
o branco culpado e não é sobre isso. 
○ Síndrome da princesa Isabell “Dar voz”. Acha que precisa de uma pessoa 
branca, parece que pessoas negras nunca falaram, quando elas estão 
gritando há muito tempo. Sugestão da Izabel: “Ouvimos pessoas tais”. 
○ Elogios baseados em esteriótipos. Ex.: guerreira. 
● Do chat: “Grada fala que nós projetamos no outro o que não queremos 
reconhecer em nos mesmos. então esse processo mesmo sendo doloroso é 
bem benéfico. traz um novo jeito de olhar pra si e pro outro” 
● O curso é desconfortável, mas é esse desconforto que transforma, que faz 
evoluir, que inquieta. 
● A branquitude tem poder de nomear o outro. Nomeia de forma desumanizadora 
principalmente a mulher negra. Exemplo da guerreira “vi que vc passa por 
dificuldades, mas vc se vira e não precisa de ajuda”. Para mulheres brancas não 
atinge assim porque ainda existe a imagem da fragilidade que atenua essa 
nuance. 
● Mecanismos de defesa do ego branco: negação, culpa, vergonha, 
reconhecimento, reparação. 
● Brancos aprendem a ser racistas. Podem desaprender? 
● “Privilégio branco é descobrir o que é racismo através da experiência dos 
outros.” Conhecer essa violência pelo relator e não pela dor. 
● “Privilégio branco é poder falar enquanto indivíduo e não como um representante 
de toda a sua raça.” > Ser a única pessoa negra em certos locais te obriga a 
ocupar esse patamar, é esperado isso de você. “Fernanda é uma mulher branca, 
certeza que ela pensa como Damares.” 
● Brancos podem ser aliados na luta antirracista? Sim, mas desde que tenha 
entendimento ético e político à rejeição da dominação de alguém. Quando 
falamos que somos aliados, parece que a luta é do povo negro e que o branco 
está só ajudando.​ A luta antirracista é de quem? 
● Mas também é complicado deixar o branco como protagonista da luta 
antirracista. Temos dúvidas, não respostas! 
● Como é possível lutar contra o racismo quando nos beneficiamos dele todos os 
dias? 
● Letramento racial: práticas! 
- reconhecimento da branquitude 
- entendimento que o racismo é problema atual e não legado histórico 
- entender que identidades raciais são aprendidas 
- se apropriar de uma gramática e de um vocabulário racial 
- capacidade de interpretar códigos e práticas radicalizadas. 
● Não é possível SER antirracista se você é branco. Não é um estado, é uma 
PRÁTICA. São as atitudes! É sobre estar atento e vigilante sobre sua 
branquitude todos os dias. 
● Como eu posso desmantelar a hierarquia racial em que vivo? Como 
desequilibrar a hierarquia racial?

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