Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO REFRATÁRIA E DIABETES SBCM I – Práticas 2020.2 CASO 1: HIPERTENSÃO REFRATÁRIA, GRAVE OU RESISTENTE (HAR) Definição: • A HAR é definida como a PA de consultório não controlada apesar do uso de três ou mais anti-hipertensivos em doses adequadas, incluindo-se preferencialmente um DIU. • Também pode ser a PA não controlada em uso de quatro ou mais medicamentos com controle pressórico. • Outros especialistas a definem como PA não controlada sob o uso de cinco ou mais anti- hipertensivos. **Para fins de aula, adotaremos a primeira definição: HAR é a PA não controlada sob o uso de 03 ou mais anti-hipertensivos. Tratamento: • MEV sempre! • Tratamento otimizado: Clortalidona + IECA/BRA + BCC o A Clortalidona tem um efeito vasodilatador melhor do que a Hidroclorotiazida, mas esta também é uma opção o Tratando-se de hipertensão, os BCC de escolha são os diidropiridínicos, que são aqueles que bloqueiam canais de Cálcio nos vasos (Anlodipina, Nifedipina...) o A associação IECA + BRA é proscrita • Espironolactona é um antagonista de Aldosterona, e entra como 4ª medicação • O beta-bloqueador é adicionado como 5ª medicação, ou pode substituir o BCC quando o paciente for coronariopata, portador de ICC ou portador de arritmias • Vasodilatadores Diretos: Hidralazina e Minoxidil o Reduzem bruscamente a PA, então o organismo gera mecanismos compensatórios para normalizar essa pressão ▪ SRAA, que aumenta a retenção de Sódio e água ▪ Sistema Nervoso Autônomo Simpático, gerando taquicardia reflexa o Deve ser sempre associado a BBQ e DIU, para regular a atividade simpática e a retenção de Sódio e água, respectivamente • Simpatolíticos de Ação Central: Clonidina e Metildopa, na verdade são simpatomiméticos de ação central o Vão diminuir a atividade simpática, mas não atuam bloqueando receptores adrenérgicos e, portanto, não são simpatolíticos e sim simpatomiméticos. o Mecanismo de Ação: atuam estimulando os receptores alfa2 pré-sinápticos, diminuindo a liberação de catecolaminas, especialmente Noradrenalina, diminuindo então a atividade simpática. Cuidados: • Enalapril e Espironolactona são poupadores de Potássio, então o ideal é que seja solicitada dosagem de Potássio periodicamente - risco de hiperpotassemia. o Pode ser que a Hidroclorotiazida equilibre esse nível de potássio, já que aumenta a excreção do mesmo, mas o ideal é que a gente sempre verifique. Caso Clínico: • No primeiro momento podemos afirmar que a paciente estava em tratamento otimizado: Enalapril (IECA), Anlodipina (BCC), Hidroclorotiazida (DIU Tiazidico) e Espironolactona (DIU Antag de Aldosterona). Mas ainda assim os níveis pressóricos não estavam controlados. • Por tratar-se de uma paciente jovem, a diretriz recomenda que a gente busque a causa dessa HAR, a qual geralmente está associada a: o Idade Avançada o Afro-descendência o Obesidade o Síndrome Metabólica o Diabetes o Sedentarismo o Nefropatia Crônica o Hipertrofia do VE • Do ponto de vista crítico, faltou a avaliação da função renal. E faltou também uma avaliação tireoidiana, visto que o hipertireoidismo pode levar a um quadro de hipertensão secundária. • O tratamento foi alterado, e a paciente passou a fazer uso de: Hidroclorotiazida (DIU Tiazidico), Enalapril (IECA), Anlodipina (BCC), Espironolactona (DIU Antag de Aldosterona), Metoprolol (BBQ 2ª geração), Hidralazina (Vasodilatador Direto) e Clonidina (Simpatolítico de Ação Central) • De acordo com a diretriz, deve ser prescrito um vasodilatador direto OU um simpatolítico. Então o médico comete um equívoco e prescreve ambos. Consequentemente, a paciente pode apresentar sintomas de hipotensão. CASO 2: HAS, ICC, IRC e DM Vasodilatadores: • IECA/BRA: o Grupos de 1ª linha no tratamento da HAS o No paciente diabético e hipertenso são de extrema importância, pois são nefroprotetores e diminuem a resistência à insulina o Na ICC vão aumentar a sobrevida, pois diminuem/impedem o remodelamento cardíaco o Na DRC impedem a progressão da doença e aumenta a sobrevida ▪ O IECA diminui a formação de Angiotensina II e o BRA bloqueia seu receptor AT1, o que reduz sua ação fisiológica, consequentemente, há perda do efeito vasoconstritor na arteríola eferente, isso reduz a TFG, o que pode piorar a função renal - risco ▪ Ao reduzir a TFG, há uma diminuição da pressão intraglomerular, logo, diminui-se a excreção de albumina (é tóxica para os túbulos renais (marcadora de lesão renal)), o que impede a progressão da doença - benefício - é maior do que o risco • Diuréticos: o Ajudam a controlar a pressão arterial o Promovem alívio da congestão na ICC, com preferência para a Furosemida (DIU de Alça) o Na DRC vão controlar os níveis de Potássio, e a escolha do medicamento vai depender do estágio da doença ▪ Os DIU Tiazídicos são eficazes nos estágios 1,2 e 3 ▪ Os DIU de Alça são preconizados para os estágios 4 e 5 • Beta-bloqueadores: o Aumentam a sobrevida de pacientes portadores de ICC o Escolha: Bisoprolol, Metoprolol, Nebivolol ou Carvedilol Antidiabéticos: • Glimepirina: é uma Sulfoniluréia de última geração o As sulfoniluréias tem como mecanismo de ação a inibição dos canais de Potássio das células beta-pancreática o Tem como vantagem o fato de não possuir risco cardiovascular: as Sulfoniluréias mais antigas também interagem com os canais de K+ do coração, o que dificulta a reperfusão tecidual ▪ Diante de qualquer evento de redução da perfusão, os canais de K+ vão facilitar a reperfusão, porque ao se abrirem geram hiperpolarização, levando a dilatação do vaso. o Em um paciente cardiopata, como é o nosso caso, as sulfoniluréias de escolha são a Glimepirida e a Gliclazida. • Glitazona: o As glitazonas são contraindicadas para pacientes com ICC classes III e IV - o nosso paciente é no mínimo classe III (sintomático) o Um dos efeitos das glitazonas é aumentar a retenção de Sódio e água nos rins, o que descompensa a ICC ▪ Então: neste paciente não podemos utilizar a glitazona, pois ele é portador de ICC classe III ou IV, e a glitazona é contraindicada nestes casos, por favorecer a retenção hídrica, podendo levar a uma descompensação. • Vale ressaltar que de acordo com o último guideline, o paciente diabético e portador de ICC e/ou DRC não pode ser tratado com monoterapia o O tratamento recomendado é a combinação de Metformina + inibidor de SGLT-2 ▪ Os iSGLT-2 diminuem a progressão da ICC, da DRC e diminuem a mortalidade ▪ Os iSGLT-2 são contraindicados se Cl Creat < 30 mL/min o Levando-se em consideração o contexto, a Glimepirida deveria ser associada à Metformina - provável paciente do SUS • Observações: o Respeitar sempre os valores da HbA1c, as condições do paciente e as contraindicações absolutas o O único diabético tratado em monoterapia é aquele que só tem diabetes, sem doença cardiovascular ou nefropatia diabética
Compartilhar