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Você sabe o que significa HPV

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Você sabe o que significa HPV?
HPV é a sigla em inglês para papilomavírus humano. Os HPVs são vírus capazes de infectar a pele e as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPVs, sendo que cerca de 40 a 50 tipos podem infectar a região genital inferior e anal (DOORBAR et al., 2012), e pelo menos 20 subtipos estão associados ao câncer do colo do útero. A infecção por HPV foi identificada como importante agente carcinógeno para seis tipos de câncer: colo do útero, pênis, vulva, vagina, ânus e orofaringe (incluindo a base da língua e as amígdalas) (FORMAN et al., 2012).
Os HPVs são classificados de acordo com o seu potencial para causar câncer (oncogênese). Veja, no quadro abaixo, a distribuição dos tipos de HPVs segundo seu potencial oncogênico. São considerados de alto risco 12 tipos de HPVs, possivelmente de alto risco 8 tipos e de baixo risco (não oncogênicos) 26 tipos.
Distribuição dos tipos de HPVs segundo seu potencial oncogênico
	Potencial oncogênico
	Tipo de HPV
	Alto risco
	16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59
	Possivelmente de alto risco
	26, 53, 66, 67, 68, 70, 73, 82
	Baixo risco
	2, 6, 7, 11, 13, 27, 28, 29, 32, 40, 44, 57, 61, 62, 
72, 74, 77, 81, 83, 84, 86, 87, 89, 90, 91, 106
Fonte: (DOORBAR et al., 2012).
Entre os HPVs de alto risco, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero, afetando também amígdalas, faringe, pênis e anus. Já os HPVs 6 e 11, de baixo risco, são encontrados em 90% das verrugas (condilomas) genitais (GUAN et al., 2012). Esses quatro tipo de vírus se encontram na vacina HPV quadrivalente, distribuída pelo Sistema Único de Saúde para todos os municípios do país.
	  Atenção
	O HPV é um vírus diferente do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).
	 Saiba mais
	Quer saber mais sobre os vírus HPV? Que tal consultar o artigo de revisão “Vírus HPV e câncer de colo de útero”, disponível aqui (NAKAGAWA; SCHIRMER; BARBIERI, 2010).
Como os HPVs são transmitidos?
O vírus é muito contagioso, sendo possível a contaminação com uma única exposição. A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada (BURCHELL et al., 2006).
A principal forma de contágio é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Também pode haver transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez e o parto (transmissão vertical). A possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina, ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas é controversa e muito improvável (IARC, 2007).
Estudos comprovaram que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Esse percentual pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial estejam infectadas pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens (IARC, 2007).
Quais são as manifestações da infecção pelo HPV?
A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Habitualmente, as infecções pelo HPV se apresentam como lesões microscópicas ou não produzem lesões, o que chamamos de infecção latente. Quando não vemos lesões, não é possível garantir que o HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença (IARC, 2007).
Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverão alguma forma de manifestação. A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica (IARC, 2007).
As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões exofíticas. São tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas de "crista de galo", de "figueira" ou de "cavalo de crista". Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos (IARC, 2007).
As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são chamadas de (IARC, 2007):
· lesão intraepitelial de baixo grau, neoplasia intraepitelial grau I (NIC I): reflete apenas a manifestação do vírus e é transitória na maioria das vezes; 
· lesão intraepitelial de alto grau, neoplasia intraepitelial graus II ou III (NIC II ou III): é a verdadeira lesão precursora do câncer do colo do útero.
O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é raro (IARC, 2007).
A incubação, ou seja, o período necessário para surgirem as primeiras manifestações da infecção pelo HPV é de aproximadamente dois a oito meses, mas pode ser tão precoce quanto três dias ou demorar vinte anos ou mais. Assim, por causa da ampla variabilidade no tempo para que apareça uma lesão, torna-se praticamente impossível determinar em que época e de que forma um indivíduo foi infectado pelo HPV (IARC, 2007).
Como a infecção e as doenças causadas pelo HPV são diagnosticadas?
Atualmente, o diagnóstico da infecção pelo HPV que ocorre na ausência de manifestações clínicas ou subclínicas só pode ser realizado por meio de exames de biologia molecular, que mostram a presença ou a atividade do vírus. Entretanto, não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV, mas, sim, suas manifestações (IARC, 2007).
O diagnóstico das verrugas anogenitais pode ser feito por meio do exame clínico. Já as lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio de exames laboratoriais (Papanicolaou ou citopatológico, histopatológico e de biologia molecular) ou do uso de instrumentos com poder de magnificação (lentes de aumento), após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia) (IARC, 2007).
A biópsia de lesões anogenitais sugestivas de HPV está indicada nos casos de existência de dúvida no diagnóstico; presença de lesão suspeita de neoplasia (lesões pigmentadas, endurecidas, fixas ou ulceradas); ausência de resposta ao tratamento convencional; aumento das lesões durante o tratamento; pacientes com imunodeficiência (HIV, uso de drogas imunossupressoras, corticoides, entre outros) (BRASIL, 2015a).
Qual a relação entre o HPV e o câncer do colo do útero?
Agora você já conhece o HPV, mas sabe o que é o câncer do colo do útero? Trata-se de um tumor caracterizado pelo crescimento anormal das células do colo uterino, que se localiza no fundo da vagina, conforme apresentado na figura a seguir (BRASIL, 2013a).
Você sabe como o HPV pode levar ao câncer do colo do útero? Observe a figura a seguir, que mostra o processo de forma simplificada. As mulheres adquirem o HPV por meio de relações sexuais com um parceiro infectado. As infecções regridem espontaneamente dentro de dois anos em 90% dos casos. Aquelas que persistem e são causadas por um tipo de vírus de alto risco têm um maior risco de progressão para as lesões precursoras, que, se não identificadas e tratadas, podem evoluir para o câncer do colo uterino ao longo de um período de vários anos (GRAVITT, 2011; MOSCICKI et al., 2012; SCHIFFMAN; WENTZENSEN, 2013).
Modelo de história natural do câncer do colo do útero Fonte: (SCHIFFMAN; WENTZENSEN, 2013, adaptado).
Apesar de a infecção por tipos de HPV de alto risco ser muito frequente entre as mulheres, a incidência de câncer do colo uterino é relativamente baixa, indicando que a infecção pelo HPV é uma causa necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento desse câncer, destacando a importância de outros fatores que podem influenciar a progressão para o câncer,conforme representado na próxima figura (GRAVITT, 2011; MOSCICKI et al., 2012; SCHIFFMAN; WENTZENSEN, 2013).
Modelo de causalidade para o câncer do colo do úteroFonte: (ROTHMAN, 1986, adaptado).
É fácil entender que aspectos ligados ao comportamento sexual, como o início precoce da vida sexual e o número elevado de parceiros sexuais, podem facilitar a aquisição da infecção pelo HPV. Além disso, fatores ligados ao estilo de vida, como o uso de contraceptivos hormonais por longo prazo, a multiparidade e o tabagismo, dobram o risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero. E, finalmente, fatores genéticos e imunológicos, como, por exemplo, a imunossupressão causada por infecção pelo HIV, bem como pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, e transplantados de medula óssea e órgão sólidos também são considerados fatores de risco para a progressão da infecção pelo HPV para o câncer do colo uterino e para outros cânceres já citados (GRAVITT, 2011; MOSCICKI et al., 2012; SCHIFFMAN; WENTZENSEN, 2013).
As mulheres vivendo com HIV têm maior prevalência de infecção por HPV, muitas vezes com múltiplos tipos, e têm maior risco de progressão para lesões intraepiteliais escamosas de colo uterino (HSIL) e câncer cervical, em comparação com mulheres sem infecção por HIV (WHO, 2017).
Como é o tratamento das lesões do colo do útero causadas pelo HPV?
As lesões intraepiteliais de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada inicialmente é a repetição do exame preventivo em seis meses (INCA, 2016).
O tratamento apropriado das lesões precursoras é imprescindível para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, a retirada (excisão) das lesões intraepiteliais de alto grau (INCA, 2016).
Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero, estão a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. O tipo de tratamento vai depender do estadiamento da doença, do tamanho do tumor e de fatores pessoais, como idade e desejo de preservação da fertilidade (INCA, 2000).
	 Saiba mais
	Ficou interessado(a) em obter mais informações sobre as condutas preconizadas para a abordagem das lesões intraepiteliais e do câncer do colo uterino? Recomendamos que você acesse as "Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero", disponíveis aqui (INCA, 2016), as "Condutas do INCA – Câncer do colo do útero", disponíveis aqui (INCA, 2000) e “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis”, disponível aqui (BRASIL, 2015b).
Quais as medidas de prevenção do HPV?
Para a prevenção da infecção por HPV, são necessárias ações que eliminem ou diminuam a exposição ao vírus, como o uso de preservativo, a diminuição do número de parceiros ou parceiras sexuais e a vacinação contra o HPV (BRASIL, 2013a).
Como vimos, a transmissão da infecção pelo HPV ocorre principalmente por via sexual, por isso o uso de preservativo (camisinha) é uma das estratégias de prevenção adotada. Assim, é fundamental orientar o correto uso de preservativo.
Entretanto, apesar de a camisinha prevenir a maioria das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), ela não impede totalmente a infecção pelo HPV. Lembre-se de que a transmissão pode ocorrer mesmo sem a penetração vaginal ou anal, e as lesões podem estar presentes em áreas não protegidas pela camisinha, como vulva, região pubiana, perineal e perianal ou bolsa testicular (IARC, 2007).
Acredita-se que a camisinha feminina, quando utilizada desde o início da relação sexual, possa ser mais eficaz para evitar o contágio, uma vez que cobre também a vulva.
Para a prevenção do câncer de boca e orofaringe, é importante o uso de preservativo na prática do sexo oral.
Mas, e a vacina?
Até o momento, foram desenvolvidas três vacinas:
	Vacina Bivalente: protege contra os tipos 16 e 18.
Vacina Quadrivalente: além de proteger contra os tipos 16 e 18, também protege contra os tipos 6 e 11.
Vacina Nanovalente: protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58.
As vacinas têm demonstrado uma eficácia superior a 90% na prevenção da infecção persistente por HPV 16 e 18, tornando-se, assim, eficazes contra as lesões precursoras do câncer do colo do útero, quando utilizadas antes do contato com o vírus, ou seja, os benefícios são significativos antes do início da vida sexual (IARC, 2012). Embora os demais cânceres relacionados ao HPV sejam muito menos frequentes, quando comparados ao câncer do colo do útero, sua associação com o HPV os torna potencialmente evitáveis ​​e sujeitos a estratégias preventivas semelhantes às do câncer do colo do útero (BRUNI et al., 2017). 
No Brasil, o Ministério da Saúde implantou, em 2014, a vacina quadrivalente, cuja eficácia observada, para as neoplasias intraepiteliais cervicais grau II ou III (NIC II e III) associadas ao HPV 16 e 18, foi de 98% em mulheres sem infecção prévia pelo HPV (BORSATTO; VIDAL; ROCHA, 2011).
Em relação ao câncer vulvar e de vagina, estudos com a vacina quadrivalente demonstraram uma eficácia próxima de 100% contra lesões de alto grau relacionadas ao HPV 16 e 18 (IARC, 2012).
	 Atenção
	Não esqueça que os HPVs tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero, e que os tipos 6 e 11 são encontrados em 90% das verrugas genitais (GUAN et al., 2012).
Na próxima unidade, você aprenderá mais sobre a vacina, mas antes é preciso conhecer outras formas de prevenção do câncer do colo do útero, uma vez que os efeitos da implementação da vacina, na redução da incidência do câncer do colo do útero e da mortalidade pela doença, serão observados em longo prazo, acima de vinte anos (BORSATTO; VIDAL; ROCHA, 2011).
E o câncer do colo do útero, como prevenir?
De um modo geral, a prevenção do câncer depende de medidas para reduzir ou evitar a exposição aos seus fatores de risco (prevenção primária) e de ações de detecção precoce para a identificação de lesões precursoras ou pré-malignas, com o encaminhamento para o tratamento oportuno (prevenção secundária) (INCA, 2012).
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, porém a adoção da vacina não elimina a necessidade da prevenção secundária, pois as vacinas contra o HPV não oferecem proteção para 30% dos casos de câncer do colo do útero causados por outros tipos virais oncogênicos (BRASIL, 2013b).
O rastreamento é a principal estratégia de detecção precoce do câncer do colo do útero. Consiste na aplicação de um teste ou exame em uma população assintomática, aparentemente saudável, para a identificação de lesões precursoras ou sugestivas de câncer (BRASIL, 2013b).
Países que implantaram programas organizados de rastreamento do câncer do colo do útero reduziram a incidência e a mortalidade por essa neoplasia, por meio de altas coberturas de exames citopatológicos e de tratamento para as mulheres diagnosticadas com alguma lesão pré-cancerosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo  80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir  de 60 a 90% a incidência do câncer do colo do útero (WHO, 2002, tradução nossa).
No Brasil, o rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é recomendado a todas as mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual, por meio do exame citopatológico (Papanicolaou), e deve ser realizado a cada três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual (INCA, 2016). 
	 Atenção
	A vacinação não substitui o rastreamento do câncer do colo do útero.  Assim, as meninas vacinadas, quando atingirem a faixa etária preconizada  para  o  exame  Papanicolaou  e  já  tiverem  vida  sexual ativa, deverão realizar o  rastreamento, conforme periodicidade recomendada (BRASIL, 2013a). 
	 Para refletir
	Por que nãorastrear mulheres e adolescentes logo que iniciam a vida sexual? O que você acha?  Vamos debater no fórum de discussões? Clique aqui para acessar.
Vamos relembrar a história natural da infecção por HPV e do câncer do colo do útero, analisando a figura:
A infecção por HPV ocorre em adolescentes e mulheres que iniciaram atividade sexual, mas, em aproximadamente 90% dos casos, a infecção regride espontaneamente. Assim, ao submeter meninas e mulheres muito jovens ao rastreamento, é mais provável detectar lesões de baixo grau, que não evoluiriam para lesão precursora e câncer, e isso pode levar à indicação de um tratamento desnecessário, trazendo malefícios futuros para a mulher, como o aumento da morbidade obstétrica (INCA, 2016).
	 Atenção
	Ao vacinar uma adolescente, que tal perguntar se a mãe já fez o exame preventivo (exame de Papanicolaou) nos últimos 3 anos e encaminhá-la, se for o caso, para realização do exame?
A vacina é mais uma estratégia para a prevenção do câncer do colo do útero, mas é imprescindível que as ações de rastreamento sejam mantidas e intensificadas para que a incidência e a mortalidade por esse câncer diminuam no Brasil.
Vale lembrar que ações de promoção e educação em saúde também podem minimizar o risco de a infecção persistente pelo HPV evoluir para o câncer do colo do útero. Entre as ações, podemos destacar a prevenção e o controle do tabagismo (BRASIL, 2013b) e a orientação quanto a evitar ou diminuir a multiplicidade de parceiros. Mulheres imunossuprimidas pelo HIV possuem maior probabilidade de as lesões progredirem para o câncer, portanto, devem ser submetidas anualmente ao rastreamento do câncer do colo do útero, através do Papanicolaou (INCA, 2016).
	 Saiba mais
	Ficou interessado(a) em saber mais sobre o rastreamento do câncer do colo do útero? Clique aqui e saiba como as "Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero" foram elaboradas e quais as evidências que respaldaram suas recomendações (INCA, 2016). 
Além da vacina e do uso do preservativo, há outras formas de prevenção para os demais cânceres relacionados ao HPV?
Ressalta-se que, ao contrário da população feminina, que se submete ao exame de Papanicolaou para rastrear o câncer do colo do útero, os homens, em geral, só descobrem as consequências da infecção pelo HPV quando a lesão ou o câncer já são sintomáticos. Portanto, para homens, é importante reforçar ações de prevenção, como a vacinação contra HPV, a importância de hábitos saudáveis de higiene e a busca por assistência médica regularmente.
Para a prevenção do câncer de pênis, é necessário orientar os homens, desde crianças, quanto à higiene íntima diária (com água e sabão), principalmente após as relações sexuais e a masturbação.
O tabaco e o álcool são os principais fatores relacionados ao câncer de boca e orofaringe, assim é importante fortalecer as ações de controle do tabagismo, desde a iniciação até o tratamento do fumante, além de diminuir e/ou evitar o consumo de álcool.
Ainda em relação ao câncer de boca e orofaringe, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e sintomas iniciais do câncer para o diagnóstico precoce, como: lesões que não cicatrizam por mais de 15 dias, placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, nas gengivas, no palato (céu da boca) e na mucosa jugal (bochecha) que não decorrem de outra doença ou causa conhecida e nódulos (caroços) no pescoço (INCA, 2014).
	 Saiba mais
	Informe-se sobre o câncer de boca e orofaringe, pois as ações de controle vão além da vacinação. Recomendamos que você acesse o "Informativo Detecção Precoce - Monitoramento das ações de controle dos cânceres de lábio e cavidade oral", disponível aqui (INCA, 2014).
Conhecendo a ocorrência da infecção pelo HPV
Estima-se que, no mundo, a prevalência global de infecção por HPV é de aproximadamente 12% entre as mulheres, entretanto a prevalência tende a ser maior em regiões menos desenvolvidas, chegando a 24% na África Subsaariana, 21% na Europa Oriental e 16% na América Latina (FORMAN et al., 2012).
Observe, nos gráficos abaixo, que a prevalência do HPV entre mulheres mais jovens (com menos de 25 anos) é superior a 25%, no mundo e entre as regiões, reduzindo com o avançar da idade (BRUNI, et al., 2017).
Prevalência do HPV por idade em mulheres com citologia normal, no mundo e em algumas regiõesFonte: (BRUNI et al., 2017, p. 109, adaptado).
	 Para refletir
	Por que a prevalência do HPV é maior entre as mulheres jovens?
Vamos pensar...Vimos que a infecção pelo HPV ocorre no início da vida sexual, e, em 90% dos casos, a infecção regride espontaneamente, assim a prevalência em faixas etárias mais velhas tende a ser menor. 
Quanto aos tipos de HPVs, a prevalência dos tipos 16 e 18 na população feminina mundial é estimada em 4,1%. Por serem vírus oncogênicos, que levam à persistência da infecção, a prevalência desses tipos virais também aumenta de acordo com a evolução da lesão. A prevalência nas mulheres com lesão de baixo grau é de 25,8% contra 69,4% naquelas com câncer invasivo (BRUNI et al., 2017, tradução nossa).
No Brasil, a prevalência geral de infecção do colo do útero pelo HPV varia entre 13,7% e 54,3%, e, para as mulheres com citologia normal, entre 10,4% e 24,5%. Também são mais encontrados os tipos 16, 18 e 31 (AYRES; AZEVEDO E SILVA, 2010).
Em relação aos homens, como já informado anteriormente, estima-se que 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. A análise de alguns estudos demonstrou que a prevalência dos HPVs de alto risco no mundo varia de 2,3 a 34,8%, e no Brasil são responsáveis por 25 a 56% das infecções (FEDRIZI, 2011). 
Por que o câncer do colo do útero é um problema de saúde pública?
Com a ocorrência de aproximadamente 528 mil casos no mundo, o câncer do colo do útero configura-se como um importante problema de saúde pública, sendo o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma. Atinge, principalmente, mulheres das regiões da África Oriental e Oriente, com taxas de incidência padronizadas, superiores a 30 casos por 100 mil mulheres. Incidências bem mais reduzidas são observadas na Austrália e Nova Zelândia, com taxas de 5,5/100.000 (FERLAY et al., 2013).
No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, não incluindo o câncer de pele não melanoma. Segundo o INCA (2018), foram estimados para o ano de 2018, 16.370 casos novos, com incidência de 15,43 casos por 100 mil mulheres, mas com variações regionais importantes. O câncer do colo do útero é o primeiro mais incidente na região Norte, com aproximadamente 26 casos por 100.000 mulheres. Nas Regiões Nordeste  (20,47/100 mil) e Centro-Oeste (18,32/100 mil), ocupa o 2º lugar, enquanto que nas Regiões Sudeste e Sul ocupa o 4º lugar com, respectivamente, 9, 97 e 14,07 casos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2018).
As taxas de mortalidade por câncer do colo do útero são mais elevadas no continente Africano, Sulamericano e em alguns países da Oceania, que concentram 87% dos 266 mil óbitos que estavam estimados para o ano de 2012 no mundo. Aproximadamente 9 em cada 10 óbitos ocorrem em países de média e baixa renda (FERLAY et al., 2013), como resultado do acesso precário a serviços de detecção precoce e tratamento.
Observe, no mapa abaixo, como estão distribuídas as taxas de mortalidade por câncer do colo do útero nas diferentes regiões do mundo.
 Distribuição espacial das taxas de mortalidade estimada por câncer do colo do útero no mundo, 2012
Em 2015, o câncer do colo do útero representou a quarta causa de morte por câncer em mulheres, com 5.727 óbitos, apresentando uma taxa de mortalidade ajustada para a população mundial de 5,13 óbitos para cada 100 mil mulheres, ou seja, o risco de morrer por essa neoplasia no Brasil foi de cinco óbitos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2017a).
Observe, na figura a seguir, que a região Norte apresenta índices mais elevados de mortalidade, com taxa padronizada pela população mundialde 12,20 mortes por 100.000 mulheres. Em seguida, estão as regiões Nordeste (6,15/100 mil), Centro-Oeste (6,62/100 mil), Sul (4,65/100 mil) e Sudeste (3,68/100 mil). Constata-se que risco de morrer por câncer do colo do útero na região Norte é três vezes maior do que na região Sudeste (INCA, 2017a).
 Representação espacial das taxas ajustadas por idade pela população mundial de mortalidade por câncer de colo do útero, por 100.000 mulheres, nas Unidades da Federação, 2015
Qual a magnitude dos outros cânceres relacionados ao HPV?
O câncer de ânus é raro. Estima-se taxa de incidência mundial média de um por 100.000, com a ocorrência de aproximadamente 27.000 casos novos/ano. É mais incidente entre as mulheres e, particularmente, nas seguintes situações: homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres com história de câncer cervical ou vulvar e populações imunossuprimidas, incluindo aqueles infectados pelo HIV e pacientes com história de transplante de órgãos (BRUNI et al., 2017). Veja, na figura a seguir, que no Brasil as taxas variam entre as diferentes localidades com Registros de Câncer de Base Populacional, com destaque para Belém, onde foram registradas as maiores taxas de incidência em mulheres e homens, com 2,88 e 1,32 por 100 mil habitantes, respectivamente. Quanto à mortalidade, em 2015 ocorreram 258 óbitos em mulheres e 148 óbitos em homens (INCA, 2017a).
Distribuição das taxas de incidência de câncer do canal anal e ânus, ajustadas por idade, em homens e mulheres, segundo os Registros de Câncer de Base Populacional, e período dos dados
	Taxas ajustadas*, por 100 mil
	RCBP
	Masculino
	Feminino
	Aracaju (2007-2011)
	0,29
	1,26
	Barretos (2009-2013)
	0,30
	0,79
	Belém (2003-2007)
	1,32
	2,88
	Belo Horizonte (2003-2007)
	0,79
	1,32
	Campinas (1991-1995)
	0,35
	0,38
	Campo Grande (2000-2003)
	0,38
	1,45
	Cuiabá (2003-2007)
	0,74
	1,10
	Curitiba (2006-2010)
	0,36
	0,81
	Distrito Federal (1999-2002)
	0,71
	1,21
	Florianópolis (2008-2010)
	1,27
	1,46
	Fortaleza (2002-2006)
	0,35
	1,27
	Goiânia (2005-2009)
	0,59
	1,37
	Grande Vitória (2008-2012)
	0,53
	0,66
	Jahu (2008-2012)
	0,83
	0,63
	João Pessoa (2006-2010)
	0,24
	1,15
	Manaus (2002-2006)
	0,90
	2,58
	Natal (2001-2005)
	0,97
	1,56
	Palmas (2006-2010)
	0,74
	0,00
	Poços de Caldas (2007-2011)
	0,47
	0,65
	Porto Alegre (2002-2006)
	0,99
	1,52
	Recife (2005-2009)
	0,78
	1,54
	Roraima (2006-2010)
	0,00
	0,42
	Salvador (2001-2005)
	0,54
	1,23
	Santos (2008)
	0,00
	2,00
	São Paulo (2006-2010)
	0,83
	1,18
	Teresina (2000-2002)
	0,20
	1,05
	Mediana
	0,57
	1,22
	* População Padrão Mundial, 1960.
Fonte: (INCA, 2017b).
O câncer da vulva e de vagina são raros entre as mulheres em todo o mundo, com cerca de 27.000 e 13.000 novos casos em 2008, respectivamente, representando 6% de todos os cânceres ginecológicos. Em todo o mundo, cerca de 60% de todos os casos de câncer vulvar ocorrem em países mais desenvolvidos. Semelhante ao câncer do colo do útero, a maioria dos casos de câncer vaginal (68%) ocorre em países menos desenvolvidos (BRUNI et al., 2017). Em 2015, no Brasil, foram registrados 423 óbitos por câncer de vulva e 128 óbitos por câncer de vagina (INCA, 2017a).
O câncer de pênis também é raro no mundo, com a estimativa global de 22.000 casos, entretanto com maior ocorrência de casos em países em desenvolvimento, representando até 10% do câncer masculino em algumas partes da África, América do Sul e Ásia (BRUNI et al., 2017). No Brasil, as taxas de incidências variaram de 0,52/100 mil homens em Poços de Caldas até 3,59/100 mil homens em Goiânia (INCA, 2017b). Em 2015, no país, 402 homens morreram em consequência do câncer de pênis (INCA, 2017a).
Quanto ao câncer de boca e orofaringe, números mais recentes estimam que 25,6% de todos os cânceres orofaríngeos são atribuíveis à infecção por HPV, sendo o HPV16 o tipo mais frequente (BRUNI et al., 2017). Para 2012, foram estimados 142.387 casos, englobando orofaringe, amígdalas e hipofaringe, e pouco mais de 300 mil casos de câncer de lábio e cavidade oral (FERLAY et al., 2013).
No Brasil, considerando lábio, boca e orofaringe, estimou-se a ocorrência de 14.700 casos novos em 2018, representando o quinto tipo mais incidente entre homens e o 12º mais incidente entre mulheres (excluído o câncer de pele não melanoma). Tanto a incidência quanto a mortalidade são maiores em homens (INCA, 2018). Em 2015, foram registrados mais de 5.900 óbitos por câncer de cavidade oral e orofaringe, sendo as taxas brutas de mortalidade 4,92 e 1,24 por 100 mil homens e 100 mil mulheres, respectivamente (INCA, 2017a).
Resumo
Nessa unidade, você aprendeu um pouco mais sobre o HPV e que a infecção por esse vírus é a principal causa do câncer do colo do útero, embora também esteja relacionado a outros tipos de cânceres. Apesar da alta prevalência do HPV, nem todas as infecções evoluem para o câncer. Ações de prevenção, como a vacinação contra HPV e o uso de preservativo, contribuem para evitar a infecção por HPV, e as ações de rastreamento permitem identificar lesões precursoras e evitar a evolução para o câncer, com seu tratamento. Todas essas ações, em conjunto, têm como objetivo principal reduzir a incidência e a mortalidade por câncer do colo do útero, além de contribuir para a redução dos demais cânceres relacionados ao HPV.

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