Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA HELMINTOLOGIA PROFA. DRA. BRENDA CARLA LUQUETTI Fevereiro/2018 Phylum Nematoda Classe Ordem Família Chromadorea Ascaridida Ascarididae Toxocaridae Heterakidae Oxyurida Oxyuridae Rhabditida Strongyloididae Ancylostomatidae Metastrongylidae Syngamidae Molineidae Chabertiidae Stephanuridae Strongylidae Cooperiidae Dictyocaulidae Haemonchidae Trichostrongylidae Spirurida Onchocercidae Habronematidae Thelaziidae Enoplea Enoplida Dioctophymatidae Trichocephalida Trichuridae Sufixo Grupo Taxonômico ea Classe ida Ordem oidea Superfamília idae Família inae Subfamília Características Vida livre: alimentam-se de detritos, M.O. Cerca de 5.800 espécies parasitam os vertebrados Dimorfismo sexual (dióicos – geralmente o macho é menor que a fêmea) Tamanho (< 1 mm a > 1 m) Corpo cilíndrico e alongado Corpo coberto por cutícula Espinhos, escamas, dilatação cervical, caudal na cutícula Sistema digestório completo Sistema Digestório Abaixo da boca: cápsula bucal Boca apresenta 6 lábios que podem estar fundidos em pares Algumas espécies têm somente 2 lábios ou nenhum Na cápsula bucal, alguns apresentam dentes ou lâminas Estruturas cefálicas Dióicos: sexos separados em indivíduos diferentes longa e reta → enrolada no sentido ventral ORGÃOS AUXILIARES NA CÓPULA Bolsa copuladora Fixa o macho na fêmea Espículos Dilata a vagina Único ou duplo Gubernáculo Sustenta os espículos APARELHO GENITAL FEMININO Estágio de desenvolvimento dos ovos Ovo em estágio de mórula Ovo em desenvolvimento embrionado Ovo embrionado Larva em início de eclosão Ovos de nematódeos Ciclo Biológico Fêmeas liberam ovos ou larvas para o meio exterior (fezes, urina ou ainda expectoração brônquica do hospedeiro) Ovo eclode ou libera diretamente uma larva L1 L1 se alimenta no meio ambiente (M.O.) até completar o aparelho digestivo. L1 troca a cutícula e passa a L2, a qual, forma nova cutícula (cutícula dupla), passando a chamar-se L3, que não se alimenta mais, sendo a forma infestante dos nematódeos. Penetração no hospedeiro ativa (pele) ou passiva (ingestão da L3). No intestino do hospedeiro a L3 passa a L4 e depois a L5 (adulto). L1 → L2 → L3 → L4 - L5 Penetração passiva INGESTÃO DEGLUTIÇÃO FARINGE ESÔFAGO ESTÔMAGO INTESTINO DIFERENCIAÇÃO SEXUAL L3 - L4 L5 FORMA ADULTA Penetração ativa PELE CORRENTE SANGUÍNEA OU LINFÁTICA CORAÇÃO PULMÃO BRÔNQUIOS TRAQUÉIA LARINGE FARINGE ESÔFAGO ESTÔMAGO INTESTINO L3 - L4 L5 FORMA ADULTA Ascarídeos São nematódeos não- bursados Vermes grandes e encorpados, com 3 lábios Asas cervicais Adultos parasitam o intestino delgado de vertebrados Características Gerais Ciclos diretos ou utilizam hospedeiros paratênicos ou intermediários Ovos com casca espessa e resistente e permanecem no ambiente por anos Ciclo Biológico Adultos, machos e fêmeas parasitam intestino delgado Fêmeas realizam ovopostura no interior do ID e os ovos saem ao meio juntamente com as fezes, ocorrendo evolução de L1 – L3 ainda no interior do ovo (período de cerca de 30 dias) Os ovos são ingeridos pelos HD e no estômago as larvas eclodem, liberando a L3 que chega ao ID Em animais jovens, normalmente ocorre migração hepato- traqueal, com PPP de cerca de 2 – 2,5 meses Em animais adultos, pode haver ciclo somático, com encistamento de larvas (não completa o ciclo) Toxocara canis CÃES Medem de 5 – 18 cm LÁBIOS ASA CERVICAL Extremidade anterior Trilabiados, com asa cervical Extremidade posterior Machos terminam em formato de “cabo de guarda-chuva” e as fêmeas são retas CASCA ESPESSA Ciclo Biológico Os ovos saem para o meio juntamente com as fezes No meio, ocorre evolução larval dentro do próprio ovo (L1 – L2) – esse período dura de 8 – 10 dias Cães com < de 5 meses – as larvas atingem o pulmão, mudam a L3-L4, alcançam brônquios, rompem alvéolos, vão para traqueia, laringe, faringe, esôfago (deglutidas), estômago e intestino delgado, onde passa a L5 (adulto) PPP de 28 – 32 dias Ciclo Biológico Cães com > 5 meses – não conseguem fazer a muda para L3 no pulmão devido à imunidade do hospedeiro, alcançando a grande circulação e disseminando-se para a musculatura esquelética Quase 100% das cadelas possuem larvas encistadas nos músculos esqueléticos (larvas não afetadas por medicação anti-helmíntica Nos machos, é denominado Ciclo Abortivo, pois as larvas nunca serão mobilizadas e sofrerão calcificação. Nas fêmeas, é denominado Ciclo Somático e as larvas ficam em estado de latência, à espera da gestação, quando irão mobilizar-se, atingir o útero e fazer migração transplacentária, atingindo o fígado fetal Transmissão Direta – ingestão de ovos infectantes Hospedeiro paratênico – predação de roedores Transmamária – filhotes ingerem L3 no leite da mãe Transplacentária (pré-natal) – filhotes já nascem doentes, devido à migração de L2s de tecidos da mãe através da placenta e veia umbilical para o fígado fetal. Após o nascimento as larvas migram para os pulmões Sinais clínicos Desconforto abdominal intenso (filhotes), que choram e gritam de modo contínuo Vermes imaturos podem aparecer em fezes e vômitos Pode haver obstrução intestinal quando da morte dos vermes por tratamento anti-helmíntico Obstrução ou ruptura intestinal (morte) Falha no desenvolvimento do animal tamanho menor, pelagem opaca abdome distendido Controle Pisos de concreto higienizados regularmente Medicação anti-helmíntica específica periódica (mesmo em adultos): Mebendazole (Panacur), Praziquantel, Febantel, Pamoato de Pirantel, Milbemicina, Ivervectina... Sinais clínicos Presença de parasitas nas fezes dos filhotes Diagnóstico Diagnóstico Exames de flutuação das fezes, para identificação dos ovos Em animais de estimação, os exames de fezes devem ser analisados de modo qualitativo, ou seja, a presença de um único ovo determina tratamento do animal (zoonose) Filhotes DEVEM ser desverminados a partir da 2ª semana após o nascimento, pois quase 100% das ninhadas nascem infestadas As fêmeas paridas devem ser desverminadas antes do período de acasalamento e logo após desmamarem os filhotes Toxocara cati GATOS Características Morfológicas Extremidade anterior Extremidade posterior ESPÍCULOS Ovos CASCA ESPESSA Ciclo Biológico Não ocorre infecção pré-natal (transplacentária) Alta proporção de larvas fazem migração traqueal mesmo em adultos Transmissão transmamária é a maior via de infecção em filhotes Além de camundongos, vários outros animais podem ser hospedeiros paratênicos – galinhas, minhocas, baratas Hospedeiros paratênicos têm maior importância devido ao comportamento mais predatório dos gatos Diagnóstico e Controle Mesmo diagnóstico para Toxocara canis Limpeza permanente do ambiente Hipoclorito de sódio – remove a camada superficial da casca do ovos – facilita a remoção dos ovos ou jato de água e vapor Reduzir a possibilidade de encontro entre os hospedeiros definitivos e os paratênicos Controle anti-helmíntico tanto para filhotes como para adultos (zoonose) Toxascaris leonina CANÍDEOS E FELÍDEOS CASCA ESPESSA E LISA LÁBIOS ASA CERVICAL LARVA MIGRANS VISCERAL Toxocara spp Zoonose Larvas errantes podem se concentrar no fígado, sistema nervoso central e globo ocular Cães em contato com seres humanos DEVEM ser desverminados periodicamente ( 3 – 3 meses) É responsabilidade do veterinário alertar os proprietários sobre os riscos, tomar medidas para o controle e eliminação das fontes de infecção Evitar que crianças brinquem em locais onde cães e gatos podem ter defecado – areia e terra em parques públicos Nunca usar fezes de cães e gatos para adubação Ascaris suum SUÍNOS Características Gerais Tamanho: 15 a 40 cm Podem ocorrer infecçõescruzadas entre A. lumbricoides em suínos e A. suum em humanos Via de transmissão: ingestão de ovos infectantes presentes no solo contaminado ou aderidos nas mamas das porcas Ciclo Biológico Eliminação de ovos para o ambiente (A) Desenvolvimento de L2 dentro do ovo (C) Minhocas e besouros podem ingerir os ovos embrionados funcionando como hospedeiros paratênicos (D) Infecção pela ingestão de ovos ou hospedeiros paratênicos (E) Eclosão dos ovos no estômago e intestino delgado L3 penetra parede de ceco ou cólon e migra através do sistema porta (F) para o fígado (G) L3 migra do fígado para pulmões via sistema venoso, coração direito e artérias pulmonares Nos pulmões (H) rompem os alvéolos pulmonares e migram para faringe (I) onde são engolidas No intestino delgado (F) sofrem 2 mudas, de L3 para L4 e para adultos jovens CASCA ESPESSA E RUGOSA LARVA NO INTERIOR DO OVO Patogenia Principais sintomas aparecem durante o PPP Larvas causam inflamação no fígado, destruição do tecido e hemorragia Lesões típicas no fígado – manchas leitosas Migração de larvas nos pulmões – lesões hemorrágicas, edema, enfisema Suínos jovens podem apresentar dificuldade respiratória Menor crescimento dos leitões Aumento da condenação de órgãos Diagnóstico e Controle Necrópsia – fragmentos pulmonares examinados pelo Método de Baermann – evidenciação de larvas Em infecções mais antigas pode-se encontrar ovos nas fezes – flutuação em sal - Método de Gordon e Whitlock (OPG) Tratamento dos animais, principalmente das porcas Lavagem das porcas antes da maternidade – remoção de ovos aderidos nas tetas Criação em piso cimentado e higienizações freqüentes Parascaris equorum EQÜINOS Características Morfológicas Dimensões grandes (até cerca de 50 cm) Ciclo e epidemiologia semelhantes ao A. suum Ovos muito resistentes ao ambiente PPP – mais de 2,5 meses Boca trilabiada e entre cada lábio apresenta um interlábio CASCA ESPESSA E RUGOSA Ciclo Biológico A infecção ocorre pela ingestão de ovos contendo L2 Eclosão no intestino e migração da L2 através da parede intestinal (A) para o fígado (B) pelo sistema porta hepático Muda de L2 a L3 Migração para os pulmões (C) através das artérias cardíacas e pulmonares Migração dos pulmões para o intestino L3 rompem os capilares alveolares e migram para a traquéia e faringe Após a tosse e deglutição as larvas sofrem mudas no intestino Período pré-patente de 12-16 semanas Patogenia, Sintomas e Diagnóstico Migrações larvais causam perfurações nos órgãos Enterite , reações alérgicas Desnutrição , obstrução intestinal Perfuração intestinal pode ocorrer – peritonite e morte Tosse e descargas nasais – migrações larvais (PPP) Menor ganho de peso/perda de peso – vermes no intestino Encontro de ovos típicos nas fezes – flutuação em sal Controle Atenção: a morte dos vermes em infecções maciças pode levar à obstrução intestinal total Desinfetantes com ação direta efetiva Limpeza e remoção das fezes periodicamente, utilização de jato de água com vapor, limpeza do úbere das éguas Outros Ascarídeos de Importância Veterinária Neoascaris vitullorum Parasita intestino delgado de bovinos Medem de 15 – 30 cm Ascaridia galli Parasitam intestino delgado de galinhas Podem medir até 12 cm de comprimento Heterakis gallinarum Morfologia Hospedeiros: aves domésticas e silvestres Cecos Até 1,5 cm de comprimento. Cauda pontiaguda e alongada Ovo – casca fina • Machos Espículos de tamanhos diferentes Ventosa pré-cloacal Asas caudais Sem gubernáculo • Fêmeas Extremidade posterior afilada Vulva no terço médio do corpo Ciclo Biológico Vermes adultos nos cecos Fêmea: libera ovos embrionados com as fezes No ambiente L1 e L2. Podem permanecer infectante no solo por 4 anos Ovo com L2 pode ser ingerido: 1. Pela ave 2. Pelo inseto, moscas (atua como hospedeiros mecânicos) podem ser ingeridos pelas aves 3. Por minhoca (hospedeiro paratênico) eclosão da L2 (as larvas podem permanecer viáveis nestes hospedeiros por pelo menos 1 ano). Ave ingere ovo ou minhoca contendo L2 liberação da L2 na moela ou duodeno , no ceco se transforma em adulto. As fêmeas iniciam a ovopostura 24 a 36 dias após a ingestão dos ovos infectantes Hospedeiro Paratênico Minhocas que ingerem os ovos pertencem aos gêneros: Lumbricus, Allolobophora e Eisenia Eisenia spp Lumbricus spp Importância Ação sobre o hospedeiro: Geralmente não-patogênico. Importância como vetor do protozoário Histomonas meleagridis (entero-hepatite dos perus) Diagnóstico e Controle • Exame parasitológico de fezes e necrópsia (presença dos vermes) • Remoção e destinação adequada da cama utilizada nas criações Oxyurídeos • Hospedeiros: eqüinos e asininos • Localização: ceco, cólon e reto Três lábios ao redor da boca Oxyuris equi Machos medem de 9 a 12 mm de comprimento e as fêmeas de 40 – 150 mm O machos apresentam um único espículo, sem gubernáculo EXTREMIDADE POSTERIOR DA FÊMEA Fêmeas adultas são de coloração branca, com extremidade anterior espessa e caudas pontiagudas (Oxyuris = cauda pontiaguda) Ovos – morfologia ovóide, amarelados, levemente achatados em um lado, com um tampão mucóide em uma extremidade, são operculados. Ciclo Biológico Vermes adultos na luz do ceco e cólon onde se alimentam do conteúdo intestinal Fêmeas fecundadas migram para o reto, exteriorizam sua porção anterior através do ânus, depositam seus ovos na região peri- anal, que ficam aglutinados por uma substância gelatinosa Após a ovoposição as fêmeas morrem No ambiente a larva no interior do ovo se desenvolve até L3 (4 a 5 dias) Os eqüinos se infestam pela ingestão de água e alimentos contaminados pelos ovos contendo L3 Após a ingestão dos ovos, ocorre eclosão do ovo no intestino delgado e as larvas penetram nas criptas intestinais do ceco e do cólon onde mudam para L4. Se alimentam da mucosa. A L4 é observada após 8 a 10 dias da infecção. Após 50 dias da infecção os adultos são observados no lúmen intestinal. PPP de cerca de 5 meses. Sinais Clínicos Adultos: não há manifestações sintomatológicas. Larvas L4 alimentam-se da mucosa: inflamação e ulcerações Irritação perineal devido à ação das fêmeas e da substância gelatinosa durante a ovoposição, ocorrendo prurido intenso ao redor do ânus, alopecia e inflamação na região dorsal da cauda e períneo. Animais estressados e deixam de se alimentar. Ovos são espalhados no ambiente quando o animal se coça. Diagnóstico Sintomatologia clínica (prurido anal) associada ao achado de massas de ovos amarelo- acinzentados no períneo Vermes (fêmeas) são observados nas fezes (eliminadas passivamente ou durante a ovoposição) Ovos são raramente encontrados no exame parasitológico das fezes colhidas do reto Ovos são mais facilmente encontrados em materiais colhidos do períneo e de fezes colhidas do solo Colocação de fita gomada ao redor do ânus. Espera-se cerca de 10 minutos, retira a fita e observa ao microscópio ou lupa, procurando os ovos (técnica da fita gomada) Controle • Limpeza e higiene do períneo e cauda. • Uso de anti-helmínticos de amplo espectro (fenbendazol, ivermectina, moxidetina, palmoato de pirantel, piperazina) • Limpeza das instalações. D Ú V I D A S
Compartilhar