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INTRODUÇÃO AOS DOS ERROS INATOS DO METABOLISMO Anna Karolinne Nascimento, R2 – Genética Médica 01 DEFINIÇÃO O que são Erros Inatos do Metabolismo (EIM) ? 02 CLASSIFICAÇÃO Saudubray 03 PENSANDO EM EIM Sinais e sintomas de alerta 04 CONDUTA DE EMERGÊNCIA Tratamento emergencial geral e específico 01 DEFINIÇÃO O que são os erros inatos do metabolismo? O QUE É UM EIM ? Grupo de doenças de etiologia genética, que geram um defeito enzimático e interrupção de uma via metabólica. Ocorre falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Consequências: ausência de um produto esperado, acúmulo de substrato da etapa anterior a interrompida ou o surgimento de uma rota metabólica alternativa podem levar ao comprometimento dos processos celulares. O QUE É UM EIM ? Os EIM podem ocorrer em qualquer área do metabolismo: EIM dos aminoácidos, dos acido orgânicos, ciclo da ureia, carboidratos, beta-oxidação, lisossomos, peroxissomos, mitocôndrias. Podem apresentar sintomas em qualquer faixa etária, desde o período pré-natal até a idade adulta. São doenças isoladamente raras, porém coletivamente numerosas. Concentração étnica: Judeus Ashkenazi: Tay-Saches, Gaucher Franco-canadences: tirosinemia hepatorrenal Amish: MSUD Sul africanos caucasóides: porfiria variegata Turcos: fenilcetonúria. ME TA BO LIS MO h tt p :/ /b io c h e m ic a l- p a th w a y s .c o m /# /m a p /1 http://biochemical-pathways.com/ 02 CLASSIFICAÇÃO De acordo com o livro Saudubray CLASSIFICAÇÃO Saudubray De acordo com Saudubray, os EIM são classificados em três grandes grupos, de acordo com as consequências geradas ao metabolismo: Grupo 01 – Distúrbios com intoxicação aguda Grupo 02 - Distúrbios envolvendo metabolismo energético Grupo 03 - Distúrbios envolvendo moléculas complexas. GRUPO 01 - Distúrbios com intoxicação aguda Erros inatos de metabolismo intermediário . Ocorre intoxicação aguda ou progressiva pelo acúmulo de moléculas proximais ao bloqueio metabólico. Exemplos desse grupo: Erros inatos do catabolismo de aminoácidos (AA) (fenilcetonúria, doença da urina do xarope de bordo, homocistinúria, tirosinemia etc.). Maioria das acidúrias orgânicas (metilmalônica, propiônica, isovalérica etc.) Defeitos congênitos do ciclo da uréia Intolerâncias ao açúcar (galactosemia, intolerância hereditária à frutose) Intoxicação por metais (Wilson, Menkes, hemocromatose, etc) Porfirias. Erros inatos da síntese e catabolismo de neurotransmissores (monoaminas, GABA e glicina). Erros inatos da síntese de AA (serina, glutamina, prolina / ornitina e asparagina). FE NI LC ET ON ÚR IA GRUPO 01 - Distúrbios com intoxicação aguda Sinais clínicos comuns entre essas condições: Não interferem no desenvolvimento fetal (placenta faz o metabolismo dessas moléculas nesse período); Apresentam intervalo livre de sintomas; Episódios agudos do tipo “intoxicação”, que podem apresentar vômitos, hipotonia, recusa alimentar, coma, insuficiência hepática, complicações tromboembólicas, crises epilépticas. Sinais crônicos: failure to thrive, atraso do desenvolvimento, ectopia lentis, cardiomiopatia, etc. Desencadeantes de eventos metabólicos: catabolismo (febre, doenças, ingesta alimentar); Tratamento: remoção emergencial da toxina por dietas especiais, procedimentos extra-corporais ou medicamentos de "limpeza” da toxina. GRUPO 02 - Distúrbios envolvendo metabolismo energético Deficiência na produção ou utilização de energia no fígado, miocárdio, músculo, cérebro ou outros tecidos. Divididos em defeitos Mitocondriais e citoplasmáticos. Distúrbios da glicólise, metabolismo do glicogênio e gliconeogênese, hiperinsulinismos (todos os distúrbios tratáveis), distúrbios do metabolismo da creatina (parcialmente tratáveis) e defeitos da via da pentose fosfato (PPP) -intratáveis. Acidemias láticas congênitas (defeitos do transportador de piruvato, piruvato carboxilase (PC), piruvato desidrogenase (PDH) e ciclo de Krebs), distúrbios da cadeia respiratória mitocondrial (perturbando a própria cadeia respiratória, um transportador mitocondrial ou a coenzima Q10 (CoQ ) e oxidação dos ácidos graxos (FAO) e defeitos corporais da cetona OX ID AÇ ÃO D E Á CI DO S GR AX OS GRUPO 02 - Distúrbios envolvendo metabolismo energético Sinais e sintomas: • Hipoglicemia • Hiperlactatemia • Hepatomegalia • Hipotonia generalizada grave • Miopatia • Cardiomiopatia • Failure to thrive • Insuficiência cardíaca = colapso circulatório • Morte súbita inesperada na infância • Envolvimento cerebral Fator desencadeante: jejum prolongado, gerando demanda lipídica ao corpo. https://youtu.be/d1A7e_mkC9o https://youtu.be/d1A7e_mkC9o GRUPO 03 - Distúrbios envolvendo moléculas complexas Esse grupo envolve organelas celulares (lisossomos, peroxissomos, retículo endoplasmático, aparelho de Golgi e mitocôndrias) e inclui doenças que perturbam a síntese, remodelação, reciclagem, tráfego e catabolismo de moléculas complexas. Sintomas permanentes, progressivos, independentes de descompensações metabólicas e não relacionados a alimentação. Acúmulo deformação perda de função GRUPO 03 - Distúrbios envolvendo moléculas complexas Distúrbios do armazenamento lisossômico (LSD) Transtornos peroxissômicos (PBD) Distúrbios do tráfego e processamento intracelular, como alfa-1-antitripsina. Distúrbios congênitos da glicosilação (CDG). Defeitos metabólicos de fosfolipídios, triglicerídeos, esfingolípidos, isoprenoides: colesterol, ubiquinona, dolichol, plasmalogênios. Distúrbios do metabolismo de ácidos graxos complexos de cadeia longa (ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA) https://www.youtube.com/watch?v=en9M2P8SVRE https://www.youtube.com/watch?v=dd9WGb9xKEo https://www.youtube.com/watch?v=RCOvoa4idyA https://www.youtube.com/watch?v=AUkqYvZ9tn0 https://www.youtube.com/watch?v=4Q6wpTxiIYE https://www.youtube.com/watch?v=ecRCw4NKcJ8 DOENÇAS https://www.youtube.com/watch?v=en9M2P8SVRE https://www.youtube.com/watch?v=dd9WGb9xKEo https://www.youtube.com/watch?v=RCOvoa4idyA https://www.youtube.com/watch?v=AUkqYvZ9tn0 https://www.youtube.com/watch?v=4Q6wpTxiIYE https://www.youtube.com/watch?v=ecRCw4NKcJ8 MPS I 03 PENSANDO EM EIM Sinais e sintomas de alerta HISTÓRIA FAMILIAR Maioria dos EIM são AR consanguinidade, origem familiar étnica ou geográfica próxima (https://youtu.be/GZudeskYF5A). Relato de filho anterior falecido de quadro agudo inexplicável, como sepse presumida, encefalopatia ou morte súbita do RN (principalmente em EIM intermediário – acidemias orgânicas, por ex), insuficiência cardíaca ou hemorragia intraventricular. Em alterações ligadas ao X, as mulheres podem apresentar sintomas leves, pela inativação aleatória do X ex: deficiência de ornitina transcarbamilase (OTC) crises hiperamonêmicas desencadeadas por estressores. Mãe tem EIM, criança afetada pelos metabólitos maternos: Ex. PKU materno. Mães com dieta vegana deficiência nutricional de vitamina B12 ADNPM https://youtu.be/GZudeskYF5A ALTERAÇÕES PRÉ-NATAIS Fetos com EIM de pequenas moléculas geralmente tem o desenvolvimento intrauterino normal metabólitos são eliminados pela placenta. Achados do pré natal podem ser divididos em 3 categorias: Malformações verdadeiras: Defeitos na síntese de colesterol: 8 tipos, incluindo a síndrome de Smith- Lemli-Opitz Transportador mitocondrial de pirofosfato de tiamina (microcefalia de Amish). https://doi.org/10.1002/ajmg.10529 Smith-Lemli-Opitz https://doi.org/10.1002/ajmg.10529 ALTERAÇÕES PRÉ-NATAIS Displasias, como heterotopias corticais, cistos corticais,anormalidades da fossa posterior, rins policísticos, cistos hepáticos. Deficiência de carnitina palmitoil transferase II (cistos renais). Hipofosfatasia. ALTERAÇÕES PRÉ-NATAIS Sinais funcionais, como como retardo de crescimento intra-uterino,hidropsia fetal, hepatoesplenomegalia, microcefalia Distúrbios de armazenamento lisossômico (hidropsia fetal). ALTERAÇÕES PRÉ-NATAIS CIUR: síndrome alcoólica fetal, lactentes nascidos de mães com fenilcetonúria não tratada, defeitos de biossíntese de colesterol, CDG, distúrbios de armazenamento lisossômico,. OBS: : LCHAD = deficiência de hidroxiacil- CoA desidrogenase de cadeia longa ou deficiência de carnitina palmitoiltransferase II ou defeitos da beta oxidação as mães desses fetos podem desenvolver esteatose hepática, pré eclampsia ou até mesmo síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas, baixas plaquetas). SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM EIM Reserva enzimática espectro de gravidade. Grupo 1: período assintomático ingesta de LM deterioração inexplicável sintomas atribuídos a sepse coma óbito. Período assintomático = de horas a semanas. sintomas de "intoxicação“ = forma aguda (vômitos, coma, falência hepática, complicações tromboembólicas) ou crônica (déficit de crescimento e desenvolvimento, alterações visuais, cardiomiopatia, sintomas psiquiátricos). Sintomas desencadeados por situações catabólicas: febre, infecções virais ou ingesta alimentar reduzida SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM EIM Grupo 2: metabolismo energético Intolerância ao jejum e/ou exercício físico intenso = esgotamento da reserva energética e necessidade de uso dos lipídeos distúrbios da oxidação de ácidos graxos. Mitocondriais: podem se sobrepor aos EIM do grupo 1, porém com deterioração geralmente irreversível. Grupo 3: moléculas complexas Raramente com crises metabólicas agudas Progressivo Facies grosseira T1E1 T1E1 SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM EIM Deterioração neurológica (encefalopatia metabólica): essa é a apresentação mais comum e as principais causas são doença da urina do xarope de bordo (MSUD), acidúrias orgânicas de cadeia ramificada (BCOAs) e defeitos do ciclo da uréia (UCDs). O tratamento deve ser iniciado imediatamente para evitar sequelas cerebrais graves. Insuficiência hepática: a galactosemia e a tirosinemia tipo I. Hipoglicemia: os níveis de glicose no sangue devem ser corrigidos imediatamente. Os três grupos de distúrbios geralmente implicados são hiperinsulinismo, doenças de armazenamento de glicogênio (GSD) e defeitos na oxidação de ácidos graxos mitocondriais (FAO). Insuficiência cardíaca: em neonatos, os distúrbios tratáveis incluem defeitos da FAO, doença de Pompe infantil. Hiperlactinemia: pensar em desordem do metabolismo do piruvato convertido em lactato e alanina. Convulsões intratáveis SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM EIM Odores diferentes: SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM EIM Cor da urina: http://www.porfiria.org.br/fac_aguda.htm http://www.porfiria.org.br/fac_aguda.htm ALTERAÇÕES LABORATORIAIS 04 CONDUTA DE EMERGÊNCIA Tratamento emergencial geral e específico AVALIAÇÃO INICIAL Geral: hemograma completo, eletrólitos, amônia, lactato, glicemia, ureia, creatinina, ac úrico, gasometria (status acido- básico), CK, TGO, TGP, coagulograma, CPK, CKMB, cetonas na urina. Armazenar amostra de plasma, sangue em papel filtro e urina congelada. OSB: se for realizar punção lombar, armazene parte da amostra. Ficar alerta em crianças com sepse e culturas negativas: pode ser EIM. Lembrar que pacientes com EIM podem realmente ter sepse: galactosemia e sepse por Escherichia coli no período neonatal; hemoculturas positivas e sepse clínica em citrulinemia, acidúria propiônica e outros distúrbios. ACIDOSE E CETOSE Pontos iniciais: Cetose maciça em um RN: pensar em acidemia orgânica. As acidúrias orgânicas mais frequentes são a acidúria propiônica, acidúria metilmalônica, deficiência múltipla de carboxilase, acidúria isovalérica e deficiência de 3-oxotiolase. Acidose com anion gap aumentado! Se apresentar acidose hipercloremica com anion gap normal, pensar em: perda intestinal, acidose tubular, hiper-hidratação com SF. CONDUTA GERAL = ESTABILIZAÇÃO A ressuscitação volêmica com soro fisiológico (normalmente soro fisiológico)deve ser fornecida conforme necessário para manter a circulação. OBS: Ringer com lactato deve ser evitado devido ao potencial de exacerbar a acidose láctica. A administração de líquidos hipotônicos pode causar edema cerebral. Suporte ventilatório = efeitos tóxicos diretos dos metabólitos causam depressão respiratória ou edema cerebral. CONDUTA GERAL = CONTROLE DO SUBSTRATO Controle do acúmulo de substrato: aminoacidopatias , acidemias orgânicas, galactosemia = com retirada do aminoácido específico ou da galactose da dieta. Controle da produção: distúrbio do ciclo da uréia com suspensão temporária da alimentação proteica. Com o objetivo de remover os metabólitos acumulados interromper a ingesta protéica por 24 a 48horas. (cuidado com jejum prolongado = catabolismo muscular). Reiniciar alimentação com 05g/kg/dia de proteína, e manter ingesta entre 1 a 2 g/kg/dia até o diagnóstico definitivo. Administrar solução de glicose a 10mg/Kg/min (solução a 10%) e eletrólitos no volume de 150 ml/kg/dia. Na glicemia superior a 200mg/dl, iniciar insulinoterapia 0,1- 1,0UI/ Kg/h (estímulo ao anabolismo = manter glicemia entre 100-120). Manter o aporte energético acrescentando lipídeos de 0,5 a 1,0gr/Kg/dia , após exclusão de Defeitos de oxidação de ácidos graxos de cadeia longa. CONDUTA GERAL = ACELERAÇÃO DA REMOÇÃO Aceleração da remoção : Hiperamonemia removida com diálise peritonial ou hemodiálise nos casos mais graves . Nas hiperamonemias, Amônia superior a 500umol/dl (850mg/dl) = iniciar exsanguineotransfusão ou hemodiálise! O uso do benzoato de sódio, fenilacetato ou fenilbutirato de sódio, utilizados nos defeitos do ciclo da uréia, promove aumento da excreção dos compostos nitrogenados, reduzindo, desta forma, o acúmulo da amônia. CONDUTA GERAL = OUTROS PONTOS Acidose metabólica: geralmente as acidoses relacionadas a uma acidemia orgânica não tratada têm baixa resposta ao uso de bicarbonato. Correção rápida ou excessiva da acidose pode causar alterações graves de SNC. OBS: A administração de bicarbonato em pacientes hiperamonêmicos deve ser evitada, pois pode causar edema cerebral e diminuir a excreção urinária de amônia ESTÍMULO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA RESIDUAL = COFATORES Cobalamina ( vitamina B12 , 1 mg por via subcutânea ou intramuscular [IM]) pode ser administrada a pacientes com acidose metabólica e suspeita de acidemia orgânica (caso o paciente tenha uma forma de acidemia metilmalônica responsiva à vitamina B12). Piridoxina (100 mg por via intravenosa) ou fosfato de piridoxal (a forma ativa da piridoxina [ vitamina B6 ], 10 mg / kg IV deve ser administrada a neonatos com convulsões que não respondem aos anticonvulsivantes convencionais; se não houver resposta à piridoxina, o ácido folínico, 2,5 mg IV deve ser administrado para possíveis crises convulsivas em resposta à ac folínico (leucovorina). Biotina (10 mg por via oral ou via sonda nasogástrica) deve ser administrada a neonatos com crises recorrentes para possível deficiência múltipla de carboxilase múltipla responsiva à biotina. ESTÍMULO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA RESIDUAL = COFATORES A suplementação de carnitina (100 mg / kg por dia em três doses divididas por via oral ou IV) pode ser útil em pacientes com acidemias orgânicas, distúrbios da oxidação de ácidos graxos e deficiência primária ou secundária de carnitina. Uma dose mais alta (200 mg / kg por dia IV ou 300 mg / kg por dia por via oral) pode ser usada para promover a excreção de ácidos orgânicos (por exemplo, excreção de propionilcarnitina na acidemia propiônica) em pacientes críticos com um desses distúrbios. ESTÍMULO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA RESIDUAL = COFATORES ESTÍMULO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA RESIDUAL = COFATORES ME DI CA ÇÕ ES D E E ME RG ÊN CI A OBRIGADA
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