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Pedagogia da Educação Infantil (PED02) - Livro

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Prévia do material em texto

2013
Pedagogia da educação 
infantil
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
373.2
S842p Steuck, Cristina Danna
 Pedagogia da educação infantil / Cristina Danna Steuck; Lúcia Cristiane 
Moratelli Pianezzer. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 279 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830- 661-8
 1.Educação infantil. 2. Pedagogia.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
aPresentação
Falar da Educação Infantil normalmente nos emociona. Em primeiro 
lugar pela responsabilidade que temos nas mãos, em seguida, pela dedicação 
e paciência que se fazem necessárias no convívio com crianças tão lindas, 
frágeis e pequenas. Por fim, nos emociona pela paixão que subitamente nasce 
no peito quando olhamos nos olhos de uma criança.
Trabalhar com a Educação Infantil é simplesmente maravilhoso! Isso 
não quer dizer que seja fácil... Normalmente não é, justamente pela dedicação 
exigida do profissional que lida com esta faixa etária para o desenvolvimento 
e aprendizagem saudável dos educandos, em todos os aspectos.
Ao folhear, ler e estudar este caderno, você encontrará materiais que 
poderão servir de suporte ou embasamento teórico para suas ações, enquanto 
educador. Você poderá, inclusive, refletir sobre o cotidiano das instituições 
de Educação Infantil e valer-se de uma série de dicas a fim de enriquecer sua 
prática pedagógica.
Para tanto, dividimos o caderno em três unidades de estudo. Na 
Unidade 1, nosso foco se voltará às teorias defendidas por importantes 
teóricos, e faremos uma síntese sobre o papel da escola (Instituição de 
Educação Infantil) e do professor dentro de cada uma das teorias.
Já na Unidade 2, abordaremos as questões que envolvem o espaço 
físico, a rotina e o tempo na Educação Infantil. Além disso, conheceremos 
como se dá o planejamento por parte do educador e como ele trabalha a 
construção da autonomia e da identidade nas crianças, apoiados nos eixos 
norteadores da Educação Infantil.
Por fim, na Unidade 3, a nossa atenção se voltará sobre as múltiplas 
linguagens na abordagem de Reggio Emília, a importância da afetividade e 
das interações na Educação Infantil e o desenvolvimento de trabalhos por 
meio da pedagogia de projetos, uma “nova” perspectiva na arte de ensinar e 
aprender. Vale a pena conhecer cada detalhe desta pedagogia que envolve as 
áreas do conhecimento e a comunidade escolar, numa teia de conhecimentos 
gerada a partir do interesse das crianças. Ainda nesta unidade serão 
abordadas questões pertinentes à avaliação e ao registro.
Por meio do estudo dos temas explanados neste caderno, pretendemos 
conduzi-lo(a) na construção de conhecimentos e na busca incessante do 
“saber”, acompanhado do “saber fazer”. Que nossas discussões teórico-
práticas ajudem você na compreensão do universo infantil.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Esperamos que você se sinta motivado(a) a ir além dos escritos 
deste caderno, participando ativamente de todo o seu processo de ensino e 
aprendizagem, por meio de outras ferramentas de apoio como o Ambiente 
Virtual de Aprendizagem (AVA), trilhas de aprendizagens, fórum, enquete, 
materiais de apoio... Enfim, sinta-se acompanhado(a) e aplaudido(a) durante 
toda sua caminhada nesta Instituição.
Bons estudos e profundas reflexões!!!
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
NOTA
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO 
 INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA .................................................... 1
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA WALDORF ....................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3
2 RUDOLF STEINER (1861-1925) ...................................................................................................... 3
3 A PEDAGOGIA WALDORF ........................................................................................................... 5
4 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 12
5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF .................................................................. 15
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 – A PEDAGOGIA MONTESSORI ............................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 21
2 MARIA MONTESSORI (1870-1952) .............................................................................................. 22
3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças) ................................................................................... 25
4 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 27
5 PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO MONTESSORI ................................................... 33
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 36
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 37
TÓPICO 3– A PEDAGOGIA FREINET .......................................................................................... 39
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 39
2 CÉLESTIN FREINET (1886-1966) ................................................................................................... 40
3 A PEDAGOGIA FREINET .............................................................................................................. 42
4 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 48
5 PAPEL DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA FREINET ............................................................ 55
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 60
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 62
TÓPICO 4 – O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET ....................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 63
2 JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET (1896-1980) .............................................................................. 63
3 A TEORIA CONSTRUTIVISTA DE PIAGET ............................................................................. 67
4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA PIAGET ................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 79
TÓPICO 5 – O SOCIOINTERACIONISMO DE VYGOTSKY ................................................... 81
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 81
2 LEV SEMYNOVITCH VYGOTSKY (1896-1934) ......................................................................... 81
3 A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VYGOTSKY ........................................................ 85
4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA VYGOTSKY ............................................ 93
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 95
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 5 .................................................................................................................... 98
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 100
UNIDADE 2 – DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: 
 ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS ............................................. 101
TÓPICO 1 – ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES 
 FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................... 103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 103
2 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO 
 DE IDADE .......................................................................................................................................... 103
2.1 SALA DE REPOUSO ................................................................................................................... 104
2.2 SALA DE ATIVIDADES .............................................................................................................. 105
2.3 FRALDÁRIO ................................................................................................................................. 109
2.4 LACTÁRIO ................................................................................................................................... 110
2.5 SOLÁRIO ...................................................................................................................................... 111
3 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 1 A 6 ANOS ............................... 111
3.1 SALA DE ATIVIDADES .............................................................................................................. 113
3.2 SALA MULTIÚSO/BRINQUEDOTECA .................................................................................... 121
3.3 REFEITÓRIO .................................................................................................................................. 121
3.4 BANHEIROS .................................................................................................................................. 122
3.5 PÁTIO COBERTO ......................................................................................................................... 123
3.6 ÁREA EXTERNA .......................................................................................................................... 123
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 126
TÓPICO 2 – A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA 
 EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................ 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 127
2 A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DA ROTINA ...................................................................... 128
3 ROTINA E PLANEJAMENTO: O PAPEL DO PROFESSOR ................................................... 133
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 148
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 152
TÓPICO 3 – A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA 
 CRIANÇA ....................................................................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 153
2 O DESENVOLVIMENTO DA INDEPENDÊNCIA NA APRENDIZAGEM ......................... 154
3 A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, SEGUNDO PAULO FREIRE ....................................... 157
4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ......................................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 173
TÓPICO 4 – OS EIXOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: 
 INTERAÇÃO, BRINCADEIRA E APRENDIZAGEM ........................................... 175
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 175
2 BRINCADEIRAS E JOGOS INFANTIS ........................................................................................ 176
3 MÚSICAE ARTES VISUAIS ......................................................................................................... 180
4 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ................................................................................................. 182
5 NATUREZA E SOCIEDADE .......................................................................................................... 184
IX
6 EDUCAÇÃO E SAÚDE .................................................................................................................... 187
7 MATEMÁTICA ................................................................................................................................. 190
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 193
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 195
UNIDADE 3 – AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......... 197
TÓPICO 1 – A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS .................................................. 199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 199
2 A ABORDAGEM DE REGGIO EMÍLIA NA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA 
 INFÂNCIA ......................................................................................................................................... 200
3 APRENDER E ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................... 205
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 212
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 214
TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA 
 EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................. 215
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 215
2 RELAÇÕES DE AFETIVIDADE NAS INTERAÇÕES DO DIA A DIA ................................. 216
3 PAIS E EDUCADORES: UMA IMPORTANTE PARCERIA NA EDUCAÇÃO 
 DAS CRIANÇAS .............................................................................................................................. 223
4 OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO ................................................................................... 227
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 230
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 232
TÓPICO 3 – PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 235
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 235
2 A PEDAGOGIA DE PROJETOS .................................................................................................... 236
3 O PROFESSOR NA PEDAGOGIA DE PROJETOS ................................................................... 242
4 AS CRIANÇAS E O GRUPO NA PEDAGOGIA DE PROJETOS ........................................... 244
5 AS FAMÍLIAS E A COMUNIDADE NESTA PEDAGOGIA ................................................... 246
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 247
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 248
TÓPICO 4 – AVALIAÇÃO E REGISTRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................. 249
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 249
2 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CRIANDO ALTERNATIVAS 
 QUE RESPEITEM A DIVERSIDADE ........................................................................................... 249
3 OBSERVAÇÃO, REGISTRO E AVALIAÇÃO FORMATIVA ................................................... 255
4 POR QUE E PARA QUE REGISTRAR? ........................................................................................ 257
4.1 PORTFÓLIO ................................................................................................................................. 260
4.2 DOSSIÊ .......................................................................................................................................... 261
4.3 ARQUIVO BIOGRÁFICO ........................................................................................................... 262
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 264
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 266
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 268
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 271
X
1
UNIDADE 1
AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES 
TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: 
RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer os principais teóricos da Educação Infantil;
• diferenciar as metodologias e concepções de cada teórico;
• compreender o papel do professor e da escola dentro de cada concepção;
• estabelecer relações entre as concepções teórico-pedagógicas;
• relacionar as diferentes concepções com a prática diária da Educação In-
fantil.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Em cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a compreender e fixar os 
conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA WALDORF 
TÓPICO 2 – A PEDAGOGIA MONTESSORI
TÓPICO 3 – A PEDAGOGIA FREINET
TÓPICO 4 – O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET
TÓPICO 5 – O SOCIOINTERACIONISMO DE VYGOTSKY
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A PEDAGOGIA WALDORF
1 INTRODUÇÃO
2 RUDOLF STEINER (1861-1925)
Não há, basicamente, em nenhum nível, uma educação que não 
seja a autoeducação [...] Toda educação é autoeducação e nós, como 
professores e educadores, somos, em realidade, apenas o ambiente 
da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício 
ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como 
ela precisa educar-se por meio de seu destino interior (STEINER, 2000 
[palestra proferida em 1923]).
Vamos iniciar nossa caminhada conhecendo o teórico Rudolf Steiner? 
Você já ouviu falar nele ou nas escolas Waldorf? Sabe qual teoria ele desenvolveu 
e qual foi sua contribuição para a Educação Infantil? 
A Pedagogia Waldorf, criada por Steiner, tem como base a sua teoria do 
desenvolvimento humano: a antroposofia. Esta pedagogia não exige do aluno o 
pensamento abstrato, a não ser no Ensino Médio, e se desenvolve levando em 
consideração a fase em que as crianças se encontram. Pode ser considerada uma 
pedagogia holística, pois valoriza o desenvolvimento físico, etéreo e astral.
E então, ficou curioso(a) para desvendar as características da Pedagogia 
Waldorf? Vamos lá! 
Para compreendermos a Pedagogia Waldorf, primeiramente estudaremos 
sobre a vida de Rudolf Steiner, tendo por base os textos de Trevisan (2006) e 
Canelada (2011).
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
4
FIGURA 1 – RUDOLF STEINER
FONTE: Disponível em: <http://norfleet1941.tripod.com/rudolf_steiner.htm> Acesso em: 15 maio 2012.
Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861, na cidade de Kraljevec, na 
Áustria. Morou até os oito anos de idade na cidade de Pottschach, na Áustria, 
onde foi educado pelo pai, devido a um desentendimento com o professor. Foi 
o primeiro dos três filhos do casal que levava uma vida simples. Morava num 
edifício na estação de trens, até o pai ser transferido para uma aldeia de Neudörfl, 
nos Alpes.
Ali iniciou seus estudos em uma escola, efetivamente, tendo contato com a 
geometria. Este contato foi tão importante para ele, que o deixou encantado. Steiner 
dizia que pela primeira vez havia encontrado a felicidade. Por volta dos oito anos 
teve seu primeiro contato com a paranormalidade, mantendo-a em segredo, pois 
a sociedade da época era muito preconceituosa. Para integrar seu dom à lucidez, 
iniciou estudos na área da matemática, da filosofia e da ciência natural.
Após os dez anos de idade, frequentou o Liceu na cidade Wiener-Neustadt, 
próxima da sua cidade. Aprendeu sozinho sobre os cálculos integrais, estatística e 
geometria descritiva, sendo reconhecido no Liceu pela sua dedicação, recebendo 
nota máxima. Aos catorze anos dedicou-se ao estudo das obras de Kant, sem 
abandonar o mundo da matemática e das ciências naturais.
Aos dezoito anos, graduou-se no Liceu e matriculou-se na Escola 
Politécnica de Viena, por conselho de seu pai. Nesta época, concluiu sua leitura 
sobre Kant e iniciou novas leituras no campo da Filosofia, desta vez com Fichte, 
Hegel e Schelling. Trabalhou no Arquivo Schiller-Goethe, entre 1880 e 1897, 
editando textos goethianos. 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
5
Desse período em diante iniciou como autor e editor das obras científicas 
completas de Goethe e escreveu sua primeira obra: A Filosofia da Liberdade 
(1894). Tornou-se conferencista e escritor com o intuito de divulgar sua pesquisa 
científico-espiritual. Em 1914, casou-se com Marie von Sievers, sua colaboradora 
na Sociedade Antroposófica, criada por ele em 1913.
Foi convidado pelo proprietário da fábrica de cigarros Waldorf-Astória, 
Emil Moet, em 1919, para proferir palestras para seus funcionários. Como o 
trabalho foi bem aceito, solicitaram que ele abrisse uma escola para os filhos dos 
trabalhadores da fábrica, com o apoio de Emil.
Steiner gostou da ideia, porém exigiu que a escola fosse aberta para todas 
as crianças, que os professores compartilhassem dos mesmos ideais que ele e 
que o currículo escolar fosse unificado de 12 anos. Em 7 de setembro de 1919, 
foi aberta a primeira escola Waldorf – Die Freie Waldorfschule – A Escola Waldorf 
Livre, em Stuttgart, na Alemanha. Esta escola permanece ativa até os dias de hoje. 
Steiner faleceu no dia 30 de março de 1925, aos 74 anos, em Dornach, 
na Suíça, deixando diversas contribuições em áreas como: artes, medicina, 
farmacologia, agricultura, pedagogia, arquitetura, teologia e na vida social.
Em 27 de fevereiro de 1956 foi fundada a primeira Escola Waldorf no 
Brasil, mais especificamente em São Paulo, por um pequeno grupo de amigos. 
Para preparar os professores de acordo com a Pedagogia Waldorf e auxiliar na 
fundação da escola, o grupo de amigos convidou professores da Escola Waldorf 
de Pforzheim, na Alemanha. 
A escola iniciou com apenas 28 crianças da Educação Infantil e o antigo 
primário. Como a escola evoluiu positivamente, em 1979 foi autorizado o 
funcionamento do Ensino Fundamental e, posteriormente, do Ensino Médio. 
Com o crescimento constante de novas escolas Waldorf, fundou-se a 
Federação das Escolas Waldorf no Brasil em 1998, que teve como princípio a 
consolidação da Pedagogia Waldorf. Atualmente existem diversas escolas Waldorf 
espalhadas pelo país, e seu crescimento vem se acentuando nos últimos anos.
3 A PEDAGOGIA WALDORF
As escolas Waldorf, criadas por Steiner, se diferenciaram das demais por 
suas ideias e métodos pedagógicos diversificados, crescendo muito até os dias de 
hoje. O crescimento das escolas Waldorf foi contido apenas durante a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945) e durante os regimes comunistas.
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
6
FIGURA 2 – ESCOLA WALDORF
FONTE: Disponível em: <http://escolawaldorfrecife.com/nossa-escola/
educacao-infantil/ritmo-dia-a-dia-e-eventos/>. Acesso em: 12 abr. 2012.
A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de 
desenvolvimento humano introduzido por Steiner, que leva em conta as diversas 
características de crianças e adolescentes, que veremos mais adiante. Na Pedagogia 
Waldorf, a educação é formulada de acordo com estas características e diferenciada 
para cada faixa etária, percebendo a criança do ponto de vista espiritual, físico e 
anímico e evidenciando o desenvolvimento progressivo destes pontos. 
NOTA
ANÍMICO: referente à alma, deriva do latim anima = alma.
Estas escolas são diferentes das demais, pois não exigem o 
desenvolvimento do pensamento abstrato ou intelectual desde a infância. As 
crianças aprendem a ler após entrarem no 1ª série (atual 2º ano), e o uso do 
computador é feito apenas a partir da entrada no Ensino Médio, pois o seu uso 
induz ao pensamento lógico-abstrato. 
Esta pedagogia diferente tem suas bases na antroposofia, que, como já 
vimos, foi criada por Steiner. A antroposofia é “[...] uma linha de pensamento 
e investigação científica que abrange diversas áreas do conhecimento”. 
(TREVISAN, 2006, p. 15).
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
7
NOTA
Você sabe o que significa o termo ANTROPOSOFIA? Deriva das palavras 
ANTROPO = homem e SOFIA = saber, ciência. Em grego significa: conhecimento do homem.
Agora que já sabemos o que significa o termo antroposofia, vamos 
conhecer um pouco mais sobre as suas bases e influência na Pedagogia Waldorf.
De acordo com Costa (2005, p. 14), “Steiner concebeu o homem atual, como 
portador e comportador de quatro processos, que nada mais são que a introjeção 
dos três reinos evolutivos da natureza (mineral, vegetal e animal) e mais um, que 
seria o qualificador, o distintor da individualidade humana: o Eu”. A isto chamou 
de quadrimembração. 
FIGURA 3 – QUADRIMEMBRAÇÃO
FONTE: As autoras
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
8
Ainda segundo Steiner, o mineral seria o CORPO FÍSICO, que não muda, 
a não ser que sofra influência de forças externas, mas que, ao final de tudo, 
continua sendo o esqueleto, a base, o inorgânico, presente em todos os seres. Por 
outro lado, o homem, o animal e o vegetal possuem uma força vital, que faz com 
que eles nasçam, cresçam e morram. Esta força que dá a vida e a forma seria o 
CORPO ETÉRICO, representando a vitalidade, cujo auge se refere ao nascimento 
e seu fim representaria a morte, na velhice, quando o corpo etérico deixaria de 
existir para se tornar apenas físico, mineral.
Mas há algo mais que constitui o homem. Ele não é apenas corpo físico e 
vida, ele age, possui instintos, “[...] ele reage, tem impulsos (procura alimentos, 
parceiros sexuais), manifesta atração (simpatia) e repulsa (antipatia) e também pode 
aprender”. (COSTA, 2005, p. 16). Estas características também estão presentes nos 
animais. Homem e animal possuem uma vida anímica, possuem alma, ou, como 
definiu Steiner, possuem um CORPO ASTRAL. Este CORPO ASTRAL é o que 
domina o corpo físico e o etérico e caracteriza-se por ser um corpo de sentimentos, 
movimentos, que constrói o espaço ao seu redor. Porém, durante a evolução nós, 
seres humanos, adquirimos um quê de diferente, que nos individualiza e nos torna 
únicos: o nosso EU. Somos diferentes dos outros seres, somos diferentes dos outros 
homens e possuímos consciência disto. Somos autoconscientes, temos consciência 
de nós perante o mundo, temos liberdade.
Além destas características que definem o homem, Steiner procurou 
definir as principais atividades anímicas do ser humano. Vejamos:
FIGURA 4 – HOMEM
FONTE: Disponível em: <http://www.a77.com.br/desenhos/desenho_colorir_homem_9a.php>. Acesso em: 27 fev. 2012.
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
9
Segundo Canelada (2011, p. 16), a educação Waldorf cultiva em seus 
alunos:
 
[...] o querer (agir) através da atividade corpórea em praticamente 
todas as aulas; o sentir, que é incentivado por meio de abordagem 
artística constante nas matérias, além de atividades artísticas e 
artesanais, específicas para cada idade; e o pensar, que vai sendo 
cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e 
mitos no início da escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente 
científico no ensino médio. (CANELADA, 2011, p. 16).
Além destas características, Steiner argumentou que o desenvolvimento 
humano não ocorre de forma linear e sim em ciclos de aproximadamente sete 
anos, o que chamou de setênios. Vamos conhecê-los?
QUADRO 1 – OS TRÊS SETÊNIOS DEFINIDOS POR STEINER
CICLOS IDADE CARACTERÍSTICAS
1º setênio 0-7 
anos
Base do desenvolvimento físico
Caracteriza-se pela estruturação do corpo físico, por meio 
do corpo etérico. Nesta fase a criança é influenciada por 
tudo o que acontece ao seu redor, absorvendo a cor, o 
som, a forma, os sentimentos e o caráter das pessoas. 
Outra característica importante deste setênio é a imitação. 
Nesta fase, a criança aprende pelo exemplo, pelo ambiente, 
imitando tudo o que vê: os nossos gestos, nosso modo de 
falar, nossa maneira de comer etc. Por isto, neste período, 
é necessário que a criança se sinta amada, protegida. É o 
momento para a criança perceber que O MUNDO É BOM. 
Para Steiner os três primeiros anos de vida são decisivos 
para a criança. Para ele o andar, o falar e o pensar (que se 
desenvolvem neste setênio) evoluem de forma gradual 
e sequencial: se a criança não desenvolver bem o ato de 
andar, provavelmente terá dificuldades em relação ao falar 
e ao pensar. Neste período a criança expressa-se livremente, 
sem medo, utilizando o corpo inteiro, cabendo aos adultos 
a inserção da criança numa regularidade, numa rotina, com 
horários e tempos para realizar cada atividade. A partir 
dos três primeiros anos, a criança começa a diferenciar-se 
do mundo e inicia a afirmação do EU. Ex.: eu quero, é meu 
etc. Nesta fase também teria início o desenvolvimento da 
memória: por isto geralmente lembramos fatos da nossa 
infância ocorridos apenas a partir dos três anos. Este setênio 
marca, portanto, o desenvolvimento da autonomia.
FIGURA 5 – CRIANÇA SEGURA, 
PROTEGIDA
FONTE: Disponível em: 
<http://www.escolacaranda.
com.br/content.
asp?Categ=2&contentlD=26>. 
Acesso em: 28 abr. 2012.
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
10
2º setênio 7-14 
anos
Base para o amadurecimento psicológico
Neste setênio o corpo astral, ou anímico, é quem assume 
a liderança, e todo o desenvolvimento da criança está 
ligado às emoções, aos sentimentos. Segundo Steiner (apud 
COSTA, 2005), o corpo astral desenvolve-se em pequenas 
fases: dos 7 aos 9 anos, há uma alteração no formato do 
rosto; dos 9 aos 12 anos, há um maior crescimento do 
tórax e, dos 12 aos 14 anos, o alongamento dos membros. 
Próximo dos 10 anos, a criança pode sentir uma nova 
vivência do EU: uma espécie de solidão, irritação, podendo 
vivenciar nesta fase o amor platônico. Neste setênio o 
jovem identifica-se com o ritmo, com a musicalidade, 
sentindo prazer em cantar e ouvir música. Nesta fase, 
segundo Steiner, é o momento ideal de a criança vivenciar 
que O MUNDO É BELO, por isto é importante que ela 
tenha uma vivência da estética e do belo por meio de 
atividades artísticas e artesanais. A partir dos 12 anos, 
nasce a autoconsciência, o raciocínio próprio, que a levará 
a outros aprendizados. Por volta dos 14 anos, ocorre 
o despertar da sexualidade, a consciência do próprio 
corpo, o desenvolvimento do amor físico. No segundo 
setênio fixam-se os costumes como hábitos alimentares, 
de higiene, espirituais, etc. Nesta fase, atitudes de pessoas 
importantes para a criança podem facilitar ou dificultar 
um desenvolvimento sadio da sua vida psíquica e anímica.
FIGURA 6 – CRIANÇAS COM 
INSTRUMENTOS MUSICAIS
FONTE: Disponível em: <http://
pioneiro.clicrbs.com.br/rs/
noticia/2010/12/incluir-a-musica-
na-rotina-das-criancas-desperta-a-
curiosidade-e-o-desenvolvimento-
motor-3134059.html>. Acesso em: 
28 abr. 2012.
3º setênio 14-21 anos Base para o amadurecimento social
Este setênio marca o amadurecimento do EU e sua 
autonomia. O jovem já é capaz de emitir julgamentos e 
de agir eticamente. Nesta fase, o adolescente apresenta 
um forte espírito crítico, colocando em xeque as opiniões 
dos demais. Recusa-se a aceitar a autoridade de qualquer 
pessoa e os valores só são aceitos se condisserem com 
o seu próprio raciocínio. As pessoas ao seu redor só 
serão respeitadas se forem honestas, verdadeiras. É a 
fase, segundo Steiner, de O MUNDO É VERDADEIRO. 
Para Steiner, esta é a hora certa de apresentar a ciência, 
o conceito, desenvolvendo o pensar lógico. Nesta fase 
há um amadurecimento da responsabilidade e é a época 
ideal para ensinar ao jovem os problemas da humanidade, 
fazendo-os vivenciar esta realidade e não apenas estudar 
sobre elas. Também é interessante que se estimule o jovem 
a estipular metas para o seu futuro. Por volta dos 21 anos, a 
maturidade intelectual e moral se estabiliza, acompanhadas 
da responsabilidade.
 
FIGURA 7 – OS JOVENS E A 
CIÊNCIA
FONTE: Disponível em: <http://
www.univates.br/noticias/8781-
univates-realiza-6o-aprender-
experimentando>. Acesso em: 28 
abr. 2012.
FONTE: Adaptado de: Costa (2005); Kügelgen (1984); Lanz (1998)
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
11
Agora que já estudamos os setênios, vamos abordar outra importante 
contribuição de Steiner para a educação: o princípio dos temperamentos. Apesar 
de cada um possuir o seu Eu, nossa constituição física e anímica pode ser agrupada 
em quatro tipos básicos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Lembre 
que normalmente cada pessoa apresenta características mais fortes de um ou dois 
temperamentos. Veja o quadro a seguir:
QUADRO 2 – OS TEMPERAMENTOS
TIPOS DE 
TEMPERAMENTO
ELEMENTO 
DE LIGAÇÃO
CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA
Sanguíneo AR
Ágil, leve, aérea. É muito alegre e inteligente, mas 
perde facilmente a concentração, tendo dificuldade em 
se fixar numa determinada tarefa. Adormece e acorda 
muito facilmente, prefere alimentos picantes e azedos. 
Para que a criança aprenda, é necessário que o adulto 
desenvolva uma relação afetiva com ela e dela com o 
objeto que deverá ocupar-se.
Melancólico TERRA
Pesada, triste. Está sempre isolada em seu mundo, 
desajeitada, seu corpo parece muito pesado para ela. Tem 
dificuldade em se relacionar com os colegas, demora 
a acordar e adormecer. Come pouco e prefere doce. 
Qualquer sofrimento a deixa arrasada. Não gosta de 
atividades físicas, jogos mais violentos e também não 
gosta do frio. Para trabalhar com ela, o adulto deve sugerir-
lhe a musicalidade. Como se preocupa com as pessoas 
sofredoras, convém discutir com ela o sofrimento mundial.
Colérico FOGO
Tem corpo atlético, com membros curtos e nuca 
grossa. É muito atenta e concentrada, porém estoura, 
queima-se muito facilmente. Líder nata, é responsável, 
aplicada e corajosa, agindo sempre com muita energia. 
Para trabalhar com ela é preciso ter paciência e ser 
compreensível, levando-a ao extremo de si mesma, para 
que perceba que não é infalível.
Fleumático ÁGUA
Fica na sua. Possui intensa relação com o seu corpo 
etérico, estando em constante bem-estar. Dificilmente 
envolve-se com coisas diferentes, pois não quer perder 
a sua posição cômoda, por isso parece lenta, sonolenta 
e tem tendência à obesidade. Gosta muito da rotina e da 
ordem e é muito calma. É preciso que ela perceba que as 
outras crianças se interessam muito pelo assunto, para 
então demonstrar algum interesse para as novidades.
FONTE: Adaptado de: Costa (2005); Kügelgen (1984); Lanz (1998); Trevisan (2006) 
Para entendermos melhor cada um dos temperamentos, vamos ilustrá-loscom uma pequena história:
Num caminho, quatro pessoas chegam sucessivamente a um obstáculo; 
uma pedra caiu e obstruiu sua passagem. A primeira pessoa, o sanguíneo, vem 
cantando; ao ver a pedra, brinca sobre ela e alegremente continua a viagem. 
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
12
E então! Conseguiu diferenciar cada um dos temperamentos? Foi capaz 
de encontrar-se em algum deles?
Agora que já conhecemos a teoria do desenvolvimento humano proposta 
por Steiner, que é a base da Pedagogia Waldorf, que tal analisarmos como esta 
teoria é aplicada na prática?
4 METODOLOGIA
Se você quer que seu filho seja brilhante conte a ele contos de fadas. 
Se você o quer muito brilhante, conte-lhe ainda mais contos de fadas. 
(Albert Einstein)
 
 É isto mesmo! Na Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de 
estimular o conhecimento. Para cada fase do desenvolvimento, são utilizadas 
histórias diferentes: prosas, versos, cantigas, contos, lendas, casos etc., que variam 
em sua forma e conteúdo para cada fase. Na Educação Infantil, os contos de fada são 
muito importantes. “Com suas imagens cheias de fantasias, eles são um alimento 
para as crianças, enriquecem seu vocabulário, ativam sua capacidade imaginativa, 
estimulam a criatividade e dão a elas suporte emocional e amparo para que se sintam 
felizes. E, mais do que tudo, que se sintam aceitas.” (TREVISAN, 2006, p. 46). 
E já que falamos sobre o conto na Educação Infantil, vamos explorar como 
são os Jardins de Infância na Pedagogia Waldorf?
Tendo por base os setênios, que estudamos anteriormente, o foco da 
Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação, por isto, mais do que 
nunca, a importância de se trabalhar com os contos de fadas, para que a criança 
desenvolva, aos poucos, o pensamento criativo e se prepare para as demais 
etapas do seu desenvolvimento escolar. Nesta fase a criança deve ser tratada com 
individualidade e respeito, estimulando o desenvolvimento do seu talento e da 
sua capacidade. Lembre-se de que nesta fase, segundo Steiner, a criança deve se 
sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM. 
Tal qual numa família com irmãos, as classes de Jardim são formadas 
Pouco depois, um fleumático chega ao local, para um longo tempo; finalmente, 
encontra um desvio que lhe permite dar volta ao obstáculo e, vagarosamente, 
continua seu caminho. A seguir, chega o terceiro, o melancólico: “Claro, estas 
coisas só acontecem a mim”! Permanece muito tempo sentado sobre a pedra, 
refletindo até o ponto de esquadrinhar como o infortúnio chegou ao mundo, 
e por que esse infortúnio sempre há de lançar obstáculos precisamente nos 
caminhos que ele utiliza. Levanta-se e volta para casa. Finalmente, aproxima-
se o colérico, com passo decidido: vê a pedra, detém-se por um segundo e logo 
a empurra com disposição, até que consegue tirá-la do caminho. Continua 
sua marcha, não deixando de voltar-se algumas vezes para contemplar com 
satisfação seu êxito. (KÜGELGEN, 1984, p. 38).
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
13
por crianças de idades diferentes. Os mais novos aprendem com os 
mais velhos; os mais velhos cultivam respeito e carinho para com os 
pequenos. Nem tudo são flores, é claro. Brigas e desentendimentos 
fazem parte do aprendizado social e são acolhidos como tais pelo 
professor, assim como em casa pelos pais. (TREVISAN, 2006, p. 46).
 
Nesta fase é importante que a criança cumpra rotinas preestabelecidas, 
para que organize a sua vida de forma segura. As atividades do currículo Waldorf 
seguem os ritmos da natureza, das estações do ano e dos afazeres do dia a dia, 
como: acordar, tomar café, escovar os dentes, entre outros.
QUADRO 3 – RITMOS DA ESCOLA WALDORF
RITMO ATIVIDADES
Diário
- Desenho ou pintura. 
- Música e poemas em diversas línguas (para formar o aparelho fonador e 
auditivo).
- Brincar livre na sala de aula.
- Culinária, modelagem, teatro
- Lanche (antes as crianças re.citam um verso de agradecimento pelo alimento).
- Brincar no jardim.
- Histórias de contos de fadas ou teatro.
Semanal - A cada dia da semana o professor estipula uma atividade diferente como modelagem, desenho, trabalhos manuais, pintura, culinária ou eurritmia.
Mensal - A cada mês o professor escolhe um tema diferente, de acordo com a época do ano, para desenvolver nas rodas de histórias ou contos. 
Anual - A cada estação do ano o professor prepara festas, teatros, entre outros, para trabalhar e fortalecer as características de cada época.
FONTE: Trevisan (2006)
Assim, na Pedagogia Waldorf, os professores trabalham para desenvolver 
um ambiente de harmonia e incentivo à criatividade na Educação Infantil. Para 
isto, propõem atividades diversificadas como cuidar do jardim, fazer pão para 
o lanche, construir brinquedos, criar brincadeiras com materiais da natureza, 
dando grande importância ao movimento e ao desenvolvimento neurológico da 
criança. Nesta fase, o professor Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa 
imitação inconsciente estará fundamentando a moralidade da criança.
Bem, agora que já sabemos como é organizada a Educação Infantil 
nas escolas Waldorf, vamos abordar rapidamente a organização do Ensino 
Fundamental e do Ensino Médio.
Assim, no currículo do Jardim, as atividades percorrem um caminho 
organizado e habitual, que atende aos ritmos diários (brincar fora, brincar dentro, 
lanche), semanal (culinária, desenho, modelagem, pintura), mensal (um tema 
específico é trabalhado nas histórias e contos) e anual (que segue as estações do ano, 
celebradas com festejos e teatros). Um dia depois do outro. (TREVISAN,2006, p. 49).
Vejamos, no quadro a seguir, quais atividades são realizadas com as 
crianças das escolas Waldorf, em cada ritmo:
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
14
O Ensino Fundamental possui o mesmo currículo das outras escolas, porém 
voltado ao desenvolvimento do jovem para o espírito científico investigativo e para 
o exercício pleno da cidadania. Diversas atividades complementam o currículo 
como: marcenaria, atividades artísticas, filosofia, trabalhos manuais, música, 
astronomia, geometria, inglês, alemão, jardinagem, antropologia, mineralogia, 
botânica, entre outras.
Neste setênio, como vimos anteriormente, a criança deve reconhecer que 
O MUNDO É BELO, por isto recebe uma formação voltada às artes. Nesta fase 
também se inicia a alfabetização da criança, e o professor deve conquistar uma 
autoridade amorosa. 
No Ensino Médio há uma maior preocupação com a formação social, por 
isto o jovem é levado a conhecer as diversas situações sociais que estão ao seu 
redor, a fim de tornar-se um cidadão crítico e ativo. Lembre-se de que nesta fase 
o aluno deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO, cabendo ao professor 
estabelecer uma relação de honestidade e confiança com o aluno. Durante os 
quatro anos do Ensino Médio, o jovem desenvolve uma pesquisa com um tema 
de seu interesse e, ao final do curso, a defende em forma de monografia.
Independentemente da fase em que a criança se encontra, os alunos 
das escolas Waldorf não repetem o ano escolar. A avaliação das crianças não é 
realizada em forma de provas, exames etc., para fins estatísticos. Os professores 
[...] julgam todos os fatores que permitam avaliar a 
personalidade do aluno, quais sejam: o trabalho escrito, a 
aplicação, a forma, a fantasia, a riqueza de pensamentos, 
a estrutura lógica, o estilo, a ortografia e, além disso, 
obviamente os conhecimentos reais. Mas o julgamento 
geral sobre o aluno levará em conta o esforço real que 
ele fez (ou não fez) para alcançar tal resultado, seu 
comportamento, seu espírito social. (LANZ, 1998, p. 105).
 
 Os boletins anuais enviados aos pais relatam a biografia do aluno 
durante o ano todo, seus resultados, seu comportamento, seu esforço etc. Afinal, 
o principal objetivo das escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real, 
desenvolvendo qualidades essenciaispara que ela saiba lidar com o mundo em 
constante mudança, de forma criativa, flexível, responsável e com senso crítico. 
TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA WALDORF
15
DICAS
Ficou curioso(a) em aprofundar-se um pouco mais sobre a metodologia das 
escolas Waldorf? Veja nossas dicas de leitura:
KÜGELGEN, Helmut von. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica. São Paulo: 
Antroposófica, 1984. (Este livro reúne diversas palestras sobre os principais conceitos e 
métodos da Pedagogia Waldorf).
TREVISAN, Helena Maria Ferreira. Filhos felizes na escola: pedagogia Waldorf, o ensino pela 
arte. São Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2006. (Este livro apresenta um relato bem 
dinâmico de como ocorre a Educação Waldorf em sala de aula).
5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF
Quando a gente aprende algo e dele não se esquece nunca mais, 
é porque o coração e a alma também foram tocados. (TREVISAN, 
2006, p. 21).
Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é a relação de amor 
e profundo conhecimento entre o professor e seus alunos, já que o professor 
permanece com a turma durante diversos anos: um professor acompanha 
durante toda a Educação Infantil, outro durante todo o Ensino Fundamental e 
outro durante todo o Ensino Médio (neste último, recebendo a função de tutor, 
já que as disciplinas são ministradas por professores específicos). Além disso, a 
escola possui um médico escolar, que conhece profundamente a pedagogia e dá 
apoio aos professores: o médico-pedagógico.
[...] o professor da classe é um dos pilares da Pedagogia Waldorf. 
Principalmente nos primeiros anos de vida, quando a criança está 
começando a entrar em contato com um ambiente que não é o da 
sua própria casa, é importante que ela sinta que na escola também 
tem uma família. Essa analogia transfere segurança e bem-estar, e 
ela passa a sentir que o professor é um substituto à altura de seus 
próprios pais e por quem nutrirá igualmente respeito e confiança. 
(TREVISAN, 2006, p. 28).
Por isto que, para se tornar um professor Waldorf, além da formação 
normal de professor, é necessário realizar um curso específico na Pedagogia 
Waldorf, para conhecer profundamente a teoria de Rudolf Steiner. Além disso, 
de acordo com Trevisan (2006, p. 30), “[...] um exercício importante para um 
professor Waldorf é meditar séria e diariamente sobre cada aluno seu. O objetivo 
é encontrar respostas sobre como é possível ajudá-lo a expressar ao máximo o seu 
potencial e a desenvolver dons que ele não possui”. 
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
16
1 – Conhecimento profundo do ser humano. Envolve conhecer a antroposofia 
e os setênios e aperfeiçoar-se constantemente.
2 – Amor como base do comportamento social. O professor deve amar os seus 
alunos.
3 – Qualidades artísticas. O professor deve ser maleável, criativo e encarar 
cada aula como uma verdadeira obra de arte.
Amar os seus alunos é algo primordial para quem quer ser professor e 
não apenas na Pedagogia Waldorf. Pense nisto! Não vá para a sala de aula se você 
não gostar de crianças. Seja um professor responsável e, principalmente, afetivo!
Na escola Waldorf, o aluno não aprende apenas por meio de livros, mas 
principalmente com as pessoas, ele procura vivência e não apenas conhecimentos, 
e o professor tem um papel muito importante, pois trabalhará diversos conteúdos, 
das várias disciplinas existentes no currículo. “Não lhe bastará conhecer a matéria; 
ele deverá ainda usá-la conscientemente como meio pedagógico, expondo-a com 
entusiasmo”. (LANZ, 1998, p. 84).
Você já deve ter percebido que o professor das Escolas Waldorf precisa 
ter um grande conhecimento da teoria de Steiner, além de diversas qualidades, 
não é mesmo? Vamos destacar três qualidades essenciais ao professor Waldorf, 
de acordo com Lanz (1998):
17
Neste tópico, prezado(a) acadêmico(a), você aprendeu que:
• Steiner nasceu em 1861, na Áustria, e faleceu em 1925, aos sessenta e quatro 
anos, na Suíça.
• A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de 
desenvolvimento humano criada por Steiner, a antroposofia.
• Steiner concebeu o homem atual como portador de quatro processos: mineral, 
vegetal, animal e o EU.
• As principais atividades anímicas do ser humano, segundo Steiner, são: 
pensar, sentir, querer.
• O desenvolvimento humano ocorre em ciclos de sete anos, que chamou de 
setênios: 0-7 anos; 7-14 anos e 14-21 anos.
• A constituição física e anímica do ser humano pode ser agrupada em quatro 
tipos de temperamentos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático.
• Para a Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de estimular o 
conhecimento.
• O foco da Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação. Nesta 
fase, a criança deve ser tratada com respeito, com rotinas preestabelecidas, de 
forma a se sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM.
• Nesta fase, na Educação Infantil, o professor deve ser digno de ser imitado.
• O Ensino Fundamental está voltado ao desenvolvimento do espírito científico 
investigativo e do exercício pleno da cidadania. Sua formação deve estar 
voltada para a estética, para as artes, para que reconheça que O MUNDO É 
BELO.
• No Ensino Médio, há uma maior preocupação com a formação social. Nesta 
fase, o jovem deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO.
• Os alunos da escola Waldorf não repetem o ano escolar, pois o objetivo das 
escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
• Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é o amor e o profundo 
conhecimento do professor por seus alunos, já que ele permanece com a turma 
durante diversos anos.
• Na escola Waldorf, o aluno não aprende de livros e sim de pessoas, por isto 
é importante que o professor tenha as seguintes qualidades: conhecimento 
profundo do ser humano; amor como base do comportamento social e 
qualidades artísticas.
19
AUTOATIVIDADE
Caro(a) acadêmico(a)! Após ter realizado a leitura deste tópico, que tal 
refletir um pouco sobre esta teoria?
1 Qual aspecto da teoria de Steiner você achou mais 
interessante? Por quê?
2 Em relação aos temperamentos, a história que usamos para 
ilustrar o assunto auxiliou você a identificar os diversos 
tipos de temperamento nas pessoas que o(a) rodeiam? Em 
qual temperamento você mais se enquadra?
20
21
TÓPICO 2
A PEDAGOGIA MONTESSORI
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O primeiro passo da educação é prover a criança de um meio que 
lhe permita desenvolver as funções que lhes foram designadas pela 
natureza. Isso não significa que devemos contentá-la e deixá-la fazer 
tudo o que lhe agrada, mas nos dispor a colaborar com a ordem da 
natureza, com uma de suas leis, que quer que esse desenvolvimento 
se efetue por experiências próprias da criança. (MONTESSORI, 1972 
apud RÖHRS, 2010, p. 29).
Você já ouviu falar em Maria Montessori ou na Pedagogia Montessori? 
E nas Casas das Crianças, ou Case Dei Bambini? Ou, quem sabe, já ouviu falar no 
Material Dourado? 
Neste tópico, vamos nos aprofundar um pouco sobre Maria Montessori e 
sua teoria, a Pedagogia Montessori, muito utilizada nas escolas brasileiras e do 
mundo todo. Se você já é professor(a), vai perceber que muitas das atividades 
desenvolvidas por Montessori já são utilizadas no seu dia a dia em sala de aula, 
porém, muitas vezes, sem saber a sua origem ou o real significado e importância 
de desenvolver cada uma delas.
A Pedagogia Montessori tem por princípios a liberdade, a disciplina e 
a responsabilidade. Nela as crianças aprendem utilizando materiais didáticos 
especialmente elaborados para desenvolver os aspectos motores, intelectuais, 
racionais ou sensoriais de cada um. Além disso, a criança tem liberdade para 
escolher o material didático com o qual irá trabalhar. Por isto, os materiais didáticos 
elaborados por Montessori são desenvolvidos para atrair a atenção das crianças, 
desenvolvendo nelas a curiosidade por aprender e buscar o conhecimento.Nesta teoria, o professor é aquele que avalia o desenvolvimento e o 
comportamento das crianças, estimulando a busca pelo saber de forma criativa, 
lúdica e prazerosa, guiando as crianças durante a sua caminhada em busca do 
conhecimento, ajudando a tirar dúvidas e respondendo aos questionamentos que 
surgem durante as aulas. O professor é um grande observador da aprendizagem 
e do comportamento das crianças.
Ficou curioso(a)? Vamos explorar um pouco mais esta teoria? 
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
22
2 MARIA MONTESSORI (1870-1952)
Para iniciarmos, que tal conhecer um pouco sobre a história de vida de 
Montessori com base em autores como Montessori (1965), Machado (1980) e 
Röhrs (2010)? Vamos lá!
FIGURA 8 – MARIA MONTESSORI
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/pedagogia/
metodo-montessoriano/>. Acesso em: 13 dez. 2011.
NOTA
O livro “Pedagogia Científica”, de Montessori, utilizado em boa parte do nosso 
texto, em forma de citações, é bastante antigo, datado de 1965. Por isto, algumas palavras 
apresentam escrita diferente da utilizada nos dias de hoje. Assim, por diversas vezes você 
encontrará palavras com acentuação gráfica “equivocada”, pois preferimos manter o texto 
original do livro. 
Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870, no leste da Itália, na cidade de 
Chiaravalle. Era neta do geólogo e naturalista Antônio Stoppani e filha única do 
casal Alessandro Montessori e Renilde Stoppani. Quando tinha 12 anos, mudou-
se com a família para Roma à procura de uma educação de melhor qualidade. Em 
1896, concluiu o seu curso de medicina, tornando-se a primeira mulher italiana a 
concluir o curso. Seus estudos tinham como enfoque as neuropatologias e, logo 
após concluí-lo, foi trabalhar como assistente em uma clínica psiquiátrica da 
Universidade de Roma, onde se dedicou, por dois anos, ao estudo das crianças 
com retardo mental.
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
23
Devido a seu grande interesse pelos anormais (nome utilizado na época 
para referir-se às crianças com deficiência), começou a estudar os trabalhos de 
Itard e Séguin, por meio de livros com relatos sobre seus métodos de ensino na 
educação destas crianças. 
[...] Itard deduziu uma série de exercícios capazes de modificar a 
personalidade, corrigindo defeitos que mantinham determinados 
indivíduos em estado de inferioridade. Efetivamente, Itard conseguiu 
fazer falar e ouvir a crianças semissurdas, as quais, sem este auxílio, 
estariam fadadas a permanecer para sempre anormais. (MONTESSORI, 
1965, p. 29, grifos no original).
No entanto, foram as teorias de Séguin que lhe chamaram a atenção. 
Séguin partiu das experiências de Itard, aplicando-as e modificando-as durante 
trinta anos, até chegar ao que denominou de método fisiológico (método baseado 
no estudo individual do discípulo).
[...] Séguin, com meios analíticos semelhantes ao de Fechner, mais 
ricos, porém, não sòmente estudara centenas de crianças deficientes 
recolhidas nos asilos de Paris, mas transformara-as em criaturas 
humanas capazes de trabalhar ùtilmente para a sociedade e de receber 
uma instrução intelectual e artística. (MONTESSORI, 1965, p. 36).
Tendo por base os estudos de Séguin, Montessori, em 1898, num congresso 
na cidade de Turim, defendeu que os deficientes e anormais não precisavam 
de médicos, mas sim de métodos pedagógicos que criassem um ambiente de 
ajuda ao aluno. Para ela, ao invés de internar as crianças com deficiência, seria 
necessário construir escolas onde, através da observação, os métodos de Séguin 
fossem aperfeiçoados, possibilitando até mesmo a formação de novos professores 
para atuação na área.
Logo após sua participação no Congresso, seu antigo professor, ministro 
da Instrução Pública em Roma, chamou-a para realizar palestras sobre o ensino 
dos deficientes e anormais. Isto fez com que se despertasse o interesse dos que 
se dedicavam ao assunto. A partir de então a vida de Montessori voltou-se para 
a educação das crianças com deficiência. Lia tudo o que era publicado a respeito, 
aproveitando todas as sugestões que lhe eram dadas, realizando experiências 
e trabalhando fortemente na formação dos professores que vinham trabalhar 
com ela. Realizou viagens a Paris e Londres, conhecendo escolas e tudo o que 
havia de mais moderno em relação à educação destas crianças. Logo percebeu 
que poderia superar as teorias de Séguin, aperfeiçoando-as. Mandou fabricar os 
materiais didáticos que Séguin propunha, aperfeiçoando uns, excluindo outros 
e criando novos materiais para o trabalho a ser desenvolvido com as crianças. 
Tanto esforço trouxe ótimos resultados. “Usando esse método consegui que 
alguns deficientes do manicômio aprendessem a ler e a escrever corretamente; 
mais tarde, apresentando-se ao exame nas escolas públicas, juntamente com os 
escolares normais, obtiveram aprovação”. (MONTESSORI, 1965, p. 33). 
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
24
A partir de então, começou a questionar como as crianças com deficiência 
puderam superar os normais nos exames realizados. Concluiu que as escolas 
deveriam estar desorganizadas e os métodos ser péssimos, moldando e 
sacrificando todas as possibilidades das crianças. 
Tais resultados eram tidos como miraculosos pelos observadores. Eu, 
porém, sabia que se esses deficientes haviam alcançado os escolares 
normais nos exames públicos era, ùnicamente, por haverem sido 
conduzidos por uma via diferente: tinham sido auxiliados no seu 
desenvolvimento psíquico, enquanto as crianças normais haviam 
sido, pelo contrário, sufocadas e deprimidas. [...] Enquanto todos 
admiravam o progresso dos meus deficientes, eu meditava sobre as 
razões que faziam permanecer em tão baixo nível os escolares sãos e 
felizes, a ponto de poderem ser alcançados pelos meus infelizes alunos 
nas provas de inteligência. (MONTESSORI, 1965, p. 33).
Depois de obter estes resultados, resolveu abandonar a Escola Ortofrenética 
e voltar aos estudos de Itard e Séguin, traduzindo-os para o italiano de próprio 
punho, chegando à conclusão de que o método de Séguin dava resultados mesmo 
quando aplicado aos alunos normais. Considerando-se incompleta, voltou a 
estudar, agora o curso de pedagogia e o de psicologia instrumental. 
Tais foram minhas conclusões. O importante não é observar, mas 
“transformar”. A observação fundara uma nova ciência psicológica; 
não “transformara”, porém, nem alunos nem escolas. Acrescentara 
alguma coisa às escolas comuns, deixando-as, no entanto, bem como 
seus métodos de instrução e educação, estacionadas em seu estado 
primitivo. (MONTESSORI, 1965, p. 37).
Montessori sentiu, ali, a necessidade de colocar em prática sua ideia de 
aplicar os métodos de Séguin com crianças normais. Porém, não sabia de que 
forma poderia realizar esta ação. Até que, em 1906, uma empresa que construía 
prédios pediu sua ajuda para a solução de um problema. Como os prédios que 
construíam eram para pessoas pobres e estes precisavam sair para trabalhar desde 
cedo, as crianças ficavam sozinhas durante o dia e estragavam o prédio. Assim, 
pediram para Montessori que ela criasse alguma forma de entretê-los e mantê-los 
quietos neste período em que estavam sem os pais. Para isto ofereceram uma sala 
em cada bloco e todo o pessoal de que ela precisasse. Criou-se assim a primeira 
Case dei Bambini, inaugurada em janeiro de 1907. Esta Casa das Crianças recebeu 
crianças entre os 3 e 7 anos e deu tão certo que, em abril, a empresa resolveu abrir 
outra, em outubro outra, chegando às diversas casas espalhadas pela Itália.
As Casas de Crianças tornaram-se tão populares, que educadores de Roma 
e outras regiões do mundo vieram para conhecê-las e partiram entusiasmados com 
seus métodos. Um deles foi Freinet, conforme veremos no próximo tópico. Mais 
tarde, Teresa Bontempi introduziu as escolas na Suíça e pouco depois foi fundada 
uma escola Montessori, na Argentina. Em 1910, ométodo chegou aos Estados Unidos 
e, em 1911, a Paris. Em 1913, criou-se uma sociedade Montessori na Inglaterra. Nesta 
mesma época, uma sociedade de Milão e outra de Roma ofereceram-se para fabricar 
o material didático criado por Montessori, e a baronesa Alicia Franchetti pagou a 
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
25
primeira edição do livro Pedagogia Científica em que Maria Montessori falava sobre 
seu método. Em 1911, devido ao empenho de Maria Maraini Guerrieri, o método 
Montessori foi incluído em todas as escolas primárias da Itália. 
Maria Montessori faleceu em 6 de maio de 1952, com 81 anos. Hoje, seus 
livros estão traduzidos em diversas línguas, existindo escolas Montessori em 
todo o mundo, inclusive no Brasil. As sociedades Montessori não descuidam 
da formação dos professores, criando escolas específicas para eles; organizam 
conferências, criam novas escolas, cursos de férias, entre outros. 
DICAS
Que tal conhecer um pouco mais sobre a vida de Maria Montessori? 
Sinopse: O filme Maria Montessori – uma vida dedicada às crianças é 
uma cinebiografia de Maria Montessori (1870-1952), médica, educadora 
e pedagoga italiana que criou um método educacional revolucionário. 
Acompanhe os principais momentos da trajetória de Montessori, a 
graduação em Medicina, a militância feminista, o trabalho pioneiro com 
crianças deficientes, a fundação da "Casa das Crianças", a relação com 
o filho Mario etc.
Caso você não encontre o filme de Montessori nas locadoras, nos sites 
de busca da internet você encontra pequenos vídeos sobre a história 
de Montessori.
FONTE: Disponível em: <http://www.submarino.com.br/
produto/7267124/dvd-maria-montessori:-uma-vida-dedicada-as-criancas>. Acesso em: 21 
maio 2012.
3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças)
E como eram as escolas criadas por Montessori? De que forma você as 
imagina? Vamos conhecer um pouco mais sobre elas?
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
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 FIGURA 9 – MONTESSORI NA ESCOLA
 FONTE: Disponível em: <http://www. 
 michaelolaf.net/maria.html>. Acesso em: 
 9 abr. 2012.
 FIGURA 10 – ESCOLA MONTESSORI
 FONTE: Disponível em: <http://www. 
 controversia.com.br/blog/maria-montessori-a-
 mdica-que-valorizou-o-aluno/>. Acesso em: 10 
 abr. 2012.
As Casas das Crianças, como o próprio nome sugere, eram ambientes criados 
especialmente para o atendimento às crianças, no intuito de melhorar o senso de 
responsabilidade de cada uma. Todos os espaços eram adaptados, assim como os 
móveis: pias, armários, cadeiras, entre outros. Ali elas podiam exercitar a liberdade e 
a disciplina, uma como dependente da outra. 
Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem, 
e tão leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente 
transportá-las; cadeirinhas de palha ou de madeira, igualmente bem 
leves e bonitas, e que fossem uma reprodução, em miniatura, das 
cadeiras de adultos, mas proporcionadas às crianças. Encomendei 
poltroninhas de madeira com braços largos e poltroninhas de vime, 
mesinhas quadradas para uma só pessoa, e mesas com outros formatos 
e dimensões [...]. (MONTESSORI, 1965, p. 42-43).
Montessori criou também pequenos armários com cortinas ou pequenas 
portas, para que as crianças pudessem abrir e fechar os móveis e ali guardar 
os seus pertences. “Em cima da cômoda, sobre uma toalha, um aquário com 
peixinhos vermelhos. Ao longo das paredes, bem baixas, a fim de serem acessíveis 
às crianças, lousas e pequenos quadros sobre a vida em família, os animais, as 
flores [...]”. (MONTESSORI, 1965, p. 43). 
Poder-se-ia pensar que o deslocamento de mesas e carteiras causaria 
desordem e barulho, certo? Porém, este era o objetivo de Montessori. Que a 
criança aprendesse a disciplinar-se enquanto se movia ou interagia com o espaço. 
Não discipliná-la no sentido de proibi-la a movimentar-se, mas orientando para 
que a própria criança adquirisse controle e habilidade dos seus movimentos. “Se 
uma criança deixar cair ruidosamente uma cadeira, terá com êste insucesso uma 
prova evidente de sua própria incapacidade: em bancos, porém, seus movimentos 
passariam despercebidos. Assim, a criança terá ocasião de se corrigir e, aos 
poucos, verificaremos o seu progresso [...]”. (MONTESSORI, 1965, p. 44).
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
27
De acordo com Montessori (1965), é disciplinado o indivíduo que é senhor 
de seus atos e que sabe seguir uma regra de vida. 
Devemos, pois, interditar à criança tudo o que pode ofender ou 
prejudicar o próximo, bem como todo gesto grosseiro ou menos 
decoroso. Tudo o mais – qualquer iniciativa, útil em si mesma 
ou de algum modo justificável – deverá ser-lhe permitido; mas 
deverá igualmente ser observada pelo mestre; eis o ponto essencial. 
(MONTESSORI, 1965, p. 46).
Para Montessori (1965) a partir dos três anos a criança pode se tornar livre 
e independente para realizar todas as tarefas. O papel do professor é o de ajudar a 
criança a avançar no caminho da própria independência, estimulando-a a realizar 
as tarefas do dia a dia, sozinha. “Quando servimos as crianças, cometemos um 
ato servil para com elas. [...] Uma pessoa que se faz servir com freqüência não 
sòmente vive em dependência, mas definha na inanição e acaba por perder a 
sua atividade natural”. (MONTESSORI, 1965, p. 53, grifos no original). Assim, é 
papel do professor auxiliar a criança a ultrapassar os obstáculos que a impedem 
de desenvolver-se normalmente.
4 METODOLOGIA
Com este pensamento, Montessori criou um programa conhecido como 
“exercícios de vida prática”, ou “exercícios no ambiente cotidiano”, como também 
foi chamado. Neles, as crianças vivenciavam uma vida real, realizando atividades 
do cotidiano. Em seu livro Pedagogia Científica, 1965, Montessori relata objetos 
que compunham o ambiente e auxiliavam na realização destes exercícios. “[...] os 
objetos estavam dispostos de molde a permitir-lhe atingir um fim determinado; 
por exemplo: certos quadros que ensinam a abotoar, dar laços, fazer nós etc.” 
(MONTESSORI, 1965, p. 58).
 FIGURA 11 – QUADROS PARA ABOTOAR
 FONTE: Disponível em: <http://www. 
 sunrise-montessori.com/what_is_ 
 montessori/montessori_index.php>. 
 Acesso em: 15 abr. 2012.
Quadros para abotoar – Entre outros objetos 
que exercitam as crianças na análise de seus 
movimentos, podemos referir [...] o quadro de 
madeira ao qual se fixam dois retângulos de tecido. 
Esses tecidos são unidos ou fechados de diversos 
modos: com botões, presilhas, laços, fitas, colchetes, 
fechos automáticos etc. (posso citar o zíper 
também). Servem para desenvolver a habilidade 
os gestos que se fazem ao vestir-se; as duas peças 
de fazenda devem, primeiramente, ser justapostas 
com precisão de tal modo que, em ambos os tecidos, 
haja uma correspondência recíproca entre os 
buraquinhos por onde há de passar a fita, entre os 
botões e suas casas, entre os ilhoses e os laços etc. 
Isso requer da criança variadas manobras, por vezes 
bem complexas, que a levam a coordenar os gestos 
sucessivos que terá que fazer, um após o outro. 
(MONTESSORI, 1965, p. 88, grifos no original).
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
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Em outro momento, Montessori fala dos lavabos para as mãos, com 
panos para limpar, vassouras, escovas... e a criança tenha liberdade de escolher o 
trabalho que deseja desenvolver.
FIGURA 12 – CRIANÇA BRINCANDO NO LAVABO
FONTE: Disponível em: <http://privatepreschool.blogspot.com.br/2011/07/
montessori-preschool-what-sets-standard.html>. Acesso em: 23 mar. 2012.
Com os exercícios da vida prática, Montessori propõe a estimulação dos 
músculos por meio de atividades atraentes e do dia a dia, como enrolar um tapete, 
lavar o chão, servir a mesa, abrir e fechar as portas ou janelas, entre outros, colocando 
o corpo todo em movimento, exercitando-o e aperfeiçoando-o cada dia mais. 
Abrir ou fechar uma porta, uma gaveta, distinguindo bem os vários 
gestos a fazer: enfiara chave, mantendo-a em posição vertical; 
depois virá-la, e, finalmente, puxar a gaveta ou a porta. [...] Abrir 
convenientemente um livro, folheá-lo, virando as páginas uma a uma. 
[...] Sentar-se numa cadeira e, em seguida, levantar-se; transportar 
objetos, parar um instante antes de colocá-los em seu lugar; caminhar 
evitando obstáculos, isto é: não dando empurrões em pessoas ou 
coisas [...] Além destes, outra série de gestos integram-se ainda na 
vida prática da criança: são os que se referem às etiquetas nas relações 
sociais, tais como saudar alguém, recolher e entregar um objeto seu, 
caído no chão; evitar passar cortando o passo de outrem, escusar-se 
etc. (MONTESSORI, 1965, p. 89). 
Para Machado (1980), o ambiente proposto por Montessori educa pelas 
suas qualidades psicológicas, pelo clima afetivo que favorece uma nova forma de 
relacionamento entre professor e aluno e dos alunos entre si; percebe-se claramente 
o acolhimento, a aceitação e valorização de cada um, na sua individualidade, no 
seu ritmo de trabalho e de crescimento. 
Ainda de acordo com Machado (1980), ao utilizar os recursos propostos 
por Montessori, a criança se constrói, conquistando confiança em si mesma, 
resolvendo diversas situações que lhe são propostas. Pela tentativa erro/acerto, 
reconhece suas limitações e procura meio de vencê-los.
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
29
Os recursos propostos por Montessori continham exercícios de paciência, 
de exatidão e de repetição, reforçando o poder de concentração de cada criança. 
Estes exercícios deviam ser realizados todos os dias como se fossem uma tarefa 
e não um passatempo e eram complementados com momentos de meditação e 
imobilidade. Para Montessori (1976 apud RÖHRS, 2010), os exercícios serviam 
para desenvolver atitudes e não apenas competências.
Montessori criou a teoria da percepção e criou os materiais didáticos de 
forma que eles permitissem, ou simulassem, situações concretas e imediatas, 
favorecendo a abstração da criança. Esforçou-se em criar materiais didáticos que 
motivassem as crianças de tal forma a estimular um maior contato com a sua 
própria consciência. Um de seus principais focos são as atividades independentes, 
ou seja, cada criança escolhe o material com o qual irá trabalhar a cada dia. Para 
Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), o indivíduo é o que é, não por causa dos 
professores que ele teve, mas pelo que ele realizou sozinho. 
De acordo com Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), as crianças percebem 
intuitivamente o seu crescimento e o quanto de conhecimento adquiriram ao 
realizarem cada atividade, manifestando esta consciência em forma de alegria, 
felicidade. “Essa tomada de consciência sempre crescente favorece a maturidade. 
Se damos a uma criança o sentimento de seu valor, ela se sente livre e seu trabalho 
não lhe pesa mais” (MONTESSORI, 1966 apud RÖHRS, 2010, p. 28).
O material didático desenvolvido por Montessori tem a função de ajudar 
a criança a crescer tranquilamente, a “crescer na paz”, adquirindo a tão esperada 
responsabilidade, objetivo dos trabalhos de Montessori com as crianças. Os 
materiais didáticos desenvolvidos por Montessori constituem-se em cinco grupos:
FIGURA 13 – MATERIAIS DIDÁTICOS MONTESSORI
FONTE: As autoras
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
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Entre os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori, podemos 
citar o Material Dourado. Você já deve ter ouvido falar dele. Ele é formado 
geralmente por peças de madeira em formato de cubo, placa, barra e cubinhos 
e é muito utilizado na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
para ensinar as quatro operações fundamentais da matemática. No Caderno de 
Metodologia e Conteúdos Básicos de Matemática, você irá conhecer um pouco 
mais sobre a utilização e a confecção deste material.
FIGURA 14 – MATERIAL DOURADO
FONTE: Disponível em: <http://www.gescomercial.com.br/loja/index.
php?option=com_zoo&task=item&item_id=1&Itemid=76>. Acesso em: 
14 abr. 2012.
Além do Material Dourado, talvez você conheça outros materiais didáticos 
desenvolvidos por Montessori. Observe as figuras a seguir: 
FIGURA 15 – MATERIAL DIDÁTICO 1
FONTE: Disponível em: <http://montessori-n-such.com/detail.aspx?ID=2320>. 
Acesso em: 14 abr. 2012.
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
31
FIGURA 16 – MATERIAL DIDÁTICO 2
FONTE: Disponível em: <http://montessori-n-such.com/detail.
aspx?ID=1333>. Acesso em: 14 abr. 2012.
Você já viu algum destes materiais? Já os utilizou em suas aulas? Muitos 
destes materiais estão disponíveis nas escolas e, às vezes, ficam parados, sem 
uso, por não sabermos explorá-los. Caso a sua escola não tenha estes materiais 
disponíveis, você pode criá-los utilizando materiais diversos como potes, madeira, 
entre outros, é só usar a criatividade. Além destes, muitos outros materiais 
didáticos foram criados por Montessori. Quer conhecer um pouco mais? Veja a 
nossa indicação de leitura:
DICAS
 
INDICAÇÃO DE LEITURA: MONTESSORI, Maria. Pedagogia científica: a 
descoberta da criança. São Paulo: Flamboyant, 1965.
Este livro foi o primeiro escrito por Montessori e relata sua experiência e 
seu método, desde o início da sua caminhada como professora. 
FONTE: Disponível em: <http://www.sebodomessias.com.br/sebo
(S(iiag4r45q3bb3u55hgrgv0ad))/detalheproduto.aspx?idItem=666169>. 
Acesso em: 15 jun. 2012.
Todos os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori foram 
metodicamente criados e padronizados, de tal forma que a criança que escolhesse 
livremente brincar com um dos objetos, fosse conduzida, sem saber, a desenvolver-
se intelectualmente pelas situações previamente determinadas. 
UNIDADE 1 | AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
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Para cada um dos sentidos havia um exercício que promovia o 
desenvolvimento de todas as funções corporais. Esses exercícios eram praticados 
em grupo e socializados através de uma discussão, reforçando seu aspecto social 
de educação.
Quando a criança se encontra diante do material, ela responde com 
um trabalho concentrado, sério, que parece extrair o melhor de sua 
consciência. Parece realmente que as crianças estão atingindo a 
maior conquista de que seus espíritos são capazes: o material abre 
à inteligência vias que, nessa idade, seriam inacessíveis sem ele 
(MONTESSORI, 1969, p. 197-198 apud RÖHRS, 2010, p. 23).
Desta forma, o professor deixa de ser o centro do processo educativo e passa 
a agir de fora. Sua tarefa é observar cientificamente e descobrir as necessidades e 
possibilidades dos alunos. De acordo com Montessori (1972, p. 38 apud RÖHRS, 
2010, p. 22), “[...] para que [a criança] progrida rapidamente, é necessário que a 
vida prática e a vida social estejam intimamente misturadas à sua cultura”.
FIGURA 17 – CRIANÇAS BRINCANDO COM OS JOGOS NO 
JARDIM DA ESCOLA MONTESSORI
FONTE: Disponível em: <http://www.michaelolaf.net/maria.html> 
Acesso em: 16 abr. 2012.
Para Montessori (1965), a educação das crianças deve ser equilibrada 
desde o início, produzindo impressões positivas de expectativa e comportamento 
a fim de desenvolver estruturas e esquemas com os quais novas experiências 
serão confrontadas.
 
TÓPICO 2 | A PEDAGOGIA MONTESSORI
33
Para ser eficaz, uma atividade pedagógica deve consistir em 
ajudar as crianças a avançar no caminho da independência; assim 
compreendida, esta ação consiste em iniciá-la nas primeiras formas de 
atividade, ensinando-as a serem autossuficientes e a não incomodar 
os outros. Ajudá-las a aprender a caminhar, a correr, subir e descer 
escadas, apanhar objetos do chão, vestir-se e pentear-se, lavar-se, falar 
indicando claramente as próprias necessidades, procurar realizar a 
satisfação de seus desejos: eis o que é uma educação na independência. 
(MONTESSORI, 1965, p. 71).
Ainda de acordo com Montessori (1965), existem momentos em 
que a criança está mais receptiva a determinadas experiências (aprender a 
linguagem, ter domínio das relações

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