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EGRÉGIO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO _____________ Autos n. 1500/2020 JOÃO CRICRI, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista que promove em desfavor de EMPRESA INDEF, por intermédio de seu procurador judicial adiante subscrito, vem, com as reverências de estilo, por não se conformar com a r. sentença, com fulcro no artigo 895, a, da CLT, interpor o RECURSO ORDINÁRIO, protestando que sejam encaminhadas as razões recursais ao Egrégio TRT da ___Região. Termos, em que, cumpridas as formalidades de praxe, pede-se e espera-se o deferimento. Data, local, 2020 __________________ OAB/SP RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO Recorrente: JOÃO CRICRI Recorrido: EMPRESA INDEF Autos n: 1500/2020 Origem: 100ª Vara do Trabalho de Ribeirão Preto EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO Por não se conformar com a r. sentença do Juiz da Vara do Trabalho, que julgou improcedente a Reclamação Trabalhista, indeferindo a produção de prova testemunhal do Reclamante, e condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários sucumbenciais em 15% do valor dos pedidos líquidos indeferidos. Enfim, servem as razões recursais para pedir o reexame dos fatos e provas e, no final, a anulação ou reforma integral da decisão do Juízo “a quo”. 1. PRELIMINAR 1.1 Cerceamento de defesa Arguiu o Recorrente cerceamento de defesa em face do indeferimento, pelo Magistrado a quo, do pedido de produção de prova testemunhal, sob o argumento de protestos do advogado. O deferimento da oitiva de testemunha se fazia necessária para fazer contraprova às alegações da parte reclamada quanto a comprovação da suspensão da execução da pena e a impugnação dos cartões britânicos, restando prejudicada a prova. Com a negativa do juízo em ouvir a testemunha trazida houve evidente cerceamento à defesa da Recorrente, impondo-se a nulidade do julgado e o retorno do mesmo à fase de instrução para oitiva de testemunha quanto ao tipo e prazo de vinculação entre as partes. É preciso ressaltar que a parte tem sempre o direito – se impugnado aspecto fático pertinente à solução do litígio, como no caso dos autos – de produzir as provas cuja produção oportunamente requereu, sob pena de grave ofensa à garantia de amplo direito de defesa inscrita no art. 5º, LV, da Constituição da República. Neste sentido é a jurisprudência de nossos Pretórios: Cerceamento de defesa. Indeferimento de prova testemunhal. Prova testemunhal pertinente à tese esposada nos autos não pode ser indeferida, sob pena de cerceio de defesa, ainda mais quando há protesto tempestivo e a sua não realização causa prejuízo à parte no julgado, mormente quando seu requerimento vem sendo realizado desde a apresentação da inicial. (Ac. 3ª T. 7386/95. Proc. TRT/SC/RO-V 1648/94. Unânime. Rel.: Juiz Gracio Ricardo Barboza Petrone. Publ. 04.10.95). Portanto, não tendo sido respeitado o princípio supra descrito, acolhida deve ser a arguição de nulidade desde o indeferimento da oitiva de testemunha, determinando o retorno dos autos à origem para o regular processamento, com a coleta da prova oral apresentada pelo Recorrente. 2 MÉRITO Na improvável hipótese de ser ultrapassada a preliminar arguida, merece ser integralmente reformada a decisão cujo emérito julgador entendeu totalmente improcedente a ação trabalhista. 2.1 Da demissão ilegal - nulidade da justa causa Foi acolhido na r. decisão a arguição do Recorrido referente a dispensa por justa causa do Recorrente, em razão de suposto trânsito em julgado de condenação criminal, comprovado mediante cartões de ponto, com horários britânicos manuscritos. Todavia, tal deferimento não pode prosperar, isso porque não há que se falar em dispensa por justa causa, visto que, foi juntado ao processo documento que comprovava a suspensão da execução da pena às fls. 171, impugnado os cartões britânicos. Ademais foi arrolada testemunha para provar o alegado. A CLT prevê, em seu artigo 482, “d”, como uma das hipóteses para dispensa por justa causa a “condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena”. Da leitura nua e crua da lei, conclui-se que não poderá o trabalhador ser demitido, se tiver sido beneficiado com a suspensão condicional da pena. A ressalva feita ao final do referido dispositivo demonstra que a legislação trabalhista privilegia a manutenção do vínculo empregatício em detrimento da condenação criminal. Assim, a justa causa somente se mantém se a execução da pena irradiar efeitos sobre a relação de emprego. Isto posto, é incorreto o deferimento de justa causa, já que foi devidamente comprovado nos autos a suspenção da execução da pena. Destarte, os cartões de ponto, com os horários britânicos manuscrito, não servem como meio de prova para comprovarem a regularidade da dispensa por justa causa. 2.2 Das horas extras – Invalidade dos registros de horário Entendeu o Juízo singular que os cartões ponto trazidos aos autos correspondem à jornada efetivamente realizada pela reclamante. Com a devida vênia a decisão singular deve ser modificada, tendo em vista o entendimento jurisprudencial de que o ponto manual britânico é inválido, pois existe a presunção que não reflete a realidade. Através da Resolução Administrativa 36/94, foi estabelecida a súmula 338 do TST, seguida de alterações através das Resoluções 121/03 e 129/05, consolidando o posicionamento do Tribunal no sentido de que: "os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir." Registros invariáveis e a anotação de poucas horas extras, demonstram o propósito da empresa, que é de evitar o pagamento correspondente. Assim, requer seja o Recorrido condenado ao pagamento das horas extras mensais, com o adicional legal 50%, e reflexos salariais nos termos da Lei nº 12.506/11. 2.3 Pagamento das verbas rescisórias Em virtude da demissão sem justa causa, há que se regularizar a situação do Recorrente, tendo em vista que seus direitos vêm sendo vilipendiados pelo Recorrido, que não pagou integralmente as verbas rescisórias devidas, dado a suposta “demissão por justa causa”. Logo, requer o pagamento das verbas trabalhistas, conforme exposto a seguir. Devem, outrossim, serem abatidos os valores pagos sob o mesmo título, caso assim tenham feito. a) Saldo de salário Conforme prevê os artigos 459, §1º, e 463 à 465 da CLT, o salário deve ser pago até o quinto dia útil do mês subsequente, em dinheiro, cheque, ou depósito em conta bancária. Levando em conta que o fechamento o mês de trabalho na empresa Recorrida era sempre no dia 30, o Recorrente trabalhou __dias no período em que ocorreu a ruptura do contrato de trabalho, fazendo jus ao saldo salarial relativo ao período trabalhado, totalizando preliminarmente o valor de R$ _______. b) Aviso prévio Como a demissão por justa causa sofrida pelo Recorrente é nula, lhe é devido o pagamento do aviso prévio, previsto na Lei nº 12.506/2011, isto é, tem direito ao pagamento da indenização correspondente ao período de serviço, em conformidade com o § 1º do art. 487 da Consolidação das Leis do Trabalho, posto que: “a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço”. Logo, o Recorrente é credor da referida verba acima pleiteada na proporção de 30 dias + 6 dias conforme dispositivo da Lei nº12.506/2011 com base na sua última remuneração, ou seja, a quantia de R$ _________. c) 13º salário proporcional O Recorrentetem direito ao recebimento da gratificação natalina instituída pela Lei 4.090/62, de forma proporcional, uma vez que sua incidência é devida em todos os casos onde ocorre a ruptura do contrato de trabalho. Assim sendo, tem direito ao recebimento de 13º salário, proporcional ao período trabalhado + projeção de aviso prévio indenizado, conforme prescrito no art. 3º da Lei n. 4.090/62. Face ao exposto requer a Vossa Excelência a condenação sob este título, totalizando o valor preliminar de RS __________. d) Férias vencidas e proporcionais + 1/3 constitucional O Recorrente tem direito a receber as férias vencidas dos anos trabalhados, bem como o período incompleto de férias referente ao início do último ano trabalhado, acrescido do terço constitucional. Tendo em vista que “salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses” (Súmula 171 do TST). e) Multa do artigo 477 da CLT O Recorrente não recebeu as verbas rescisórias no prazo do parágrafo 6º, do artigo 477 da CLT, sendo devida, portanto, a indenização prevista no parágrafo 8º do mesmo dispositivo legal, equivalente a 1 (um) salário. f) Multa do artigo 467 da CLT Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador nos termos do artigo 467 da CLT, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento. g) FGTS + 40% Como a iniciativa do rompimento do vínculo empregatício foi do Recorrido e a dispensa foi sem justa causa, o Recorrente tem direito ao recebimento sobre os valores depositados, mais a multa de 40% sobre as diferenças do FGTS devido, de acordo com o § 1º do art. 18 da Lei n. 8.036/90, a seguir transcrito: Art. 18. (...) § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. Por tanto, é direito da Recorrente os depósitos fundiários, de todo o período contratual, mais a multa de 40%. Totalizando o valor de R$ _______. 3 CONCLUSÃO Ante o exposto, REQUER, desta Egrégia Turma Que haja, por bem, em conhecer e a dar provimento ao Recurso Ordinário, para, no final, anular a sentença de primeiro grau com base na preliminar de Cerceamento de defesa; ou reformá-la, julgando procedente a ação quanto aos pedidos de: a) Nulidade da justa causa; b) Pagamento das horas extras............R$_______. d) O pagamento do saldo de salário.......R$_______. e) O pagamento aviso prévio indenizado.........R$ _______. f) O pagamento do 13º salário proporcional.......R$ ______. g) O pagamento das Férias vencidas e proporcionais + 1/3 constitucional.......R$____ h) Aplicação e pagamento da multa do artigo 477 da CLT i) Aplicação da multa do artigo 467 da CLT...... R$ _____. j) O pagamento do FGTS mais multa de 40%, correspondente ao valor de ....... R$ k) O pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais de 15%......R$ ____. Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova, especialmente juntada de documentos, depoimento pessoal e testemunhal e pericial. Dá-se a causa o valor de R$ ______. Termos em que, cumpridas as formalidades de praxe, pede-se e espera-se o deferimento. Data, cidade e ano ______________ OAB/SP
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