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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 INTRODUÇÃO: - A toxoplasmose é uma zoonose e a infecção é muito frequente em várias espécies de animais - O gato e alguns outros felídeos são os hospedeiros definitivos ou completos e o homem e os outros animais são os hospedeiros intermediários ou incompletos - Toxoplasma gondii é um protozoário de distribuição geográfica mundial, com alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 60% da população em determinados países - Os casos de doença clínica são menos frequentes. Nestes, a forma mais grave é encontrada em crianças RN, sendo caracterizada por: Encefalite Icterícia Urticária Hepatomegalia, geralmente associada a coriorretinete Hidrocefalia Microcefalia Com altas taxas de morbidade e mortalidade MORFOLOGIA E HABITAT: - T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos e células, exceto hemácias, e líquidos orgânicos - Nos felídeos não-imunes podem ser encontradas as formas do ciclo sexuada nas células do epitélio intestinal, formas do ciclo assexuado em outros locais do hospedeiro e também formas de resistência no meio exterior junto com as fezes desses animais, após completar a fase intestinal - As formas infectantes que o parasito apresenta durante o ciclo biológico são: Taquizoítos Bradizoítos Esporozoítos - Essas 3 formas apresentam organelas citoplasmáticas visíveis apenas em nível de microscopia eletrônica de transmissão - A invasão dessas formas na célula hospedeira é um processo ativo que requer a motilidade e a liberação controlada de proteínas e lipídeos das organelas do complexo apical do parasito - O parasito entra na célula hospedeira inicialmente pela adesão da sua parte apical na membrana da célula hospedeira e na sequência, secreta proteínas de micronemas, roptrias e grânulos densos, conforme sua entrada na célula hospedeira, formando em seguida o vacúolo parasitóforo. - Durante a penetração, há uma constrição em volta do parasito representando um movimento de junção entre a célula hospedeira e as membranas plasmáticas do parasito - Quando o parasito está dentro da célula, a membrana do hospedeiro é selada - O vacúolo parasitóforo é derivado da membrana celular do hospedeiro invaginado FORMAS INFECTANTES DO T. GONDII: TAQUIZOÍTO: - Forma encontrada durante a fase aguda da infecção - Denominada forma proliferativa, forma livre ou trofozoíto NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - Apresenta-se com a forma de banana ou meia- lua, com uma das extremidades mais afilada e outra arredondada - Núcleo em posição mais ou menos central - É uma forma móvel, de multiplicação rápida, por um processo denominado endodiogenia, encontrada dentro do váculo parasitóforo de várias células - São poucos resistentes à ação do suco gástrico no qual são destruídos em pouco tempo BRADIZOÍTO: - Forma encontrada em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina), geralmente durante a fase crônica da infecção - É também denominada cistozoíto - São encontrados dentro do vacúolo parasitóforo de uma célula, cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual - Se multiplicam lentamente dentro do cisto, por endodiogenia ou endopoligenia - A parede do cisto é resistente e elástica, que isola os bradizoítos da ação dos mecanismos imunológicos do hospedeiro - O tamanho do cisto é variável dependendo da célula parasitada e o número de bradizoítos no seu interior - São muito mais resistentes à tripsina e à pepsina do que os taquizoítos e podem permanecer viáveis nos tecidos por vários anos OOCISTOS: - Forma de resistência que possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente - São produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fezes - São esféricos e após esporulação no meio ambiente contêm 2 esporocistos, com 4 esporozoítos cada CICLO BIOLÓGICO: - Desenvolve-se em 2 fases distintas: Fase assexuada nos linfonodos e nos tecidos de vários hospedeiros, inclusive gatos e outros felídeos Fase coccidiana ou sexuada nas células do epitélio intestinal de gatos jovens não- imunes - Apresenta um ciclo heteróxeno, no qual os gatos são considerados hospedeiros completos ou definitivos por possuírem um ciclo coccidiano, apresentando uma fase sexuada dentro do vacúolo parasitóforo do citoplasma. O homem e outros mamíferos são considerados os hospedeiros incompletos ou intermediários, pois possuem apenas o ciclo assexuado FASE ASSEXUADA: - Um hospedeiro suscetível ingerindo oocistos maduros contendo esporozoítos, encontrados em alimentos ou água contaminada, cistos contendo bradizoítos encontrados na carne crua, ou taquizoítos eliminados no leite, poderá adquirir o parasito e desenvolver a fase assexuada - As formas de taquizoítos que chegam ao estômago serão destruídas, mas as que penetram na mucosa oral ou inaladas poderão evoluir do mesmo modo que os cistos e oocistos 1. Cada esporozoíto, bradizoíto ou taquizoíto liberado no tubo digestivo sofrerá intensa multiplicação intracelular após rápida passagem pelo epitélio intestinal e invadirá vários tipos de célula do organismo formando um vacúolo parasitóforo onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos taquizoítos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 (fase proliferativa) que irão romper a célula parasitada, liberando novos taquizoítos que invadirão novas células 2. Essa disseminação no organismo ocorre através de taquizoítos livres na linfa ou no sangue circulante, que poderão provocar um quadro polissintomático, cuja gravidade vai depender da quantidade de formar infectantes adquiridas, cepa do parasito (virulenta ou avirulenta) e da suscetibilidade do hospedeiro - Essa fase inicial da infecção (fase proliferativa) caracteriza a fase aguda da doença - Neste ponto a evolução pode ir até a morte do hospedeiro, o que pode ocorrer em fetos ou em indivíduos com comprometimento imunológico, ou diminuir e cessar pelo aparecimento de resposta imune específica - Com o aparecimento da imunidade, os parasitos extracelulares desaparecem do sangue, da linfa e dos órgãos viscerais, ocorrendo uma diminuição de parasitismo - Alguns parasitos evoluem para a formação de cistos. Essa fase cística, com a diminuição da sintomatologia, caracteriza a fase crônica. Essa fase pode permanecer por longo período ou por mecanismos ainda não esclarecidos inteiramente poderá haver reagudização, com sintomatologia semelhante a primo-infecção PROCESSOS DE REPRODUÇAO ASSEXUADA: ENDODIOGENIA: - 2 células filhas são formadas dentro da célula- mãe ENDOPOLIGENIA: - 2 células filhas são formadas dentro da célula- mãe, mais rápido e com maior formação de taquizoítos. - Endodiogenia múltipla FASE COCCIDIANA: - O ciclo coccidiano ocorre somente nas células epiteliais, principalmente as do intestino delgado do gato - Durante o desenvolvimento desse ciclo ocorre uma fase assexuada (merogonia) e outra sexuada (gamogonia) do parasito. Por isso, esses animais são considerados hospedeiros definitivos 1. Os esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos ao penetrarem nas células do epitélio intestinal do gato sofrem um processo de multiplicação por endodiogenia e merogonia, dando origem a vários merozoítos 2. O conjunto desses merozoítos formados dentro do vacúolo parasitóforo da célula é denominado meronte ou esquizonte maduro 3. O rompimento da célula parasitada libera os merozoítos que penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas formas sexuadas masculinas ou feminias, gametófitos ou gamontes, que após um processo de maturação formarão os gametas masculinos moveis – microgametas (com dois flagelos) e femininos imóveis4. O macrogameta permanece dentro de uma célula epitelial, enquanto os microgamentas móveis saem de sua célula e vão fecundar o macro-gameta, formando o ovo ou zigoto 5. Este evoluirá dentro do epitélio, formando o uma parede externa dupla, dando origem ao oocisto 6. A célula epitelial sofrerá rompimento em alguns dias, liberando o oocisto ainda imaturo 7. O oocisto imaturo alcança o meio exterior com as fezes 8. Sua maturação no meio exterior ocorre por um processo chamado esporogonia, após um período de cerca de 4 dias, e apresentará 2 eporocistos contendo 4 esporozoítos cada - O gato jovem é capaz de eliminar oocistos durante 1 mês - O oocisto, em condições de umidade, temperatura e local sombreado favorável, é capaz de se manter infectante por cerca de 12 a 18 meses NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 TRANSMISSÃO: - Em algumas regiões, 40 – 70% dos adultos apresentam positivos para toxoplasmose, em testes sorológicos - O ser humano adquire a infecção por 3 vias principais: 1. Ingestão de oocistos presentes em alimento ou água contaminadas, jardins, caixas de areia, latas de lixo ou disseminados mecanicamente por moscar, baratas, minhocas, etc 2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida, especialmente do porco e do carneiro. Os cistos resistem por semanas ao frio, mas o congelamento a 12°C ou aquecimento acima de 67°C os mata 3. Congênita ou transplacentária: o risco da transmissão uterina cresce de 14% no primeiro trimestre da gestação após a infecção materna primária, até 59% no último trimestre da gestação. Mulheres que apresentam sorologia positiva antes da gravidez têm menos chance de infectar seus fetos do que aquelas que apresentarem a primo-infecção durante a gestação - Mais raramente pode ocorrer ingestão de taquizoítos em leite contaminada ou saliva, acidente de laboratório, transmissão por transplante de órgãos infectados, etc VIAS DE INFECÇÃO MAIS PROVÁVEIS PARA O FETO: Transplacentária quando a gestante adquire a toxoplasmose durante a gravidez apresentando a fase aguda da doença, poderá transmitir T. gondii ao feto, tendo os taquizoítos como forma responsável Rompimento de cistos no endométrio a gestante apresenta a doença na fase crônica, mas alguns cistos localizados no endométrio poderiam se romper, liberando os bradizoítos que penetrariam no feto IMUNIDADE: - Quando um hospedeiro se infecta com o parasito, ocorre a multiplicação na porta de entrada e logo em seguida ocorre sua disseminação por todo o organismo através das vias linfática e sanguínea - Durante este período, inicia- se a formação de anticorpos específicos e o desenvolvimento de mecanismos imunes celulares que são responsáveis pela destruição dos taquizoitos extracelulares - Durante a fase crônica da toxoplasmose, somente os bradizoítos persistem e são responsáveis pela manutenção de títulos sorológicos que podem durar toda a vida do hospedeiro IMUNIDADE HUMORAL: - A produção de imunoglobulinas da classe IgM aparece inicialmente seguida de IgG, após a infecção do hospedeiro - As imunoglobulinas da classe IgG podem ser detectadas pelas reações sorológicas dentro de oito a 12dias após a infecção pelo T gondii - A produção de IgM geralmente é de curta duração - A infecção, via oral, em alguns hospedeiros pode induzir formação de anticorpos IgA IMUNIDADE CELULAR: - Quando se inicia a infecção de T. gondii, os taquizoítos atingem o interior de células onde se multiplicam. A multiplicação do parasito em NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 macrófagos é inibida quando ocorre a fusão entre fagossomos e lisossomos - Os taquizoítos estimulam os macrófagos a produzir interleucina (IL- 12) que por sua vez ativa as células natural killer (NK) e células T para a produção do interferon - y (IFN-y) que são essenciais para a resistência. IFNy e fator de necrose tumoral (TNF) agem sinergisticamente para mediar a morte dos taquizoítos pelos macrófagos. A combinação dessas duas citocinas resulta numa grande produção de óxido nítrico (NO), os quais podem efetuar a morte dos parasitos PATOGENIA: - A patogenia na espécie humana está ligada a fatores como: Cepa do parasito Resistência da pessoa Modo pelo qual ocorre a infecção - A transmissão congênita é frequentemente a mais grave TOXOPLASMOSE CONGÊNTIA OU PRÉ- NATAL: - É necessário que a mãe esteja na fase aguda da doença ou tenha havido uma reagudização da mesma durante a gravidez - As consequências dependem do grau de exposição do feto aos toxoplasmas, da virulência da cepa, da capacidade dos anticorpos maternos protegerem o feto e o período da gestação - As gestantes na fase aguda da doença podem abortar o feto, produzir partos precoces ou a termo, dando origem a crianças sadias ou apresentando anomalias graves e até mesmo levar à morte - 10% da infecção pré-natal resulta em aborto ou morte - 10 – 23% de fetos infectados durante a gravidez podem mostrar sinais de toxoplasmose clínica ao nascimento - Alterações ou lesões fetais mais comuns devido à toxoplasmose na gravidez conforme o período da gestação: 1º trimestre : aborto 2º trimestre: aborto ou nascimento prematuro, podendo a criança se apresentar normal ou já com anomalias graves, típicas 3º trimestre: a criança pode nascer normal e apresentar evidências da doença alguns dias, semanas ou meses após o parto. A toxoplasmose pode ser multiforme, mas em geral há um comprometimento ganglionar generalizado, hepatosplenomegalia, edema, miocardite, anemia, trombocitopenia e lesões oculares, as quais são patognomônicas. Taquizoítos atingem a coróide e a retina (uni ou bilateralmente), provocam inflamação e degeneração em graus variáveis que, ao exame oftalmológico, recebe o nome de "foco em roseta". Posteriormente, já na idade adulta, poderá haver uma eventual reagudização das formas latentes, levando a uma toxoplasmose ocular (de origem intra- uterina). Outras alterações oculares que também podem ocorrer são: microftalmia, nistagmo, estrabismo, catarata e irite - A toxoplasmose congênita é uma das formas mais graves da doença, em geral provocando sintomas variados, mas enquadrados dentro da síndrome ou tétrade de Sabin, caracterizada por: Coriorretinite (90% dos casos) Calcificações cerebrais (69%), Perturbações neurológicas - retardamento psicomotor (60%) Alterações do volume craniano - micro ou macrocefalia (50% dos casos) TOXOPLASMOSE PÓS-NATAL: - Dependendo da virulência da cepa e estado de imunidade da pessoa, a toxoplasmose pós-natal pode apresentar desde casos benignos ou assintomáticos (a grande maioria) até casos de morte - Entre esses dois extremos, há uma variada gama de situações, dependendo da localização do parasito: GANGLIONAR OU FEBRIL AGUDA: - Forma mais frequente NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 - Encontrada tanto em crianças como em adultos - Há um comprometimento ganglionar, generalizado ou não, com febre alta - Geralmente é de curso crônico e benigno - Pode levar a complicações de outros órgãos, inclusive ocular (uveíte, coriorretinite) OCULAR: - Retinocoroidite é a lesão mais frequentemente associada à toxoplasmose (30 – 60% dos casos se devem à toxoplasmose) - É consequência de uma infecção aguda com a presença de taquizoítos ou crônica com a presença de cistos contendo bradizoítos localizados na retina - A toxoplasmose ocular ativa consiste em um foco coagulativo e necrótico bem definido da retina. Além disso, pode estar presente uma inflamação difusa da retina e da coroide - As lesões podem evoluir para uma cegueira parcial ou total ou podem se curar por cicatrização. As bordas da cicatrização são frequentemente hiperpigmentadascomo resultado da ruptura do pigmento retina1 do epitélio - Cistos teciduais podem estar presentes na borda da cicatriz - T. gondii alcança a retina através da corrente sanguínea na forma de taquizoítos livres ou taquizoítos residindo dentro de macrófagos circulantes, temporariamente sequestrados para dentro dos capilares da retina. Esses taquizoítos são liberados quando as células infectadas são lisadas e podem invadir a retina adjacente CEREBROESPINHAL OU MENINGOENCEFÁLICA: - Encontro pouco frequente em indivíduos imunocompetentes, porém, com o surgimento da AIDS, a frequência aumentou consideravelmente - Os parasitos, atacando as células nervosas, provocarão lesões focais múltiplas, principalmente no hemisfério cerebral (área frontoparietal) ou no gânglio basal e cerebelo. Como consequência, podem causar cefaleia, febre, anomalias focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até perda da capacidade de coordenação muscular, confusão mental, convulsões, letargia, que pode progredir para estupor, coma, até a morte do paciente GENERALISADA: - Forma mais rara, mas de evolução mortal em indivíduos com resposta imune normal - Em imunodeficientes, têm sido registrados alguns casos de toxoplasmose sistêmica, com comprometimento meningoencefálico, miocárdico, pulmonar, ocular, digestivo e até testicular DIAGNÓSTICO: - Pode ser clínico ou laboratorial CLÍNICO - Não é fácil de se realizar, pois os casos agudos podem levar à porte ou evoluir para a forma crônica. Esta pode se manifestar assintomaticamente ou se assemelhar a outras doenças, como mononucleose - A suspeita a clínica deve ser confirmada por meio do diagnóstico laboratorial DEMONSTRAÇÃO DO PARASITO - É obtida durante a fase aguda, em líquido amniótico, sangue, etc - A forma encontrada é o taquizoíto - Faz-se um esfregaço do material centrifugado e cora-se pelo método de Giemsa - Na fase crônica, a biópsia de diversos tecidos poderá acusar a presença de cistos TESTES SOROLÓGICOS OU IMUNOLÓGICOS - O diagnóstico rotineiro da toxoplasmose tem como base em testes imunológicos que indicam o título (diluição do soro sanguíneo) de anticorpos circulantes correspondentes a fase da doença NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - Existem diversos testes imunológicos TESTE DO CORANTE OU REAÇÃO DE SABIN FELDMAN (RSF): - É um excelente método para diagnóstico individual na fase aguda ou crônica da doença - É muito sensível, detectando anticorpos no soro com diluições de até 1: 16.000 - A negativação ocorre somente alguns anos após a cura do paciente - É espécie-específica e não cruza com outras doenças - Atualmente, esse método está em desuso em vista da necessidade de se manter o toxoplasma vivo para a preparação dos antígenos, grande consumo de tempo, bem como pela sensibilidade de outros testes sorológicos de mais fácil execução, em especial a imunofluorescência indireta REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (RIF): - É um dos melhores métodos, sensível e seguro para o diagnóstico da toxoplasmose, podendo ser usada tanto na fase aguda (pesquisa de IgM) como na fase crônica (pesquisa de IgG). - Esfregaços de toxoplasmas formalizados são usados como antígeno, em lâmina - Oito a dez dias após o início da infecção humana, o anticorpo pode ser detectável e um título de 1 : 1.000 já indica toxoplasmose aguda - Títulos baixos, persistentes, entre 1: 10 e 1500 indicam infecção crônica - A sensibilidade do método chega a acusar positividade em títulos de 1: 16.000 - Indivíduos que receberam transfusão de sangue contaminado com T gondii podem apresentar títulos positivos, indicando erroneamente uma infecção HEMAGLUTINAÇÃO INDIRETA (HA): - Excelente método de diagnóstico, devido a sua alta sensibilidade e simplicidade de execução - É inadequado para o diagnóstico precoce e frequentemente não detecta toxoplasmose congênita em recém-nascidos - É um método adequado para levantamento epidemiológico IMUNOENSAIO ENZIMÁTICO OU TESTE ELISA: - Tem se tomado um dos testes mais usados atualmente, principalmente para o screening inicial de toxoplasmose em seres humanos - Tem a vantagem sobre RIF pela objetividade, automação e quantificação - Apresenta maior sensibilidade sobre os testes RIF e RSF, porém pode apresentar resultados falso-positivos - É capaz de detectar anticorpos IgM e IgA, além de IgG de baixa avidez - O uso do ELISA com antígenos recombinantes tem se mostrado útil para detecção de fase aguda da infecção IMUNOBLOT: - É realizada a eletroforese dos antígenos, em gel de poliacrilamida, para a separação dos componentes proteicos, os quais são transferidos para um papel de nitrocelulose e posteriormente processados contra o soro a ser testado e visualizado através de uma reação específica - Este teste tem se mostrado útil para detectar antígenos de baixo peso molecular, indicando uma reativação da toxoplasmose como resultado da liberação de bradizoítos após a ruptura dos cistos teciduais - Não é usado rotineiramente - Dos métodos citados, os mais usados atualmente são RIF e ELISA TOXOPLASMOSE CONGÊNITA: DIAGNÓSTICO - O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do tipo IgM no soro do recém-nascido. Esse anticorpo é incapaz de atravessar a placenta materna. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 - Os anticorpos do tipo IgG são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva. - Para comprovar a infecção no recém-nascido utilizando a pesquisa de IgG pelas reações de RSF, RIF ou ELISA, os recursos são: Título do RN ser maior que o título da mãe em duas diluições. Elevação dos títulos do recém-nascido em testes sucessivos. Persistência da reação positiva no lactente, até cinco meses após o nascimento. Sabe- se que, quando há transferência passiva de anticorpos matemos para o filho, o título desses anticorpos no lactente diminuirá dez diluições a cada 90 dias. TOXOPLASMOSE NO ADULTO: DIAGNÓSTICO - Devem ser realizados testes sorológicos, a intervalos de duas a três semanas, verificando-se as alterações dos títulos das reações - Recomenda-se usar dois métodos, preferencialmente a RIF e ELISA ou HA - Em gestantes, é frequente uma ligeira elevação do título sem haver a doença. Quando essa elevação for quatro vezes maior que a dosagem anterior, haverá indicação de toxoplasmose ativa. - Anticorpos IgM, IgA ou IgG de baixa avidez também podem indicar infecção aguda. TOXOPLASMOSE OCULAR: DIAGNÓSTICO - Antes era feito a partir dos dados clínicos e exame de fundo de olho para se observar as lesões na retina (uveíte) - Atualmente, o diagnóstico imunológico pode ser feito com segurança pela seguinte técnica: Através de uma parecentese (com seringa e agulha tipo insulina 10/3), colhem-se 150 a 250ml do humor aquoso. Com o humor aquoso obtido faz-se, por meio de imunodifusão, o teste sorológico para toxoplasmose (pesquisa de IgG). Faz-se a reação de imunofluorescência ou hemaglutinação para toxoplasmose com o soro sanguíneo do mesmo paciente. Compara-se o título e a concentração de imunoglobulina no humor e no soro sanguíneo, por meio de uma fórmula própria. Se a alteração ocular for causada por 7: gondii há mais de 30 dias, a concentração relativa de anticorpos específicos deverá ser maior no humor ocular TOXOPLASMOSE EM INDIVÍDUOS IMUNODEFICIENTES: DIAGNÓSTICO - Pelo fato de a doença envolver reativação da primoinfecção, recomenda-se que sejam realizados testes sorológicos anti-IgG em pacientes de risco, no início da evolução da AIDS - É importante a verificação da soropositividade no paciente, mas não o aumento do título, pois em alguns pacientes com toxoplasmose os títulos de IgG podem ser muito baixos(títulos = 1 : 16) - Em pacientes imunodeficientes com suspeita de toxoplasmose, além de teste sorológico, recomenda-se fortemente a utilização da tomografia computadorizada para a localização de lesões cerebrais. A realização de biópsia no cérebro, para confirmação da presença do parasito, será recomendada somente em casos duvidosos, com quadro clínico atípico EPIDEMIOLOGIA: - Sabe-se que tanto os gatos domésticos, como os selvagens (ocelotes, jaguar, jaguatirica etc.) são os únicos animais que podem realizam o ciclo sexuado, eliminando após a primoinfecção milhões de oocistos imaturos nas fezes - Além disso, o carnivorismo (ingestão de carne contendo taquizoítos ou bradizoitos) e a disseminação de oocistos na água, alimentos por insetos interferem na ampla distribuição desse protozoário - Os seguintes pontos são destacados: É encontrada em quase todos os países, nos mais variados climas e condições sociais Estudos recentes de epidemiologia molecular por PCR-RFLP têm evidenciado que existem duas linhagens clonais do 7: gondii, uma compreendendo cepas que são NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 virulentas para camundongos (cepas do tipo I) e outra compreendendo cepas pouco virulentas para camundongos (cepas dos tipos I1 e 111) Praticamente todos os mamíferos e aves são suscetíveis, tendo sido assinalados no Brasil os seguintes índices de infecção: 19% em gatos de diferentes idades, 23% em suínos, 32% em bovinos, 35% em ovinos, 20% em equinos e 40% a 56% em caprinos. Os gatos têm importância fundamental na toxoplasmose. Quando a doença ocorre em gatos jovens não-imunes (primoinfecção), pode haver a produção de cerca de 100 milhões de oocistos eliminados nas fezes. - O maior surto mundial de toxoplasmose devido a contaminação hídrica por oocistos de T.gondii eliminados por um gato jovem com toxoplasmose ocorreu entre novembro de 2001 e janeiro de 2002, no Município de Santa Isabel do Ivaí (Paraná). De uma população de cerca de 9.000 habitantes, 462 pessoas apresentaram soropositividade sugestiva para anticorpo IgM, significando infecção aguda. O estudo epidemiológico detectou como fonte de infecção o reservatório d'água que abastece parte da cidade, contaminada por oocistos de T.gondii - O estudo realizado com 156 pessoas apresentando sintomas da doença demonstrou que os principais sinais clínicos foram: cefaléia, febre, cansaço, mialgia, adenomegalia (cervical, axilar, inguinal), perda de apetite. Não se conhece nenhum artrópode transmissor, mas moscas e baratas podem, eventualmente, veicular alguns oocistos nas patas . Animais silvestres também têm apresentado soropositividade para toxoplasmose: 75% em felídeos, 64% em marsupiais, 63% em primatas, 61% em roedores; 5% em marsupiais A transmissão para os seres humanos parece ocorrer principalmente por três vias: 1. Ingestão de oocistos presentes na água, alimentos, solo, areia, jardins, latas de lixo ou qualquer lugar contaminado com fezes de gato ou cujos oocistos foram disseminados por artrópodes etc 2. Ingestão de cistos presentes em carnes de aves, suínos, ovinos, caprinos ou bovinos, quando servidas cruas ou malcozidas 3. Transplacentária por taquizoítos durante a fase aguda ou, mais raramente, pela reativação da infecção nas mulheres grávidas PROFILAXIA: Não se alimentar de carne crua ou malcozida de qualquer animal ou leite cru Controlar a população de gatos nas cidades e em fazendas Os criadores de gatos devem manter os animais dentro de casa e alimentá-los com carne cozida ou seca, ou com ração de boa qualidade Incinerar todas as fezes dos gatos Proteger as caixas de areia para evitar que os gatos defequem nesse local Recomenda-se o exame pré-natal para toxoplasmose em todas as gestantes, com ou sem histórico de enfartamento ganglionar ou aborto Tratamento com espiramicina das grávidas em fase aguda (IgM ou IgA positivas) Desenvolvimento de vacinas: vacinas com subunidades do parasito, adequadas para combater a toxoplasmose nos seres humanos têm sido desenvolvidas, porém sem nenhum resultado preventivo concreto até o momento TRATAMENTO: - Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose, na fase crônica da infecção - As drogas utilizadas atuam contra taquizoítos, mas não contra os cistos - Como a maioria das pessoas com sorologia positiva não apresenta a doença, e pelo fato de as drogas empregadas serem tóxicas em usos prolongados, recomenda-se o tratamento apenas dos casos agudos, da toxoplasmose ocular e dos indivíduos imunodeficientes com toxoplasmose de qualquer tipo ou fase - Os medicamentos usados são: NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10 Associação de pirimetamina (Daraprim) com a sulfadiazina ou a sulfadoxina (Fansidar) Toxoplasmose ocular administração de um anti-inflamatório (Meticorten) e antiparasitários. As associações mais usadas são: a) Cloridrato de clindamicina, sulfadiazina e meticorten (alcança 93% de cura, porém a clindamicina altera profundamente a flora intestinal causando colites) b) Pirimetamina (Daraprim), sulfadiazina e meticorten (alcança 85% de cura, sendo a associação mais usada, exceto durante a gravidez, pois a pirimetamina é teratogênica) c) Espiramicina, sulfadiazina e meticorten (alcança 65% de cura), sendo usada quando não se pode usar as associações anteriores d) Azitromicina apresenta um bom resultado sem causar efeitos colaterais, uma alternativa para aqueles que não toleram terapêutica convencional Encefalite em aidéticos : associação de pirimetamina e sulfadiazina ou pirimetamina e clindamicina. A reativação de infecções latentes pode ser prevenida com o uso profilático de Trirnetoprirn e suldametoxazol.
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