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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 - É um dos principais mecanismos efetores da imunidade humoral e importante mecanismo efetor da imunidade inata - O sistema complemento é composto de proteínas séricas e de superfície celular que interagem umas com as outras e com outras moléculas do sistema imune de maneira altamente regulada para gerar produtos que funcionam para eliminar microrganismos - As proteínas do complemento são proteínas plasmáticas normalmente inativas, ativadas apenas em determinadas condições para gerar produtos que medeiam várias funções efetoras do complemento - O sistema complemento é ativado por microrganismos e por anticorpos que estão ligados aos microrganismos e outros antígenos - A ativação do complemento envolve a proteólise sequencial de proteínas para gerar complexos de enzimas com atividade proteolítica. As proteínas que adquirem atividade enzimática proteolítica pela ação de outras proteases são chamadas de zimógenos - Os produtos de ativação do complemento se tornam ligados covalentemente a superfícies de células microbianas, anticorpos ligados aos microrganismos e outros antígenos, e também aos corpos apoptóticos - A ativação do complemento é inibida por proteínas reguladoras que estão presentes em células normais do hospedeiro e ausentes nos microrganismos. As proteínas reguladoras são uma adaptação de células normais que minimizam os danos mediados pelo complemento às células hospedeiras. Corpos apoptóticos não apresentam inibidores do complemento ligados à membrana, mas podem recrutar proteínas inibidoras do sangue, reduzindo, assim, a ativação do complemento e o grau de inflamação VIAS DE ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO - Existem 3 vias principais de ativação do complemento - Embora se difiram na forma como são iniciadas, todas resultam na geração de complexos de enzimas que são capazes de clivar a proteína mais abundante do complemento, C3 - O evento central na ativação do complemento é a proteólise da proteína do complemento C3 para gerar produtos biologicamente ativos e a subsequente ligação covalente de um produto de C3, denominado C3b, a superfícies celulares microbianas ou ao anticorpo ligado ao antígeno - A ativação do complemento depende da geração de 2 complexos proteolíticos: a C3-convertase, que cliva C5 em C5a e C5b - Todas as funções biológicas do complemento são dependentes da clivagem proteolítica de C3. Por exemplo, a ativação do complemento promove a fagocitose porque o C3b torna-se covalentemente ligado aos microrganismos e os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) expressam receptores para C3b - Os peptídeos produzidos por proteólise de C3 estimulam a inflamação - A C5-convertase é montada após a geração prévia de C3b; e essa convertase contribui para a inflamação (pela geração do fragmento C5a) e para a formação de poros nas membranas dos alvos microbianos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 VIA CLÁSSICA: - Ativada por determinados isotipos de anticorpos ligados a antígenos - Principal mecanismo da imunidade humoral adaptativa - É iniciada pela ligação da proteína C1 do complemento aos domínios Ch2 de IgG ou aos domínios Ch3 de mole´culas de IgM que estão ligadas ao antígeno - Somente anticorpos ligados a antígenos, e não anticorpos livres circulantes, podem iniciar a ativação da via clássica. Isso se dá porque cada molécula de C1q deve se ligar a pelo menos 2 cadeias pesadas de Ig e ser ativada e cada região Fc de Ig possui apenas um único local de ligação C1q. Assim, duas ou mais regiões Fc devem estar acessíveis para C1, para que a ativação da via clássica seja iniciada. - Utiliza uma proteína plasmática chamada de C1q para detectar anticorpos ligados na superfície do microrganismo ou outra estrutura. Depois que C1q se liga à porção Fc dos anticorpos, duas serinoproteases associadas, chamadas de C1r e C1s, se tornam ativas e iniciam uma cascata proterolítica envolvendo outras proteínas do complemento. É um dos principais mecanismos efetores do braço humoral das respostas imunes adaptativas. - Entre os anticorpos IgG, os IgG1 e IgG3 (em humanos) são ativadores do complemento mais eficazes do que as outras subclasses RESUMO PROTEÍNAS DA VIA CLÁSSICA DO COMPLEMENTO: C1 inicia a via clássica C1q liga-se à porção Fc do anticorpo que está ligado ao antígeno, a células apoptóticas e a superfícies catiônicas C1r serinoprotease, cliva C1s para torná-la uma protease ativa C1s serinoprotease, cliva C4 e C2 NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 C4 C4b se liga covalentemente à superfície de um microrganismo ou célula, onde o anticorpo está ligado e o complemento é ativado. C4b se liga a C2 para que este seja clivado por C1s. C4a estimula a inflamação (anafilatoxina) C2 C2a é uma serinoprotease e funciona como uma enzima ativa das convertases de C3 e de C5 para clivar C3 e C5 VIA ALTERNATIVA: - Ativada na superfície das células microbianas na ausência de anticorpo - Mecanismo efetor da imunidade inata - Resulta na proteólise de C3 e na fixação estável do produto de degradação de C3b nas superfícies microbianas sem a necessidade de anticorpo - É disparada quando uma proteína do complemento chamada de C3 reconhece diretamente certas estruturas da superfície microbiana, como LPS bacteriano. O C3 é constitutivamente ativado em solução a um baixo nível e se liga às superfícies celulares, mas é inibido por moléculas regulatórias presentes nas células de mamíferos. Pelo fato de os microrganismos não terem essas proteínas regulatórias, a ativação espontânea pode ser amplificada nas superfícies microbianas. Esta via pode distinguir o próprio normal de microrganismos estranhos baseando-se na presença ou ausência das proteínas regulatórias - A ativação da via alternativa ocorre prontamente nas superfícies de células microbianas e não em células de mamífero. Se o complexo C3bBb é formado sobre células de mamíferos, é rapidamente degradado e a reação é finalizada pela ação de diversas proteínas reguladoras presentes nessas células VIA DAS LECTINAS: - Ativada por uma lectina plasmática que se liga a resíduos de manose em microrganimos - Mecanismo efetor da imunidade inata - É desencadeada pela ligação de polissacarídeos microbianos a lectinas circulantes, tais como a lectina ligadora de manose plasmática (MBL) ou as ficolinas, sempre na ausência de anticorpo - Disparada por uma proteína plasmática chamada de lectina ligante de manose (MBL), que reconhece resíduos de manose terminal nas glicoproteínas e nos glicolipídios microbianos, similarmente ao receptor de manose nas membranas dos fagócitos. A MBL é um membro da família de colectina com uma estrutura hexamérica similar ao componente C1q do sistema complemento. Depois que a MBL se liga aos microrganismos, dois zimogênios chamados de MASP1 (serinoprotease 1 associada à manose ou serinoprotease associada à lectina ligante de manan) e MASP2, com funções similares ao C1r e NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 C1s, se associam à MBL e iniciam passos proteolíticos na cascata e idênticos à via clássica RESUMO DAS PROTEÍNAS DA VIA DAS LECTINAS DO COMPLEMENTO: Lectina ligadora de manose aglutina, opsonina, fixação do complemento M-ficolina (ficolina-1) aglutina, opsonina, fixação do complemento L-ficolina (ficolina -2 ) aglutina, opsonina, fixação do complemento H-ficolina (ficolina-3) aglutina, opsonina, fixação do complemento MASP1 forma um complexo com MASP2 e colectinas ou ficolinas e ativa MASP3 MASP2 forma um complexo com lectinas, especialmente ficolina-3 MASP3 associa-se a colectinas ou ficolinas e MASP1 e cliva C4 ETAPAS FINAIS DA ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO: - O reconhecimento dosmicrorganismos por qualquer uma das 3 vias do complemento resulta em recrutamento sequencial e montagem de proteínas adicionais do complemento em complexos de proteases - O complexo C3 convertase cliva uma proteína central do sistema complemento, C3, produzindo C3a e C3b. O maior fragmento de C3b se torna covalentemente ligado à superfície microbiana onde a via do complemento foi ativada. O fragmento menor C3a é liberado e estimula a inflamação agindo como quimioatraente para neutrófilos. O C3b se liga a outras proteínas do complemento para formar uma protease chamada de C5 convertase, que cliva C5, gerando um peptídeo liberado, C5a, e um fragmento maior C5b, que permanece ligado nas membranas da célula microbiana. C5 também é quimioatraente e induz mudanças nos vasos sanguíneos que os fazem extravasar proteínas plasmáticas e fluidos para os locais de infecções. C5b inicia a formação de um complexo de proteínas do complemento C6, C7, C8 e C9, que são montadas em um poro da membrana denominado complexo de ataque da membrana (MAC) que causa a lise das células onde o complemento é ativado PROTEÍNAS DAS ETAPAS DE ATIVAÇÃO DA VIA TERMINAL DO COMPLEMENTO: C5 C5b inicia a montagem do MAC, C5a estimula a inflamação (anafilatoxina) C6 componente do MAC: liga-se a C5b e aceita C7 C7 componente do MAC: liga-se a C5b, 6 e insere-se nas membranas lipídicas C8 componente do MAC: liga-se a C5b, 6, 7 e inicia a ligação e polimerização de C9 C9 componente do MAC: liga-se a C5b, 6,7,8 e polimeriza-se para formar poros na membrana REGULAÇÃO DA ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO: - A ativação da cascata do complemento e a estabilidade de proteínas ativas do complemento são finamente reguladas para evitar a ativação do complemento em células normais do hospedeiro e para limitar a duração da ativação do complemento, mesmo em células microbianas e complexos antígeno-anticorpo - A regulação do complemento é mediada por diversas proteínas circulantes e de membrana celular, muitas dessas proteínas, bem como as várias proteínas das vias clássica e alternativa, pertencem a uma família denominada reguladores da atividade do complemento (RCA) e são codificadas por genes homólogos que estão localizados de forma adjacente um ao outro no genoma FUNÇÕES DO COMPLEMENTO: NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 - As principais funções efetoras do sistema do complemento na imunidade inata e na imunidade adaptativa humoral são: Promover a fagocitose de microrganismos sobre os quais o complemento é ativado Estimular a inflamação e induzir a lise desses microrganismos - Além disso, os produtos de ativação do complemento facilitam a ativação de linfócitos B e a produção de anticorpos - A fagocitose, inflamação e a estimulação da imunidade humoral são mediadas pela ligação de fragmentos proteolíticos de proteínas do complemento para vários receptores da superfície celular, enquanto a lise celular é mediada pelo MAC OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE: - Os microrganismos sobre os quais o complemento é ativado pela via clássica ou pela via alternativa tornam-se revestidos com C3b, iC3b ou C4b e são fagocitados pela ligação dessas proteínas aos receptores específicos em macrófagos e neutrófilos - A fagocitose de microrganismos dependente de C3b e de iC3b é um importante mecanismo de defesa contra infecções nas imunidades inata e adaptativa. Um exemplo da importância do complemento é a defesa do hospedeiro contra bactérias com cápsulas ricas em polissacarídios, tais como pneumococos e meningococos, que é mediada primariamente pela imunidade humoral. - Os anticorpos IgM contra polissacarídios capsulares ligam-se às bactérias, ativam a via clássica do complemento e estimulam a eliminação das bactérias por fagocitose no baço. É por isso que indivíduos sem o baço (p. ex., como resultado da remoção cirúrgica após ruptura traumática ou em pacientes com anemia hemolítica autoimune ou trombocitopenia) são suscetíveis a septicemia pneumocócica e meningocócica disseminada. Humanos e camundongos deficientes em C3 são extremamente suscetíveis a infecções bacterianas letais. ESTIMULAÇÃO DAS RESPOSTAS INFLAMATÓRIAS: - Os fragmentos proteolíticos dos complementos C5a, C4a e C3a induzem inflamação aguda, ativando mastócitos, neutrófilos e células endoteliais - Todos os 3 peptídeos se ligam a mastócitos e induzem a desgranulação, com a liberação de mediadores vasoativos como a histamina - Em neutrófilos, C5a reforça a motilidade, a adesão firme às células endoteliais e, em altas concentrações, o estímulo do burst respiratório e da produção de espécies reativas de oxigênio. Além disso, C5a pode atuar diretamente sobre as células endoteliais vasculares e induzir aumento da permeabilidade vascular e expressão de P- selectina, o que promove a ligação de neutrófilos. Essa combinação de ações de C5a em mastócitos, neutrófilos e células endoteliais contribui para a inflamação nos locais da ativação do complemento - O C5a é o mediador mais potente de desgranulação de mastócitos; C3a é cerca de 20 vezes menos potente; e C4a, aproximadamente 2.500 vezes menos potente CITÓLISE MEDIADA PELO COMPLEMENTO: - A lise mediada pelo complemento de organismos estranhos é mediada pelo MAC - A lise mediada pelo complemento parece ser essencial apenas para a defesa contra alguns poucos agentes patogênicos que são incapazes de resistir à inserção do MAC, como bactérias do gênero Neisseria, que possuem paredes celulares muito delgadas.
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