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Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a1 Transformações Lineares: Introdução Índice Objectivo .......................................................................................................................... 1 1 Introdução: primeiros exemplos .................................................................................... 2 2 Definição de transformação linear ................................................................................. 3 3 Representação matricial ................................................................................................. 4 4 Núcleo e Imagem de uma Transformação Linear ......................................................... 5 5 Inversa de uma Transformação Linear .......................................................................... 7 Síntese/Formulário ......................................................................................................... 10 Objectivo Pretende-se introduzir a noção de transformação linear entre dois espaços vectoriais. https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a2 1 Introdução: primeiros exemplos Uma transformação ou aplicação linear é uma correspondência entre dois espaços vectoriais que verifica as seguintes condições: # A imagem da soma de dois vectores é igual à soma das imagens e, # A imagem do produto de um vector por um escalar coincide com o produto do escalar pela imagem do vector. Exemplo: Para exemplificar, considere-se a matriz 01 10 A e o vector 0 1 x e calcule-se o produto matricial: yAx 1 0 0 1 01 10 Mais geralmente, a matriz A define uma correspondência T de 2IR para 2IR , que a cada 2IRx faz corresponder 2IRAxy , sendo a imagem y obtida do objecto x, por rotação deste de 90º no sentido positivo. Diz-se, então, que a transformação T é uma rotação e representa-se simbolicamente por 22: IRIRT AxxTyx )( Para qualquer vector 2 21 ),( IRxxx , tem-se 1 2 2 1 01 10 x x x x Ax , donde T pode, alternativamente, ser representada por 22: IRIRT , 1 2 1 2 2 1( , ) ( , ) ( , )x x T x x x x . https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a3 2 Definição de transformação linear Para se verificar que T é uma transformação linear bastará utilizar as propriedades da multiplicação de matrizes. Com efeito, dados quaisquer dois vectores x e y pertencentes a 2IR e um escalar 2IR , tem-se )()()()( yTxTAyAxyxAyxT e )()()( xTAxxAxT . Ou seja, a transformação T é linear dado que satisfaz as duas condições inicialmente exigidas. Mais formalmente, tem-se: Definição: Sejam E e F dois espaços vectoriais. Uma aplicação FET : diz-se uma transformação linear (ou aplicação linear) de E em F se: (1) T T T x y x y , quaisquer que sejam ,x y E (2) T T x x , quaisquer que sejam x E e escalar. Estas duas condições podem ser reunidas na condição ( ) ( ) ( ),T x y T x T y para todos os x, y E e todos os escalares , . De facto, esta última igualdade é equivalente às anteriores podendo ser igualmente utilizada para caracterizar as transformações lineares. Exemplo 2.1: Mostre que a aplicação 2 2 1 2 2 1: , , ,T IR IR T x x x x é uma transformação linear. (1) 1 2 1 2 1 1 2 2 2 2 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 , , , , , , , , nestecaso nestecaso T T x x y y T x y x y x y x y x x y y T x x T y y T T x y x y . (2) 1 2 1 2 2 1 2 1 1 2 , , , , , nestecaso nestecaso T T x x T x x x x x x T x x T x x . https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a4 3 Representação matricial A questão que naturalmente se põe, é a de saber se qualquer transformação linear tem uma representação matricial. A resposta é afirmativa como mostra o resultado seguinte. Teorema: Seja FET : uma transformação linear, e suponham-se fixadas em E e em F as bases neee ,...,, 21 e mfff ,...,, 21 , respectivamente. Então, a imagem FxTy )( de qualquer vector Ex obtém-se por , 2 1 2 1 nn x x x A y y y Axy em que: # A é uma matriz do tipo nm e as suas colunas são, respectivamente, as componentes dos vectores )(...,),(),( 21 neTeTeT , relativamente à base mfff ,...,, 21 de F; nxxx ,...,, 21 são as componentes de x relativamente à base fixada em E, isto é, nnexexexx ...2211 ; # myyy ,...,, 21 são as componentes de y relativamente à base fixada em F, isto é, mm fyfyfyy ...2211 . Além disto, A é única e diz-se a matriz representativa de T relativamente às bases fixadas em E e em F, ou seja, Axy em que A designa, como se enunciou, a matriz cujas colunas são as imagens por meio de T dos vectores da base fixada em E. Visto que estas imagens se escrevem de maneira única em função dos vectores da base de F, conclui-se que A é a única matriz que representa T nas bases fixadas em E e F. Vimos no teorema anterior que a cada transformação linear está associada a matriz que a representa relativamente às bases consideradas. É nesta altura importante observar que a composição de transformações lineares está associada ao produto das matrizes que representam aquelas transformações nas bases consideradas. Teorema: Sejam E, F e G espaços vectoriais com os mesmos escalares e designemos respectivamente por AS e AT as matrizes que representam as transformações lineares GFTeFES :: relativamente a bases fixadas em E, F e G. Então, a matriz AT o S que representa T o S é o produto de AT por AS, isto é, AT o S = AT AS . https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a5 Exemplo 3.1: Consideremos duas transformações lineares 2332 :: IRIRTeIRIRS representadas, relativamente às bases canónicas de 32 IReIR , respectivamente por 011 102 11 10 10 TS AeA Tem-se então que a matriz representativa de 22: IRIRSo T é dada por 20 31 11 10 10 011 102 STSoT AAA . Consequentemente, )2,3(),() o ( 22121 xxxxxST . Por outro lado, a matriz representativa de 33: o IRIRTS é 113 011 011 011 102 11 10 10 o TSTS AAA donde )3,,(),,() o ( 3212121321 xxxxxxxxxxTS . 4 Núcleo e Imagem de uma Transformação Linear Definição: Seja FET : uma transformação linear. Associados a T consideram-se habitualmente dois subconjuntos, um do espaço vectorial de partida, E, e o outro do espaço vectorial de chegada, F. O primeiro é o conjunto do vectores de E que são aplicados no vector nulo 0F de F, designado por espaço nulo de T ou núcleo de T e representado habitualmente por N(T) (Outra notação comum é Ker T ). Tem-se assim, FxTExTN 0)(:)( . Definição: O segundo subconjunto mencionado, é o conjunto das imagens de E por meio de T, designa-se por imagem de T ou contradomínio de T, representa-se por Im(T) e, formalmente, é dado por: )(:::)()Im( xTyExFyExFxTT Sendo A a matriz representativa de T é imediato verificar que N(T) coincide com o espaço nulo de A e que Im(T) não é mais do que o espaço das colunas da mesma matriz. Consequentemente, o seguinte resultado é válido: Teorema: Seja FET : uma transformação linear. Então, o núcleo de T e a imagem de T são subespaços vectoriais de E e F, respectivamente. Observe-se que no exemplo anterior é válida a igualdade )dim(21)Im(dim)(dim 3IRTTN , https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a6 isto é, a soma das dimensões do núcleo de T e da imagem de T iguala a dimensão do espaço de partida. O resultado seguinte, que se apresenta sem demonstração, estabelece que aquela igualdade é válida em geral. Teorema: Seja E um espaço vectorial de dimensão finita e T uma transformação linear definida em E. Então, ETTN dim)Im(dim)(dim Exemplo 4.1: Supondo fixada em 3IR a base canónica, determinar: a) o núcleo e b) a imagem da transformação linear 33: IRIRT definida por ),,2(),,( 1321321 xxxxxxxT . Resolução: a) Bastará determinar os espaços nulo e das colunas da matriz representativa de T. Esta última é a matriz 001 110 002 TA , pois (0,1,0)(0,0,1)(0,1,0)(0,1,0)2,0,1)((1,0,0) TeT;T . Para obter o espaço nulo é necessário resolver o sistema 0xAT , procedendo-se como segue: 0|001 0|110 0|002 0|001 0|110 0|002 31 2 1 LL 0|001 0|110 0|001 12 1 L . Assim, 0xAT é equivalente a 32 1 32 1 0 0 0 xx x xx x , donde )1,1,0(:),,0()( 333 IRxxxTN . b) Para obter o espaço imagem Im(T) é necessário determinar os vectores y para os quais o sistema yxAT é possível, procedendo-se do seguinte modo: 31 2 1 3 2 1 21|000 |110 |002 |001 |110 |002 31 2 1 yy y y y y y LL Assim, aquele sistema é possível se e só se https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a7 3131 20 2 1 yyyy , donde os vectores de Im(T) são da forma )1,0,2()0,1,0(),,2( 32323 yyyyy , ou seja, )1,0,2(),0,1,0( Im (T) . Visto que os vectores geradores de Im(T) são linearmente independentes tem-se dim Im(T) = 2. Deste modo, verifica-se uma vez mais )dim()Im(dim)(dim 3IRTTN . 5 Inversa de uma Transformação Linear Definição: Seja FET : uma transformação linear. Diremos que T é invertível se T é injectiva, isto é, se transforma elementos distintos de E em elementos distintos de F. Equivale a afirmar que, para yxseEyx ,, , então )()( yTxT , ou, o que é o mesmo, yxyTxTEyx )()(,, Recordemos, a propósito, que FET : se diz sobrejectiva se FT )Im( , pois, assim, qualquer elemento do conjunto de chegada é imagem de um elemento do conjunto de partida. Uma transformação linear que é simultaneamente injectiva e sobrejectiva diz-se bijectiva. O resultado seguinte permite caracterizar as transformações invertíveis de diversas formas, decorrendo daí o seu interesse. Teorema: Sejam E e F espaços vectoriais de dimensão finita e FET : uma transformação linear. Então, as seguintes afirmações são equivalentes: - T é invertível, ou equivalentemente, T é injectiva; - A transformação inversa EFTT )Im(:1 definida por ExxxTT ,)(1 , é linear; - ETN 0)( , isto é, o núcleo de T reduz-se ao vector nulo de E; - T transforma vectores linearmente independentes de E em vectores linearmente independentes de F, isto é, se pvvv ,...,, 21 são vectores linearmente independentes de E então )(),...,(),( 21 pvTvTvT , são vectores linearmente independentes de F. Por último, é estabelecido formalmente o paralelismo entre transformações inversas e matrizes inversas. Teorema: Sejam E e F espaços vectoriais de dimensão finita e FET : uma transformação linear invertível representada matricialmente pela matriz quadrada AT . Então, T é bijectiva e a transformação inversa de 1, TT , é representada matricialmente pela matriz inversa de AT , isto é, 1)(1 TT AA . https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a8 Exemplo: Fixada a base canónica de 3IR , considere-se a transformação linear 33: IRIRT cuja representação matricial é 110 111 011 TA . Pretende-se averiguar se T é bijectiva e, em caso afirmativo, calcular a transformação inversa. Para resolver a primeira das questões, é suficiente determinar o núcleo e a imagem de T. Com efeito, para obter o núcleo procede-se às operações seguintes: 0|110 0|120 0|011 0|110 0|111 0|011 21 LL 0|2100 0|120 0|011 2 32 1 LL Conclui-se então que o sistema homogéneo )0,0,0(),,( 321 xxxT é possível e determinado, o que implica que )0,0,0()( TN , ou seja, T é injectiva. Para obter o espaço imagem Im(T) efectuam-se os seguintes procedimentos: 3 12 1 3 2 1 |110 |120 |011 |110 |111 |011 21 y yy y y y y LL 2 |2100 |120 |011 2 12 3 12 1 32 1 yy y yy y LL . Assim, 3)Im( IRT pois o sistema é sempre possível, qualquer que seja 3 321 ),,( IRyyyy . Deste modo, T é sobrejectiva e, dado que é injectiva, é bijectiva. Aliás, este facto poderia ter sido imediatamente concluído após a verificação da invertibilidade de T. Com efeito, sendo T invertível e representada por uma matriz quadrada fica garantido, pelo teorema 7, que T é bijectiva. Finalmente, a determinação da transformação inversa 1T pode, portanto,fazer-se calculando a matriz inversa de TA , que é a matriz https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a9 211 111 110 . Consequentemente, )2,,(),,( 32132121321 1 xxxxxxxxxxxT , como facilmente se verifica multiplicando 1)( TA por ),,( 321 xxx . https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ Matemática/ Álgebra Transformações Lineares – Introdução do estudo (FT 1) Agradeço a indicação de gralhas e sugestões: Professor Joaquim Guerreiro Marques: https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/ P ág in a1 0 Síntese/Formulário # Sejam E e F dois espaços vectoriais. Uma aplicação FET : diz-se uma transformação linear (ou aplicação linear) de E em F se: - )()()( yTxTyxT , quaisquer que sejam Eyx , ; - )()( xTxT quaisquer que sejam Ex e escalar. Estas duas conclusões podem ser reunidas na condição )()()( yTxTyxT , para todos os Eyx , e todos os escalares e . [Definição] # Suponham-se fixadas em E e em F as bases neee ,...,, 21 e mfff ,...,, 21 , respectivamente. Então, a matriz representativa de FET : é do tipo nm e as suas colunas são as componentes dos vectores )(...,),(),( 21 neTeTeT relativamente à base mfff ,...,, 21 de F. A imagem FxTy )( de qualquer vector Ex obtém-se por Axy , em que A é a matriz representativa de T. Esta matriz é única relativamente às bases fixadas em E e F. [Definição] # Sejam AS e AT as matrizes que representam as transformações lineares FES : e GFT : relativamente a bases fixadas em E, F e G. Então, a matriz AT o S que representa T o S é o produto de AT por AS, isto é, ST So T AA A . [Definição: composição de transformações] # O núcleo de uma transformação linear FET : define-se por FxTExTN 0)(:)( . [Definição] # O conjunto das imagens E por meio de T, designa-se por imagem de T e define-se por )(:::)()Im( xTyExFyExFxTT . [Definição] # Sendo A a matriz representativa de T é imediato verificar que N(T) coincide com o espaço nulo de A e que Im(T) não é mais do que o espaço das colunas da mesma matriz. Conclui-se então que o núcleo de T e a imagem de T são subespaços vectoriais de E e F, respectivamente. Tem-se também que a seguinte igualdade é válida: ETTN dim)Im(dim)(dim [Teo.] # Diz-se que uma transformação FET : é invertível se T é injectiva, isto é, se transforma elementos distintos de E em elementos distintos de F. Equivale a afirmar que, para Eyx , , se yx então )()( yTxT , ou, o que é o mesmo, yxyTxTEyx )()(,, [Definição] # FET : diz-se sobrejectiva se FT )Im( , pois, assim, qualquer elemento do conjunto de chegada é imagem de um elemento do conjunto de partida. Uma transformação linear que é simultaneamente injectiva e sobrejectiva diz-se bijectiva. [Definição] # Uma transformação FET : é invertível se e só se ETN 0)( ou, equivalentemente, se transforma vectores linearmente independentes de E em vectores linearmente independentes de F. [Teo.] # Sejam E e F espaços de dimensão finita e FET : uma transformação linear. Se T é invertível e é representada por uma matriz quadrada AT, então T é bijectiva. Além disto, a transformação inversa 1T é representada pela matriz inversa de AT, isto é, 1)(1 TT AA . [Teo.] https://www.linkedin.com/in/jmgmarques/
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