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Cinemática angular Módulo: 1 Capítulo: 3 Página: 36 a 53 Espaço angular Quando pontos materiais descrevem trajetórias circulares, podemos determinar suas posições por meio de ângulos centrais 𝜑 (letra grega fi minúscula) em lugar do espaço s (arco 𝑂𝑃 ) medido na própria trajetória (fig. 1). O espaço s permite determinar a posição P do ponto material em cada instante; o ângulo A também localiza P e, por isso, é chamado espaço angular. O espaço s é chamado espaço linear para diferenciar do espaço angular 𝜑. Trabalharemos com ângulos em radianos. O arco s relaciona-se com o ângulo 𝜑 em radianos pela fórmula: s = 𝜑R (R é o raio de curvatura da trajetória do ponto material) De modo análogo às definições de velocidade escalar e aceleração escalar, definimos velocidade angular 𝜔 (letra grega ômega minúscula) e aceleração angular 𝛾 (letra grega gama minúscula). As grandezas angulares 𝜑, 𝜔 e 𝛾 compõem a cinemática angular, em contraposição às grandezas lineares já estudadas s, v e 𝛼, que compõem a cinemática linear. Velocidade angular a) Velocidade angular média𝝎m Seja 𝜑1 o espaço angular de um ponto material, num instante t1, e 𝜑2 o espaço angular, num instante posterior t2 (fig. 2). No intervalo de tempo Δt = t2 – t1, a variação do espaço angular é Δ𝜑 = 𝜑2 – 𝜑1. A velocidade angular média 𝜔m, no intervalo de tempo Δt, é, por definição: 𝜔𝑚 = Δ𝜑 Δ𝑡 b) Velocidade angular instantânea𝝎 A velocidade angular instantânea 𝜔 é o valor limite ao qual tende a velocidade angular média, quando o intervalo de tempo Δt tende a zero (Δt→ 0): 𝜔 = lim Δ𝑡 → 0 Δ𝜑 Δ𝑡 Medindo-se Δ𝜑 em radianos e Δ𝑡 em segundos, a velocidade angular (média e instantânea) é medida em radianos por segundo (rad/s). c) Relação entre a velocidade escalar v e a velocidade angular𝝎 De s1 = 𝜑1R e s2 = 𝜑2R, vem: s2 – s1 = (𝜑2 – 𝜑1)R ou Δs = Δ𝜑R Dividindo ambos os membros da última igualdade por Δt, resulta: Δ𝑠 Δ𝑡 = Δ𝜑 Δ𝑡 𝑅 ⟹ 𝑣𝑚 = 𝜔𝑚𝑅 Considerando o intervalo de tempo Δt tendendo a zero (Δt → 0), a igualdade anterior se torna: v = 𝜔𝑅 Aceleração angular a) Aceleração angular média 𝜸m Seja 𝜔1 a velocidade angular de um ponto material num instante t1 e 𝜔2 a velocidade angular num instante posterior t2. No intervalo de tempo Δt = t2 – t1, a variação da velocidade angular é Δ𝜔 = 𝜔2 – 𝜔1. A aceleração angular média Dm no intervalo de tempo Δt é, por definição: 𝜸𝑚 = Δ𝜔 Δ𝑡 b) Aceleração angular instantânea 𝜸 A aceleração angular instantânea 𝜸 é o valor limite ao qual tende a aceleração angular média quando o intervalo de tempo Δt tende a zero (Δt→ 0): 𝛾 = lim Δ𝑡 → 0 Δ𝜔 Δ𝑡 Medindo-se Δ𝜔 em radianos por segundo e Δ𝑡 em segundos, a aceleração angular (média e instantânea) é medida em radianos por segundo ao quadrado (rad/s2). c) Relação entre a aceleração escalar 𝜶 e a aceleração angular 𝜸 De v1 = 𝜔1R e v2 =𝜔2R, vem: v2 – v1 = (𝜔2 – 𝜔1)R ou Δ𝑣 = Δ𝜔R Dividindo ambos os membros da última igualdade por Δt, resulta: Δ𝑣 Δ𝑡 = Δ𝜔 Δ𝑡 𝑅 ⟹ 𝛼𝑚 = 𝛾𝑚𝑅 Considerando o intervalo de tempo Δt tendendo a zero (Δt → 0), a igualdade anterior se torna: 𝛼 =𝛾𝑅 Podemos observar na tabela abaixo que a cada grandeza angular (espaço, velocidade e aceleração) corresponde uma grandeza linear: No estudo dos movimentos circulares é possível estabelecer uma relação entre grandezas lineares, grandezas angulares e raio, de modo que as grandezas lineares correspondam às grandezas angulares multiplicadas pelo raio. Período e frequência Dizemos que um fenômeno é periódico quando ele se repete, identicamente, em intervalos de tempo sucessivos e iguais. O período (T ) é o menor intervalo de tempo da repetição do fenômeno. Num fenômeno periódico, chama-se frequência (f) o número de vezes em que o fenômeno se repete na unidade de tempo. O período e a frequência se relacionam. Por regra de três simples e direta, temos: Intervalo de tempo No de vezes em que o fenômeno se repete (período) T ------------------- 1 vez (unidade de tempo) 1 ------------------- f vezes (frequência) Daí, temos: fT = 1 Portanto: 𝑓 = 1 𝑇 ou 𝑇 = 1 𝑓 Observe que a frequência é o inverso do período e vice-versa. O mesmo é válido para suas unidades: [T ] = s e [f ] = 1 𝑠 = 1 s–1 = 1 Hz O período T é o menor intervalo de tempo para o fenômeno se repetir; suas unidades podem ser: segundo (s), hora (h), dia. A frequência f é o número de vezes em que ocorre o fenômeno na unidade de tempo. Sua unidade é o inverso da unidade de tempo. Uma das unidades mais utilizadas de frequência é 1 𝑠 = 1 s–1 que é chamada hertz* (Hz). Assim, 1 s–1 = 1 Hz. O quilohertz (kHz) corresponde a 1.000 Hz. Como os fenômenos em estudo são periódicos, isto é, realizam ciclos ou rotações, é comum nos referirmos à unidade hertz falando em ciclos por segundo (cps) ou rotações por segundo (rps). Outra unidade usual de frequência é rotações por minuto (rpm): 1 rpm = 60 rps. Movimento circular uniforme (MCU) No movimento uniforme, o ponto material percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. No caso particular do movimento circular uniforme (MCU), como a trajetória é circular, decorre que o intervalo de tempo de cada volta completa é sempre o mesmo, isto é, de tempos em tempos iguais o ponto material passa pela mesma posição. Portanto, o MCU é um movimento periódico. Seu período (T) é o intervalo de tempo de uma volta completa. O número de voltas na unidade de tempo é sua frequência f: 𝑓 = 1 𝑇 A função horária do movimento uniforme é: s = s0 + vt Dividindo pelo raio: 𝑠 𝑅 = 𝑠0 𝑅 + 𝑣 𝑅 𝑡 Sendo 𝑠 𝑅 = 𝜑, 𝑠 0 𝑅 = 𝜑0 (espaço angular inicial) e 𝑣 𝑅 = 𝜔, obtemos: 𝜑 = 𝜑0 + 𝜔𝑡 que constitui a função horária angular do MCU. Adotando-se 𝜑0 = 0, quando o ponto material completa uma volta têm-se: 𝜑 = 2𝜋 rad e t = T (período). De 𝜑 = 𝜑0 + 𝜔𝑡, vem: 2𝜋 = 0 + 𝜔𝑇 ⇒ 𝜔 = 2𝜋 𝑡 Sabemos que 1 𝑇 = 𝑓. Assim, obtemos: 𝜔 = 2𝜋𝑓 Como o movimento é circular e uniforme, sua aceleração vetorial é a aceleração centrípeta acp. Seu módulo pode ser expresso em função da velocidade angular 𝜔: 𝑎𝑐𝑝 = 𝑣2 𝑅 = (𝜔𝑅)2 𝑅 = 𝜔2𝑅2 𝑅 = 𝜔2𝑅 ⟹ 𝑎𝑐𝑝 = 𝑣2 𝑅 = 𝜔2𝑅 É importante associar as grandezas. Observe como, a partir da frequência f, podem-se obter as demais grandezas. De fato, de f obtêm-se: 𝑇 = 1 𝑓 , 𝜔 = 2𝜋 𝑇 , 𝑣 = 𝜔𝑅 e acp = 𝑣2 𝑅 Transmissão de movimento circular uniforme É possível efetuar a transmissão de movimento circular entre duas rodas, dois discos ou duas polias empregando dois procedimentos básicos: encostando-os (fig. 5) ou ligando-os por uma correia ou corrente (fig. 6). Em ambos os casos, costuma-se usar engrenagens cujos dentes se adaptam entre si, quando em contato, ou se encaixam nos elos da corrente de ligação, para não haver deslizamento ou escorregamento. Na transmissão por contato há inversão no sentido do movimento, o que não ocorre na transmissão por corrente (ou correia). No entanto, as velocidades lineares dos pontos periféricos das duas rodas, em cada instante, têm o mesmo módulo em ambas as situações. Assim, considerando os pontos A e B destacados nas figuras 5 e 6, temos: VA= VB Os raios das rodas e, portanto, dos movimentos descritos pelos pontos A e B são RA e RB, respectivamente. Sendo 𝜔A e 𝜔B as correspondentes velocidades angulares, podemos escrever: vA = 𝜔ARA e vB = 𝜔BRB Mas, como vA = vB, obtemos: 𝜔ARA = 𝜔BRB Portanto, as velocidades angulares das rodas são inversamente proporcionais aos respectivos raios. Essa proporcionalidade inversa em relação aos raios vale também para as frequências fA e fB, pois: 𝜔A = 2𝜋fA e 𝜔B = 2 𝜋 fB. 2𝜋fARA = 2𝜋fBRB⟹ fARA = fBRB Exercícios do livro didático 17) Uma bicicleta tem acopladas, em sua engrenagem, uma coroa e uma catraca. Sabendo que a coroa faz 10 voltas completas por segundo e que a catraca possui um raio 10 vezes menor, quantas voltas esta executará no mesmo intervalode tempo? 18) Uma partícula desloca-se ao longo de uma circunferência de raio r ao mesmo tempo em que outra partícula move-se em uma circunferência de diâmetro r. Sabendo que as duas partículas estão com a mesma velocidade linear, qual a razão entre suas velocidades angulares? 19) (UNIOEST-PR) A polia A de raio 10 cm esta acoplada à polia B de raio 36 cm por uma correia, conforme mostra a figura. A polia A parte do repouso e aumenta uniformemente sua velocidade angular à razão de 3,14 rad/s2. Supondo que a correia não deslize e que a polia B parte do repouso, o tempo necessário para a polia B alcançar a frequência de 100 rpm será de: a) 1,91 s b) 3,82 s c) 12,00 s d) 3,00 s e) 3,60 s 20) (Fuvest-SP) Qual é a ordem de grandeza do número de voltas dadas pela roda de um automóvel ao percorrer uma estrada de 200 km? a) 102 b) 103 c) 105 d) 107 e) 109 21) As rodas dentadas A, B e C têm, respectivamente, 32, 64 e 96 dentes, como mostra a figura. Sabendo que C, de raio 12cm, tem velocidade angular de 6 rad/s, a velocidade linear de um ponto da periferia da roda B e a velocidade angular da roda A são, respectivamente: a) 72 cm/s e 9,0 rad/s b) 36 cm/s e 9,0 rad/s c) 72 cm/s e 18 rad/s d) 36 cm/s e 18 rad/s e) 18 cm/s e 36 rad/s 22) (Unicamp – SP) Considere um computador que armazena informações em um disco rígido que gira a uma frequência de 120 Hz. Cada unidade de informação ocupa um comprimento físico de 0,2μm na direção do movimento de rotação do disco. Quantas informações magnéticas passam, por segundo, pela cabeça de leitura, se ela estiver posicionada a 3 cm do centro de seu eixo, como mostra o esquema simplificado apresentado abaixo? (Considere π ≈ 3.) a) 1,62⋅106. b) 1,8⋅106. c) 64,8⋅108. d) 1,08⋅108. Até a próxima aula!
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