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Elementos de Teoria Geral do Estado Dalmo de Abreu Dallari - SUFRÁGIO

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Resumo
Livro: Elementos de Teoria Geral do Estado – Dalmo de Abreu Dallari 
O SUFRÁGIO
Vários foram os critérios utilizados através do tempos para a escolha de governantes, desde o critério da força física, usado nas sociedades primitivas, até outros critérios, como o de sorteio, o de sucessão hereditária e, finalmente o de eleição, que é característico do Estado Democrático, que é a que mais se aproxima da expressão direta da vontade popular, concluindo que o povo, quando atua como corpo eleitoral, é um verdadeiro órgão do Estado. 
A constatação desses aspectos, suscitou uma polêmica em torno da natureza do voto, ou sufrágio, sustentando uns que se trata de um direito, enquanto que, para outros, existe apenas uma função, havendo ainda quem preferisse ver no sufrágio apenas a expressão de um dever eleitoral. A opinião absolutamente predominante é a de que se trata de um direito e uma função, concomitantemente. Como o direito de sufrágio, que cabe ao indivíduo, se exerce na esfera pública para a consecução de fins públicos, tem-se que ele configura um direito público subjetivo. Por outro lado, como é necessária a escolha de governantes para que se complete a formação da vontade do Estado e tenha meios de expressão, não há dúvida de que o sufrágio corresponde também a uma função social, o que justifica sua imposição como um dever. 
Coloca-se o problema da extensão do direito de sufrágio, havendo duas posições básicas: a que defende o sufrágio universal e a adepta do sufrágio restrito. A conquista do sufrágio universal foi um dos objetivos da Revolução Francesa e constou dos programas de todos os movimentos políticos do séc. XIX. Atualmente é fórmula consagrada nas Constituições a afirmação de que o voto é universal.
Quando se buscou, na França do séc. XVIII, a afirmação do sufrágio universal, o que se pretendia era abrir caminho para a participação política dos que, não sendo nobres, não tinham qualquer posição assegurada por direito de nascimento, mas os legisladores da Revolução Francesa foram contraditórios, pois ao mesmo tempo em que sustentava a igualdade de todos, admitiam que a sociedade deveria ser dirigida pelos mais sensatos, mais inteligentes, pelos melhores, que compõem, segundo se admitiu, a elite social. E para a identificação dessa elite foi apontado um duplo critério: o econômico, afirmando-se como mais capazes os que possuíssem bens de fortuna; e o intelectual, considerando-se mais capazes os que tivessem mais instrução. 
Além disso, foi excluída a participação das mulheres, independentemente das condições de fortuna e instrução. Não há dúvida de que na realidade, o que se introduziu foi o sufrágio restrito, com a eliminação dos privilégios da nobreza, o que constituiu um avanço, mas ficou bem distante do sufrágio universal. 
Restrições ao direito de sufrágio: 
· Por motivo de idade: é pacífico o reconhecimento de que o indivíduo só adquire maturidade suficiente para agir conscientemente na vida pública depois de certa idade. Não existe ainda um consenso unânime quanto ao limite mínimo de idade para aquisição do direito do sufrágio. 
· Por motivo de ordem econômica: os defensores destas restrições valiam-se, principalmente dos seguintes argumentos: a) as pessoas dotadas de melhor situação econômica têm mais interesse na escolha de um bom governo; b) essas pessoas são mais preocupadas com a ordem; c) os proprietários são os que pagam impostos e por isso têm mais direito à escolha dos que irão utilizar os recursos públicos; d) os proprietários dispõem de mais tempo para acompanhar os assuntos políticos; 
Todos esses argumentos foram sendo eliminados pela experiência, ficando evidente que a condição de proprietário nada tem que ver com o interesse e o preparo para o exercício do direito de votar. 
· Por motivo de sexo: como já foi mencionado, ao ser introduzido o sufrágio universal, não foi concebido o direito de voto às mulheres. No século passado generalizou-se o reconhecimento de igualdade dos sexos quanto aos direitos públicos.
· Por deficiência de instrução: é considerada a necessidade de um grau mínimo de instrução para o exercício consciente do direito de sufrágio. Para os países de menor nível de desenvolvimento econômico, existe o grave problema de permitir ou não que os analfabetos votem, justificando a negativa do direito de sufrágio sob a alegação de que os analfabetos não tendo acesso a jornais, livros e outras fontes escritas de informação, estão despreparados para o exercício de direitos públicos, sendo presa fácil da demagogia. 
· Por deficiência física ou mental: a exigência de que o eleitor tenha consciência da significação do ato de votar exclui, desde logo, os deficientes mentais, por outro lado, estando consagrada a exigência de que o voto seja pessoal e secreto, para assegurar a independência dos eleitores, ficam excluídos aqueles que, por deficiência física, não têm condições para votar obedecendo a essas circunstâncias. E é uma exigência democrática a redução das restrições, para que o maior número possível participe das escolhas. 
· Por condenação criminal: aquele que comete um crime e que tem reconhecida sua responsabilidade por sentença judicial, recebendo a imposição de uma pena, deve ter suspensos os seus direitos políticos enquanto durarem os efeitos da sentença. Só os criminosos condenados judicialmente, em processo normal, com ampla possibilidade de defesa, é que devem sofrer a suspensão dos direitos políticos. A simples suspeita ou acusação, ou mesmo o processo sem condenação, não justificam a medida restritiva. 
· Por engajamento no serviço militar: a restrição ao direito de voto dos militares, aplicado apenas às praças de pré, situadas no nível mais baixo da hierarquia, visa a impedir que a política penetre nos quartéis, provocando divisões entre os que deverão agir em conjunto e dentro da mais estrita disciplina em qualquer grave emergência. Algumas legislações restringem mais amplamente estes direitos, atingindo os próprios oficiais, o que a maioria dos autores considera exagero.
 Quanto à extensão do direito de votar, podem se fixar dois princípios orientadores, que sintetizam as considerações a respeito das restrições: 
1. O eleitor deve ter a possibilidade de agir livremente no momento de votar. Se houver qualquer fator de coação, direta ou indiretamente, viciando a vontade do eleitor, sua manifestação já não será autêntica. E a falta de autenticidade no pronunciamento de muitos eleitores compromete todo o processo eleitoral, retirando-lhe o caráter democrático. 
2. O eleitor deve ter consciência da significação de seu ato. O que é razoável pretender é que os eleitores votem com responsabilidade. Cabe aos governos democráticos promover a educação política do eleitorado, através da divulgação sistemática de conhecimentos, por meio de programas escolares, e concedendo ao povo amplas possibilidades de exercício livre dos direitos políticos, aproveitando os efeitos educativos da experiência.
REFERENCIAS: 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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