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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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Disciplina: Direito da Criança e do Adolescente
Trabalho Avaliativo
1 – Doutrina da Proteção Integral; 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, foi promulgado em 1990 para consolidar as diretrizes da Carta Magna e as diretrizes dos tratados internacionais sobre direitos das crianças e adolescentes (especialmente a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças - ratificada pelo Brasil em 1990).
O ECA é divido em uma Parte Geral, a qual prevê os Direitos Fundamentais, e em uma Parte Especial, a qual contém disposições pertinentes ao atendimento institucional e o acesso à Justiça. Nota-se uma significativa diferença entre o ECA e o Código de Menores de 1979, o qual gerava a intervenção do Estado somente quando verificava-se a "situação irregular", ou seja, quando as crianças e adolescentes não estavam inseridos dentro de uma família, ou estavam sendo privados de condições essenciais à sua subsistência, saúde e educação, ou estavam expostas a "perigo moral" ou possuíam "desvio de conduta".
 Tal doutrina da "situação irregular" considerava as crianças e adolescentes como objetos de tutela e intervenção e não como sujeitos de Direito. Porém, com o novo olhar jurídico da Constituição Federal de 1988 sobre as crianças e adolescentes, a doutrina da "situação irregular" foi substituída pela doutrina da proteção integral. 
A doutrina da proteção integral é adotada no artigo 1º  do Estatuto da Criança e do Adolescente:
 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
A ideia principal dessa doutrina é o fato de as crianças e adolescentes estarem em uma fase de desenvolvimento, sendo sujeitos de Direito e não apenas objeto de tutela e intervenção dos adultos. Assim, são titulares do direito à vida, à liberdade, à saúde, à segurança, à educação, como todas as demais pessoas, com a diferença de que, por estarem nessa condição de desenvolvimento, há certas especificidades em relação a esses direitos. 
Assim,  para que esses direitos sejam observados, faz-se necessária a atribuição de deveres à família, à sociedade e ao Estado de forma solidária, ou seja, tanto na esfera pública quanto na espera privada, todos devem observar os deveres a serem cumpridos a fim de garantir os direitos das crianças e adolescentes. Vejamos o art. 227 da Constituição Federal:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
No mesmo sentido, tem-se o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente que traz a previsão legal expressa do direito à prioridade absoluta, corolário da proteção integral: 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Vale ressaltar que a doutrina da proteção integral garante juridicidade aos direitos das crianças e adolescentes e assim, os deveres atribuídos à sociedade, ao Estado e à família não são uma obrigação apenas moral, mas sim exigíveis ao Poder Judiciário caso não estejam sendo cumpridos. Um exemplo disso é a impetração de mandado de segurança para garantir o direito à vaga em escola pública para uma criança.
Além disso, para implementar as diretrizes propostas pela doutrina da proteção integral, o Estatuto da criança e do adolescente reformula todo o sistema de políticas públicas e rede de atendimento da criança e do adolescente, passando a prevê-los de forma municipalmente organizada, contemplando diversas possibilidades de participação da sociedade civil.
É importante observar que o Estatuto da Criança e do Adolescente é um instrumento multidisciplinar no sentido de que articula, em uma só lei, normas de Direito Penal, Civil e Administrativo.
2 – Dos Direitos Fundamentais; 
No que tange a crianças e adolescentes, o legislador constituinte particularizou dentre os direitos fundamentais aqueles que se mostram indispensáveis à formação do indivíduo ainda em desenvolvimento, elencando-os no caput do art. 227. S ão eles: direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar.
Direito à vida 
Trata-se de direito fundamental homogêneo considerado como o mais elementar e absoluto dos direitos, pois indispensável para o exercício de todos os demais. Não se confunde com sobrevivência, pois no atual estágio evolutivo implica o reconhecimento do direito de viver com dignidade, direito de viver bem, desde o momento da formação do ser humano.
Direito à Saúde
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS ), saúde “é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas ausência de doenças”. No sistema de garantias do ECA cabe à família, comunidade e Poder Público assegurar esse direito fundamental estreitamente vinculado ao direito à vida. Mas a garantia da saúde não envolve apenas cuidados médicos. A saúde pela alimentação é uma realidade. Promover uma nutrição adequada significa prevenir doenças decorrentes de desnutrição, carência de algum nutriente ou obesidade infantil, hoje, um dos grandes males da infância. S e a família não reúne condições de alimentar adequadamente a prole – muitas vezes numerosa –, cabe ao Poder Público elaborar políticas sociais executáveis por meio de programas de alavancagem social garantidores de renda mínima. A ausência de programas públicos na área de saúde envolve a atuação direta do Ministério Público e da comunidade por meio da coleta de dados, verificação da real necessidade e provocação do Poder Público para atender à demanda social.
Direito à liberdade
É normalmente traduzido como o direito de ir e vir. Mas não é só. A liberdade preconizada no art. 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente é mais ampla, compreendendo também a liberdade de opinião, expressão, crença e culto religioso 116 , liberdade para brincar, praticar esportes, divertir-se, participar da vida em família, na sociedade e vida política, assim como buscar refúgio, auxílio e orientação 117. A liberdade de ir e vir envolve também o estar e permanecer, mas não se traduz na absoluta autodeterminação de crianças e adolescentes decidirem seu destino, pois a lei ressalva as restrições legais.
Caberá aos pais, família e comunidade fiscalizar o exercício desse direito concedido pró-criança e adolescente e não em seu desfavor. Assim, não se pode permitir que criança ou jovem permaneça nas ruas, afastado dos bancos escolares, dormindo em calçadas, cheirando cola de sapateiro e solvente, sobrevivendo de caridade ou pequenos furtos, mesmo que afirmem que estão na rua porque assim desejam. Em razão de sua conduta se colocam em risco, passando a ser enquadrados na hipótese do art. 98, III, do ECA, justo motivo para pronta intervenção da rede garantidora.
Crianças e adolescentes têm assegurada a liberdade de pensar e formar sua opinião sobre os mais variados assuntos que os circundam. Mas para que não se esteja falando de uma pseudoliberdade, precisam ter acesso à educação. Não existe verdadeira liberdade com ignorância
 Direito ao respeito e a dignidade
Respeito “é o tratamento atencioso à própria consideração que sedeve manter nas relações com as pessoas respeitáveis, seja pela idade, por sua condição social, pela ascendência ou grau de hierarquia em que se acham colocadas” 120 . Dignidade é a “qualidade moral que, possuída por uma pessoa, serve de base ao próprio respeito em que é tida”
A vulnerabilidade infantojuvenil – física e psicológica – tem ensejado um abuso da condição de pessoa em desenvolvimento. A coisificação dos menores, como se fossem “projetos de gente” carecedores de respeito e consideração, desencadeia atos de violência física e moral. O paradigma da proteção integral, sistematicamente, está consolidado, mas culturalmente ainda há muito a fazer. O estigma do menor como objeto de proteção parece conceder o direito de tratar a criança e o adolescente como bem se entender, sem enxergá-los como pessoas, carecedoras de tratamento digno e resguardo à sua integridade física, psíquica e intelectual
Nessa toada, não basta assegurar o direito à educação positiva, sem o uso da violência ou tratamento cruel ou degradante como instrumento de ensino e cuidado. Indispensável que crianças e adolescentes tenham o direito de serem tratadas como o que são: pessoas ainda em desenvolvimento
Direito a convivência familiar e comunitária 
Direito à convivência familiar. Pode ser conceituado atualmente como o direito fundamental da criança e adolescente a viver junto à sua família natural ou subsidiariamente à sua família extensa. Trata-se de uma ampliação do previsto no art. 9º da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) que prevê o direito da criança em não ser separada dos pais contra a vontade dela.
A própria Declaração Universal dos Direitos do Homem já dispunha em seu art. XVI, 3, que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade. Finalmente, a Lei nº 12.010/09 elegeu a família natural como prioridade (art. 1º, § 2º), entidade a qual a criança e o adolescente devem permanecer, ressalvada a absoluta impossibilidade, devendo existir decisão judicial fundamentada.
Além do direito à convivência familiar, a criança e o adolescente possuem o direito fundamental de conviver na comunidade, ou seja, na coletividade, abrangendo os mais variados locais, como o bairro onde residem, a escola, o clube etc. Isto para o perfeito desenvolvimento deles.
Direito à educação
É direito fundamental que permite a instrumentalização dos demais, pois sem conhecimento não há o implemento universal e de fato dos demais direitos. A ignorância leva a uma passividade generalizada que impede questionamentos, assegura a manutenção de velhos sistemas violadores das normas que valorizam o ser humano e impede o crescimento do homem e o consequente amadurecimento da nação.
Nossa atual política educacional funda-se nos seguintes princípios constitucionais: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade; VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal
A Lei n. 9.394/96 127 ainda acrescenta em seu art. 3º a valorização da experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais e a consideração com a diversidade étnico-racial.
Direito à cultura, esporte e lazer
A criança e o adolescente no seu desenvolver necessitam de variados estímulos: emocionais, sociais, culturais, educacionais, motores, enfim, todo o arcabouço necessário para sua formação. O ECA, fundado na doutrina da proteção integral, assegurou a crianças e jovens não apenas direitos considerados imprescindíveis ao ser humano como vida, saúde, educação, mas ainda aqueles que, de certa forma, são vistos como secundários ou até supérfluos por nossa sociedade, mas que exercem importante papel no desenvolvimento da criança e do adolescente.
A cultura estimula o pensamento de maneira diversa da educação formal. Os espetáculos culturais – música, dança, cinema – permitem que crianças e jovens tenham contato com padrões de comportamento, valores, crenças, socialmente difundidos, por meio de outro canal. O esporte desenvolve as habilidades motoras, socializa e pode ser o início da vida profissional da criança e do adolescente. e. O exercício estimula o bom colesterol, melhora a capacidade cardiorrespiratória, diminui a obesidade quando aliada a uma alimentação racional
Criança e adolescente têm direito de brincar e de se divertir, e até de não fazer nada. O lazer envolve entretenimento, diversão, importantes ingredientes para a felicidade, antídoto da depressão. Poder Público e família têm importante papel na efetivação desses direitos fundamentais.
Direito à profissionalização e à proteção no trabalho
A profissionalização integra o processo de formação do adolescente e, por isso, lhe é assegurada. Contudo, sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento exige um regime especial de trabalho, com direitos e restrições. Com a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998, que alterou o inciso XXXIII do art. 7º, foi proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos
O trabalho noturno (entre 22 e 5 horas) 176 , perigoso, insalubre ou penoso 177 , realizado em locais prejudiciais à sua formação e desenvolvimento físico, psíquico, moral e social, são proibidos. 
Não se admitirá atividade profissional realizada em horários e locais que não permitam a frequência à escola. O direito à educação é indisponível e poderá ser complementado pela atividade profissional, mas não o contrário. O empregador deverá assegurar ao trabalhador adolescente tempo necessário para frequentar as aulas (art. 427 da CLT). Caso os pais constatem que o trabalho é prejudicial ao desenvolvimento do adolescente, poderão (deverão) rescindir o contrato de trabalho sem qualquer prejuízo.
 
3 - Da Família Substituta (Guarda, Tutela e Adoção);
A Lei n. 12.010 de 2009 – Lei da Convivência Familiar – ao reformar o ECA estabeleceu inúmeras normas reafirma tórias da primazia da família natural e instituiu como princípio a prevalência da manutenção ou reintegração da criança no seio de sua família natural ou extensa (inciso X do parágrafo único do art. 100). A regra, portanto, é a permanência dos filhos junto aos pais biológicos que devem exercer o poder familiar em sua plenitude. Existem situações, todavia, que, para o saudável desenvolvimento mental e físico do infante, o distanciamento, provisório ou definitivo, de seus genitores biológicos ou civis, é a única solução. S ituações outras de afastamento, ainda, são motivadas pelos próprios pais que abandonam a prole à própria sorte.
Nestas hipóteses, a criança ou o adolescente deverá ser inserido em outra entidade familiar, denominada substituta, que significa que seu principal objetivo é suprir, em tese, a maioria dos encargos relativos à paternidade e à maternidade.
A colocação de criança e de adolescente em família substituta não foi inovação da Lei n. 8.069/90, pois o Código de Menores (Lei n. 6.697/79) já a estabelecia sob as modalidades de delegação do pátrio poder, guarda, tutela, adoção simples e adoção plena. S eguindo a linha do revogado Código, a colocação em lar substituto permanece com a natureza jurídica de medida de proteção (art. 101, IX, do ECA e art. 14, III, do Código de Menores), mas possui apenas três modalidades: guarda, tutela e adoção (art. 28). Esta medida foiintencionalmente inserida ao término do rol do art. 101, demonstrando a sua natureza excepcional.
A propósito, algumas disposições gerais são extremamente relevantes em se tratando de medida protetiva de colocação em família substituta, pois norteiam a finalidade assistencial do instituto:
· a oitiva da criança ou do adolescente (§ 1º do art. 28); 
· o consentimento do adolescente (de 12 a 18 anos incompletos) colhido em audiência (§ 2º do art. 28); 
· o parentesco e a relação de afinidade ou afetividade entre o pretenso guardião e o menor, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida (§ 3º do art. 28);
· a colocação do grupo de irmãos em uma mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique a solução diversa, evitandose o rompimento definitivo dos vínculos fraternais (§ 4º do art. 28);
· a preparação prévia e o acompanhamento posterior da colocação em família substituta, realizados por equipe interprofissional (§ 5º do art. 28); 
· a observância das peculiaridades da criança ou do adolescente indígena (§ 6º do art. 28); a possibilidade de indeferimento da medida no caso de incompatibilidade ou ambiente inadequado (art. 29);
· a proibição de transferência da guarda para terceiros ou entidades sem autorização judicial (art. 30);
· a excepcionalidade da adoção internacional como medida, não sendo cabível o deferimento de guarda provisória ou definitiva para estrangeiros não residentes no Brasil (art. 31); 
· e a formalidade de um compromisso firmado, mediante termo lavrado nos autos e registrado em Cartório em livro próprio (art. 32).
Outro aspecto a ser considerado na escolha da família substituta refere-se ao ambiente familiar adequado. A família deve ser propícia a favorecer a criança e o adolescente em seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (art. 3º do ECA) 
Guarda: 
A guarda é uma dessas modalidades de colocação de criança ou adolescente em família substituta prevista no ECA, na qual assume o detentor o compromisso de prestar toda a assistência à pessoa menor de 18 anos e o direito de opor-se a terceiros, regularizando a posse de fato da criança ou do adolescente (art. 33). A palavra “posse”, evidentemente, foi utilizada pelo legislador estatutário com o significado de companhia, guarda e responsabilidade. O atributo do poder familiar que se transfere para esta espécie de família substituta é o direito/dever de guarda dos pais (arts. 1.566, IV, 1.583, 1.584 e 1.634, II, do CC), de modo que o filho possua um responsável judicialmente nomeado e não apenas de fato. Portanto, não há alteração na titularidade do poder familiar, mas apenas a mudança no exercício do encargo da guarda (art. 22 do ECA) em favor de quem não possui a autoridade parental.
Em suma, se a guarda for transferida entre os próprios genitores, não estará configurada a colocação em família substituta. Assim, a guarda é coexistente ao poder familiar, não operando mudanças substanciais na autoridade exercida pelos genitores, mas apenas destacando o ônus da guarda e responsabilidade ao(s) detentor(es) de fato da criança ou do adolescente. Não se trata, portanto, de transferência do múnus dentro da família natural definida no art. 25 do ECA (pais biológicos) ou da família adotiva (pais civis), mas, sim, para terceiro(s), seja(m) ele(s) parente(s) ou não da criança, que o assumirá(ão) com exclusividade, ou de modo compartilhado, incluindo o direito de opor-se aos pais (art. 33, in fine, do ECA). O registro de nascimento da criança sob a guarda de terceiros, é importante consignar, não é alterado, pois não é averbada esta transferência
Apesar de a Lei n. 8.069/90, na esteira do art. 24 do revogado Código de Menores de 1979, mencionar a palavra “detentor” no singular, isto não significa que o múnus não possa ser concedido a um casal, diante da interpretação sistemática da lei estatutária. A criança ou o adolescente precisa idealizar a família substituta como um espelho de sua família natural, de maneira que se sinta aconchegado e protegido integralmente. Conceber a guarda como um instituto unipessoal é limitar o alcance da medida, restringindo os seus efeitos 446 . A entrega consensual do filho para terceiro sob a modalidade de guarda, no entanto, também é possível diante do texto legal (art. 166 do ECA)
Tutela: 
A tutela, tratada nos arts. 36 a 38 do ECA como modalidade de colocação em família substituta, foi totalmente delineada na lei civil em vigor, razão pela qual, mesmo mantida a sua natureza jurídica, para o devido exame do instituto deve-se confrontar as duas leis e, havendo incompatibilidade entre as regras, prevalecerão os dispositivos do Código Civil de 2002, previstos nos arts. 1.728 até 1.766.
Assim, o instituto mantém-se como um conjunto de poderes e encargos conferidos pela lei a um terceiro, para que zele não só pela pessoa menor de 18 anos de idade e que se encontra fora do poder familiar, como também lhe administre os bens. 
A tutela é medida de proteção que exige como pressuposto a extinção do poder familiar, pela morte (física ou ficta) dos genitores ou pela prévia decretação de perda, em procedimento contraditório (art. 1.728 do CC). A referida norma do Código Civil de 2002 não prevê a suspensão do poder familiar como causa para a concessão da tutela
À primeira vista, o instituto parecia destinado a órfãos abastados financeiramente, haja vista o grande número de regramentos relacionados aos bens do tutelado. Mas, indubitavelmente, a medida independe da situação econômica da criança ou do adolescente, pois a sua finalidade não se restringe à administração do patrimônio de menores de 18 anos. 
No que toca à criança ou ao adolescente órfão portador de necessidades especiais, cujos pais tenham falecido ou sido destituídos do poder familiar, tem-se discutido a melhor opção legal para a sua proteção, na medida em que a tutela confere a representação ao tutelado, mas prolonga-se até somente os 18 anos de idade deste, diferentemente da curatela, que visa à proteção do incapaz sem limitação temporal (art. 1.767 do CC)
A tutela é uma medida assistencial, portanto mais ampla do que a guarda, porque substitui, integralmente, a autoridade parental.
Adoção: 
De todas as modalidades de colocação em família substituta previstas em nosso ordenamento jurídico, a adoção é a mais completa, no sentido de que há a inserção da criança/adolescente no seio de um novo núcleo familiar, enquanto as demais (guarda e tutela) limitam-se a conceder ao responsável alguns dos atributos do poder familiar. A adoção transforma a criança/adolescente em membro da família, o que faz com que a proteção que será dada ao adotando seja muito mais integral.
Por meio da adoção será exercida a paternidade em sua forma mais ampla, a paternidade do afeto, do amor. A paternidade escolhida, que nas palavras de Rodrigo da Cunha Pereira 537 é a verdadeira paternidade, pois a paternidade adotiva está ligada à função, escolha, enfim, ao desejo. S ó uma pessoa verdadeiramente amadurecida terá condições de adotar, de fazer esta escolha, de ter um filho do coração. 
Quando se fala em adoção pensa-se sempre naquelas pessoas que, em busca de um filho, escolhem uma criança que preenche suas expectativas e a levam para casa, complementando, assim, a família. Na maioria dos casos, dá-se o contrário, pois a escolha não é realizada pelos adultos, mas pela criança/adolescente. É este quem escolhe a família, em um processo em que não entra nenhum outro ingrediente que não seja o amor e a vontade de ser feliz.
 4 – Das Medidas Socioeducativas e Da Remissão;
As medidas socioeducativas estão previstas nos incisos do art. 112 do ECA e são: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional. As previstas no art. 101, I a VI, por força do inciso VII do art. 112, também podem ser aplicadas ao adolescente que praticaato infracional, tendo, neste ponto, recebido do legislador uma nuança socioeducativa. Além do caráter pedagógico, que visa à reintegração do jovem em conflito com a lei na vida social, as medidas socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta à sociedade pela lesão decorrente da conduta típica praticada 74 . Destarte, fica evidente a sua natureza híbrida, vez que composta de dois elementos que se conjugam para alcançar os propósitos de reeducação e de adimplência social do jovem.
O autor do ato infracional conta, no Estatuto, com esfera própria para apuração e julgamento de sua conduta, assecuratória de garantias processuais específicas. Tal disciplina vem recebendo nomenclatura variada entre os operadores do direito, sendo, por vezes, denominada “direito penal juvenil”, “direito infracional”, “direito socioeducativo”, entre outras. O § 1º do art. 112 e o art. 113 do ECA explicitaram os critérios a serem observados para a aplicação das medidas socioeducativas, que são: a capacidade para cumpri-las, as circunstâncias e consequências do fato, a gravidade da infração, bem como as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Releva notar que a Lei n. 12.010/2009 acrescentou parágrafo único ao art. 100, elencando 12 princípios que devem ser considerados na aplicação das medidas. O zelo com a prontidão da resposta estatal e com a responsabilidade parental sobressaiu dentre os propósitos almejados pelo legislador à luz da efetiva promoção dos direitos de que são titulares os destinatários do processo socioeducativo. 
Nesse sentido é de ser realçada a necessidade de que a intervenção estatal seja precoce, mínima, proporcional e atual, realizada de forma a estimular que os pais assumam seus deveres (art. 100, parágrafo único, VI, VII, VIII e IX, do ECA). Ademais, também merecem destaque os preceitos da privacidade; obrigatoriedade da informação; oitiva obrigatória e participação do adolescente (art. 100, parágrafo único, V, XI e XII, do ECA). Assim, apesar de as medidas, diversamente das penas na área criminal, não terem sido previamente fixadas pelo legislador qualitativa ou quantitativamente em relação a cada fato, não poderá a autoridade judiciária, quando da respectiva aplicação, se afastar da aferição quanto aos critérios acima mencionados, na busca pela mais adequada à cisão da escalada infracional iniciada pelo jovem.
Tais critérios são os parâmetros legais oferecidos pelo Estatuto ao juízo infanto-juvenil, sendo imprescindíveis à correta avaliação da medida a ser aplicada a fim de atingir, a um só tempo, os objetivos da ressocialização e da prevenção da reincidência 78 . Outra peculiaridade do sistema socioeducativo é a da possibilidade de aplicação cumulada de medidas e de sua substituição a qualquer tempo, por força do disposto no art. 113 c/c o art. 99, ambos do ECA e dos arts. 42 a 44 da Lei do S inase, visando a uma resposta mais completa ao caso concreto (veja-se também o tópico 5.7.2-a, referente à cumulatividade de processos e à questão da unificação).
 Uma vez que a medida socioeducativa deve guardar nexo de proporcionalidade com o ato infracional praticado, sem se descuidar, no entanto, da avaliação da personalidade do adolescente, casos poderão ocorrer em que a autoridade judiciária venha a reputar necessária a cumulação acima abordada, não obstante a inexistência de pedido expresso do Parquet nesse sentido 79 . No entanto, a aplicação e a substituição das medidas a qualquer tempo tornam certa a possibilidade de antecipação da tutela do pedido socioeducativo, o que compõe harmonicamente o sistema infracional. Ora, uma vez diagnosticada a necessidade de o adolescente ser inserido em programa pedagógico, é contrário aos seus interesses o aguardo do desfecho do processo, como deixa claro o art. 113 c/c os arts. 99 e 100 do ECA.
REMISSÃO
A remissão está prevista nos arts. 126 a 128 e também no art. 188 do ECA. é o ato de perdoar o ato infracional praticado pelo adolescente e que irá gerar:
1) a exclusão;
2) a extinção; ou
3) a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja.
A remissão não significa necessariamente que esteja se reconhecendo que o adolescente praticou aquela conduta nem serve para efeito de antecedentes.
A remissão é um instituto recomendado pelas Nações Unidas em um documento internacional chamado de "Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infância e da Juventude" (Regras de Beijing).
Essa recomendação existe porque se entende que, sempre que possível, deve-se evitar que o adolescente seja submetido a uma ação socioeducativa na qual ele passaria pelo estigma de ter sido submetido a um processo judicial infracional.
Na versão original das Regras de Beijing, escrita em inglês, a expressão utilizada para o instituto foi "diversion" que acabou sendo traduzido como "remissão". A doutrina especializada, no entanto, critica esta tradução e afirma que remissão é chamada no inglês de "remission" (perdão). Logo, a tradução mais correta de "diversion" seria algo como "encaminhamento diferente do original". (ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança e do Adolescente. Comentado artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 385).
Características da remissão
a) A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade. em outras palavras, caso o adolescente aceite, isso não significa que ele estará reconhecendo que praticou ou que é "culpado" pelo ato infracional que lhe é imputado. A remissão é para evitar que o processo inicie ou continue;
b) A remissão não prevalece para efeito de antecedentes, ou seja, se o adolescente tiver sido beneficiado com uma, duas ou várias remissões, isso não significa "maus antecedentes" não podendo prejudicá-lo se vier a ser julgado em uma ação socioeducativa ou uma ação penal no futuro;
c) O adolescente que receber a remissão pode ser obrigado a cumprir qualquer medida socioeducativa, com exceção de duas: colocação em regime de semiliberdade e internação.
Espécies de remissão:
	Remissão como forma de
EXCLUSÃO do processo
	Remissão como forma de
SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do processo
	É pré-processual (antes do processo iniciar).
	É processual, ou seja, depois que a ação socioeducativa foi proposta.
	Concedida pelo MP.
Concedida a remissão pelo representante do MP os autos serão conclusos ao juiz para homologar ou não (art. 181 do ECA).
	Concedida pelo juiz.
O Ministério Público deverá ser ouvido, mas sua opinião não é vinculante. Quem decide se concede ou não a remissão é o magistrado.
	Também chamada de remissão ministerial.
	Também chamada de remissão judicial.
	Prevista no art. 126, caput, do ECA:
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
	Prevista no art. 126, parágrafo único, do ECA:
Art. 126 (...)
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
Remissão como própria e imprópria
A remissão pode ser classificada em:
	PRÓPRIA
	IMPRÓPRIA
	Ocorre quando é concedido perdão puro e simples ao adolescente, sem qualquer imposição.
	Ocorre quando é concedido o perdão ao adolescente, mas com a imposição de que ele cumpra alguma medida socioeducativa, desde que esta não seja restritiva de liberdade.
	A doutrina afirma que, neste caso, não é necessário o consentimento do adolescente nem a presença de advogado.
	É indispensável o consentimento do adolescente e de seu responsável, além da assistência jurídica de um advogado ou Defensor Público.
Vale ressaltar mais uma vez que não é possível a aplicação de remissão imprópria pelo MP sem que haja homologaçãojudicial, conforme Súmula 108-STJ
 5 – Do Conselho Tutelar; 
De acordo com o art. 131 do ECA, o Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
O Conselho Tutelar possui autonomia de ação em defesa de suas prerrogativas legais. Por isso, o Conselho Tutelar não necessita submeter suas decisões à aprovação de outros Órgãos e instâncias administrativas. Apesar disso, suas ações estão sujeitas ao controle de sua legalidade e adequação pelo Poder Judiciário, por iniciativas do MP ou de qualquer interessado devidamente autorizado pela lei (art. 137, ECA). Em outras palavras, o Conselho Tutelar é um órgão autônomo, mas não é imune à fiscalização. e o fato de o conselho tutelar ser órgão autônomo, por óbvio, não impede que sua atuação seja analisada e revista pelo Poder Judiciário, ou então, fiscalizada pelo Ministério Público ou outro órgão especialmente designado em lei para tal fim, conforme será visto adiante. É também fundamental registrar que a autonomia referida em lei não é uma prerrogativa individual dos conselheiros, como uma espécie de “carta branca” para que atuem a seu bel-prazer; trata-se de prerrogativa vinculada ao órgão e é sob este prima que deve ser invocada. Nesse passo, jamais poderá ser utilizada como escudo para que determinado conselheiro tutelar atue de forma isolada ou individualizada, desfigurando outra característica essencial do conselho tutelar, que é a sua natureza colegiada.
A autonomia do conselho tutelar deve, portanto, ser vista com cuidado e responsabilidade pelos conselheiros, os quais jamais poderão agir em desrespeito às normas previamente determinadas pelo colegiado, quiçá, instituir metodologia própria e autônoma de trabalho, em prejuízo ao espírito de equipe intrínseco ao regular funcionamento do órgão. A última característica mencionada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente reside no fato de o conselho tutelar não exercer jurisdição. O conselho tutelar é órgão público, de natureza administrativa, pelo que todos os atos por ele praticados devem ser compreendidos como atos administrativos. Dessa circunstância decorre o dever do conselho tutelar de encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência 155 , não lhe sendo permitido, portanto, atuar de forma que, direta ou indiretamente, acarrete a apreciação ou o julgamento de conflitos de interesses
Caracteristicas:
É do município ou do Distrito Federal, por meio de lei de iniciativa do Poder Executivo 157 , a competência para a instituição do conselho tutelar, assim como para a determinação das normas de caráter especial atinentes ao órgão, sendo ainda de sua responsabilidade fazer constar da lei orçamentária recursos específicos para todas as atividades relacionadas ao seu pleno funcionamento
No que toca aos dias e aos horários de funcionamento do conselho tutelar, deve-se ter em mente que a situação de ameaça ou violação aos direitos da criança ou do adolescente pode ocorrer a qualquer momento, pelo que deve o legislador municipal, com o objetivo de vê-la sanada com a maior brevidade possível, estipular que o órgão funcione todos os dias da semana, em horários compatíveis com a demanda infantojuvenil local, instituindo, caso necessário, sistema de plantões noturnos, bem como aos sábados, domingos e feriados
Embora nada impeça que o processo de trabalho do conselho tutelar conste da própria lei municipal, é geralmente tarefa do regimento interno dispor sobre a matéria. Deverá o regimento interno, por exemplo, estabelecer normas concernentes à forma pela qual as denúncias serão recebidas e registradas no órgão, regras indicativas dos critérios para a distribuição dos casos entre os conselheiros, disposições indicando a periodicidade das sessões, cláusulas destinadas à solução de questões administrativas e, ainda, à determinação da forma de discussão e de deliberação dos casos apresentados pelo conselheiro relator
Costuma-se recomendar que o fluxo de atendimento no conselho tutelar obedeça, no mínimo, às seguintes etapas: 1º) recebimento da denúncia; 2º) formalização do registro; 3º) adoção, caso necessário, das providências urgentes; 4º) vislumbrados outros desdobramentos para o caso, imediata distribuição do expediente para um dos conselheiros, conforme critérios predefinidos no regimento interno; 5º) estudo e elucidação do caso pelo conselheiro responsável, em necessário, com a solicitação de parecer de Equipe Técnica necessário e a posterior indicação, ao colegiado, de outras medidas cabíveis na hipótese concreta; 6º) apresentação e discussão do caso em sessão deliberativa do colegiado, com a ratificação – ou não – das medidas urgentes tomadas, bem assim com a definição das demais providências a serem adotadas. 
O fundamental é que se estabeleça dinâmica de trabalho na qual o colegiado defina previamente as regras a serem seguidas pelos conselheiros tutelares e, ainda, por toda a equipe que presta suporte administrativo e técnico ao órgão. É também de extrema importância a instituição de normas internas que não só permitam, mas também facilitem a formalização de todos os procedimentos adotados durante o acompanhamento dos casos que desencadeiam a intervenção do Conselho.
O conselho tutelar, de acordo com o que dispõe o art. 132 do ECA, será composto de 5 membros, a serem escolhidos pela comunidade local para o exercício de mandato de 4 anos consecutivos, permitida uma recondução. A primeira observação que deve ser feita em relação ao dispositivo legal em apreço consiste no fato de os conselheiros tutelares serem escolhidos pela comunidade local.
O art. 133 do ECA determina que os conselheiros tutelares devem gozar de reconhecida idoneidade moral, ter idade superior a 21 anos e residir no Município. O primeiro requisito de que trata a lei consiste na necessidade de o conselheiro tutelar ser pessoa dotada de reconhecida idoneidade moral.
6 – Do Ministério Público.
Com o novo regime constitucional o Ministério Público passou a ter uma fisionomia muito mais voltada para a solução dos problemas sociais, deixando de lado a antiga postura de instituição direcionada unicamente para a persecução criminal. Hoje, podemos seguramente falar do Ministério Público social, voltado para a solução dos diversos problemas.
Interessa-nos mais de perto, como função institucional do Ministério Público, a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes (LC n. 75/93, art. 5º, III, e). É dever do Estado, com absoluta prioridade, assegurar à criança e ao adolescente a proteção a todos os seus direitos (art. 227 da CF). Foi o Ministério Público eleito o grande ator na defesa destas pessoas em desenvolvimento, considerando-se a gama de atribuições que são conferidas à instituição, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 201.
No extenso rol do art. 201 são elencadas atribuições judiciais e extrajudiciais para a defesa de todos os direitos das crianças e dos adolescentes, qualquer que seja sua natureza. Nesse ponto devemos ressaltar haver uma amplitude no rol dos direitos a ser defendidos pelo Ministério Público, pois não fica restrito aos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, possuindo, também, atribuição para a defesa dos direitos puramente individuais 232 . 
Essa afirmação resta comprovada com a simples leitura do art. 201, III (que dispõe sobre a legitimidade para propositura de ação de alimentos), VIII (que trata da legitimidade para propositura de medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis para o respeito dos direitos e garantias legais assegurados às crianças e aos adolescentes) e IX (legitimidade para impetrar mandado de segurança).
 Trata-se de uma atividade específica do Promotor de Justiça da Infância e Juventude, o que causa espanto aos juristas que não possuem intimidade com as peculiaridades do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois já tivemos a oportunidade de constatar a existência de inúmeras decisões, inclusive do SuperiorTribunal de Justiça, afirmando que o Ministério Público não possui legitimidade para defesa de direitos individuais das crianças e dos adolescentes. O equívoco destas decisões só pode ser atribuído a desconhecimento das regras estatutárias
É obrigatória a intervenção do Ministério Público em todos os atos processuais e em todos os processos em curso na Vara da Infância e Juventude, conforme determina o art. 202 do ECA, acarretando a nulidade do processo a falta da intervenção do Parquet (art. 204).
As manifestações do Ministério Público devem ser obrigatoriamente fundamentadas, conforme dispõe o art. 205 do ECA. A regra estende ao Ministério Público o princípio constitucional de motivação das decisões, constante do art. 93, IX e X, da CF. Não pode o promotor de justiça dizer apenas se concorda ou se opõe a algo, devendo justificar o porquê do posicionamento adotado. 
A atuação do promotor de justiça da infância e juventude é uma das mais diversificadas e gratificantes dentre as especializações funcionais do Ministério Público. A diversidade das funções em um órgão com atribuição para infância e juventude é imensa, trazendo uma experiência de vida que não será obtida em nenhum outro órgão de atuação. A atuação não se limita à aplicação do direito ao caso concreto, sendo muito mais ampla, pois o Promotor de Justiça da Infância e Juventude deve atuar na solução de problemas os mais diversos, muitas vezes apenas ouvindo, aconselhando, orientando pais e filhos.
 Em muitos casos, a simples oportunidade de as pessoas se fazerem ouvir e serem em seguida aconselhadas, como faziam os anciãos nas sociedades antigas (e ainda hoje nas indígenas), é o bastante para a solução de um problema.
Inúmeros casos, das mais diversas naturezas, chegam ao conhecimento do Promotor de Justiça da Infância e Juventude e necessitam de apuração para: 1) Constatação de sua veracidade; 2) Colheita de provas para que o caso possa ser melhor analisado e escolha da providência a ser adotada. Para maior controle das comunicações que lhe chegam, é ideal que o Promotor de Justiça determine a imediata autuação e registro dos fatos noticiados como procedimento administrativo, com numeração sequencial. 
A investigação será realizada por órgão de apoio ao Ministério Público 233 . Nas localidades em que o Ministério Público não contar com órgãos de apoio, deverá buscar auxílio em outros órgãos do Estado como o Conselho Tutelar e a polícia (esta última nas hipóteses em que os fatos noticiados configurem, em tese, a prática de crime).
Com base na regra constante do inciso VIII do art. 201, o promotor de justiça da infância e juventude têm aberto à sua frente um leque incontável de possibilidades para agir na defesa da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. Pode mover qualquer tipo de ação para proteção de qualquer direito ou garantia que esteja sendo desrespeitado, bem como promover medidas extrajudiciais.
De regra, é o Poder Público quem mais desrespeita os direitos e as garantias das crianças e dos adolescentes, ao deixar de cumprir com as regras mínimas para proteção destas pessoas em desenvolvimento. Para fazer com que o administrador volte ou comece a agir da forma correta, o Ministério Público deve agendar reunião, a fim de tentar solucionar extrajudicialmente o problema (art. 201, § 5º, b).
Verificadas as violações aos direitos, deve o Promotor de Justiça elaborar recomendação (art. 201, § 5º, c), mostrando onde se encontram os descumprimentos às garantias das crianças e dos adolescentes, indicando prazo razoável para sua correção. O prazo razoável será aquele que normalmente o homem médio levaria para cumprir a determinação, devendo o Promotor de Justiça fixá-lo dentro de um critério equilibrado.

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