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TCC Tereza Rachel 2020 formatado-convertido
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que a saúde consagrada na Constituição Federal de 1988 como direito fundamental, recebe em todos os casos a proteção jurídica diferenciada na ordem jurídico-constitucional brasileira. Nesse processo, a construção de um espaço público, com a política de saúde pública no Brasil, configura-se num contexto de materialização de práticas sociais. 2.2 SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: trajetória O impacto trazido ao Brasil pela colonização portuguesa teve grande participação na formação da sociedade brasileira. A partir desse processo é possível também traçar uma trajetória quanto aos primórdios da saúde brasileira, sendo que nesse período a colonização também provocou no Brasil uma onda de epidemias que representavam um grande desafio à saúde da época. O período colonial lidava com as questões relacionadas à saúde de forma bastante seletiva, sendo que o acesso aos cuidados médicos era exclusividade das classes dominantes, aos pobres restava à solidariedade nos cuidados às enfermidades, a prática de curandeiros e cuidados oferecidos por ordens religiosas. Segundo destaca Moser (2017, p. 20) “Os contatos com os cuidados médicos nos padrões da medicina tradicional constituíam uma realidade fora do alcance para os mais pobres e ainda mais distantes, para os escravos”. Podemos perceber que durante o século XVIII, a assistência médica no Brasil, ocorria a partir da filantropia e na prática liberal. Já na primeira metade do século XIX, devido às transformações econômicas e políticas, algumas iniciativas foram surgindo no campo da saúde pública, como por exemplo, a vigilância do exercício profissional e a realização de campanhas limitadas. Dados extraídos da Funasa revela-se a cronologia histórica da saúde pública no Brasil, durante a primeira metade do século XIX: ➢ 1808: Criação da primeira organização nacional de saúde pública no Brasil. E em 27 de fevereiro foi criado o cargo de Provedor-Mor de Saúde da Corte e do Estado do Brasil, embrião do Serviço de Saúde dos Portos, com delegados nos estados. 17 ➢ 1828: Após a Independência, foi promulgada, em 30 de agosto, a lei de Municipalização dos Serviços de Saúde, que conferiu às Juntas Municipais, então criadas, as funções exercidas anteriormente pelo Físico-Mor, Cirurgião-Mor e seus Delegados. No mesmo ano, ocorreu a criação da Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, subordinada ao Senado da Câmara, sendo em 1833, duplicado o número dos integrantes. ➢ 1837: Ficou estabelecida a imunização compulsória das crianças contra a varíola. ➢ 1846: Obedecendo ao mesmo critério de luta contra as epidemias, foi organizado o Instituto Vacínico do Império. A segunda metade do século XIX foi marcada pela crise sanitária e o retorno à centralização de atenção à saúde. As atividades relacionadas a saúde eram restritas e pontuais ao controle de epidemias. Contudo a esse período também estão relacionados o crescimento e a modernização da economia, trazendo um novo modelo de sociedade e, consequentemente, a saúde. As mudanças nos serviços de saúde do governo republicano levaram a reorganização dos serviços sanitários através da descentralização, porém esse movimento não significou uma melhoria na oferta ou no acesso aos serviços de saúde para a maior parte da população. (MOSER, 2017, p. 32). A primeira metade do século XX é marcada pela era de luta pelos direitos da classe trabalhadora pelo acesso a melhores condições de trabalho, seguindo a discussão para a conquista de uma melhor cobertura na saúde. Destacando que a ideia, ainda era vinculada a fase da saúde restrita com aspectos sanitaristas. Nesse período destacam-se diversas iniciativas de desenvolvimento da saúde no Brasil, marcados pela reforma na saúde entre 1919 e 1920, com a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP); ampliação da abrangência do Serviço de Profilaxia Rural e das parcerias com o Instituto Rockfeller1 para o combate a febre amarela; criação das inspetorias de Higiene Industrial e Alimentar e da Profilaxia da Tuberculose e a ampliação dos serviços do DNSP. É a partir de 1920 que a saúde pública, no Brasil, adquire visibilidade no discurso de serviços, pelo poder vigente. Nesse cenário, ocorreram diversas 1 A Fundação chegou ao Brasil em 1916, e em 1923, estabeleceu um convênio com o governo brasileiro, para cooperação médico-sanitária e programas de erradicação de endemias, notadamente a febre amarela e depois a malária. Fonte: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1010- rockefeller-um-magnata-na-saude-publica 18 tentativas de sua expansão em todo o país. O marco mais importante da evolução sanitária brasileira foi a Reforma Carlos Chagas que reorganizou os serviços de saúde pública criando o Departamento Nacional de Saúde Pública. Com a Reforma Carlos Chagas, no ano de 1923, houve a tentativa de ampliação do atendimento à saúde por parte do poder. Nesse contexto, também é possível perceber que foram incluídas as questões de higiene e saúde do trabalhador e criaram-se as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) em 1923, também conhecidas como Elói Chaves. A partir da Lei Eloy Chaves, aprovada pelo Parlamento em 1923, lançam-se as bases para a futura política de Seguro Social, cujos princípios fundamentais permanecem válidos até 1966 quando da unificação das instituições de previdência. Semelhante ao modelo em uso na República Argentina, terá por característica orientar-se para setores específicos da Força de Trabalho, englobando a totalidade dos assalariados daquele setor ou empresa, a partir de quatro benefícios principais: medicina curativa; aposentadoria por tempo de serviço, velhice ou invalidez; pensões para dependentes e ajuda para funerais. (IAMAMOTO, 2011, p. 307). As CAPs eram iniciativas mantidas pelas empresas e empregados. Os benefícios concedidos eram proporcionais às contribuições dos empregados. Os auxílios correspondiam a: assistência médica-curativa, fornecimento de medicamentos, aposentadoria por tempo de serviço, velhice e invalidez, pensão para dependentes e auxilio funeral. O final da primeira década do século XX, 1930 a 1945, é marcado pela “Era Vargas”, período que Getúlio Vargas governou o Brasil durante 15 anos seguidos. O governo de Getúlio favoreceu muitos avanços na história do Brasil, principalmente na saúde, seguidas por duas dimensões: saúde púbica e a medicina previdenciária. Sendo que a previdência social teve início a partir da criação das primeiras Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) das empresas ferroviárias. Essas caixas eram mantidas com a contribuição de trabalhadores, empregadores e consumidores. Os recursos eram destinados às aposentadorias por idade, por tempo de serviço e invalidez ou aos dependentes em caso de morte do trabalhador, sendo que algumas CAPs prestavam assistência médica. A Reforma da Saúde Pública Federal, ocorrida em 1941, a área da saúde passou por uma reorganização que reestruturou o Departamento da Nacional de Saúde setorializando em departamentos de: Divisão de Organização Sanitária; 19 Divisão de Organização Hospitalar; Instituto Oswaldo Cruz; Serviço Nacional de Lepra; Serviço Nacional de Tuberculose; Serviço Nacional de Malária; Serviço Nacional de Peste; Serviço Nacional de Doenças Mentais; Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina; Serviço de Saúde dos Portos; Serviço Federal de Águas e Esgotos; Serviço Federal de Bioestatística; Delegacias Federais de Saúde. Para Moser (2017, p. 56) “Essa setorialização permite tratar de maneira mais eficiente as doenças em suas especificidades, nesse momento inicia-se o movimento por especialidades médicas”. Com as ações na área da saúde em evidencia, entram em cena as Conferências Nacionais de Saúde, com o intuito de avaliar a situação da saúde e formular novas diretrizes para as políticas públicas no setor.