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Psicologia- Emoções

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Faculdade de Psicologia da Universidade de lisboa
emoções
Carolina Loureiro
2º ANO / 1º semestre
2020/ 2021
Capítulo 1- As primeiras teorias da emoção:
Na Grécia antiga:
A mente tinha o nome de psique ou de alma. A alma era vista como uma fonte de vida separada do corpo e responsável pelas capacidades humanas de sentir, comportar e pela razão.
A razão era vista como o maior dom humano, pelo qual os indivíduos podem viver uma vida virtuosa.
Na Grécia antiga, mostrar emoções era visto como algo fraco e vergonhoso de se fazer.
Platão dividiu a alma em três partes:
· Logos, a parte divina e imortal;
· Thymos, a parte responsável pelos sentimentos e emoções;
· Epithymetikon, responsável pelo apetite do corpo.
Aristóteles foi aprendiz de Platão e tinha uma visão de alma completamente diferente deste:
· Parte vegetativa, presente em animais e plantas;
· Parte sensora e motora, apenas presente em animais;
· Parte intelectual, apenas presente em humanos.
Aristóteles assumia que as emoções surgiam devido à nossa reflexão sobre eventos. Os mesmos eventos podem desencadear diferentes emoções. Apenas animais e humanos adultos têm emoções.
Período helenístico:
A escola estoica continuou a desenvolver a Teoria das Emoções e reforçava a ideia de que a mente deveria controlar as emoções e subjugar os desejos, pois estes poderiam causar danos. 
Crisipo sugeriu que as emoções consistem em dois julgamentos: o primeiro decide se um evento é bom ou mau; e o segundo decide o que é que se pode fazer acerca dele.
Quatro ideias gregas que ainda se refletem no pensamento moderno:
· A razão está separada da emoção;
· Emoções pressupõem razões;
· Emoções são experiências facetadas que podem tomar várias formas, podendo ser organizadas ou categorizadas em várias dimensões;
· As emoções descansam no corpo humano e não no cérebro.
Renascimento:
Descartes também acreditava na distinção entre corpo e alma, assumindo que a alma existe numa forma que não pode ser explicada pelas leis da física. Como a alma consegue mover o corpo, é necessário que exista um ponto de contacto, a glândula pineal (cérebro). A glândula é o local onde a alma e o corpo se conectam.
No entanto, a alma não é necessária para todos os movimentos corporais como respirar e piscar os olhos. A estes movimentos Descartes dizia que eram mecanismos automáticos embutidos no corpo e que funcionavam devido à ação de espíritos.
De acordo com as ideias gregas, também Descartes ligou as emoções com a presença de alma. No entanto, ao invés de dizer que as emoções são uma parte direta da alma, ele afirmou que as emoções surgiam do contacto da alma com o corpo. Descartes isola assim a razão da emoção, acreditando na natureza positiva das mesmas.
Descartes organizou as emoções em duas categorias:
· Primárias: admiração, amor, ódio, desejo, felicidade, tristeza;
· Secundárias: estima, desprezo, generosidade, orgulho, humildade, desânimo.
Ideias revolucionárias do séc. XIX:
Darwin, no seu livro “The expression of emotions in man and animals” distingue, pela primeira vez, a vida emocional de animais humanos e de animais não humanos. Ele afirmava que existiam certos princípios que governavam as emoções e a expressão emocional, e que estes princípios se aplicavam de forma semelhante a todas as espécies.
· 1ª Princípio: Princípio dos hábitos úteis associados;
· Certos animais fazem certas ações voluntárias porque são úteis em determinado contexto (ex. tapar o nariz ao passar por um sítio com cheiro desagradável);
· Estes comportamentos tornam-se, com o tempo, hábitos e são induzidos mesmo não correspondendo aos estados da mente desencadeadores de tais expressões (ex. alívio).
· 2º Princípio: Princípio da antítese;
· Deriva do 1º princípio;
· Certas expressões emergem porque vêm representar o oposto dos hábitos úteis.
· 3º Princípio: Princípio das ações devidas à constituição do sistema nervoso, independentemente da vontade e do hábito.
· Nem todas as expressões que emergem são de hábitos úteis ou dos seus opostos;
· Algumas expressões são comandadas devido a mudanças no sistema nervoso (ex. queda de cabelo).
Darwin vê as emoções como úteis e que estão ligadas a mudanças corporais e ao comportamento, tal como Descartes. As emoções são mecanismos de sobrevivência.
Estabelecimento das emoções como sendo um tópico de pesquisa em Psicologia:
William James criticou o trabalho prévio das emoções, sugerindo que este estava mais preocupado com a classificação dos estados emocionais do que em identificar princípios gerais que se aplicassem a todas as emoções.
Ao contrário dos seus antecessores, William James assumiu que todos os indivíduos sentem algo semelhante à dor, medo, raiva ou amor.
Um dos seus princípios era exatamente definir o que era uma emoção. Ele especificamente propôs que as emoções surgem da perceção das alterações corporais incluídas em situações específicas. 
Após ter publicado os seus pensamentos sobre emoções, Carl Lange publicou os seus, bastante semelhantes aos de James, tendo-se formado a Teoria de James-Lange.
Esta teoria contradizia o que era comummente acreditado na altura, que era a crença que as alterações corporais resultavam das emoções, tendo sido bastante criticados por isso. Os seus oponentes, incluindo Wundt, argumentavam que as alterações corporais ocorriam a uma velocidade muito mais lenta que a experiência das emoções, que as alterações corporais não eram específicas o suficiente para permitirem diferentes emoções e que os fatores situacionais são frequentemente mais importantes do que o próprio objeto emocional para influenciar os estados de sentimento.
Capítulo 3- Pensamentos e conceitos modernos:
Apesar da imensa quantidade de trabalhos teóricos e empíricos, ainda não somos capazes de ter uma resposta inequívoca à pergunta “o que é uma emoção?”. Ao invés disso, emergiram uma série de respostas altamente relacionadas com três escolas teóricas. Devido às diferenças nestas escolas e no que consideram ser uma emoção, estas também diferem no tipo de questões de investigação e no que as suas pesquisas revelam sobre as emoções.
Conceitos gerais:
Emoção: Episódio breve de modificações coordenadas a nível cerebral, autonómico e comportamental, que facilitam a resposta do organismo a eventos significativos, externos ou internos (Davidson, Scherer, Goldsmith, 2003).
Conjuntos consistentes de respostas fisiológicas desencadeadas por sistemas cerebrais quando o organismo atribui uma representação a objetos e/ou situações (Damásio, 2000).
Sentimento/Afeto: Representação subjetiva da emoção.
Humor: Estado afetivo difuso, de baixa intensidade e longa duração.
Abordagem categorial- As emoções como sento entidades discretas:
Quando consideramos a variedade de eventos que produzem emoções, parece óbvio que estes eventos são mais variados que as sensações que eles geram. Assim, alguns investigadores argumentam que faz sentido ver as emoções como estados mentais discretos que estão ligados a uma variedade de emoções que, apesar de parecerem diferentes superficialmente, partilham algumas semelhanças (ex. Tirar um 20 no exame e ganhar um jogo).
Sylvan Tomkins publicou o seu primeiro voluma de um livro de emoções que delimitava e discutia oito efeitos primários conceptualizados como sendo programas separados ou respostas programáticas a um evento. Estes efeitos incluíam interesse-excitação, prazer-alegria, surpresa-sobressalto, medo-terror, vergonha-humilhação, desprezo-nojo, raiva-fúria. O primeiro estado em cada par era visto como uma variante fraca do último estado. Tomkins referiu-se a esses estados variantes como afeto, ou programas de afeto, ao invés de chamar de emoções, uma vez que ele acreditava que as emoções eram fenómenos mais complexos que derivavam do afeto, mas que incluíam componentes adicionais como memórias ou experiências de afeto.
Tomkins ligou os comportamentos associados aos afetos a órgãos corporais, uma vez que ele acreditava que estes formavam diferentes “combinações” para os oito programas inatos de afeto, e queestes promoviam respostas específicas. À semelhança de Darwin, Tomkins mostrou particular interesse na face, a qual identificou como sendo o “órgão primário do afeto”.
Exemplo- As emoções básicas de Ekman:
A abordagem categorial atual postula a existência de emoções básicas. O principal proponente desta abordagem é do psicólogo Paul Ekman que, inspirado por Darwin e Tomkins, apresenta uma série de critérios que definem as emoções primárias e que as distingue de outros estados mentais.
O primeiro critério postula que as emoções básicas têm sinais universais distintos, ou seja, elas têm uma forma específica de expressão corporal e, apesar da expressão poder ser reprimida, modificada ou fingida, está ligada de forma inata à sua emoção. Se for verdadeira, devem existir expressões que os indivíduos apresentam e reconhecem independentemente da sua etnicidade, cultura, ou seja, universal.
Como um segundo critério para definir as emoções básicas, Ekman propôs perfis fisiológicos específicos para cada emoção. Como os seus antecessores, ele argumentava que as emoções tinham valor funcional ao lidar com eventos importantes da vida e que evoluíam através da seleção natural. Ekman presumia que a funcionalidade das emoções repousa na preparação do corpo para a ação.
O terceiro princípio estipula a existência de um mecanismo automático de avaliação. Tal como os seus antecessores, ele assumia que, devido à sua importância evolutiva, certas impressões sensoriais podem ativar representações emocionais e comportamentos associados sem a contribuição de processos cognitivos de maior ordem.
Como quarto princípio, Ekman formula que cada emoção básica tem um antecedente universal- um evento ou tipo de evento que fielmente desencadeia uma determinada emoção independentemente do contexto cultural e da educação do indivíduo.
Para além destes quatro principais princípios, Ekman postula uma série de características das emoções básicas. Por exemplo, ele sugere que as emoções básicas não necessitam de estar necessariamente presentes ou totalmente diferenciadas à nascença. Apesar delas serem inatas, elas estão destinadas a emergir apenas quando são necessárias para motivar comportamentos de auto-proteção.
Ekman também acredita que as emoções básicas podem ser caracterizadas por terem um início repentino, durarem pouco tempo e surgirem de forma espontânea, tal como defende que estão ligadas a pensamentos ou memórias específicas e supõe que elas despertam uma experiência subjetiva distinta.
Com estes princípios estipulados, Ekman reconhece uma série de emoções básicas que incluem a diversão, a raiva, o desprezo, o contentamento, o nojo, a vergonha, a excitação, o medo, a culpa, o orgulho, o alívio, a tristeza, a satisfação, o prazer sensorial e a vergonha.
De acordo com Ekman, não há distinção entre emoções primárias e emoções não-primárias, uma vez que ele não acredita na existência destas últimas. Tudo o que merece ser chamado de emoção deve ser considerado básico.
Esta abordagem é um descendente direto da abordagem de Darwin, onde as emoções eram vistas como categorias básicas, naturais e universais, tal como o foco estava na expressão emocional facial ou postural.As emoções são programas sensoriomotores discretos e cada um destes programas consiste num circuito cerebral coerente que elicita e integra cognições e respostas somáticas num sistema neural unitário.
Limitações da abordagem categorial:
A primeira, e muito provavelmente mais importante, limitação é de que as categorias presumidas das emoções podem ser produzidas artificialmente através de escolhas metodológicas dos investigadores.
Uma segunda limitação é a falta de consensualidade no que toca ao número exato de categorias ou de emoções básicas. Apesar de alguns investigadores acreditarem, tal como Ekman, no conceito de emoções básicas, discordam nos princípios que as definem e no que consideram ser uma emoção básica.
Investigadores teóricos das emoções argumentam que existe apenas alguma consensualidade em certos princípios definidores de emoções. Por exemplo, muitos aceitariam que as emoções básicas têm um papel importante na evolução por promoverem comportamentos relevantes para a sobrevivência.
Uma terceira limitação levantada contra esta abordagem das emoções é a falta de suporte de respostas psicológicas e comportamentais específicas das emoções. 
A quarta e última limitação a ser mencionada é que a evidência da abordagem das emoções básicas não descarta interpretações alternativas.
A abordagem dimensional- as emoções como instâncias num espaço multidimensional:
Uma alternativa à abordagem anterior, é de considerar as emoções como experiências que podem ser classificadas em uma ou mais dimensões. Por exemplo, um indivíduo pode imaginar que as emoções variam ao longo de uma dimensão de valência que vai do bom ao mau, ou do positivo ao negativo.
Robert Woodworth procurou insights sobre as dimensões subjacentes das emoções ao examinar expressões faciais e os erros que os observadores fazem ao julgar emoções. Ele descobriu estes erros não estavam divididos de forma igual pelas opções de julgamentos possíveis, mas que tinham tendência em agrupar-se numa série de opções que diferiam para cada expressão. Woodworth dividiu estas opções por uma escala linear que ia desde (1) felicidade, (2) surpresa, (3) medo, (4) raiva, (5) nojo, (6) desprezo, com erros para uma determinada expressão facial sendo maus frequentes para as opções de julgamento adjacentes. Por exemplo, caras raivosas eram mais vezes classificadas como medo ou nojo, que são as opções de julgamento que se encontram antes e depois da categoria raiva. No entanto, a expressão era muito pouco frequentemente classificada com felicidade ou desprezo.
Harold Schlosberg conduziu um experimento de forma a verificar o que era efetivamente proposto pela escala de Woodworth. Nos seus estudos, apercebeu-se que as expressões representadas pelos dois extremos da escala (felicidade e desprezo) não seguiam o mesmo princípio que todas as outras emoções da escala. Por estarem em extremos da escala, não deveriam ser confundidos um com o outro, o que não aconteceu. Acontecendo tão frequentemente como acontecia com as suas categorias vizinhas. Sendo, assim, a escala de Woodworth sofreu uma série de alterações, até se tornar uma escala multidimensional com três eixos.
Para além do avanço na metodologia, a evolução na psicologia e na filosofia permitiu o avanço da compreensão da natureza dos conceitos mentais. Por exemplo, o filósofo Ludwig Wittgenstein tinha dado destaque para o facto de que as categorias que nós consideramos no mundo real não são necessariamente discretas ou partilham o mesmo número de características. Ao invés disso, eles podem ser entendidos como uma família de tipos que diferem no número de características que têm em comum e, portanto, no modo como se diferenciam de outras categorias. Esta ideia inspirou as psicólogas Carolyn Mervies e Eleanor Rosh que avançaram com uma teoria onde as categorias derivam de ativos de semelhança. Pensa-se que estes ativos são o resultado do melhor exemplar ou protótipo que define a categoria.
Outros exemplares são incluídos numa categoria dependendo do seu grau de semelhança com o protótipo da categoria em questão. Por exemplo, um bom protótipo para a categoria “emoção” seria a raiva, e os indivíduos poderiam considerar algo como uma emoção se tivesse uma semelhança mínima com o que eles sentem quando estão com raiva.
Um exemplo- O modelo circumplexo e o afeto central: 
O afeto é compreendido como um estado de prazer ou descontentamento que possui algum grau de ativação e é vivenciado constantemente.
O afeto, para Russell (1980), é compreendido através de um circumplexo. As suas dimensões são bipolares e ortogonais, sendo nomeadas de valência (prazer ou desprazer) e ativação percebida (alta ou baixa). Quando um constructo pode ser representado por um circumplexo, a sua matriz de correlações apresenta um padrão de correlações fortes perto da diagonal e, conforme as correlaçõesse afastam da diagonal, elas ficam mais fracas, até que voltam a ficar mais fortes. Esse padrão de correlações repete-se em toda a matriz, e, por isso, pontos próximos no circumplexo estão fortemente correlacionados.
A dimensão valência está relacionada com a codificação do ambiente como prazeroso ou não-prazeroso. Para um estímulo num determinado momento, o sujeito pode atribuir um significado: bom ou mau; útil ou prejudicial; recompensador ou ameaçador. A ativação, por sua vez, é a dimensão da experiência que corresponde à mobilização ou energia dispensada; ou seja, é representada por um continuum, desde a baixa ativação, representada por sono, até a ativação alta, representada pela excitação.
Estados afetivos que estão próximos no circumplexo representam uma combinação similar de valência e ativação percebida; já os estados afetivos posicionados longe um do outro diferem em termos de valência e ativação. Assim, as quatro variáveis alocadas diagonalmente não são dimensões, mas ajudam a definir os quadrantes no espaço do circumplexo.
Ao testar estatisticamente as dimensões valência, ativação, afeto positivo e afeto negativo num mesmo modelo, foi identificado que, por mais que tais dimensões demonstrem diferenças conceituais, enfaticamente elas apresentam aspetos complementares quanto ao constructo afeto. A análise do espaço bidimensional com modelos que estabeleciam dimensões relacionadas à valência/ativação ou a afeto positivo/afeto negativo demonstrou que todas as dimensões poderiam ser representadas simultaneamente em um espaço com duas dimensões. Dessa forma, elas estavam próximas entre si no circumplexo.
Limitações da abordagem dimensional:
Uma das maiores limitações desta abordagem é o facto da evidência primária vem de dados de autorrelato. As dimensões obtidas com estes dados podem não vir a representar as verdadeiras experiências emocionais. Para lidar com esta limitação, os investigadores começaram a validar a abordagem dimensional através do uso de medidas implícitas, como registos físicos e neuroimagem. No entanto, nos dias de hoje, estas validações são baseadas nas dimensões estabelecidas pelos autorrelatos, potencialmente tendenciosos.
Uma segunda limitação desta abordagem está relacionada com o número e natureza das dimensões propostas. Alguns investigadores concordam apenas com uma dimensão enquanto que outros já concordam com quatro ou mais. Para além disso, as propostas diferem em relação à função e à inter-relação ente dimensões. Estas diferenças emergem da imensa gama de fatores metodológicos, incluindo as ferramentas de análise estatística e do tipo de estímulo selecionado para a pesquisa.
A terceira e última limitação deste modelo prende-se com o facto de que esta abordagem parece retirar às emoções as suas diferenças qualitativas essenciais. Colocá-las em um ou mais continuums faz com que os aspetos das emoções que não podem ser quantificados nas dimensões propostas pareçam irrelevantes.
A abordagem avaliativa- as emoções como sendo o resultado de processos de avaliação:
Esta abordagem aborda algumas fraquezas das abordagens categorial e dimensional. A abordagem de apreciação permite uma multitude de estados emocionais, ultrapassando o grande problema da abordagem categorial, que limitava a quantidade de estados emocionais. Para além disso, tal como na abordagem dimensional, assume a existência de dimensões avaliativas críticas, mas sendo muito mais generosa no número de dimensões que permite. Assim, pode explicar emoções sem fazer referência a processos não eficazes.
A ideia de ter a avaliação como um mecanismo subjacente às emoções já tinha sido concebido na Grécia antiga. Aristóteles tinha postulado que as emoções pressupõem a existência de uma razão ou reflexão sobre um evento.
Esta ideia voltou a emergir durante o período da revolução cognitiva, onde os psicólogos começaram a descrever formalmente processos mentais. As funções cognitivas foram sendo vistas cada vez mais como o resultado de vários subprocessos.
De acordo com a abordagem de apreciação, estes subprocessos são avaliações ou apreciações. 
Um exemplo- Modelo de processo de avaliação de componentes: 
Scherer (1986) desenvolveu um modelo, conhecido como “modelo de processo componencial”, que procura explicar os critérios pelos quais o processo de avaliação cognitiva ocorre. 
Como é enfatizado por Scherer, a emoção é vista neste modelo como um processo e como uma resposta adaptativa de vários subsistemas (componentes) do indivíduo a um evento antecedente relevante para ele. Percebe-se aqui a presença da perspetiva cognitivista no modelo aliada à visão evolucionista das emoções, pois para Scherer as alterações nos subsistemas do indivíduo teriam a função de ajudar esse indivíduo a sobreviver. 
A ideia central deste modelo é a de que os diversos subsistemas de processamento de informação do indivíduo (cognitivo, motivacional, fisiológico e motor) continuamente fazem check a estímulos internos e externos através de critérios definidos, os SECs (Stimulus Evaluation Checks), os quais ocorrem numa ordem fixa.
O autor especifica os seguintes SECs: 
· Check de relevância: verifica se o estímulo é relevante para as metas ou necessidades do indivíduo, se é consistente ou não com as expectativas que o indivíduo tem da situação, se o evento o facilita ou o impede de alcançar seu objetivo e se é necessária uma resposta comportamental urgente. O resultado deste SEC determina o grau de envolvimento do indivíduo com o evento;
· Check das implicações do evento: inclui inferências acerca da causalidade do evento e das possibilidades de resultados do mesmo; 
· Check do potencial de coping: avalia se o indivíduo tem potencial para mudar ou evitar as consequências do evento e também seu grau de controlo sobre o mesmo;
· Check da significância normativa do evento: avalia se o evento está em conformidade com normas sociais e culturais e também se é consistente com a imagem que o indivíduo tem de si mesmo (normas internas). 
Os resultados dos SECs terão influência no sistema nervoso somático e no sistema nervoso autónomo do organismo. Este último tem um efeito direto na fala, já que é responsável por controlar a respiração e a salivação. O sistema nervoso somático, por sua vez, está relacionado ao controlo voluntário dos músculos. Pode-se ver, portanto, que a grande vantagem deste modelo é possibilitar que hipóteses sobre os efeitos dos SECs no corpo humano (e, consequentemente, nos parâmetros acústicos da fala) sejam feitas e testadas empiricamente, através das alterações esperadas nos órgãos e mecanismos envolvidos na produção da fala.
Suporte à abordagem avaliativa:
A abordagem avaliativa leva a cabo por Scherer e outros investigadores ofereceu uma perspetiva sofisticada aos processos emocionais. Ao contrário de outras abordagens, esta explica o grande espectro de experiências emocionais, incluindo experiências não-prototípicas para o qual ainda não existe um nome próprio dessas emoções. Também é a única abordagem atual que explica especificamente o porquê de dois indivíduos confrontados com o mesmo evento se podem sentir de forma diferente ou o porquê de dois eventos diferentes causarem a mesma emoção no sujeito.
As avaliações também explicam o porquê de uma emoção como o medo poder resultar de uma vasta gama de eventos incluindo um simples tom de voz ou o olhar de outro indivíduo (fatores contextuais). O medo resulta de qualquer evento que é visto como perigoso e incontrolável.
A sofisticação teórica desta abordagem foi muito útil na pesquisa empírica porque permite que sejam formuladas e testadas hipóteses concretas. 
Esta abordagem permitiu destacar a importância de considerar as emoções como sendo um subproduto de múltiplos processos. Especificamente, investigações com o objetivo de identificar os subprocessos emocionais sugerem que as diferentes emoções não estão não-relacionadas, mas resultam de um conjunto comum de operações mentais que são caracterizadas por mais de duas dimensões.
Limitações da abordagem avaliativa:Os oponentes a esta abordagem consideram-na demasiado exigente a nível computacional para fornecer explicações úteis sobre emoções. Adicionalmente, muitos veem-na como uma explicação imprópria para as emoções porque eles entendem a forte dependência nos autorrelatos como um indicador de que esta abordagem conceptualiza as apreciações como cognições conscientes. No entanto, nem todos os modelos de apreciação são tão computacionalmente exigentes e muitos reconhecem a existência de apreciações automáticas e potencialmente inconscientes.
Uma segunda limitação para esta abordagem é de que as apreciações podem não ser suficientes para sentir uma emoção ou mudar o estado emocional de um indivíduo. Todos nós provavelmente nos podemos lembrar de eventos que avaliamos de forma similar a eventos que tipicamente nos fariam sentir zangados/com raiva. No entanto nós falhamos a experienciar essa emoção simplesmente porque estamos a sentirmo-nos bem no momento. Por outro lado, provavelmente lembramo-nos se sentirmos raiva em momentos despropositados e ainda assim foi difícil de o inibir ou controlar.
Para tentar contornar esta limitação, teóricos referem-se a padrões de apreciação e a diferenças entre apreciações iniciais e retrospetivas. Especificamente, eles argumentam que, apesar das avaliações de dois eventos poderem diferir com respeito a uma apreciação específica (ex. relevância), o padrão de apreciação geral que cruza as diferentes dimensões de apreciação pode ser similar e, assim, elicitar uma emoção similar. Para além disso, apreciações iniciais nas diferentes dimensões de apreciação podem ser diferentes de apreciações retrospetivas que utilizamos quando nos lembramos de um evento emocional.
Outro problema desta abordagem está relacionada com a viabilidade evolucionária. Tal como nas abordagens categórica e dimensional, também assume que as emoções foram adaptativas durante a evolução. No entanto, como as diferentes apreciações teriam evoluído não é intuitivo.
Por fim, a última limitação prende-se com o facto de não existir consenso entre investigadores. Diferentes investigadores propuseram diferentes modelos de apreciação que variam no que toca ai número e à natureza das dimensões de apreciação.
Processos cerebrais como bases para as emoções:
Teoria das emoções de Cannon:
No início do século XX, os psicólogos começaram a argumentar contra os métodos utilizados por William James e Wundt. Os psicólogos achavam estes métodos demasiado subjetivos e não científicos. Para além disso, também criticaram a confiança colocada nas evidências fenomenológicas e na introspeção, por isso começaram a colocar mais ênfase no estudo do comportamento observável e quantificável. Neste sentido, deu-se o desenvolvimento do behaviorismo como a nova abordagem psicológica, focando-se nos padrões de estímulo-resposta e banindo os tópicos relacionados com a mente.
Em outros campos, como na fisiologia ou na neurologia, começou-se a prestar mais atenção à mente e continuaram, assim, a seguir a investigação sobre as emoções. Um dos indivíduos que se destacou neste aspeto foi Walter Cannon. O seu interesse principal era o estudo do sistema nervoso simpático e as mudanças corporais devido à ativação simpática questionando, assim, a teoria de James-Lange.
Especificamente, Cannon viu uma série de problemas com o facto de se assumir que o feedback corporal produzia sentimentos emocionais. Tal como também achava que a ênfase dada às vísceras no feedback não era justificável. 
Cannon investigou os efeitos da remoção dos aspetos simpáticos do sistema nervoso autónomo em gatos e descobriu que estes ainda se “iriçavam” e mostravam os seus dentes quando eram confrontados por um cão. Assim, ele argumentou, que as emoções ainda estavam presentes apesar de o sistema simpático já não estar a causar nenhum efeito nas vísceras. No entanto, Cannon manteve a ideia de que as mudanças viscerais poderiam estar ligadas a diferentes emoções, tal como a estados não emocionais. 
A ativação simpática está associada com uma descarga de adrenalina conhecida por acelerar os batimentos cardíacos, a constrição dos vasos sanguíneos, o aumento do tamanho das pupilas, entre outros.
Tudo isto levou Cannon a refutar a teoria de James-Lange e a oferecer uma alternativa baseada no cérebro para explicar as emoções. Esta teoria é construída pela observação de certas expressões emocionais que são observadas em animais com ablação (remoção) do córtex. Com estimulação insignificante (ex. segurar) estes animais tinham acessos de raiva, chamados de sham-rage (comportamentos violentos), sugerindo que, no cérebro, se encontrava o coentro para a expressão emocional, no tálamo.
Para além disso, ele especulou que a informação sensorial processada ao nível do tálamo, ou os sinais corticais projetados no tálamo, engatilham respostas corporais. Cannon conceptualizou estas respostas como meras expressões emocionais e distinguiu-as de sentimentos emocionais ou de consciência emocional, que ele acreditava que dependessem do córtex cerebral.
O circuito de Papez:
A teoria de Cannon atraiu muita atenção e inspirou futuras pesquisas com base no cérebro para as emoções. Uma dessas novas pesquisas veio de James Papez. Ele incorporou as suas ideias, com as ideias de James Bard e de Cannon. Assim, nesta nova teoria das emoções de Papez, o tálamo e o hipotálamo tornaram-se estruturas chave.
Ele incluiu mais duas estruturas baseadas nas suas conexões neuroanatómicas com o diencéfalo, tal como a evidência de pacientes com danos nessas estruturas. Essas estruturas compreendiam o giro cingulado e o hipocampo. Papez imaginava que a informação fluía entre estas estruturas.
De acordo com Bard e Cannon, ele assumiu que a maior parte da informação sensorial passava primeiro pelos recetores sensoriais e depois para o tálamo. A partir daí, poderia tomar uma das três vias especializadas de processamento:
· Via do pensamento: projeções para o córtex lateral;
· Via do movimento: projeções para os gânglios basais;
· Via do sentimento: projeções para o hipotálamo.
Tal como Bard e Cannon, Papez acreditava na ativação do hipotálamo como sendo crítico para as respostas corporais que acompanham as emoções, e as projeções do hipotálamo para o córtex como críticas para a sensação consciente de uma emoção.
 Para justificar o facto de que as emoções podem emergir de preceitos básicos (ex. barulhos altos) disponíveis ao nível do tálamo, tal como em forma de pensamentos ou de memórias, Papez visionou dos modos de ativação hipotalâmica. O primeiro, seria através da via do sentimento, e o segundo seria através das projeções da via cortical para o hipocampo, que poderia depois entrar na via de sentimento. Estes dois modos, juntos, formam o circuito de Papez.
Com a ajuda posterior de Cannon, Papez finalmente chegara a um conjunto de estruturas cerebrais que ostensivamente contribuíram para os aspetos sensitivos e comportamentais das emoções. Para além disso, eles apontaram um mecanismo pelo qual as experiências emocionais poderiam afetar o corpo e vice-versa.
Eles agora entendiam que a ativação crónica do sistema nervoso simpático prejudicava os processos “sustentadores da vida” e que isto poderia levar a dano orgânico. Adicionalmente, o circuito de Papez permitiu com que clínicos entendessem que certas condições neurológicas provocavam certos sintomas emocionais. Era agora aparente que, coisas como tumores ou dano em certas áreas do cérebro poderiam mudar o humor do indivíduo ou deixá-lo sem emoções aparentes.
A teoria do sistema límbico:
Ao procurar uma ligação entre as auras emocionais dos pacientes e o foco epilético no hipocampo, Maclean deparou-se com o circuito de Papez. Como a implicação do hipocampo nas emoções parecia promissora, MacLean procurou ter uma discussão direta com Papez. Após isso, MacLean escreveu um paper a explicar em como o circuito de Papez teve significado tanto para os seus pacientes epiléticos, quanto para os pacientes com queixas psicossomáticas.
O paper de MacLean teve uma série de contribuiçõesoriginais. Primeiro, reforçou o uso do termo “límbico” para se referir a estruturas do circuito de Papez. Segundo, ele incluiu a amígdala na discussão das emoções e deu ao hipocampo um papel mais central. Ele presumiu que o hipotálamo suportava a formação de associações entre diferentes preceitos ou eventos. Por fim, ele ligou os processos límbicos propostos com a teoria psicanalítica formulada por Freud.
Freud tinha postulado que o desenvolvimento psicossexual de um indivíduo passa por uma série de fases em que se pode dividir a mente: o id, o ego e o superego. MacLean viu estas ideias refletidas na organização e funcionamento do cérebro humano. Por exemplo, ele identificou o id freudiano, uma drive animalesca para a satisfação das necessidades básicas, com estruturas límbicas, particularmente com o hipocampo. Para além disso, ele pensou que as experiências na infância moldavam o funcionamento destas estruturas e podiam ser responsáveis para a fixação de um determinado estágio psicossexual e o desenvolvimento de problemas psicológicos em adulto.
Este novo sistema compreende, agora, o Neocórtex, e MacLean afirma eu apenas existe em mamíferos superiores, sendo suportado por processos cognitivos como a linguagem, a resolução de problemas e a tomada de decisões. O Neocórtex é visto como sendo um grande coração computacional.
Aplicação da teoria:
A teoria do sistema límbico de MacLean recebeu muito apoio. Através da ligação das emoções a um determinado conjunto de estruturas do cérebro, permitiu inferências acerca da localização de disfunções neuronais em pacientes com sintomas emocionais e permitiu apontar para alvos específicos a serem tratados.
Anterior à teoria do sistema límbico, tratamentos para as doenças mentais eram bastante cruéis. Estes tratamentos compreenderam que a destruição do tecido do lobo frontal parecia ser o responsável por estados emocionais negativos.
Agora, ao invés de destruir o tecido do libo frontal, os neurocirurgiões selecionam, cuidadosamente, outras estruturas límbicas, como o cingulado anterior, as conexões entre o lobo frontal e as estruturas subcorticais, ou o tecido que envolve a amígdala.
Problemas neuroanatómicos:
Ao contrário do defendido por MacLean, os conhecimentos neuroanatómicos vieram refutar que a evolução do cérebro ao longo do tempo e das espécies não se tratava apenas da adição de camadas do cérebro. Ao invés disso, parece terem sido desenvolvidas especificações do tecido que levam tanto à diminuição de umas áreas face a outras e que isto resultou em cérebros com várias secções, umas mais antigas evolutivamente e outras mais recentes.
Problemas neurofuncionais:
Com os estudos mais atuais sobre as funções do cérebro, mais refutações foram feitas a esta teoria de MacLean. Estas pesquisas indicam que algumas das estruturas que MacLean associou com emoções servem funções tipicamente associadas com a cognição. Por exemplo, o hipocampo, que era representado por MacLean como sendo a “besta” no homem e que suportava exclusivamente associações emocionais de natureza pré-verbal, mostrou-se ser a estrutura chave para a memória declarativa.
Outro erro descoberto nesta teoria é de que, certas estruturas excluídas do sistema límbico por serem consideradas irrelevantes para as emoções são, afinal importantes para certos aspetos das experiências emocionais.
Problemas conceptuais:
Os avanços na compreensão das emoções sugerem uma série de problemas conceptuais com a teoria do sistema límbico. Primeiro, esta teoria faz uma divisão clara entre emoções e cognição. As emoções estão estritamente ligadas ao sistema límbico, onde a cognição ou o sistema simbólico estão estritamente associados ao Neocórtex. Estudos recentes sugerem que esta divisão é inapropriada. Apesar de muitos investigadores ainda utilizarem as palavras emoção e cognição para se referirem a sentimentos e a pensamentos de forma separada, já existe um conhecimento universal de que estes conceitos estão intimamente ligados e que é difícil diferenciá-los.
Um segundo problema com esta teoria vem da sua definição de emoções. Hoje em dia, definimos emoções como estados mentais que motivam comportamentos relevantes para a sobrevivência. MacLean ligou uma série de comportamentos de sobrevivência em mamíferos. No entanto, ele ligou estes comportamentos a simples programas não-emocionais em répteis e, assim, falhou em ver a continuidade evolutiva nas funções das emoções. 
Por fim, a realização de que diferentes emoções motivam diferentes comportamentos, levou investigadores a ver a futilidade de tentar explicar todas as experiências emocionais com apenas um sistema cerebral. Para além disso, eles começaram a usar uma abordagem mais diferenciada ao olharem separadamente para as emoções. Esta abordagem veio a revelar que a abordagem de MacLean de que um sistema servia para todas as emoções, estava errado.
Assim, muitos investigadores acabaram por descartar este sistema.
Os pensamentos como base para as emoções:
Enquadramento teórico:
No início do século XX, foram aparecendo novas bordagens teóricas das emoções. O primeiro desenvolvimento emergiu dos insights gerais do funcionamento do cérebro. Baseado nas observações microscópicas de Camillo Golgi e Santiago Ramón e Cajal, tornou-se aparente que as células do sistema nervoso central diferiam em muitos aspetos das outras células do corpo. Para além disso, a comparação de tipos de células e da sua arquitetura de diferentes partes do sistema nervoso central sugeriam a existências de regiões especializadas e comunicação entre regiões. Korbinian Brodmann desenvolveu mapas anatómicos que circulavam áreas de diferentes organizações celulares.
O segundo desenvolvimento crítico para a teoria das emoções está relacionado com a automatização de processos industriais. No início do século XX, este desenvolvimento industrial permitiu com que muitos engenheiros fossem capazes de implementar conceitos como “algoritmo” e “computação” para produzirem “máquinas inteligentes”. Foi a natureza do pensamento inteligente que inspirou este desenvolvimento e cujos resultados inspiraram teorias sobre o pensamento inteligente e os processos mentais em geral. Isto ajudou a ultrapassar os dogmas do behaviorismo e levou a um novo interesse pela mente.
Os pensamentos eliminam a ambiguidade de excitação corporal inespecífica:
Stanley Schachter e Jerome Singer revisitaram a teria de James-Lange e tentaram abordar uma das suas fraquezas. Pesquisa fisiológica negou a ideia de feedback corporal que difere para todas as emoções. Portanto, não era certo como é que este feedback poderia produzir esta série de emoções que temos. Schachter e Singer hipotetizaram que a cognição ou o pensamento poderiam agir como um mediador.
Para além disso, eles especularam que as mudanças corporais engatinhadas por um evento emocional forçam a consciência e levam o indivíduo a questionar-se sobre o que é que causou a mudança. Se o indivíduo consegue atribuir a mudança a um evento emocionalmente significativo, vai sentir uma emoção.
Com os estudos que foram fazendo, foi fundada a teoria da excitação cognitiva. De acordo com esta teoria, são necessárias duas coisas para uma emoção: pensamento e excitação corporal. Para além disto, os indivíduos são propostos a “rotular” a excitação corporal desencadeada por um evento emocional com base na avaliação do evento. Se essa avaliação for positiva, então uma emoção positiva surge, e vice-versa.
No entanto, apesar das tentativas destes investigadores, ainda muitos problemas na teoria de James-Lange permaneceram. Ainda não existia evidência que sugerisse que o feedback corporal era, de facto, necessário para uma emoção. Até ao momento, as pesquisas apenas tinham demonstrado que o feedback corporal poderia influenciar o que as pessoas sentiam. Para além disso, relatos de indivíduos com feedback corporal prejudicado e uma vida emocional supostamente intacta sugeriram a muitos que as emoções podem ocorrer com base apenas em processos mentais.
Segundo, a dependência da emoção nas respostascorporais e a avaliação deliberada da sua relação ao evento emocional introduziu um delay temporal que contradiz o a noção de que as emoções ocorrem muito rapidamente.
Terceiro, e talvez o mais importante, investigadores têm ignorado o problema de como as mudanças corporais ocorrem em primeiro lugar. Tanto a teoria de James-Lange quanto a teoria de Schachter-Singer estipularam que a perceção de um estímulo emocional desencadeava reações corporais.
Pensamentos que criam excitação corporal:
A psicóloga Magda Arnold escreveu um manifesto intitulado de “Emoção e Personalidade” , onde descreveu uma teoria da emoção que passou a ser uma “tendência”. Esta teoria não era inteiramente sua, já tinha sido antecipada por Aristóteles, que declarou que o pensamento seria um precedente para as emoções.
A teoria de Arnold foi construída na noção de que as emoções, tal como os preceitos sensoriais, têm um objeto. Se nos sentimos felizes, existe algo sobre o qual estamos felizes. Se nos sentimos tristes, é porque perdemos algo valioso. Assim, Arnold pensou que a fonte primária das emoções deveria ser a avaliação do objeto que o provocou.
Primeiro, ela argumentou que devemos acreditar em algo que é verdade. Por exemplo, a crença de que um amigo nosso, que já não vemos há anos, nos venha visitar. Segundo, Arnold postulou que devemos avaliar se e como é que o objeto da crença ou da emoção nos pode afetar ou aos nosso objetivos. Esta avaliação ocorre em três dimensões:
· Valência: onde localizamos o objeto da emoção como sendo positivo ou negativo;
· Existência: onde localizamos o objeto da emoção como estando ou não presente;
· Coping: onde avaliamos se conseguimos lidar com o objeto da emoção, ou seja, se é ou não evitável.
Arnold referiu que as cognições que precedem as emoções (i.e. as avaliações de um objeto da emoção e o seu impacto em nós) como avaliações (appraisals), e utilizou-os para explicar as várias emoções que sentimos e o porquê de os humanos diferirem tanto nas emoções. Apesar destes appraisals serem de natureza cognitiva, Arnold não afirmou que estavam restritos aos humanos ou de que eles tinham de estar conscientes. De facto, ela disse que os appraisals imediatos e intuitivos eram mais importantes que os appraisals deliberados e refletidos.
De acordo com Arnold, todas as emoções são baseadas nos appraisals automáticos, e os appraisals controlados podem contribuir para algumas emoções, moderando os appraisals automáticos.
Lazarus também conduziu uma série de estudos que o levaram a desenvolver a sua própria teoria dos appraisals. Uma das diferenças entre a sua teoria e a teoria de Arnold está relacionada com o papel dos appraisals automáticos e controlados. Arnold enfatizou que os appraisals podem e ocorrem automaticamente, e não necessitamos de reflexão consciente para representar um evento e a sua importância para nós. Lazarus acreditava que isto era impossível e que qualquer tipo de sentimentos necessitavam de esforço de pensamento.
Desafiando o pensamento:
Um exemplo do crescente desprezo pela teoria dos appraisals é Robert Zajonc. Ele acreditava que muito do nosso comportamento é influenciado por processos mentais que não estão sujeitos a consciência, provando isto através de uma experiência (experiência dos octágonos).
Os resultados da sua experiência sugeriram que os humanos são capazes de fazer discriminações afetivas sem a participação extensiva do sistema cognitivo. 
Lazarus critucou Zajonc por falhar na definição de emoção e rejeitou que as preferências expressadas por “gostos” possam ser vistas como emoções. Por outras palavras, faltam algumas dimensões dos appraisals sugeridos por Magda Arnold como sendo pré-condições para as emoções. Lazarus contra-atacou o criticismo de Zajonc de que não existia evidência de que a cognição e necessária para uma emoção, com a observação de que também não existe evidência do contrário.
Zajonc e outros teóricos assumiram uma clara divisão entre as emoções e a cognição. Lazarus e outros teóricos veem a cognição e a emoção como estando intimamente ligados.
Bases para a pesquisa emocional:
Neurotransmissores:
Os neurotransmissores libertados no curso de um potencial de ação podem ter um efeito inibitório ou excitatório no neurónio pós-sináptico. Isto vai depender da composição química do neurotransmissor e dos recetores aos quais se ligam. 
O glutamato é um neurotransmissor excitatório que exerce o seu efeito ao se ligar ao seu recetor no terminal pós-sináptico. Este processo aumenta o potencial de membrana do neurónio pós-sináptico e, assim, a probabilidade deste neurónio responder com um potencial de ação. 
O GABA é um neurotransmissor inibidor que atua quando se liga ao seu recetor. A sua ligação diminui o potencial de membrana do neurónio pós-sináptico e, assim, a sua probabilidade de responder com um potencial de ação.
Juntos, o glutamato e o GAB têm efeitos antagónicos na atividade cerebral e desempenham um papel importante na regulação dos estados excitatórios e inibitórios, como o medo ou a tristeza. Por exemplo, medicamentos que têm atividade GABAérgica são normalmente prescritos quando o medo ordinário se torna em ansiedade.
Sistema nervoso central:
O sistema nervoso central (espinal medula e cérebro), como o nome indica, é a parte do sistema nervoso que se responsabiliza pelo processamento. Tem uma série de neurónios e de células da glia que estão organizadas em formações de tecidos. Estas células recebem informação distribuída dos órgãos sensoriais e do restante corpo, integram esta informação e emitem informações de novo para a periferia.
· Espinal medula
Projeta a informação do cérebro para alguns eferentes ou sistemas de execução, como os músculos e os órgãos internos.
· Cérebro
O cérebro é composto pelo tronco cerebral, diencéfalo, telencéfalo e cerebelo.
O tronco cerebral liga-se ao último segmento espinal. Além de simplesmente transmitir informações, o tronco cerebral também compreende tecido envolvido no processamento de sinais e na emissão de respostas corporais.
O diencéfalo está entre o tronco cerebral e o telencéfalo e compreende o tálamo e o hipotálamo. O tálamo é uma importante porta de entrada sensorial. Com exceção do olfato, todos os outros sentidos projetam para o telencéfalo através do tálamo. O hipotálamo é outra estrutura importante, pois regula os processos básicos relacionados com a ingestão de comida e água, atração sexual, comportamentos de consumação sexual e também têm um papel no stress.
O telencéfalo é a maior parte do cérebro, e onde podemos encontrar os diferentes lobos do mesmo. Dobrando-se ao redor do cérebro existem múltiplas camadas que contêm somas e dendrites neuronais que têm o nome de córtex: parietal, temporal, occipital e temporal. No entanto, ao olhar do microscópio, o córtex revela mais uma diferenciação. Diferem em várias partes da sua citoarquitetura, ou seja, a sua composição celular e camadas variam. Para além disso, existem várias diferenças regionais em cada camada, diferindo assim a densidade das mesmas. As subdivisões corticais identificadas por Brodmann diferem funcionalmente e estruturalmente.
Apesar de alguns processos mentais, como aqueles associados com os sentidos, poderem estar perfeitamente fixados a certas partes do cérebro, isto não funciona assim para funções de ordem superior, como a atenção e as emoções. Porque as últimas funções tipicamente envolvem uma série de subfunções e processos, não estão localizados e apenas uma região do cérebro, mas sim em múltiplas.
Por muito tempo, o cerebelo foi considerado um dos principais contribuintes para o funcionamento motor. No entanto, descobertas indicam que o cerebelo também contribuí para uma série de fenómenos cognitivos e emocionais.
Sistema nervoso periférico:
Células nervosas fora do sistema nervoso central, ou seja, que não fazem parte do cérebro ou da espinal medula, são considerados parte do sistema nervoso periférico. Estas células nervosas estão na pele, músculos e outros tecidos orgânicos, onde podem recolher informação parao SNC. Dependendo da forma como os neurónios periféricos operam, são classificados em neurónios sensoriais, somáticos e autónomos. As células aferentes que transmitem informações sensoriais são classificadas como sensoriais. As células eferentes que estão situadas nos tecidos musculares e que permitem a produção de movimentos voluntários são consideradas como parte do sistema nervoso somático. Células eferentes que enviam instruções do SNC para os órgãos corporais e que sustentam certos movimentos involuntários são considerados parte do sistema nervoso autónomo.
Sistema nervoso autónomo: 
O SNA é responsável por monitorizar a atividade do corpo e pelas mudanças corporais que otimizam a capacidade de um indivíduo de funcionar face às condições ambientais em constante mudança.
O sistema nervoso autónomo divide-se em dois: 
· Sistema nervoso simpático;
· Sistema nervoso parassimpático.
Estes dois sistemas têm papéis antagónicos e complementares. Apesar de estarem sempre ativos, eles diferem no seu envolvimento em relação a vários contextos.
O sistema simpático torna-se relativamente mais ativo que o parassimpático quando os recursos são necessários para ações instantâneas. Em contraste, o sistema parassimpático está mais ativo que o simpático quando não há necessidades urgentes e o indivíduo está a descansar. É responsável por recarregar as baterias corporais e garantir a resistência corporal (digestão, apetite, dormir).
Um órgão-alvo inervado pelo sistema simpático é a glândula adrenal. Esta tem um papel central nas respostas de luta ou fuga. O input hipotalâmico viaja através do tronco cerebral e da espinal medula até à medula adrenal. Esta projeção denominou o sistema simpático medular adrenal, que é responsável pela rápida libertação de adrenalina e de noradrenalina, que permitem a rápida mobilização de recursos corporais.
Existe também uma rota não-simpática para a glândula adrenal, chamada de eixo hipotalâmico pituitário adrenal. Ao invés de envolver fibras nervosas periféricas, envolve o sistema endócrino. Especificamente, o input hipotalâmico é retransmitido para o pituitário, que liberta hormonas para a corrente sanguínea que ativam o córtex adrenal que liberta hormonas do stress, como o cortisol. Estando dependente do fluxo e da difusão sanguínea, esta libertação é vagarosa e, assim, não desempenham um papel na reação inicial ao stress, mas ajuda a suster a reação.
Bases biológicas para as emoções:
Com a teoria do sistema límbico a desfazer-se, investigadores fizeram esforços para explorar e identificar estruturas e redes cerebrais específicas para as emoções.
Estruturas cerebrais importantes:
· Amígdala:
Uma das primeiras estruturas do cérebro suspeita de ter um papel importante nas emoções foi a amígdala. Situada na parte anterior do lobo medial temporal, a amígdala conecta-se com regiões que regulam a atividade do sistema nervoso autónomo e as regiões envolvidas no controlo da perceção, memória e cognição.
As pesquisas iniciais sobre a amígdala relacionavam-na com o medo. Animais não-humanos com a amígdala lesionada não tinham qualquer reação de medo, e também se provaram incapazes de aprender a ter medo de um objeto neutro que era emparelhado com um evento emocional doloroso, como um choque. Mais tarde, a pesquisa com humanos corroborou estas descobertas. No entanto, pacientes humanos com a amígdala lesionada eram capazes de reter conhecimento explícito acerca do que é perigoso e ainda conseguiam aprender sobre perigos.
Enquanto que a pesquisa inicial implicava a amígdala no medo, estudos subsequentes estabeleceram ligações com outras emoções. Por exemplo, estudos de neuroimagem descobriram que a amígdala se ativa quando os participantes cheiravam odores agradáveis e desagradáveis, ou quando viam comédias ou cartoons. 
Com base nisto, investigadores disputam a especificidade da amígdala pelo medo e argumentam que serve como um detetor de relevância que emite respostas corporais e mentais aprimoradas sempre que os sentidos percebem algo importante.
Ínsula:
A ínsula tem diversas funções. O seu aspeto antero-ventral é agranular e participa em funções olfativas e autónomas. Os seus aspetos antero-dorsal e medial são disgranulares e suportam o nosso sentido de paladar. Por fim, o seu aspeto mais posterior é chamado de ínsula granular e forma um eixo multissensorial que recebe informação somatosensorial, visual e auditivo. 
Muitos estudos que utilizaram a abordagem das lesões cerebrais têm implicado a ínsula nas emoções. Estímulos que excitam esta estrutura de forma mais consistente estão associados com o nojo. 
No entanto, tal como a amígdala, a ínsula não está apenas relacionada com uma emoção. Vários estudos verificaram a ativação da ínsula quando se comparam estímulos que induzem o meso com estímulos neutros, ou quando são dadas aos participantes recompensas inesperadas.
Cingulado anterior:
O cingulado anterior faz parte do giro cingulado que está nas paredes mediais dos dois hemisférios, à volta do corpo caloso. O cingulado anterior divide-se do cingulado posterior na fissura central que se estende entre o lobo frontal e parietal. De forma similar ao que acontece com a ínsula, o cingulado anterior é agranular e o cingulado posterior é granular. A falta de células granulares parece estar ligada com funções emocionais.
O cingulado dorsal anterior recebe informação somatosensorial relacionada com a dor. De acordo com as especulações teóricas de que a tristeza “veio”/”cresceu” da evolução de um antigo sistema de dor, investigadores descobriram que esta emoção passa pelas mesmas áreas que o suporte físico da dor.
O cingulado dorsal anterior parece ser também relevante para outras emoções e não apenas para a tristeza. Uma emoção que está frequentemente a ser conectada com esta estrutura é o medo.
De novo, uma possibilidade de reconciliar estes relatos é se se assumir que a tristeza e o medo ativam diferentes partes do cingulado dorsal anterior ou de que estas emoções recrutam esta região em diferentes redes neuronais. Outra possibilidade é de que a tristeza e o medo partilham processos relacionados com a dor. Especificamente, o medo, resultante de um perigo percebido para a integridade física de um indivíduo, pode envolver a antecipação da dor.
Por fim, existe uma pesquisa substancial que liga o cingulado anterior dorsal ao conflito cognitivo. Por exemplo, nas tarefas de Stroop (AMARELO, VERDE) os participantes têm de suprimir uma resposta mais automática para darem uma resposta menos automática; isto envolve certos aspetos do cingulado dorsal anterior. Assim, esta estrutura pode ter um papel básico em processos relacionados com a deteção e monitorização de incongruências.
Córtex medial pré-frontal:
O córtex medial pré-frontal não está ligado a nenhuma emoção específica.
A primeira evidência de que esta estrutura estava ligada com emoções veio de um homem chamado Phineas Gage que, devido a um acidente de trabalho, sofreu danos cerebrais. Os danos foram principalmente nos aspetos mediais frontais do cérebro. Apesar de Gage ter recuperado relativamente bem do seu acidente, a sua personalidade mudou. Antes do acidente era atencioso e confiável mas, depois deste, não tinha controlo sobre os seus impulsos, respondendo aos mesmos independentemente das suas consequências.
Trabalhos mais recentes de neuroimagem foram capazes de especificar as contribuições do córtex medial pré-frontal nas emoções. Uma das linhas de pesquisa abordou os mecanismos neurais envolvidos na mentalização. Especificamente, estudos onde é pedido aos participantes para atribuírem determinadas características pessoais (ex. inteligência), pensamentos e crenças a eles próprios ou a outros indivíduos, verifica-se que esta estrutura é tipicamente recrutada.
O córtex medial, pré-frontal também está ativo quando os participantes destes estudos parecem não estar a fazer nada. Porque, enquanto descansam, suspeita-se que os participantes se envolvam em processos autorreferenciais, ou com “a cabeça nas nuvens”. Estas descobertas corroboramas pesquisas sobre a mentalização. Para além disso, sugerem que esta estrutura suportam a ideia de que os próprios indivíduos monitorizam os seus próprios estados mentais. 
Com estes resultados, não é surpreendente que estudos de emoções com o envolvimento do córtex medial pré-frontal normalmente requerem que os participantes julguem as suas próprias emoções para julgarem as emoções dos outros ou para regularem emoções que foram evocadas por um determinado estímulo experimental. 
Importantes mensageiros químicos:
A junção e o processamento da informação no sistema nervoso depende de mensageiros químicos que são lançados por uma determinada célula e que afetam as funções de outra célula. Dependendo da parte do corpo em que estes mensageiros são lançados, vão ter diferentes nomes:
· Hormonas: lançadas na corrente sanguínea, agem de forma difusa e distante (ex. cortisol e adrenalina);
· Neurotransmissores: lançados por neurónios e transmitem informação a outro neurónio;
· Gliotransmissores: lançados por células da glia e transmitem a informação a outra célula da glia.
Oxitocina:
Este mensageiro químico é produzido por neurónios no hipotálamo.
 A Oxitocina é uma hormona usada para ajudar a iniciar ou continuar o trabalho de parto e para controlar o sangramento após o parto. Também é usada para ajudar a secreção de leite na amamentação.
Este neurotransmissor, por vezes chamado de hormona do amor, tem sido implicada principalmente na promoção do tipo de "sentimentos amigáveis" ou amor que sustenta a formação de laços sociais.
Monoaminas:
As monoaminas são outro grupo de mensageiros químicos com uma relevância particular nas emoções.
· Catecolaminas
Um tipo de catecolamina é a dopamina. As suas funções são diversas, incluindo estarem envolvidas em aspetos motores, cognitivos e emocionais. Nos aspetos motores, a dopamina tem um papel na iniciação, coordenação e inibição de movimentos, estando, assim, relacionada em distúrbios do movimento, como o Parkinson. Nos aspetos cognitivos, foi descoberto que a dopamina suporta a capacidade de selecionar informação para a atenção e de manter esta informação na memória de trabalho. Por fim, no contexto das emoções, a dopamina tem sido implicada na apreciação de estímulos ou recompensas positivas, ou em abordagens relacionadas com tendências motivacionais.
Nem toda a dopamina corporal serve para transmissão neural, mas sim para os processos de síntese de noradrenalina (norepinefrina) e adrenalina (epinefrina).
Como hormonas, a noradrenalina e a adrenalina são importantes para prepararem o corpo e órgãos para a ação, e esta preparação é iniciada através do sistema simpático medular adrenal. Como neurotransmissores, têm também um efeito ativador e estão envolvidos na mobilização simpática. 
Adicionalmente, no entanto, elas têm um impacto na cognição e na emoção. Investigação em atenção e aprendizagem demostraram isso: no contexto da atenção, a noradrenalina aumentou as respostas cerebrais aos estímulos sensoriais; no contexto da aprendizagem, a noradrenalina tem um papel na formação de memórias de longo prazo, facilitando o armazenamento de informação emocional. Transtornos emocionais, como a ansiedade e depressão, estão ligados a anormalidades no funcionamento da noradrenalina.
· Triptaminas
Uma outra classe de monoaminas são as Triptaminas, como a serotonina. A serotonina é produzida principalmente pelos neurónios do tronco cerebral localizados nos núcleos de rafe.
A serotonina está envolvida na regulação do apetite, sono, vigília e emoções. No contexto das emoções, investigação clínica encontrou uma relação entre a transmissão serotonérgica e a depressão. Especificamente, medicação que diminui a re-captação da serotonina no neurónio pré-sináptico e, assim, aumentar o potencial de ligação da serotonina no neurónio pós-sináptico, faz com que haja melhoras no humor negativo.
Opióides:
Os opióides são produzidos por uma série de células, como as células imunitárias.
Os opióides são normalmente conhecidos pelos seus efeitos analgésicos no corpo. São libertados quando os organismos experienciam eventos que causam ferimentos, dor ou stress. Ao se ligarem aos seus recetores, eles reduzem o impacto negativo destes eventos e permitem com que os organismos se mantenham ativos, mesmo em circunstâncias adversas. Para além das suas propriedades analgésicas, os opióides também têm outras funções no corpo, algumas funções estão ligadas à respiração, digestão e atividade do sistema imunitário.
No cérebro, a sinalização de opióides produz mudanças nas emoções. Nesse sentido, beta-endorfinas e a sua ativação de recetores mu-opioides têm sido altamente investigadas. Os resultados indicam um papel na apreciação de recompensas, especialmente as sociais. Neste sentido, a aplicação de endorfinas exógenas como o ópio ou a morfina são tipicamente experienciadas como sendo prazerosas e diminuir sentimentos de angústia. 
Aula prática: Como elicitar emoções?
Restrições laboratoriais:
Problemas éticos:
· Órgãos profissionais definem padrões de ética nas pesquisas (ex. APA);
· Padrões existentes cujo objetivo é minimizar o desconforto para participantes humanos e não-humanos.
Problemas práticos:
· Reduzir confusões;
· Repetições de condição;
· Viabilidade de criar uma emoção (ex. tristeza);
· Expectativas do participante.
Métodos populares:
· Estímulos condicionados e incondicionados;
Estímulos incondicionados têm significado emocional e natural, podem ser partilhadas entre espécies (ex. comida, dor) ou diferir (ex. expressões não verbais, separação dos pais) e diferir entre indivíduos da mesma espécie (ex. idade, sexo).
Nos estímulos condicionados, muitos estímulos comportamentalmente relevantes no ambiente das espécies muda e não pode ser codificada no genoma. Assim, os indivíduos têm de ter a capacidade de aprender acerca destes estímulos e armazenar o seu significado emocional. Este processo depende de condicionamento clássico.
No condicionamento clássico, os estímulos utilizados incluem normalmente dinheiro, sons de telefone, animais ou comida. A vantagem relativamente aos estímulos incondicionados é de que estes são mais facilmente controlados. No entanto, as desvantagens face aos estímulos incondicionados incluem o facto de estes serem baseados na memória ou de não serem muito claros quanto ao facto de terem im efeito ou emoção específica.
O que é utilizado para a pesquisa humana?
· Imagens (ex. IAPS, KDEF);
· Filmes (dimensões chave: intensidade, complexidade, demandas cognitivas, resolução temporal, validade ecológica, recursos atencionais);
· Músicas e sons (felizes e tristes);
· Métodos sócio-psicológicos (ex. deceção, interação diádica).
· Memórias autobiográficas;
A memória autobiográfica consiste em memórias de acontecimentos passados relacionadas com o próprio, onde considerações relativas ao self, objetivos de vida, significados pessoais e emoções se entrecruzam, e ao fazê-lo permitem aos indivíduos construir histórias e narrativas de vida.
· Atos comportamentais;
· Modulação cerebral.
Elicitação das emoções no contexto das teorias atuais da emoção:
Diferentes métodos permitem perceções diferentes sobre as emoções. Pesquisa no contexto dimensional tem de ter uma abordagem cuidadosa para que não ser enviesada por emoções do indivíduo. Pesquisa no contexto categorial tem de ter uma abordagem cuidadosa para contrastar emoções de valências/arousal comparáveis.
Em suma, a pesquisa das emoções é restrita pelo modo de como são elicitadas as emoções em laboratório. Dentro destas restrições, existem diferentes métodos, como os estímulos condicionados e incondicionados, técnicas de memória, atos motores e modulação cerebral. É necessário ter também em atenção da escolha dos métodos e da sua compatibilidade com a abordagem teórica adotada.
Emoções no laboratório:
· Correlatos comportamentais das emoções;
São feitos julgamentos afetivos, com o uso de escalas de Lickert ou de self-assessment manikin, julgamentos emocionais e questionários (positive and negative affect schredule).As suas vantagens incluem o facto de tocar em aspetos subjetivos das emoções e serem fáceis e baratos. No entanto, existem também muitas desvantagens: muitos aspetos de uma emoção, ou a própria emoção, podem não ser acessíveis de forma consciente ou verbalizados, são facilmente manipuláveis e dependem de muitas outras variáveis (ex. aptidão verbal, memória, desejo de conformação, autoconsciência).
· Correlatos periféricos das emoções;
Medidas que tocam na atividade do sistema nervoso periférico e no sistema endócrino. Mudanças periféricas preparam e suportam mudanças comportamentais. Exemplos: eletrocardiograma e atividade eletrodermal.
No eletrocardiograma, são colocados elétrodos no corpo que conseguem medir mudanças elétricas causadas pela atividade do coração.
Na atividade eletrodermal, a atividade das glândulas sudoríparas promovem a diminuição da temperatura, melhor aderência da pele e facilita que a corrente elétrica viaje ao longo da pele. Suar implica input do sistema nervoso simpático.
· Correlatos cerebrais das emoções.
A estimulação elétrica, as otogenéticas, a farmacêutica e a estimulação magnética transcranial são técnicas que influenciam o funcionamento cerebral.
Estimulação elétrica: as mudanças na polarização de neurónios pode ser medida com elétrodos. Gravações externas dependem da atividade síncrona de milhares de neurónios no córtex.
Ressonância magnética: tira vantagem das propriedades magnéticas de protões de hidrogénio. Estas propriedades dependem do ambiente molecular (ex. osso, tecido, sangue oxigenado) e podem ser utilizadas para obter imagens funcionais e de alta qualidade.
Em suma, medidas comportamentais explícitas passam a elucidar certos aspetos subjetivos das emoções. Porque o comportamento depende da fisiologia corporal (ex. arousal), as medidas periféricas são um indicador adicional. Diferentes medidas geram diferentes resultados e nenhuma delas é perfeita.
Aula prática: Bases de estímulos emocionais validadas para a população portuguesa:
Porque é que é relevante utilizar sistemas de estímulos já publicados na pesquisa sobre emoções?
O desenvolvimento destes sistemas requere tempo e pode ser bastante dispendioso. É necessário também, expertise específico com, por exemplo, expressões faciais e verbais humanas. Estes sistemas são uma ferramenta útil e válida, permitindo o controlo e/ou manipulação de propriedades afetivas do estímulo (ex. controlo de arousal emocional quando se está a estudar os efeitos de valência). Permitem também comparações diretas entre estudos e a fácil replicação dos mesmos, o que é relevante para o aumento cumulativo de conhecimento científico.
Estes sistemas restringem o tipo de estímulos e emoções em cada estudo, limitando a generalização dos resultados. As idiossincrasias do material podem levar a diferenças entre condições experimentais (ex. diferenças entre condições em parâmetros físicos de baixo nível: emocional vs. Imagens neutras de IAPS envolvem mais frequentemente conteúdo humano social).
É necessário selecionar cuidadosamente estímulos de conjuntos já publicados e adaptados à população em estudo.
Sistema internacional de imagens afetivas (IAPS):
É um conjunto de fotografias emocionalmente evocativas que representam uma grande variedade de eventos encontradas na experiência humana (ex. imagens da natureza, objetos do dia-a-dia, pessoas vestidas ou nuas, animais, comida).
Este sistema foi feito tendo em consideração as dimensões teoréticas das emoções, tendo sido também adaptado para diferentes países, como Portugal.
O self-assessment Manikin é um instrumento de avaliação pictórico não-verbal, que mede a valência, o arousal e a dominância:
· Valência: grau de prazer que um estímulo pode gerar, variando de algo que é desagradável e faz com que o participante se sinta triste ou infeliz, com algo que é agradável e fá-lo sentir-se feliz;
· Ativação/arousal: grau de excitação ou ativação de que um sujeito pode sentir em relação a um estímulo, variando de sentindo-se calmo e relaxado para se sentir excitado ou em estado de alerta;
· Dominância: grau de controlo que o sujeito sente sobre um estímulo, variando da sensação de que ele não tem poder para lidar a situação para se sentir dominante ou no controlo da mesma.
Em Portugal, as mulheres têm tendência a avaliar como mais negativas imagens desagradáveis e como mais positivas imagens agradáveis do que os homens. As mulheres portuguesas exibem uma maior reatividade para os estímulos negativos (i.e. avaliar imagens desagradáveis como tendo um maior arousal), e os homens mostram uma tendência positiva (i.e. avaliam imagens agradáveis como tendo um maior arousal)
Sons digitais internacionais afetivos (IADS-2):
Estes sons são um conjunto de estímulos emocionais acústicos de ocorrência natural que representam uma ampla gama de categorias semânticas (ex. vocalizações animais, instrumentos musicais, ações humanas).
Estes sons permitem o estudo do processamento afetivo auditivo, com poucas confusões linguísticas. Também este conjunto, em semelhança com o anterior, foi desenvolvido tendo em conta as dimensões teóricas das emoções.
Os sons fornecem medidas viáveis nas dimensões de valência, arousal e dominância.
Na população portuguesa, tanto os sons extremamente agradáveis quanto os desagradáveis foram os que obtiveram um maior nível de arousal, sendo que os sons mais desagradáveis ainda tiveram pontuações de arousal mais altas que os sons agradáveis.
Participantes do sexo feminino avaliaram os sons desagradáveis como tendo um maior valor de arousal do que os participantes do sexo masculino (tendência negativa).
Os participantes do sexo masculino avaliaram sons agradáveis (especialmente os eróticos) como tendo um maior valor de arousal do que as participantes do sexo feminino (tendência positiva).
Normas afetivas internacionais para palavras inglesas (ANEW):
O ANEW está a ser desenvolvido para fornecer um conjunto de classificações emocionais normativas para um grande número de palavras na língua inglesa. O objetivo é desenvolver um conjunto de materiais verbais que foram avaliados em termos de valência, arousal e dominância para complementar o IAPS e IADS existentes, que são coleções de estímulos de imagem e som, respetivamente, que também incluem essas avaliações afetivas.
O ANEW foi, também, adaptado para o português europeu, tal como o IAPS e o IADS.
Os participantes do sexo feminino avaliaram as palavras como tendo um maior arousal do que os participantes do sexo oposto. As participantes avaliaram palavras desagradáveis como sendo mais negativas e as palavras agradáveis como sendo mais positivas. Os participantes do sexo masculino avaliaram palavras desagradáveis de forma significativamente mais positiva que as mulheres.
A população portuguesa avaliou palavras agradáveis como sendo menos arousing e as palavras desagradáveis como sendo mais arousing do que as populações americana e espanhola.
Em suma, diferentes conjuntos de estímulos emocionais evocativos (IAPS, IADS-2, ANEW) providenciam diferentes avaliações normativas de valência, arousal e dominância para a população portuguesa. O uso destas normas permite aos investigadores terem um melhor controlo dos seus estímulos experimentais.
Estes conjuntos representam medidas válidas e úteis para o estudo das emoções no contexto nacional, permitindo a comparação de resultados com outros estudos internacionais.

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