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PAPER Variação Linguística

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: CONSEQUÊNCIAS E RELEVÂNCIA
Yasmin Ancini Custódio
Carolina dos Santos
	
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar algumas das principais variedades linguísticas presentes em território brasileiro, destacando a importância de conhecê-las num país onde o preconceito linguístico ainda é encontradiço.
Palavras-chave: Variedades linguísticas, preconceito linguístico, diversidade.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país de extensão territorial e multiplicidade cultural significativas, o que contribui para a diversificação da língua portuguesa. Porém mesmo a variação linguística sendo inerente a toda e qualquer língua viva, inclusive a portuguesa, esta acaba sendo considerada um erro quando difere da norma culta, gerando o preconceito linguístico.
Tal equívoco é prejudicial uma vez que não contribui para um processo educacional democrático, mas sim acentua os demais preconceitos presentes na sociedade, tais como: o racismo, o preconceito socioeconômico, o preconceito regional, etc.
Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais. Saber disso colabora com a quebra dos mitos que cercam a fala “correta” da língua e conscientiza as pessoas da pluralidade e da diversidade cultural presentes em nosso país. 
O preconceito linguístico possui um círculo vicioso formado por gramática tradicional, ensino tradicional e livros didáticos. Através deste trabalho cujo objetivo é indicar maneiras práticas de romper este ciclo, serão consideradas as diversas variedades linguísticas presentes em nosso país, reconhecendo-as como resultado do movimento comum e natural da nossa língua, ao invés de “erros de português”.
Erradicar o preconceito linguístico começa em sala de aula, por isso, esta pesquisa terá enfoque em como os profissionais da educação devem lidar com o preconceito linguístico em sala, assim como em atividades que visam o uso das diversas manifestações de comunicação. Dando destaque aos diferentes gêneros textuais (charges, memes, músicas, bilhetes, mensagens, etc), visto que, por meio destes é possível verificar, a partir de situações concretas, os usos e variações da língua portuguesa.
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As variações linguísticas reúnem as variantes de uma mesma língua, trata-se de um fenômeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Ela existe porque as línguas possuem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a fatores como a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de formalidade do contexto da comunicação.
É importante notar que toda variação linguística é adequada para atender às necessidades comunicativas e cognitivas do falante. Portanto, julgar errada determinada variedade é praticar o preconceito linguístico.
No Brasil, observa-se com facilidade os diversos tipos de variedades linguísticas. Entre elas, o regionalismo, o qual se refere às diferenças presentes na língua portuguesa falada em diferentes regiões do país. Por exemplo, os falantes cariocas possuem uma forma diferente em relação à fala dos falantes gaúchos. Assim como há diferenças entre os falantes de diferentes cidades e classes sociais. Tal variação é abordada no poema de Oswald de Andrade:
 Vício na fala
 Para dizerem milho dizem mio
 Para melhor dizem mió
 Para pior pió
 Para telha dizem teia
 Para telhado dizem teiado
 E vão fazendo telhados.
Em razão da escola literária à qual Oswald de Andrade pertencia, podemos afirmar que o “vício” é, na verdade, uma virtude, uma marca de regionalismo importante para a construção da identidade nacional, tese defendida pelos primeiros modernistas. Por intermédio da linguagem, Oswald conseguiu contrastar as diferenças entre a classe culta e a classe operária, essa última responsável por usar variantes e regionalismos. 
Através do poema de Oswald de Andrade, conclui-se que as variedades linguísticas estão presentes em nosso país há décadas. Porém, com o desconhecimento da variedade da língua portuguesa, surge o preconceito linguístico, o qual acontece, na maioria das vezes com teor de desprezo, causando impactos que podem reverter em problemas de socialização para aqueles que sofrem esse tipo de discriminação.
Na obra “Preconceito linguístico: o que é, como se faz” o professor e filólogo Marcos Bagno aborda sobre os diversos aspectos da língua, bem como o preconceito linguístico e suas implicações sociais. Para Bagno (1999), não há maneira certa ou errada de se comunicar, logo, o preconceito linguístico vem de uma ideia ultrapassada, de que apenas a norma padrão da língua portuguesa é válida. 
A melhor maneira de combater o preconceito linguístico é por conscientizar as pessoas da diversidade da língua portuguesa. Por isso, é também preciso haver a conscientização dos educadores com relação às variações linguísticas afim de combater esse tipo de preconceito.
Ao trabalhar as variedades linguísticas, o professor deve destacar alguns pontos relevantes no que se refere às questões concernentes à língua, como por exemplo, o dialeto e as marcas da oralidade. Para contribuir com o progresso dos alunos quanto à questão dos dialetos regionais, é importante promover os costumes, a cultura e as tradições presentes na região estudada. 
Dessa maneira, o educador estará desmistificando o preconceito, lutando pela inclusão dos alvos de discriminação, quebrando a concepção baseada em estereótipos tão amplamente divulgada, inclusive pela mídia. Sobre esse tema, em relação aos nordestinos, Bagno afirma em sua obra:
 É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o 
 modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão,
 principalmente da Rede Globo. Todo personagem de origem 
 nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado,
 criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais 
 personagens e do espectador. No plano linguístico, atores não
 nordestinos expressam-se num arremedo de língua que não é 
 falada em lugar nenhum do Brasil, muito menos no Nordeste.
 Costumo dizer que aquela deve ser a língua do Nordeste de 
 Marte! Mas nós sabemos muito bem que essa atitude representa
 uma forma de marginalização e exclusão. (BAGNO, 1999, p. 43)
 
	É fundamental que o aluno reflita e reconheça os diversos modos de falar, desprendendo-se de estereótipos. Assim, ele será levado a perceber que a forma de falar de alguém representa uma das mais notáveis marcas de identidade social daquela pessoa.
	Outra maneira eficaz de ajudar o aluno a perceber as variedades linguística, é por trabalhar com os gêneros textuais, pois nos possibilita trabalhar a língua em seu uso concreto, como prática social e com objetivos claros de interação entre sujeitos e texto. Através dos gêneros textuais é possível ensinar língua portuguesa tendo como pressuposto a capacidade do aluno de lidar com a língua materna, ao invés de impor ao alunos que conheçam a fundo a norma padrão e formas arcaicas. Segundo Sírio Possenti (2006, p.35) “Gastar um tempo enorme com regências e colocações inusitadas é, a rigor, inútil. Ainda, de acordo com Bagno (1999), as regras determinadas pela gramática normativa e formal, nunca incluem a linguagem presente no dia a dia da população.
	A língua não deve fazer a vontade da gramática, mas sim a gramática a vontade da língua. Segundo Bagno (1999)assim como uma receita de bolo não é um bolo, a gramática não é a língua. Conclui-se, portanto que, a língua falada não deve se adequar à norma culta, e sim o contrário.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
	Foi analisado um total de 10 artigos e livros referentes aos temas: variação linguística e preconceito linguístico, tendo como foco as obras de Marcos Bagno, graduado em Letras, com doutorado em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Uma das mais importantes obras do autor: Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999) foi a principal referência deste trabalho.
	Para selecionar as fontes acadêmicas, houve a contribuição do material disponível pela Uniasselvi, das matérias: Sociolinguística e Linguística aplicada à língua portuguesa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das questões propostas, conclui-se que a língua é mutável e se adapta ao longo do tempo de acordo com as ações e necessidades dos falantes. Logo, apegar-se ao fato de que apenas a norma culta é válida, é ultrapassada.
Levar tal conceito ao conhecimento dos alunos, demonstra competência por parte do educador, visto que, dessa forma o aluno poderá aprender a demostrar uma atitude crítica e não preconceituosa em relação ao uso de variedades linguísticas.
O ensino de português deve ocorrer tendo como pressuposto a capacidade do aluno de lidar com a língua materna, assim, o conhecimento do aluno deve ser levado em consideração. O educador deve promover a autoestima dos alunos, deixando claro que eles sabem português e que a escola irá auxiliar a desenvolver ainda mais esse saber.
Para que o ensino de língua portuguesa se veja livre do preconceito linguístico é importante que a livre escrita, livre expressão e as diversas manifestações de comunicação sejam amplamente permitidas. Havendo a inclusão, e não a discriminação.
Os professores escolares devem se apegar menos às regras e mais a missão de ajudar os alunos a desenvolver sua capacidade de expressão e reflexão. Reconhecendo que a língua é uma entidade viva, mantendo o senso crítico diante dos dogmas gramaticais.
Através deste trabalho conclui-se que, as variações na língua falada são fundamentais para que o falante marque seu papel social e adéque sua fala à função que esta desempenha na interação. Portanto, todas as variações linguísticas devem ser aceitas, sendo consideradas como aspecto enriquecedor da pluralidade cultural do Brasil e não um problema.
5. CONCLUSÃO
	
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003.
______. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola, 2007.
______. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
______. Quem é Marcos Bagno. Blog do Autor. Disponível em: https://marcosbagno.wordpress.com. Acesso em 18 de novembro de 2019.
BARBOSA, Jacqueline. A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCN. Campinas: Mercado de Letras, 2001. 
CELI, Renata. Preconceito linguístico: o que é. Stoodi. Disponível em: https:/stoodi.com.br/blog/2018/12/19/preconceito-linguistico-o-que. Acesso em: 10 de novembro de 2019. 
CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. 12 ed. Rio de Janeiro: FAE, 1992.
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
POSSENTI, Sírio. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006.
RIGONATTO, Mariana. "O que é variação linguística?". Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-variacao-linguistica.htm. Acesso em 10 de novembro de 2019.
VILARINHO, Sabrina. "Oswald de Andrade". Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/oswald-andrade.htm. Acesso em 13 de novembro de 2019.
as pessoas têm a tendência de analisar o uso da língua e classificá-lo entre “correto” ou “errado” baseados tão somente na norma gramatical. Com essa concepção em mente, ignoram a realidade do funcionamento da língua como um todo, fato que torna-se crucial para o desenvolvimento da discriminação. A estrutura preconceituosa é propagada diariamente - consciente ou não - por rádios, televisão, livros, revistas, textos na internet, etc. Vale-se atentar ao fato que algumas afirmações podem ser bem intencionadas, entretanto elas compõem uma espécie de “preconceito positivo”, igualmente danoso.

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