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Andressa Marques – Medicina UFR Para uma doença ser triável ela deve: • Ser tratável ou ter curso atenuado quando reconhecida precocemente; • Ser assintomática ou cursar com poucos sinais/sintomas na fase inicial da doença; • Ter uma frequência populacional que justifique sua investigação; • Ter metodologia de coleta e custo da análise compatível com alcance pretendido (cobertura populacional), com alta sensibilidade (pouquíssimos falso-) e razoável especificidade (poucos falsos+). Andressa Marques – Medicina UFR ATENÇÃO →Não precisa de jejum para a coleta; →RN deverá ter recebido leite ou aminoácidos para evitar um resultado falso-negativo para PKU; → Prematuridade e transfusão: são fatores restritivos na triagem da anemia falciforme e outras hemoglobinopatias. No caso de transfusão, repetir exame com 90 dias, porém coletar para as demais doenças dentro do tempo recomendado. Em transfusão prévia colher 7 a 10 dias depois das triagens de HC, PKU, FC, Biot e HAC e nova amostra 120 dias depois para hemoglobinopatias. No caso de prematuridade, deve coletar até o sétimo dia vida e repetir com 30 dias. →Gemelaridade: evitar trocas de exame. →Uso de medicamentos e presença de doenças não são fatores restritivos para coleta de amostras. Deve ser realizado até o 5º dia de vida do RN. Sendo o ideal entre o 3º e o 5º. →Confere o diagnóstico para 6 doenças: 1. FENILCETONÚRIA 2. HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO 3. ANEMIA FALCIFORME 4. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA 5. FIBROSE CÍSTICA – MUCOVISCIDOSE 6. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE Quanto maior a rapidez na identificação e início do tratamento das doenças, maior a possibilidade de evitar sequelas nas crianças, como a deficiência mental, microcefalia, convulsões, comportamento autista, fibrosamento do pulmão, crises epilépticas, entre outras complicações. É mais do que uma recomendação do Ministério da Saúde, é prescrito por lei no Brasil e garantido gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). •fase I: fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito; •fase II: doença falciforme e outras hemoglobinopatias; •fase III: fibrose cística; •fase IV: hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. FASES DE IMPLANTAÇÃO →Para a efetivação dos objetivos propostos, a política nacional deve seguir um fluxograma com os seguintes passos: 1. Coleta correta e em tempo adequado da amostra sanguínea. 2. Rápido envio da amostra para o laboratório. 3. Realização correta do exame pelo laboratório. 4. Rápida comunicação dos resultados dos exames. 5. Um centro de referência no qual exista(m) médico(s) treinado(s) para estabelecer o diagnóstico correto e onde o seguimento das crianças afetadas possa ser realizado. 6. Avaliações periódicas do programa quanto ao seu controle de qualidade, com divulgação dos resultados dessas avaliações aos gestores responsáveis, a fim de orientar possíveis intervenções para melhorias nesse processo de atenção. SOBRE AS DOENÇAS TRIADAS Andressa Marques – Medicina UFR FENILCETONÚRIA - PKU →Doença autossômica recessiva caracterizada pela deficiência da enzima Fenilalanina hidroxilase; →Dosa-se o excesso de fenilalanina sérica: FAL < 4 mg% → é um resultado considerado normal para crianças que tenham colhido o sangue após 48 horas de vida. FAL ≥ 4 mg% e < 10 mg% → são solicitadas mais 2 coletas de sangue em papel filtro com intervalo de 1 mês entre cada coleta. FAL ≥ 10 mg% → a criança já é chamada para uma consulta com o médico neuropediatra e coleta de sangue venoso para confirmação do diagnóstico. →Tratamento consiste na dieta restritiva – baixo teor proteico/fenilalanina; uso de fórmulas – ñ amamentar! HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO →Cursa com aumento da produção e liberação de TSH devido a produção anormal dos hormônios tireoidianos. →Dosa-se o TSH: TSH neo < 5 µUI/mL → é um resultado considerado normal para crianças que tenham colhido o sangue após 48 horas de vida. TSH neo ≥ 5 e < 10 µUI/mL → é um resulta- do considerado limítrofe, nova coleta do teste do pezinho, imediatamente. Se mantiver resultado, RN será convocado para consulta com pediatra ou endocrinologista e faz coleta de sangue venoso para definir conduta. TSH neo ≥ 10 µUI/ mL → a criança é considerada suspeita de ser portadora de hipotireoidismo congênito. →Tratamento: reposição hormonal com levotiroxina sódica iniciada idealmente até a 3° semana de vida. ANEMIA FALCIFORME →Herança autossômica recessiva; mutação no cromossomo 11 alterando a cadeia beta da Hb na posição 6 (troca do aminoácido glutâmico pela valina); → Referência de normalidade: FA (Hb fetal e Hb adulta). →A doença falciforme é associada à presença de HbS em homozigose: SS, FS, SF. →Pode se associar a outras hemoglobinas anormais (SC, SD, Sβthal): FSC, FSD, FS. →Hemácia em forma de foice – vaso-oclusão, má distribuição de O2; →Primeiro exame suspeito – coletar segunda amostra. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE →Herança autossômica recessiva (cromossomo 3). →Metabolismo da vitamina B7 – biotina →Indivíduo não consegue reciclar a biotina endógena, nem a extrair dos alimentos. →Realiza a triagem da enzima biotinidase, a qual é extremamente termolábil e instável, sendo muito influenciada pelo transporte, podendo resultar em falsos +. →Manifestações começam a surgir a partir da 7° semana de vida com crises epiléticas e hipotonia, evoluindo com microcefalia, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e dermatite eczematoide. →Diagnóstico tardio - distúrbios visuais, auditivos, além do atraso motor e de linguagem. →Tratamento: administração de biotina na forma utilizável – biotina ativa. FIBROSE CÍSTICA – MUCOVISCIDOSE →Triada pela tripsina imunorreativa (IRT): IRT < 70 ng/mL → é um resultado considerado normal para crianças que tenham colhido o sangue entre 3 e 30 dias de vida. IRT1 ≥ 70 ng/mL → solicitar nova coleta do teste do pezinho, entre a 3° e 4° semana de vida do RN (IRT2). →Se IRT2 mantiver alterado (≥ 70 ng/mL), encaminhar urgente para o gastropediatra. →Falsos +: portadores heterozigotos, Doença de Addison, doenças de estocagem do glicogênio e hipotireoidismo não tratado etc. →Falsos -: íleo terminal e criança com mais de 30 dias de vida. →Tratamento: vários remédios kk HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA →Doença genética →Aumento anormal de parte da adrenal →Aumento dos hormônios sexuais Feminino: genitália externa ambígua (pseudo hermafroditismo), virilização progressiva, avanços de idade óssea, crescimento linear acentuado. Masculino: virilização precoce (macrogenitossomia com pseudopuberdade precoce isossexual), no adulto pode cursar com ausência de estímulo gonodal (infertilidade masculina). →Tratamento: reposição de glicocorticoide; mineralocorticoide; e alguns casos são cirúrgicos. Andressa Marques – Medicina UFR →Exame de rastreamento para anormalidades oculares, desde a córnea até o segmento posterior. →Consiste na identificação de um reflexo vermelho ao se incidir o feixe luminoso sobre o olho do RN, sendo que para sua visualização é necessário eixo óptico livre, sem nenhum obstáculo à entrada de luz e à saída de luz. →O pediatra deve ser treinado para o manuseio adequado do oftalmoscópio direto. →O ambiente deve ser escurecido, utilizar oftalmoscópio direto seguro próximo ao olho do examinador e aproximadamente 40 a 50 cm de distância dos olhos da criança. →Permite projeção de uma luz que atravessa as estruturas transparentes dos olhos (córnea, cristalino, humo vítreo) até atingir a retina, onde a luz é refletida. →Pode detectar precocemente: 1. Catarata congênita. 2. Glaucomacongênito. 3. Retinoblastoma. 4. Retinopatia da prematuridade. 5. Infecções e inflamações intraoculares (toxoplasmose, CMV, ...) 6. Outras como opacidade de córnea, alterações de retina, hemorragia vítrea. Realização do exame Andressa Marques – Medicina UFR →Deve ser realizado até os 3 meses de vida para detecção e intervenção precoce quando necessário. →O ideal é que fosse feito ainda na maternidade, antes da alta. →É recomendado na alta hospitalar realizar a triagem auditiva universal por meio das emissões otoacústicas transientes (EOAT) e pesquisa do reflexo cócleo palpebral (RCP). Fatores de risco potenciais para alterações auditivas em RN: • asfixiados (APGAR < 6 no quinto minuto); • história familiar de surdez congênita; • infecções congênitas do grupo STORCH; • hiperbilirrubinemia (> 15 no RN a termo e > 12 no prematuro); • septicemia neonatal/meningite; • hemorragia intraventricular; • convulsões ou outra doença de sistema nervoso central (SNC) em RN; • anomalias craniofaciais; • espinha bífida; • defeitos cromossômicos; • uso de drogas ototóxicas; • peso de nascimento < 1.500 g; • ventilação mecânica por mais de 5 dias. →RNs que apresentam qualquer fator de risco deve ser acompanhado e realizar avaliações periódicas por 2 anos, mesmo que tenham tido o teste normal na primeira avaliação. # No prosseguimento dessa triagem, se for comprovado o comprometimento condutivo, o neonato é encaminhado para o exame otorrinolaringológico, sendo posteriormente submetido a um novo teste. Caso a falha não seja decorrente de algum comprometimento de orelha externa ou média, é realizada uma avaliação audiológica completa na criança, pois pode estar relacionada à perda auditiva neurossensorial. Se esta for confirmada, a intervenção (seleção e adaptação de prótese auditiva, orientação familiar e terapia fonoaudiológica) deve ser imediatamente realizada. Andressa Marques – Medicina UFR →Triagem para anquiloglossia → anomalia genética ocasionada quando uma porção de tecido residual que deveria desaparecer no desenvolvimento embrionário permanece podendo limitar os movimentos linguais. →Para identificação da anquiloglossia é recomendado a utilização do Protocolo Bristol (BTAT). →O BTAT avalia: a aparência da língua, fixação do frênulo na margem gengival inferior, elevação da língua e projeção da língua. →Escore entre 0 e 3 indica maior potencial de interferência na amamentação, devendo ser avaliado indicação para frenotomia (deve ser registrado na caderneta da criança). Andressa Marques – Medicina UFR →Auxilia no diagnóstico precoce de cardiopatias congênitas, além de também possibilitar atendimento precoce em complicações clínicas críticas como choque, acidose, parada cardíaca e agravos neurológicos. →Realizado em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional > 34 semanas, antes da alta do alojamento conjunto. →Limitações: Teste apresenta sensibilidade de 75% e especificidade de 99%. A realização deste teste não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido, antes da alta hospitalar. →Local de aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores, sendo necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. →Momento da aferição: Entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. →Resultado normal: Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. →Resultado anormal: 1. SaO2 < 95% ou diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. 2. Caso o resultado se confirme, contactar cardiopediatra e solicitar um ecocardiograma dentro das 24 horas seguintes.
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