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Andressa Marques – Medicina UFR →São as principais causas de morbimortalidade no período neonatal. →A maioria das doenças respiratórias neonatais manifesta-se nas primeiras horas de vida, de forma inespecífica e, muitas vezes, com sobreposição de sinais e sintomas. →Intraútero as trocas gasosas são mediadas exclusivamente pela placenta e os pulmões são preenchidos de líquido e possuem pouco fluxo sanguíneo, ao nascer, eles devem se transformar rapidamente em órgãos arejados e com grande fluxo sanguíneo, para que sejam capazes de executar as trocas gasosas. →Isso se dá em função da ocorrência do processo de expansão pulmonar ao nascimento, que leva à redução da resistência vascular pulmonar (RVP), com consequente aumento no fluxo sanguíneo que chega aos pulmões, para que o RN inicie a troca gasosa diretamente com o meio externo. →Os sinais e os sintomas de dificuldade respiratória são manifestações clínicas importantes e comuns logo após o nascimento. →É fundamental a realização de uma anamnese bem feita tanto da mãe quando do RN (saber idade gestacional, infecções que acometeram a mãe, tipo de parto, uso de anti-inflamatórios não esteroidais...); e também a realização de um exame físico minucioso, a fim de identificar: taquipneia (>60irpm em repouso), apneia, batimento de asas de nariz, gemido respiratório, head bobbing, retrações torácicas, presença de cianose. 4 pontos a serem avaliados: FR; Ritmo; Trabalho respiratório e Cor (cianose periférica ou central). Andressa Marques – Medicina UFR FISIOPATOLOGIA →Deficiência de surfactante (substância que corresponde a 90% de lipídeos e 10% de proteínas) →É liberado pelas células epiteliais tipo II – é tensoativo dentro do alvéolo, mantendo-o aberto. (fosfatidilcolina) →O surfactante começa a ser produzido a partir da 20ª semana de gestação e atinge um pico ~35ª semana. CLÍNICA →Cursa com desconforto respiratório precoce (primeiras 3 horas de vida). →Pode haver também taquipneia. → Ao auscultar o tórax, encontra- se uma baixa entrada de ar, traduzida pela diminuição do murmúrio vesicular. → A gasometria arterial revela hipoxemia importante em ar ambiente. EPIDEMIOLOGIA →É a afecção respiratória mais frequente no RN pré-termo. → Acomete cerca de 50% dos RN prematuros com peso de nascimento menor que 1.500 g e em torno de 80% dos prematuros com menos de 25 semanas. ETIOLOGIA →Resulta da imaturidade pulmonar pela deficiência e inatividade do surfactante, desenvolvimento pulmonar incompleto e complacência exagerada da caixa torácica. →Tal deficiência resulta em aumento da tensão superficial e da força de retração elástica, levando à instabilidade alveolar com formação de atelectasias progressivas, com diminuição na complacência pulmonar e na CRF. FATOR DE RISCO →Prematuridade RAIO X DE TÓRAX →Infiltrado retículo-granular difuso distribuído uniformemente (aspecto de vidro-moído); broncogramas aéreos e aumento de líquido pulmonar. TRATAMENTO → A utilização de métodos de ventilação assistida, reposição de surfactante exógeno, medidas gerais de controle térmico, metabólico, hídrico e ainda a importância de um suporte nutricional agressivo e precoce são fundamentais para o sucesso do tratamento desses bebês. PREVENÇÃO →Administração de corticoide antenatal em gestante em trabalho de parto prematuro. Andressa Marques – Medicina UFR EPIDEMIOLOGIA →Condição comum, benigna e autolimitada que ocorre em cerca de 1 a 2% de todos os nascimentos, acometendo RN pré-termos tardios e a termo ETIOLOGIA →Há 3 fatores associados: pequeno grau de imaturidade pulmonar e retardo na absorção de líquido pulmonar fetal FISIOPATOLOGIA → O pulmão fetal contém em seu interior líquido secretado pelo epitélio respiratório desde o período canalicular (17ª semana gestacional) _ durante o processo de nascimento ocorrem alterações cardiopulmonares importantes. →Cessa-se a produção e secreção do líquido pulmonar, que é então substituído por ar. →A absorção do líquido pulmonar inicia-se antes do nascimento. →Para que esse processo ocorra adequadamente o feto tem que nascer de forma espontânea, ou seja, ele precisa estar “pronto” para tais alterações, logo, em uma cesárea eletiva tem-se a interrupção desse processo natural e não ocorre a absorção do líquido pulmonar – por isso doença do pulmão molhado. CLÍNICA →Cursa principalmente com taquipneia - frequência respiratória que pode chegar a 100 a 120 movimentos por minuto, gemência, batimentos de asas de nariz, tiragem intercostal e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax. FATORES DE RISCO →Cesariana eletiva. →Asfixia perinatal. →Diabetes e asma brônquica materna. →Policitemia RAIO X DE TÓRAX →Congestão peri-hilar, derrame pleural, hiperinsuflação, presença de líquido nas fissuras interlobares (“cisurite”), TRATAMENTO → A evolução é benigna, com resolução do quadro habitualmente em dois a três dias. → O tratamento inclui medidas de suporte geral e oxigenoterapia através de capacete ou CPAP nasal. → A necessidade de VM é rara nessa doença. Andressa Marques – Medicina UFR EPIDEMIOLOGIA →Em aproximadamente 10% a 20% das gestações pode-se observar líquido amniótico meconial, e 1% a 2% desses conceptos apresentará a SAM. →É mais comum em RN a termo e pós-termo. → Entre 30 e 50% necessitam de VM. FISIOPATOLOGIA →Controversa. →São citados como fatores predisponentes o sofrimento fetal, a compressão mecânica do abdome durante o trabalho de parto e a maturidade fetal. → O mecônio pode provocar alterações obstrutivas e inflamatórias. →As vias aéreas distais com obstrução completa evoluem com áreas de atelectasia. →Nos locais com obstrução parcial, observa-se um mecanismo valvular, onde o ar entra, mas tem dificuldade para sair, ocasionando áreas hiperinsufladas, facilitando o escape de ar. →O mecônio pode: induzir agregação plaquetária, levando à formação de trombos; alterar o surfactante tornando-o inativo no alvéolo causando alterações profundas da relação ventilação/perfusão, com aparecimento de hipoxemia, hipercapnia e acidose. FATORES DE RISCO/ETIOLOGIA → RN com idade gestacional maior que 40 semanas. →RN que sofreu asfixia perinatal. RAIO X DE TÓRAX →Infiltrado granular grosseiro →Atelectasias →Sinais de hiperinsuflação →Opacidades irregulares →Retificação do diafragma e aumento do diâmetro anteroposterior. → áreas de consolidação lobares ou multilobares, enfisema intersticial, pneumotórax e/ou pneumomediastino, cardiomegalia. TRATAMENTO →Terapia de suporte →Obstetra não deve realizar a aspiração das vias aéreas →Se não apresentar ritmo respiratório regular e/ou o tônus muscular estiver flácido e/ou a FC for menor que 100 bpm, o profissional deve: •Iniciar VPP no 1°minuto de vida com máscara+bolsa com O2 a 21%. •Se não melhorar em 30s – possível obstrução por mecônio •Realizar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta e fonte de calor radiante (apenas uma vez) →Se não melhorar, continuar ressuscitação normal. CLÍNICA →Hiperinsuflação torácica – em função da obstrução e inflamação causadas pelo mecônio quando o ar entra ele não consegue mais sair, levando à hiperinsuflação pulmonar →Pode variar de formas leves até quadros de insuficiência respiratória grave, com hipertensão pulmonar persistente (HPP). →Sintomas precoces e progressivos. →Cianose grave →Depressão respiratório e neurológica. Andressa Marques – Medicina UFR EPIDEMIOLOGIA→ Sua incidência é variável, sendo a média estimada em 1 a 2 casos para cada mil nascidos vivos. →Principal causa de óbito entre os neonatos submetidos à ventilação pulmonar mecânica. →Mais comum em RN a termo, pré-termo tardio e pós- termo. →Mortalidade que varia de 4 a 33%. QUADRO CLÍNICO →Variável a depender da doença de base. →Sintomas nas primeiras horas de vida. →Observam-se alterações cardíacas secundárias à isquemia. →Desproporção entre a gravidade da hipoxemia e o grau do desconforto respiratório. →Lábeis ao manuseio. FISIOPATOLOGIA →Estímulos antenatais como hipóxia crônica e aumento de fluxo sanguíneo pulmonar alteram o desenvolvimento dos vasos pulmonares e promovem desequilíbrio na produção de mediadores endoteliais vasoconstritores e vasodilatadores, resultando em alterações funcionais e/ou estruturais dos vasos pulmonares. →Pode ser funcional – o aumento da RVP é decorrente somente da vasoconstrição arteriolar pulmonar (pode ser idiopática ou secundária); ou orgânica - em que a vasoconstrição é causada por alterações estruturais no leito vascular pulmonar. →Há 3 grupos para enquadrar as diferentes formas clínicas: 1. Má-adaptação. 2. Mal desenvolvimento. 3. Subdesenvolvimento. FATORES DE RISCO →Cesariana – 5 x mais risco. →Corioamnionite – 3 x mais risco. →Exposição in útero à: aspirina, anti- inflamatórios não hormonais, antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. TRATAMENTO →Estratégias de ventilação a fim de otimizar o recrutamento pulmonar e minimizar barotrauma, volutrauma e efeitos tóxicos do oxigênio, associado a hipercapnia permissiva e o uso terapêutico do surfactante e do NO. →Suporte nutricional adequado, correção de distúrbios metabólicos, manutenção da normotermia, mínimo manuseio de analgesia e sedação, se necessário, são a base inicial para o tratamento. → Deve-se considerar o uso de iNO para os RN com mais de 34 semanas de idade gestacional. ECOCARDIOGRAMA DOPPLER – padrão ouro →Permite documentar o grau de shunt direito- esquerdo pelo canal arterial e/ou forame oval e a magnitude da hipertensão pulmonar. →Fundamental para avaliar o estado da contratilidade miocárdica e afastar doenças estruturais cardíacas. QUADRO RADIOLÓGICO →Inespecífico. → Pode haver proeminência do tronco da artéria pulmonar junto à silhueta cardíaca e cardiomegalia. →A aparência da vasculatura pulmonar é pouco proeminente. Andressa Marques – Medicina UFR FATORES DE RISCO →Colonização por GBS →Corioamnionite →Ruptura prematura de membrana →Parto prematuro sem causa aparente EPIDEMIOLOGIA → Estima-se que ocorra em cerca de um terço dos neonatos que evoluem para óbito nas primeiras 48 horas de vida. ETIOLOGIA →Pneumonia bacteriana congênita. -Transmissão vertical transplacentária. -Infecção ascendente do trato genital. →Pneumonia adquirida. -Após admissão em UTI neonatal →Estreptococo do grupo B -Durante trabalho de parto. →Outras bactérias: Escherichia coli, Klebsiella, Listeria, Ureaplasma e pneumococos. →Staphylococcus (casos tardios) →Pseudomonas e fungos →Pneumonias virais (menos comuns – vírus sincicial respiratório e TORCHS) CLASSIFICAÇÃO → Precoces (até 48 horas de vida) – predomínio de bactérias Gram-negativas. →Tardias – predomínio de bactérias Gram- positivas. →As pneumonias precoces podem ser classificadas, de acordo com seu modo de aquisição em: • Adquiridas antes do nascimento ou congênitas. • Adquiridas durante o nascimento. →Tratam-se de um processo inflamatório dos pulmões resultante de infecção bacteriana, viral ou fúngica ou de origem química. →Com frequência é um dos primeiros sinais de infecção sistêmica, estando associada a quadros como sepse e meningite neonatal. DIAGNÓSTICO →Difícil identificação. →Manifestações clínicas e radiológicas inespecíficas e comuns a outros quadros (taquipneia + dispneia) →Deve-se suspeitar de pneumonia neonatal em qualquer RN com desconforto respiratório acompanhado de hemocultura positiva ou de dois ou mais fatores de risco. TRATAMENTO → Iniciar antibioticoterapia com ampicilina associada a um aminoglicosídeo (gentamicina) nos casos de início precoce (primeiras 72 horas de vida) e esquema adequado à microbiota prevalente específica de cada unidade neonatal para os casos de início tardio; →Correlacionar os resultados das culturas e demais exames laboratoriais com a evolução clínica para avaliar o sucesso do esquema escolhido; →Suporte hídrico e nutricional; →Suporte ventilatório; →Drenagens de efusões, se necessário. Andressa Marques – Medicina UFR DEFINIÇÃO →Inclui espectro variado de doenças pulmonares e extrapulmonares, caracterizada pela presença de ar em regiões normalmente não aeradas, resultantes da perda de solução de continuidade do epitélio respiratório. →É classificada de acordo com o local com acúmulo de ar: • Interstício pulmonar = enfisema intersticial pulmonar (EIP). • Espaço pleural = pneumotórax (Ptx). • Mediastino = pneumomediastino. • Pericárdio = pneumopericárdio. • Cavidade peritoneal = pneumoperitônio. • Tecido celular subcutâneo = enfisema subcutâneo. • Corrente sanguínea = embolia gasosa. →Esse acúmulo de ar atrapalha as trocas gasosas e ainda leva a um distúrbio da relação ventilação-perfusão por compressão do parênquima pulmonar e das vias aéreas distais, causando hipoxemia e hipercapnia. →O aprisionamento progressivo do ar intratorácico aumenta a pressão nessa cavidade, diminuindo o retorno venoso e o débito cardíaco, precipitando a hipotensão arterial, o choque e as consequências da redução da perfusão sistêmica, como insuficiência renal e lesões isquêmicas cerebrais. →Seu surgimento contribui para a piora dos quadros nos RN e aumenta o risco de aparecimento de doença pulmonar crônica e de lesões no SNC. QUADRO CLÍNICO →Sinais e sintomas variam conforme tipo, magnitude e velocidade de instalação da SEAr →Podem haver: taquipneia, desconforto respiratório, cianose, bradicardia, hipotensão arterial, hipofonese de bulhas cardíacas, tamponamento cardíaco DIAGNÓSTICO → É essencialmente radiológico. →Transiluminação torácica pode ser útil em RN sintomáticos com grandes coleções de ar no tórax. QUADRO RADIOLÓGICO →Fundamental para a determinação do tamanho e da extensão da coleção de ar e da coexistência de outras entidades que possam facilitar ou perpetuar o escape de ar. →Enfisema intersticial pulmonar - coleções de ar sob forma linear ou cística de tamanhos variados, localizadas ou difusas, comprometendo um ou ambos os pulmões. →Ptx - área de hipertransparência em que não se visualiza o parênquima ou os vasos pulmonares, localizada na face lateral e/ou medial do hemitórax, em um ou ambos os pulmões. TRATAMENTO →Ptx assintomática – acompanhar evolução do quadro até completa reabsorção. →Ptx sintomático – aspiração por agulha (punção pleural) →Ptx hipertensivo – punção pleural + drenagem de tórax
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